sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Market Outlook 14/11/2008
- Is the Worst Over? Let's Keep Our Options Open by Macro Man
- The Stock Market Is Not the U.S. Economy by Michael Cintolo
- Secretary Paulson Does the Right Thing, Again by Mark McQueen
- Friday Market Preview: Was Dow 8,000 the Bottom? by The Mole
- Bretton Woods Redux: The Real Bridge to Nowhere by Marc Chandler
- The Bank of Uncle Sam? by Zachary Oxman
- It Is Still a Bear Market by Alex Filonov
- Can We Use the 1970s, 1980s or 1990s as an Unemployment Benchmark? by Mark J. Perry
- Anvil Mining: Rorschach Test for Investors by Cam Hui
- Canaccord Analyst: Ten Reasons to Be Positive About the Market by FP Trading Desk
- The VXV Is One Year Old by Bill Luby
- 'Buy and Hold' Is Dead? I Think Not! by Chad Brand
- Did President Bush's Speech Spark the Rally? by Jeff Miller
- How the U.S. Can Learn From Japan and Sweden by FP Trading Desk
- Looking for a Volker to Fight the Next Economic Battle by Ockham Research
- Was That the End of the Bear Market? by Larry MacDonald
- Some Holiday Cheer On the Way? by Jeff Pierce
- When the Going Gets Tough, the Tough Play Defense by Roger Nusbaum
- Subprime RMBS Losses Smaller than Underlying Mortgages by Research Recap
- More Labor Pains by James Picerno
- Is Divergence Pointing to a Bottom? by Babak
- The U.S. Firebreak by Felix Salmon
- Options Trader: Thursday Outlook by Philip Davis
- Citi's Desperate Straits by Felix Salmon
- Bond Expert: Thursday Outlook by John Jansen
- Back at the Bottom by Jason Kelly
- Lack of Confidence Impacting the Market by David I. Templeton
- Fire Hank Paulson Now by Kip Herriage
What Is Warren Buffett's Investing Style?
Second, the Buffett “way” can be viewed as a core, traditional style of investing that is open to adaptation. Even Hagstrom, who is a practicing Buffett disciple, or "Buffettologist", modified his own approach along the way to include technology stocks, a category Buffett conspicuously continues to avoid. One of the compelling aspects of Buffettology is its flexibility alongside its phenomenal success. If it were a religion, it would not be dogmatic but instead self-reflective and adaptive to the times. This is a good thing. Day traders may require rigid discipline and adherence to a formula (for example, as a means of controlling emotions), but it can be argued that successful investors ought to be willing to adapt their mental models to current environments.
Business
Buffett adamantly restricts himself to his "circle of competence" - businesses he can understand and analyze. As Hagstrom writes, investment success is not a matter of how much you know but rather how realistically you define what you don't know. Buffett considers this deep understanding of the operating business to be a prerequisite for a viable forecast of future business performance. After all, if you don't understand the business, how can you project performance? Buffett's business tenets each support the goal of producing a robust projection. First, analyze the business, not the market or the economy or investor sentiment. Next, look for a consistent operating history. Finally, use that data to ascertain whether the business has favorable long-term prospects.
Management
Buffett's three management tenets help evaluate management quality. This is perhaps the most difficult analytical task for an investor. Buffett asks, "Is management rational?" Specifically, is management wise when it comes to reinvesting (retaining) earnings or returning profits to shareholders as dividends? This is a profound question, because most research suggests that historically, as a group and on average, management tends to be greedy and retain a bit too much (profits), as it is naturally inclined to build empires and seek scale rather than utilize cash flowin a manner that would maximize shareholder value. Another tenet examines management's honesty with shareholders. That is, does it admit mistakes? Lastly, does management resist the institutional imperative? This tenet seeks out management teams that resist a "lust for activity" and the lemming-like duplication of competitor strategies and tactics. It is particularly worth savoring because it requires you to draw a fine line between many parameters (for example, between blind duplication of competitor strategy and outmaneuvering a company that is first to market).
Financial Measures
Buffett focuses on return on equity (ROE) rather than on earnings per share. Most finance students understand that ROE can be distorted by leverage (a debt-to-equity ratio) and therefore is theoretically inferior to some degree to the return-on-capital metric. Here, return-on-capital is more like return on assets (ROA) or return on capital employed (ROCE), where the numerator equals earnings produced for all capital providers and the denominator includes debt and equity contributed to the business. Buffett understands this, of course, but instead examines leverage separately, preferring low-leverage companies. He also looks for high profit margins.
His final two financial tenets share a theoretical foundation with EVA. First, Buffett looks at what he calls "owner's earnings", which is essentially cash flow available to shareholders, or technically, free cash flow to equity (FCFE). Buffett defines it as net income plus depreciation and amortization (for example, adding back non-cash charges)minus capital expenditures (
O "Big One" finalmente chegou
ECONOMISTAS importantes vêm há muito tempo -alguns há mais de oito anos- alertando para uma grande correção na economia norte-americana em razão de seus déficits externos crescentes. Alguns chamaram esse movimento de "The Big One", em homenagem ao grande terremoto previsto para acontecer na região de Los Angeles. Esse abalo sísmico econômico seria a conseqüência de um vigoroso e inevitável aumento na taxa de poupança do consumidor, única forma conhecida para ajustar a conta corrente norte-americana.
Os medos foram crescendo nos últimos anos por causa da verdadeira orgia de crédito ocorrida nos Estados Unidos, que aumentou progressivamente a armadilha financeira. Nesse período, a relação entre o endividamento das famílias e o PIB chegou ao número incrível de 130%. Não por outra razão, o déficit na conta corrente atingiu quase US$ 800 bilhões, cerca de 6% do PIB. Esses números representam o outro lado da moeda da expansão descontrolada do crédito ao consumidor.
Muito embora o "Big One" tenha sido antecipado, sua ocorrência agora não tem nada a ver com as previsões de uns poucos iluminados. Para esses, seria a desconfiança dos mercados e dos investidores em relação ao dólar que provocaria um movimento tectônico na economia norte-americana, a partir do colapso de sua moeda. Entretanto a correção macroeconômica está ocorrendo com o dólar forte e em processo continuado de valorização em relação a todas as moedas do mundo, com exceção do iene japonês. Esqueceram de que a moeda reserva não é facilmente substituível, especialmente em um mundo em recessão.
Mas o que interessa ao analista econômico de hoje não são as causas desse movimento, mas suas conseqüências sobre a economia global. E elas serão dramáticas nos próximos anos. Segundo algumas avaliações, o processo de correção do comportamento do consumidor americano só deve se estabilizar quando a taxa de poupança chegar a algo como 7% do PIB. A velocidade desse ajuste dependerá das condições do crédito bancário ao longo dos próximos meses. Até o novo equilíbrio, a redução dos gastos dos americanos deverá subtrair cerca de 4% do crescimento da maior economia do mundo.
