ENTRA SEMANA , sai semana e a pressão aqui no FMI continua sem trégua e sem remorso. Na última coluna, contei que tínhamos até gente hospitalizada.
Desde então, mais um economista do escritório, representante de um dos nove países da nossa cadeira no Fundo, teve que baixar hospital.
Dessa vez, o episódio foi tragicômico. O país em questão enviou uma delegação ministerial a Washington e tivemos reuniões longas, às vezes tensas, com o FMI. No dia seguinte, o economista dos nosso escritório acompanhou um dos ministros em exercícios à beira do rio Potomac.
Eis que de repente toca o celular do economista: era ninguém menos do que o presidente da República, querendo falar urgentemente com o ministro. O economista, aflito, precipitou-se e correu para passar o telefone. Acabou tropeçando e batendo com o rosto contra uma árvore. O celular voou e foi cair no rio Potomac, com o presidente dentro. O economista, coitado, ficou todo machucado; teve que tomar vários pontos no rosto.
Eis aí, leitor, um episódio (tipo Pantera Cor-de-Rosa) que pode ser uma pequena metáfora da nossa situação em Washington. A vida não está fácil por aqui. Mas não me queixo, de modo nenhum. Tenho a forte impressão de que, se o Brasil e outros países em desenvolvimento souberem se posicionar, poderemos fazer grande progresso em termos de gerenciamento da economia e de reforma da arquitetura mundial. A gravíssima crise atual, que teve origem nos EUA e na Europa, abre espaço para mudanças que antes poderiam ser consideradas utópicas.
O processo está em andamento. A gradual consolidação do G20 como fórum de chefes de Estado é uma das mudanças importantes. As velhas potências, as principais responsáveis pela crise, estão na defensiva e, por enquanto, parecem aceitar a maior participação de países como China, Índia e Brasil. Americanos e europeus reconhecem, aos poucos, que o G7, grupo composto apenas de países desenvolvidos, deve ceder espaço ao G20 (ou outros agrupamentos que incluam nações em desenvolvimento) na discussão e na solução dos grandes problemas internacionais.
Dos países do G7, o Japão parece ser o mais inclinado a reconhecer a nova realidade. Os europeus talvez sejam os mais resistentes, apesar da retórica grandiloquente de alguns de seus chefes de Estado. O governo Obama, afogado com a administração da sua crise nacional, ainda não conseguiu se posicionar claramente sobre temas econômico-financeiros de âmbito internacional.
No que diz respeito ao FMI, os sinais de que a reforma pode avançar rapidamente parecem cada vez mais claros. Nos últimos dez meses, um dos nossos principais temas, por orientação do ministro da Fazenda do Brasil, aceito pelos outros oito governadores da nossa cadeira, tem sido a reforma do Fundo como emprestador, em especial a criação de instrumentos flexíveis e rápidos para prover liquidez a países com políticas sólidas, sem as condicionalidades e as ingerências tradicionais.
Estamos dando passos largos nessa direção, em linha com as diretrizes estabelecidas pelos chefes de Estado do G20 na reunião de novembro em Washington. Evidentemente, não se pode cantar vitória ainda. Longe disso. São muito poderosas as forças da inércia e até da contrarreforma. Se o Brasil e outros países em desenvolvimento fraquejarem ou se deixarem envolver por manobras e artifícios, a reforma pode facilmente se converter em contrarreforma.
Os ingleses, por exemplo, que são os anfitriões da próxima reunião de líderes do G20, em abril, vêm dando sintomas de que estão nostálgicos do Império...
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