Isso implica dizer que os Estados Unidos devem crescer a taxas menores do que 1% ao ano, se esse processo se realizar ao longo dos próximos três anos. Se ele ocorrer em prazo mais curto, devido à recuperação mais lenta do crédito, a recessão pode se espalhar por 2009 e por um bom pedaço de 2010. A política fiscal também será um elemento importante para definir o perfil do ajuste.
Essa nova dinâmica dos Estados Unidos terá repercussão muito importante no mundo emergente e principalmente no Brasil. No cenário de uma recessão mais prolongada, os preços das commodities devem permanecer deprimidos, reduzindo os termos de troca de nossa economia. Os preços das commodities já regrediram aos níveis de 2002, eliminando todos os ganhos dos últimos anos. Em outras palavras, ficamos mais pobres e perdemos a possibilidade de continuar importando bens industriais de consumo e investimentos na intensidade atual.
Essa nova situação nos obriga a repensar nossa política econômica e a deixar a euforia dos últimos anos para trás. No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu cerca de 6% em termos anualizados. Temos de nos preparar para números bem mais baixos para os próximos anos.
Espírito do desenvolvimento
Finalmente nesta quarta-feira o secretário do Tesouro dos EUA anunciou que o governo vai comprar participação no capital de instituições financeiras para influir diretamente no restabelecimento da fluidez do crédito interbancário. Paulson reconheceu que, mesmo fornecendo liquidez à vontade, não estava conseguindo que as linhas se recompusessem voluntariamente, diante da desconfiança generalizada.
Temos uma corrida contra o tempo para que o sistema financeiro mundial volte a funcionar e aos poucos consiga reduzir os efeitos que a constrição do crédito está causando na economia real dos países desenvolvidos. O rescaldo da patifaria financeira já está fazendo grandes estragos nos níveis da atividade industrial, no comércio, com a conseqüente redução da oferta de empregos e a reação defensiva dos consumidores.
A questão, para o Brasil, é agir em tempo hábil para criar condições de neutralizar os efeitos da retração econômica dos países desenvolvidos sobre a nossa economia real, procurando manter a oferta de emprego na maior amplitude em todos os setores da atividade produtiva e dar sustentação aos níveis de consumo que a sociedade brasileira alcançou nos últimos dois ou três anos. Nos comentários que tenho feito sobre essa crise, venho insistindo que se tivermos inteligência e um pouco de ousadia, isto é perfeitamente atingível. O governo Lula demonstrou agilidade e competência ao enfrentar (e neutralizar em boa parte) os efeitos da tormenta nos mercados externos sobre as nossas instituições financeiras. Para surpresa de muitos, elas comprovaram uma higidez às vezes insuspeitada.
Se olharmos a economia real brasileira, aquela que tem a ver com o cidadão que ganha a vida com o seu trabalho e que depende da produção e do emprego, vemos que hoje ela apresenta condições de resistência à turbulências como não se verificavam há pelo menos 25 anos. Temos estabilidade monetária, inflação baixa, crescimento robusto do PIB e das exportações acima da média mundial, reservas superiores a US$ 200 bilhões e nossa dívida externa tornou-se desprezível. Se olharmos o longo prazo, as condições para o desenvolvimento sustentado estão dadas para os próximos 25 anos pelo menos, na medida em que nos libertamos de duas limitações fundamentais: a) a ameaça de crises de energia, afastada com a descoberta do pré-sal, com a auto-suficiência a vista em petróleo e a retomada da construção das hidrelétricas; b) das crises de financiamento dos déficits em conta-corrente.
Nessas condições, não há razão para que o setor privado suspenda seus planos de investimentos, pois a constrição do crédito terá que ser eliminada em curto prazo pela ação conjunta do Estado e do setor bancário. O governo Lula tem demonstrado grande empenho em preservar o espírito do desenvolvimento dos empresários, recuperado nos últimos três anos a partir dos projetos do PAC. Desde o início da crise tem reiterado que não cortará o investimento público; que manterá todas as obras prioritárias de ampliação da infra-estrutura e os programas sociais, pois não aceita a idéia que é preciso parar o crescimento ou reduzir o consumo dos brasileiros para pagar as patifarias financeiras do primeiro mundo.
É preciso apoiar esta política anti-cíclica (como a definiu a ministra-chefe da Casa Civil) pois é a forma correta e inteligente de enfrentar os efeitos da importação da crise financeira.
O Brasil merece mais reconhecimento
A crise mundial já completou 15 meses e deve ingressar agora em uma nova fase, que é a da desaceleração da atividade econômica. Estão aí as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontam 2009 como um ano difícil, particularmente ruim para os países desenvolvidos. Para o Brasil, o FMI prevê um crescimento do PIB da ordem de 5% para este ano e de 3% para 2009.
A redução da atividade não deixa de ser decepcionante para quem vinha, como nós, num ritmo de forte retomada da atividade econômica. Mas, ao mesmo tempo, trata-se de uma boa notícia quando olhamos para o que está acontecendo ao nosso redor. Embora a um ritmo menor, continuaremos crescendo. Se não há motivo para celebração, é preciso olhar para a história recente do País. As crises ocorridas com as bolhas cambiais, a partir de 1997, para citar um caso presente na memória de todos, foram globais, mas rápidas e dissolveram-se em alguns meses. No entanto, provocaram devastação nos países emergentes. Recessão econômica, empréstimos-ponte, juros estratosféricos e enxugamento da liquidez constituíram o receituário da época.
Desta vez, o Brasil também pagará a sua parte da conta (não há como não pagá-la), mas ela será bem mais modesta. Isso acontece porque, de País frágil que era, o Brasil exibe agora uma resistência invejável. É um fato que tem sido notado por governantes e analistas de todo o mundo. A economia brasileira mudou rapidamente de perfil nesses últimos anos, e é esta mudança que nos permitirá crescer em 2008 e em 2009 numa conjuntura internacional extremamente adversa. É perceptível a melhora em todas as áreas, a começar da macroeconomia. A política econômica permanece ancorada na estabilidade monetária, política de metas de inflação, solvência das contas externas, câmbio flutuante, compromisso com superávit fiscal, preços livres e a indispensável segurança para poupar e investir.
Essa base permitiu ao setor privado obter ganhos de escala e de produtividade. Para os cidadãos, esta combinação teve o efeito de gerar emprego e renda. E isto, por sua vez, provocou um fenômeno que impressiona. Mais da metade das famílias brasileiras pertence hoje à classe média, formando, portanto, um mercado interno invejável, pela sua proporção.
Há mais uma coisa a notar. De modo geral, as empresas brasileiras estão capitalizadas e são lucrativas. As instituições financeiras - setor fundamental para a boa saúde econômica - são sólidas. Nos 15 meses da crise, jamais houve qualquer dúvida a esse respeito. Exceto um caso ou outro, não houve no Brasil operações tóxicas como as que derrubaram grandes empresas no exterior. Aqui não existem bolhas. Empresas e famílias não estão alavancadas num grau imprudente. Portanto, não há razão para que aconteça aqui o "acerto de contas" que está ocorrendo em outros países.
Não desconheço os problemas intrínsecos da economia brasileira e nem o potencial dos impactos que certamente nos afetarão no futuro próximo. Alinhei informações conhecidas e que, repito, despertam análises positivas dos especialistas internacionais.
Talvez esteja sendo este o teste fundamental para que o Brasil consiga deixar para trás alguns estigmas. A principal mensagem é que somos um país sério, correto, integrado ao mundo e que não pode mais ser qualificado meramente como mais um emergente. Chegou o momento de se criar uma outra classificação e contemplar o País de mais espaços nos centros de decisão mundial.
A continuidade e a consistência da política monetária, o crescimento econômico, o começo de um processo de distribuição de renda mais consistente, nos valeram, neste ano, o grau de investimento por parte de agências de classificação de risco. O bom desempenho permitiu também a troca de moedas realizada entre o Federal Reserve Board (Fed) e o Banco Central (BC), no momento mais sério da crise global. Não podemos mais ser considerados apenas como coadjuvantes.
Essa nova posição a que o País ascendeu tem um valor econômico tangível. Não se trata de algo apenas honorífico. Um Brasil com estabilidade, dono de um amplo mercado interno, de uma indústria moderna e diversificada e de um agronegócio que está se impondo como um dos mais poderosos do planeta é inequivocamente atrativo para qualquer investidor. Quanto ao desenrolar da crise mundial, a redução da atividade econômica gera dificuldades e exigirá sacrifícios, inclusive dos brasileiros. Mas vale lembrar que o governo ainda não usou todos os recursos de que dispõe para atuar pontualmente no sentido de proteger empresas e pessoas.
Entendemos que é hora de pensar seriamente em cortar despesas inúteis, demonstrando uma condução administrativa responsável, e sinalizar um conjunto de reformas para modernizar a economia e torná-la mais competitiva. Uma reforma tributária que reduza impostos e uma lei trabalhista moderna seriam um bom começo. Não é pedir demais.
MÁRCIO ARTUR LAURELLI CYPRIANO
Pacote chinês beneficia Brasil, Japão e os EUA
O pacote de estímulo da China deverá ajudar a sustentar as vendas de equipamentos agrícolas japoneses, de minério de ferro do Brasil e de máquinas-ferramenta da Califórnia, eliminando alguns dos reveses do atual quadro, que deve se configurar como a maior recessão mundial das últimas décadas.
O efeito irradiador do plano de US$ 586 bilhões, anunciado pelo governo chinês no último dia 9, põe em destaque o papel cada vez mais importante da China na economia mundial, num momento em que as autoridades se empenham em manter o crescimento do país próximo de 8% em 2009. A Merrill Lynch & Co. disse que a expansão chinesa teria se desaquecido para 5% sem o programa, a partir dos 9,5% registrados deste ano.
A economia chinesa ainda é a de crescimento mais acelerado dentre as 20 maiores do mundo, e seu plano, equivalente a 14% do PIB durante dois anos, deverá ter o mais forte impacto nos países que são os principais fornecedores de bens para a China, como Japão, Taiwan e Coréia do Sul.
"Trata-se de uma garantia significativa de crescimento para a China", disse Louis Kuijs, economista do Banco Mundial em Pequim.
O plano da China contempla as áreas de habitação, desenvolvimento rural, ferrovias, redes elétricas, voltando-se inclusive para a reconstrução dos danos causados pelo terremoto que atingiu a província de Sichuan em maio. Ele também prevê deduções fiscais para compras de maquinário, a fim de estimular os investimentos.
"Setores como o de transporte ferroviário, construção, cimento, aço e outros metais vão se beneficiar", disse Ting Lu, da Merrill Lynch de Hong Cong.
O crescimento mais lento da produção industrial chinesa nos últimos sete anos, anunciado ontem, reforçou os motivos pelos quais os gastos são necessários.
Entre os países que têm mais interesses em jogo estão Taiwan, Japão e Coréia do Sul. O impacto deve chegar ao Brasil, por meio da Companhia Vale do Rio Doce. A China respondeu por 20,5% da receita total da empresa no terceiro trimestre, de US$ 12,1 bilhões. "Consideramos que não haverá qualquer efeito imediato, pois a reativação de uma economia leva tempo", disse Fernando Thompson, porta-voz da Vale, por e-mail.
Para entender a volatilidade no câmbio
Pretendo discutir alguns aspectos que deverão condicionar a evolução da cotação do dólar no mercado brasileiro nos próximos meses - e que, por essa via, condicionarão o quadro macroeconômico geral, pois é evidente que a trajetória do dólar afetará de maneira importante as trajetórias da inflação, da taxa de juros básica e da atividade econômica.
A alta recente do dólar no Brasil não chegou a ser uma completa surpresa, pois há muito estava claro que havia grande risco de que as turbulências financeiras nos países mais desenvolvidos redundassem em dois processos correlatos: (a) uma alta forte e persistente da aversão ao risco, interrompendo a tendência de queda que vinha sustentando há anos; e (b) uma queda sensível da cotação das commodities, dando fim a um ciclo prolongado de altas.
O que surpreendeu, na alta recente do dólar, foi a sua intensidade. Dois elementos ajudam a compreender porque ela foi tão rápida: a gravidade da crise financeira nos países mais desenvolvidos e - este o elemento mais insuspeito - o fato de que, a despeito das nuvens ameaçadoras no plano internacional, várias empresas e bancos continuaram a se aventurar em operações cambiais de altíssimo risco. Aparentemente o processo de "desmonte" dessas operações já teve algum avanço nas últimas semanas, ajudando a reduzir a pressão sobre a cotação do dólar e a sua volatilidade.
Mas voltemos aos condicionantes mais gerais do câmbio. O recuo da aversão ao risco e a alta das commodities eram apontados com grande ênfase como fatores centrais para a progressiva e sensível valorização experimentada pelo real nos últimos anos. Nessas análises, o peso de um terceiro fator - o nível da taxa de juros básica, persistentemente muito alto em comparação às demais economias "emergentes" de grande porte – costumava ser minimizado.
O exame de alguns números ajuda a relativizar o peso dos ganhos dos termos de troca nas mudanças do quadro macroeconômico brasileiro nos últimos anos.
A alta dos preços dos produtos exportados pelo Brasil teve início em 2003 e, atenção, de acordo com os cálculos abalizados da Funcex prosseguiu até setembro último (o dado mais recente calculado pela instituição). Comparando-se o nível de preços das exportações em setembro de 2008 com a média de 2002, a alta foi de impressionantes 125%. Mas é comum não se dar a devida atenção ao outro lado dessa moeda: os preços das importações também subiram muito, embora um pouco menos: 95%.
Assim, o ganho dos termos de troca foi de apenas 15,8% entre esses dois pontos do tempo - uma proporção relevante mas, tenho certeza, bem menor do que boa parte dos leitores vinha sendo levada a supor.
O forte aumento do saldo comercial a partir de 2003 certamente contou com a ajuda dos termos de troca, mas outros aspectos – com destaque para o crescimento expressivo do volume de bens exportados - pesaram muito também.
O ponto a ressaltar, voltando à conjuntura atual, é que, assim como na fase de aumento dos preços das commodities não chegou a haver uma melhora espetacular dos termos de troca do comércio exterior, agora a piora desses termos poderá não ser tão aguda. A razão básica é simples: além de exportar commodities, também as importamos. E importamos sobretudo combustíveis, cujo preço não escapa do movimento geral de recuo das cotações, e que ainda respondem por cerca de 25% do valor total das compras externas do país. Essa é uma das razões pelas quais há boas chances de a cotação do dólar não se sustentar na faixa acima de R$ 2,15.
Fernando Sampaio - Sócio-diretor da LCA Consultores
Seqüência do Bretton Woods fracassará
Atribuo toda a culpa a Dean Acheson. O estadista americano, há muito falecido, foi uma grande figura na conferência original de Bretton Woods, em 1944, e posteriormente ajudou a inventar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Acheson deu a suas memórias o modesto título de "Present at the Creation" (presente à criação, em inglês) e, ao fazê-lo, inadvertidamente alimentou as fantasias de grandiosidade dos líderes do grupo dos 20 (G-20) países com maior economia, que se reúnem em Washington no fim de semana. Por que eles não poderiam também chegar ao status de quase deuses, reordenando as instituições do mundo?
Alguns dos líderes que se dirigem a Washington são surpreendentemente francos sobre o prazer que estão tendo. Nicolas Sarkozy, o dinâmico presidente da França, congratulou-se por sua "sorte" em ter a chance de refazer o sistema financeiro mundial. Gordon Brown, primeiro-ministro britânico, visivelmente deleita-se com a idéia de ser um líder intelectual mundial.
Como a maioria das seqüências, no entanto, o Bretton Woods II não chegará nem perto do original. A primeira conferência criou o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Seu substituto será mais maçante e gerará menos conseqüências significativas.
O primeiro motivo é que a crise financeira mundial - mesmo tão grave como é - está longe de ser a Segunda Guerra Mundial. A guerra destruiu a ordem estabelecida e, portanto, os estadistas que desenharam as instituições do pós-guerra tinham um papel em branco para rabiscar.
O segundo é que não há tempo suficiente. A conferência original de Bretton Woods teve os benefícios de dois anos de preparação, não duas semanas.
O terceiro - especialmente importante - é que os países que se reunirão em Washington neste fim de semana divergem. Os europeus, que adoram todas as formas de governança internacional, pressionam por novos reguladores mundiais para o sistema de finanças internacionais. Os americanos e chineses - mais zelosos de sua soberania nacional - estão mais cautelosos.
Por fim, ao contrário do ocorrido no Bretton Woods original, os Estados Unidos não têm o poder nem a inclinação para impor um novo conjunto de planos para o resto do mundo.
Este último ponto é algo que os europeus, em particular, mostram dificuldade em compreender. Sua visão geral é a de que há duas formas opostas de arrumar o mundo. A primeira - associada com o temido presidente George W. Bush - era baseada no poder e "unilateralismo". A segunda - que esperam ser adotada pelo santificado Barack Obama - é baseada em um EUA repreendido, que trabalha com os outros para construir uma nova ordem multilateral. Parte da excitação européia em relação ao Bretton Woods II é baseada na idéia de que a era da primazia dos EUA acabou - e que amanhece uma nova era multilateral.
Em 1944-45, entretanto, instituições multilaterais como o FMI, Banco Mundial e Organização das Nações Unidas (ONU) nasceram da força dos EUA e não de sua fraqueza. Um dos motivos para o Bretton Woods ter funcionado é que os EUA eram claramente o país mais poderoso na mesa de negociação e, portanto, no fim das contas tinha capacidade para impor sua vontade aos outros, incluindo uma Grã-Bretanha freqüentemente consternada. Na ocasião, uma alta autoridade do Banco da Inglaterra descreveu o acordo alcançado como "o maior golpe desferido contra a Grã-Bretanha depois da guerra", em grande parte porque ressaltava a forma como o poder financeiro havia passado do Reino Unido para os EUA.
O encontro do próximo fim de semana também reconhece mudanças no poder global. Os entusiastas do G-20 gostam que o grupo não seja o cansado e velho G-8, que vêem como sendo composto principalmente de países europeus exauridos destinados a entrar no matadouro da história. O G-20 inclui novas potências emergentes, como China, Índia, Brasil e África do Sul.
Isso é importante. Um sistema internacional que não acomode a China, Índia e outros novos emergentes claramente não pode funcionar no longo prazo. Contudo, trazê-los ao sistema não é garantia de sucesso. Quanto mais vozes ao redor da mesa do Bretton Woods II - e mais igualdade houver entre eles -, mais difícil será chegar a um acordo.
De fato, o mundo emergente multilateral e multipolar - há muito defendido por aqueles desconfortáveis com o poder americano - mostra todos os sinais de ser altamente inepto.
A ONU está cada vez mais paralisada - assolada por uma liderança fraca e um conselho de segurança bloqueado. Nos últimos 12 meses, a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) fracassou. E se as negociações da OMC não conseguiram produzir resultados, que chance haverá de sucesso em uma tarefa muito mais difícil, como a de negociar um acordo mundial de mudanças climáticas no próximo ano?
As rodadas comerciais anteriores foram concluídas com êxito, em parte, porque foram costuradas por Europa, América e Japão. Porém, na rodada mais recente, os países em desenvolvimento - em particular a Índia - ficaram poderosos demais para serem ignorados. Este é certamente um avanço para a justiça e equidade mundiais, mas torna muito mais difícil atingir um acordo. O mesmo problema provavelmente afligirá as negociações sobre mudanças climáticas no próximo ano, nas quais a China desempenhará papel central.
Ter montes de países na mesa de negociação não é por si só um fator destruidor de consensos. Havia 44 países no Bretton Woods original. Porém, o que se precisa é de liderança. Em 2008, como em 1944, o líder mais plausível é os EUA. Isso torna duplamente infeliz o fato de que o presidente americano anfitrião em Washington será Bush e não Obama.
Sob o comando do presidente Bush, os EUA descobriram que não podem liderar o mundo por meio do exercício da força bruta. A tarefa do presidente eleito Obama será ver se os EUA agora podem liderar por meio da persuasão. Infelizmente, ele não estará presente à recriação neste fim de semana.
A crise das finanças desregulamentadas: o que fazer?
A internacionalização do sistema financeiro tem alterado substancialmente a natureza e os determinantes da dinâmica econômica mundial: a conjugação entre a desregulamentação dos mercados financeiros e inovações financeiras - tais como securitizações e derivativos - a livre mobilidade de capitais e a flexibilidade e a volatilidade das taxas de câmbio e de juros têm, por um lado, limitado a ação das políticas macroeconômicas domésticas e, por outro, sido responsáveis tanto pelas freqüentes crises de balanço de pagamentos das economias emergentes, quanto pelas crises de liquidez e solvência, como a recente crise financeira internacional.
Este processo de globalização financeira, em que os mercados financeiros são integrados de tal forma a criar um "único" mercado mundial de dinheiro e crédito, acaba, por sua vez, diante de um quadro em que inexistem regras monetário-financeiras e cambiais estabilizantes e os instrumentos tradicionais de política macroeconômica tornam-se crescentemente insuficientes para conter os colapsos financeiros (e cambiais) em nível mundial, resultando em crises de demanda efetiva.
J. M. Keynes, em sua "Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda", de 1936, já chamava a atenção para o fato de que, em economias monetárias da produção, a organização dos mercados financeiros enfrenta um trade-off entre liquidez e investimento: por um lado, eles estimulam o desenvolvimento da atividade produtiva ao tornar os ativos mais líquidos, liberando, portanto, o investidor da irreversibilidade do investimento; por outro, aumenta as possibilidades de ganhos especulativos. Assim, ao estabelecer uma conexão entre os mercados financeiro e o lado real da economia, Keynes, na Teoria Geral, escreveu que "a posição é séria quando o empreendimento torna-se uma bolha sobre o redemoinho da especulação. Quando o desenvolvimento das atividades de um país torna-se o subproduto das atividades de um cassino, o trabalho provavelmente será mal-feito".
Indo ao encontro de Keynes, nos dias de hoje, a ação dos global players, em um mercado mais liberalizado e integrado, faz com que os mercados financeiros convertam-se em uma espécie de grande cassino global. Especulação, em uma economia global, tem caráter disruptivo não somente em mercados domésticos, mas sobre países como um todo, criando uma espécie de cassino financeiro ampliado.
Na perspectiva keynesiana, instabilidade financeira não é vista como "anomalia", mas como resultante da própria forma de operação dos mercados financeiros em um sistema no qual não existe uma estrutura de salvaguarda que exerça o papel de um market maker global. Assim, o formato institucional específico dos mercados financeiros determina as possibilidades de se ter um ambiente em que a especulação possa florescer. Crises financeiras não são apenas resultados de comportamentos "irracionais" dos agentes, mas resultam da própria forma de operação dos mercados financeiros globais liberalizados e sem um sistema de regulação adequado.
A atual crise financeira internacional, originada pelas perdas causadas pelo crescente default dos empréstimos das hipotecas do mercado americano de subprime e dinamizada em termos globais, uma vez que grande parte dessas hipotecas foi securitizada e distribuída a investidores do mercado global, nos induz a duas reflexões. Em primeiro lugar, ela põe em xeque os benefícios concretos da globalização financeira, com mercados financeiros desregulados, inclusive nos países desenvolvidos. Em segundo lugar, ela nos remete, a partir das medidas de natureza fiscal e monetária implementadas pelos EUA e países da Zona do Euro e do Japão - tais como injeção de liquidez e de capital nos sistemas financeiros por parte das autoridades econômicas destes países e a redução sincronizada da taxa básica de juros dos principais bancos centrais mundiais - para se evitar uma recessão econômica aguda, tanto a repensar o próprio papel do Estado na economia quanto à necessidade de re-regulamentar os sistemas financeiros domésticos e reestruturar o sistema financeiro mundial (SFM).
Em relação à primeira questão, como os mercados financeiros desregulamentados não são eficientes, na ausência de regras que estabilizem o referido mercado, as atividades especulativas e a valorização financeira da riqueza afloram naturalmente. Isto porque a liberalização dos mercados financeiros e a existência de novos instrumentos financeiros (como derivativos) ampliaram a possibilidade de realização de atividades especulativas. Torna-se, assim, necessária a regulamentação de operações derivativas "exóticas" e outras práticas (por exemplo, alavancagem excessiva de instituições financeiras) que ocasionam a "festa dos investidores e bancos".
Quanto à segunda questão, a lição da crise atual é que não somente a ação estatal é fundamental para prevenir ou remediar a crise, como é necessária, sobretudo em momentos críticos, uma maior coordenação global entre as diferentes políticas nacionais, em particular dos grandes países desenvolvidos. Assim sendo, pode-se dizer que há um certo consenso entre economistas e policymakers de que medidas para restaurar a estabilidade do SFM são necessárias. Todavia, infelizmente, não há um consenso acerca de como o referido sistema deve ser reestruturado.
Para os economistas do mainstream, um SFM eficiente para os países é aquele constituído por regimes cambiais flexíveis, maior mobilidade de capitais e maior liberalização financeira dos mercados, pois tais medidas equilibram, automaticamente, os balanços de pagamentos, alocam eficientemente as poupanças e melhoram a performance econômica. Por outro lado, a necessidade de se preservarem a autonomia das políticas fiscal e monetária dos países - essenciais para asseguraram trajetórias de crescimento econômico sustentável - tem reforçado o ponto de vista de economistas keynesianos de que é necessária a criação de uma espécie de International Market Maker para garantir a liquidez internacional para expandir a demanda efetiva mundial e coibir a livre mobilidade dos fluxos de capitais especulativos, condições fundamentais para que a economia mundial possa voltar a experimentar períodos mais duradouros de crescimento do produto e do emprego.
No pêndulo das posições, não resta dúvida de que a atual crise financeira internacional deixa claro que os mercados não são eficientes e que, portanto, é necessária a mão visível do Estado para assegurar a "funcionalidade" da mão invisível do mercado.
Alemanha já teme a pior recessão do pós-guerra
A Alemanha, um país que não teve uma bolha imobiliária e cujos consumidores não exageraram nos gastos a crédito, está se transformando numa das maiores vítimas da desaceleração mundial.
A economia alemã, a quarta maior do mundo, teve uma contração maior do que a esperada, de 0,5%, no terceiro trimestre, segundo dados oficiais divulgados ontem, depois de uma queda de 0,4% no segundo. As encomendas industriais estão em queda livre, e pesquisas com as empresas mostram que o problema mal começou: o país está diante do que pode ser sua mais longa recessão desde a fundação da República Federal da Alemanha, em 1949.
A retração em curso na Alemanha é bastante diferente dos declínios nos Estados Unidos e no Reino Unido, economias que estão desalavancando depois de um boom alimentado por crédito de mais de dez anos, dizem economistas. Em vez disso, os problemas da Alemanha mostram a armadilha de depender demais das exportações e de se consumir muito pouco internamente.
"A Alemanha lucrou muito com o aumento mundial na demanda por bens de capital, mas esta não é uma economia que desenvolveu um motor interno de crescimento", afirmou Jacques Cailloux, economista de Europa do Royal Bank of Scotland, em Londres.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu na semana passada que a economia alemã vai encolher 0,8% no ano que vem, mais do que projeta para toda a área que utiliza o euro. Entre as grandes economias européias, apenas o Reino Unido enfrenta uma recessão mais profunda que a Alemanha, afirmou o FMI.
Alguns meses atrás, os alemães estavam convencidos de que sua economia - forte na indústria e relativamente fraca em inovação financeira - lhes dava uma chance maior de passar pela desaceleração global em melhores condições do que outros países. Os alemães não tinham grandes dívidas nos cartões de crédito. O aumento médio no preço dos imóveis residenciais ficou perto de zero nos últimos dez anos, segundo o banco suíço UBS.
Há alguns meses, quando a bolha imobiliária dos EUA estourou e o crescimento no país caiu, mercados emergentes como a China continuavam a comprar bens de capital alemães, mantendo saudável a economia do país. Agora essa dependência das exportações se transformou numa maldição para a Alemanha.
"Estou surpreso com a velocidade da deterioração", diz Jürgen Ricking, um membro da diretoria da Felix Böttcher, fabricante de equipamentos de impressão com sede em Colônia. Depois de anos de crescimento movido a exportação, todo o seu setor enfrenta uma queda nas vendas mundiais este ano de cerca de 20%, por causa da desaceleração, diz ele.
A Böttcher é típica da maneira como muitas fabricantes alemãs se encaixam na cadeia de fornecimento mundial. Ela fornece grandes quantidades de rotativas para máquinas usadas em gráficas na China e outros países onde livros, revistas e outros materiais impressos são produzidos para venda nos EUA.
A retração nos EUA, que inclui uma recessão publicitária, está reduzindo a demanda por materiais impressos, enquanto as gráficas chinesas enfrentam custos crescentes de salários mais altos e novas leis trabalhistas, diz Ricking. "Nossos clientes chineses estão parando suas prensas ou pedindo concordata", diz. Cerca de três quartos de todas as máquinas de impressão são fabricadas na Alemanha, estima Ricking.
Ainda não está clara a dimensão do desaquecimento econômico da China, mas um indicador recente não é bom: o país acaba de divulgar seu primeiro declínio em produção mensal de eletricidade em muitos anos.
O Japão, a segunda maior economia do mundo, depois dos EUA, enfrenta um problema parecido - ainda que menos severo - ao da Alemanha. O Japão depende de exportações para o crescimento, enquanto o consumo interno permaneceu frágil. Parte do motivo é que, como na Alemanha, as empresas japonesas tentaram manter os salários baixos para manter a competitividade em relação a rivais da China e de outras economias emergentes. Quando as exportações engasgam, a economia sofre.
As exportações têm um papel ainda maior na economia alemã do que na japonesa. As exportações de bens correspondem a 41% do PIB alemão, o que ressalta uma dependência que cresceu rapidamente nos últimos 15 anos. É mais que o dobro da participação no Japão. Nos EUA, as exportações de bens representam menos de 10% do PIB. Mas em setembro as novas encomendas para exportações alemãs estavam em baixa de 18% em relação a seu recorde de novembro de 2007, o que prenuncia declínios acentuados no ano que vem.
Muitos bancos alemães investiram pesadamente em títulos hipotecários dos EUA e outros ativos de risco em outros países, e a crise bancária internacional forçou o governo alemão a lançar, no mês passado, um fundo de socorro do setor financeiro de até 500 bilhões de euros (US$ 624 bilhões).
Mas os problemas do setor financeiro não são o que está atrapalhando a economia alemã de modo geral, dizem economistas. Até agora, apenas 2% das empresas alemãs informaram ter algum pedido de crédito recusado recentemente, e apenas 23% relatam que seus bancos estão impondo condições mais rígidas para os empréstimos, segundo a Câmara Alemã de Indústria e Comércio. Em vez disso, a demanda por crédito está diminuindo porque as empresas têm cortado seus planos de investimento, mostram números do Bundesbank, o banco central alemão.
Embora o mercado de trabalho alemão mal tenha sentido o impacto da retração, ainda, economistas acreditam que um retorno ao desemprego crescente, a maior dor de cabeça da Alemanha no início da década, está no horizonte.
As montadoras BMW e Daimler anunciaram paralisações temporárias de produção em algumas fábricas, assim como a fabricante de autopeças Robert Bosch.
Para Belluzzo e Fraga, governo deve fazer ajuste fiscal anticíclico
Para atenuar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, o governo deveria acelerar a liberação dos depósitos compulsórios feitos pelos bancos no Banco Central (BC) e fazer um ajuste fiscal anticíclico, preservando os investimentos públicos em infra-estrutura e cortando outras despesas correntes. As opiniões, convergentes, são de dois economistas de correntes de pensamento distintas - o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Ontem, os dois debateram a crise na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
Belluzzo disse que, neste momento, o governo não deve fazer um ajuste pró-cíclico, ou seja, aumentar o esforço fiscal em meio à desaceleração da economia. "Poderia ser desastroso", alertou. Na sua opinião, o governo deve controlar a evolução dos gastos correntes, mas mantendo a política de investimentos em infra-estrutura. Esta seria a contribuição fiscal para manter "minimamente" os níveis de renda e emprego em meio à crise.
"Se o gasto privado cair rapidamente, não há como não fazer o anticíclico", disse Belluzzo, um dos conselheiros informais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele lembrou que há seis meses, antes da eclosão da fase mais aguda da crise externa, defendeu a adoção de medidas para conter o crédito e aumentar o esforço fiscal, iniciativa que facilitaria agora a implementação de um ajuste anticíclico.
Fraga, hoje o principal sócio da Gávea Investimentos, também acredita que este não é o momento para fazer ajuste fiscal, mas sugeriu que o governo administre as expectativas, sinalizando a realização de reformas voltadas para a sustentação das contas públicas no longo prazo. "Não defendo arrocho fiscal no curto prazo, mas são necessárias reformas para diminuir o tamanho do Estado e o déficit previdenciário", ponderou. "O ideal é ter um olhar para o futuro. Não dá para ficar esperando para fazer as reformas."
O ex-presidente do BC concorda que o momento exige uma atuação anticíclica do governo para atenuar os choques sofridos pela economia, mas lembrou que não há muito espaço para fazer isso, ao contrário do que acontece em países como a China, onde o governo não tem dívida, mas uma posição credora equivalente a 30% do PIB. No caso brasileiro, as receitas públicas diminuirão por causa da crise, enquanto os gastos correntes não param de crescer. "Agora, o espaço (para medidas anticíclicas) é limitado", comentou.
Idealizador do debate na CAE, o presidente da comissão, senador Aloísio Mercadante (PT), concordou com Fraga e Belluzzo e ainda criticou a política salarial do governo, que encaminhou ao Congresso propostas que aumentarão essa despesa em R$ 32 bilhões até 2012. "Não dá para continuar com a política salarial que a gente tinha. Não temos mais margem fiscal para isso", criticou o senador, que decidiu transformar a CAE num foro para de debater a crise. Mercadante defendeu a negociação de um pacto político para votar medidas anticrise e mencionou a reforma tributária, a criação do Cadastro Positivo e ações para reduzir os gastos correntes. "O Congresso precisa assumir a agenda da crise."
A economia mundial, segundo Fraga, sofrerá uma recessão prolongada, mas poderá voltar a crescer daqui a dois anos, à taxa de 3,5% ao ano, face aos 4,5% que vinha expandindo nos últimos anos. Na China, o crescimento deve cair de 12% para 7% ou 5% ao ano, o que "é uma espécie de recessão". No Brasil, de 5% para algo entre 2% e 3%. "A sensação (de recessão) será a mesma", observou. Ele recomendou "paciência" com a taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano. Uma boa parte dessa taxa reflete a fragilidade fiscal, mas Fraga aposta que, em dois anos, com o crescimento menor do crédito e a melhora do balanço de pagamentos, haverá um espaço "surpreendente" para redução.
Crise pode fazer empresa brasileira avançar no exterior
As empresas brasileiras devem alcançar, no médio e longo prazos, maior representatividade no mercado internacional do que possuíam antes de se agravar a crise financeira externa. A conclusão faz parte do estudo Multipolar World II, realizado pela Accenture com base em entrevistas a representantes de 70 multinacionais, sendo 40 grupos de países emergentes, e traz uma análise sobre o avanço de empresas brasileiras no exterior.
O presidente da Accenture, Roger Ingold, estima que, após a crise externa, as companhias brasileiras terão melhores condições de fazer aquisições do que concorrentes estrangeiras. E os setores que provavelmente estarão mais bem preparados para ganhar espaço no mercado global são os de siderurgia, mineração, alimentos e serviços de infra-estrutura. "O Brasil está em situação mais sólida que no passado e que outras economias neste momento. Se as empresas conseguirem ganhar eficiência mantendo o nível de empregos, elas sairão da crise em condição privilegiada", afirma. Para que isso ocorra, será necessário que o governo acelere os investimentos públicos em infra-estrutura e invista em educação e o setor privado controle custos, preserve o giro de caixa e o nível de emprego no curto prazo. No longo prazo, a exigência é investir em pesquisa e desenvolvimento.
O otimismo não é infundado. Um dos fatores citados pela consultoria é macroeconômico. "Mesmo as revisões recentes do PIB apontam que o Brasil terá um desempenho melhor que os países desenvolvidos, o que indica que o efeito da crise será menor", aponta Marcelo Gil de Souza, líder global para área de consultoria em direcionamento corporativo da Accenture. Ele também observa que o mercado financeiro brasileiro mostra-se mais saudável que o internacional - no início do ano os três maiores bancos americanos valiam 18 vezes mais que os três maiores brasileiros e hoje essa diferenças é de 4,5 vezes.
Gil observa ainda que as multinacionais brasileiras que atuam com commodities têm rentabilidade maior que as concorrentes. As siderúrgicas, por exemplo, têm margem média de 35%, enquanto a média global é de 15%. "Se o preço da commodity cai, o efeito sobre a rentabilidade é menor nas empresas brasileiras", compara.
Além disso, diz, o valor relativo das empresas brasileiras pode se tornar maior no médio prazo, o que possibilitará a aceleração dos processos de fusões e aquisições. Segundo Gil, as ações de empresas negociadas nas bolsas da Ásia tiveram uma queda próximo a 70% por conta da crise. O câmbio no Brasil subiu 30% e as ações caíram na Bovespa, mas o saldo ainda é positivo no Brasil. "As empresas no mundo perderam valor, mas as brasileiras se desvalorizaram menos, o que significa que, tendo condições de financiamento, elas terão oportunidades de fazer aquisições e ganhar mais peso no mercado internacional", afirma.
O ex-diretor do Banco Central e sócio da Ciano Investimentos, Ilan Goldfajn, acredita que a economia brasileira sofrerá impacto significativo da crise, mas concorda que se as empresas se mantiverem estáveis, poderão sair da crise mais valorizadas. Ele observa que, no período da crise russa e dos Tigres Asiáticos, no fim dos anos 90, as empresas brasileiras estavam mais endividadas em dólar e o governo estava mais vulnerável nas contas externas. "Hoje o passivo líquido está em real, isso deixa o país mais forte", compara.
Na década passada, acrescenta, a relação dívida/PIB era ascendente e fortemente afetada pelas oscilações cambiais. Hoje a alta do dólar reduz a dívida como proporção do PIB, já que o Brasil é credor líquido em moeda estrangeira. "Nesses dois meses de crise mais forte, essa relação caiu 4% (em setembro estava em 38,3%)", salienta.
O sócio do grupo Advento e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Juan Quirós, faz parte da ala otimista. O grupo negocia a aquisição de uma empresa do setor petroleiro que fatura por ano US$ 220 milhões. Quirós conta que fez uma oferta à empresa o ano passado, quando o petróleo estava a US$ 140 o barril e foi rechaçado. "Falei para o empresário, quando o petróleo for para US$ 85, você vai me procurar", diz. Segundo ele, os empresários o procuraram quando chegou a US$ 90, mas agora o valor da empresa é mais baixo. "Na crise há os que choram e o que vendem lenço. É preciso aproveitar o momento para investir em ativos produtivos, sobretudo pequenas e médias empresas", afirma Quirós.
Gil, da Accenture, confirma que, enquanto em 1999 as empresas que procuravam a consultoria buscavam eminentemente soluções para sobreviver à crise, hoje uma boa parcela das empresas está focada no reposicionamento de mercado e em fusões e aquisições. Outros dois fatores diferenciam a situação das multinacionais de países emergentes: a especialização nos mercados de commodities e energia, que seguirão demandantes nas próximas décadas, e a decisão desses grupos de investirem sobretudo em países emergentes. Conforme o estudo, 96% dos investimentos feitos por múltis brasileiras e indianas têm como destino economias emergentes. No caso da China, esse índice vai para 98%, e no caso da Rússia, 99%.
Em 2020, de acordo com o estudo, as economias dos países emergentes superarão o Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos. Em 2007, o PIB dos países ricos somava US$ 52 trilhões, contra US$ 48 trilhões dos emergentes. Em 2020, essa relação muda para US$ 43 trilhões e US$ 57 trilhões, respectivamente. A explicação está na expansão do consumo nos países emergentes. Os mercados de Brasil, China, Índia, Rússia, México e Coréia do Sul, que hoje correspondem a menos da metade dos mercados consumidores do G-6 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão), devem superá-los em mais de 30% até 2025, segundo a Accenture.
BC ajusta regra de compulsórios
O Banco Central fez um ajuste nas regras sobre os recolhimentos compulsórios incidentes nos depósitos bancários, o décimo desde o início da atual crise de liquidez, para evitar o surgimento de incertezas que pudessem pressionar os juros do mercado. De quebra, a medida recompõe em R$ 40 bilhões a demanda por títulos públicos em um período em que o Tesouro Nacional paga mais caro para rolar sua dívida.
Circular editada ontem pela manhã muda a forma como os bancos recolhem ao BC o chamado depósito compulsório adicional sobre depósitos à vista, a prazo e poupança. Antes, os bancos faziam o recolhimento em dinheiro, e recebiam do BC remuneração pela taxa Selic. Agora, o recolhimento será feito em títulos públicos, que pagam basicamente a taxa Selic aos bancos. Os bancos são obrigados a recolher compulsoriamente ao BC 5% dos recursos captados sob a forma de depósitos à vista e a prazo e de 10% dos depósitos em caderneta de poupança. Hoje, esses compulsórios somam R$ 40 bilhões. Esse dinheiro não será liberado aos bancos, ao contrário do que fez o BC em medidas anteriores, que injetaram R$ 56 bilhões no sistema financeiro.
Também permanece inalterada a remuneração paga aos bancos, que era a Selic no sistema antigo e continua sendo a Selic no novo. A diferença é que, agora, para cumprir a exigência dos compulsórios, os bancos terão que ir a mercado para comprar R$ 40 bilhões em títulos públicos. Um dos efeitos da medida, portanto, é aumentar a demanda por papéis do Tesouro e, assim, evitar a alta dos juros pagos pelo governo para financiar sua dívida.
Ontem, fontes oficiais explicavam que, com a circular, o governo está apenas procurando corrigir uma distorção causada no mercado de títulos públicos por outras medidas relacionadas aos compulsórios adotadas anteriormente. Em particular, a circular nº 3.417, editada em 30 de outubro, que estabeleceu punição para grandes bancos que não comprarem carteiras de crédito de instituições financeiras menores. Um efeito colateral dessa medida foi reduzir, de uma hora para outra, em R$ 30 bilhões a demanda por títulos. Agora, essa demanda está sendo recomposta.
A circular nº 3.417 diz que bancos que não usarem dinheiro liberado dos compulsórios sobre depósitos a prazo na compra de carteiras serão punidos com o corte de remuneração sobre os próprios compulsórios. Antes, os bancos tinham que cumprir esses compulsórios em títulos públicos e, a partir de hoje, estariam obrigados a fazer o recolhimento em dinheiro vivo.
Os bancos compraram volume reduzido de carteiras (os negócios concretizados de fato somavam R$ 5,778 bilhões, e outros R$ 4,430 bilhões estavam sob análise pelo BC), e hoje entra em vigor a punição fixada pelo governo. Na prática, isso significa que, entre ontem e hoje, os bancos iriam se desfazer de algo como R$ 30 bilhões em títulos públicos. Um movimento grande e brusco de venda como esse, na visão do BC, poderia gerar ainda mais incerteza num mercado que ainda se recupera dos efeitos da crise.
Uma amostra do estresse que poderia contaminar o mercado foi dada na semana passada, quando, diante apenas da expectativa de venda de títulos pelos bancos para cumprir as exigências de compulsórios, a curva de juros do Tesouro chegou a subir, embora tenha recuado nos dias seguintes. O receio maior da autoridade monetária era que eventual alta dos juros dos títulos públicos fosse transmitida para a curva de juros futuros, que serve de referência para os negócios fechados no setor privado.
Em períodos de normalidade, na visão do BC, não haveria a necessidade de recompor a demanda por títulos públicos. O mercado se ajustaria, puxando os juros temporariamente e retomando a normalidade mais adiante. No momento atual, porém, o ideal é que a política de compulsórios mantenha a neutralidade, agindo apenas para criar os incentivos corretos para combater a crise de liquidez bancária. De qualquer forma, é fato que, embora o objetivo maior da circular editada ontem seja evitar o surgimento de novos focos de estresse, o Tesouro acaba sendo beneficiado com a manutenção da demanda cativa por seus títulos.
Desde setembro, o Tesouro vem enfrentando algumas dificuldades na rolagem da sua dívida, embora até agora não tenham sido de magnitude suficiente para criar desvios no seu plano anual de financiamento. Em setembro e outubro, as operações primárias da dívida pública, ou seja, os resgates e emissões feitas pelo Tesouro, provocaram uma emissão monetária líquida de R$ 33,276 bilhões, segundo dados divulgados pelo BC nas suas estatísticas monetárias. Investidores vêm exigindo juros mais altos para comprar papéis do Tesouro. As taxas ficaram mais altas, em especial, devido à saída de investidores estrangeiros do mercado doméstico de títulos.
O quadro vinha sendo agravado pela liberação dos depósitos compulsórios pelo BC. Nessa crise de liquidez, o BC privilegiou a liberação de compulsórios sobre depósitos a prazo, que, até ontem, eram recolhidos 100% em títulos públicos. As estimativas do governo são de que as diversas medidas adotadas até agora reduziram a demanda por título públicos em R$ 50 bilhões. Por esses cálculos, mesmo com a circular editada ontem, que cria um mercado de R$ 40 bilhões para os títulos, o corte de compulsórios representa uma queda líquida de demanda dos papéis do Tesouro.
Ao longo dos anos, a necessidade de manter demanda cativa por títulos públicos tem sido um dos fatores que impedem o corte das alíquotas de recolhimento compulsório. Outro fator que, historicamente, pesa contra a redução de compulsórios é o fato de o país ter altos juros reais. Os compulsórios são um instrumento de política monetária que concorre com os juros. Quando a inflação está sob controle, o BC prefere reduzir juros, que são muito altos no país e têm efeitos mais conhecidos sobre a demanda agregada, do que cortar alíquotas dos compulsórios.
Simplicidade pode garantir nota na redação no vestibular
Simplicidade pode garantir nota na redação no vestibular
Veja dicas da coordenadora de português do Etapa.
Texto deve ser claro, mostrando domínio da língua.
Simone HarnikDo G1, em São Paulo
Simplicidade e clareza são atributos de uma boa redação no vestibular. Cumprir os dois requisitos ajuda o texto a causar boa impressão no corretor e pode garantir pontinhos extras. As recomendações são da coordenadora de português do Curso Etapa, Célia Passoni, e cabem muito bem na prova de redação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aplicada no próximo domingo (16).
“Na redação, você não deve ficar inventando. Não escreva períodos longos, porque você tende a se perder. Não junte informações em uma única frase”, afirma a professora. A dica, segundo ela, é que cada candidato pense como um leitor. “E o que o leitor quer? Quer coisas mais simples, mais claras e rápidas.”
Hoje estudante de engenharia química, no período noturno, Victor Yuzzo Yamao Guiotoku, 21 anos, teve sua redação no vestibular 2008 da Unicamp escolhida como uma das 30 melhores. Sua estratégia foi seguir a simplicidade, mas sem ser simplório.
“De forma geral, o vestibular exige muito que se consiga apresentar uma resposta de forma simples, mas que não seja banal. É preciso um bom domínio da língua. Mas também não é para fazer nada rebuscado”, diz.
Número de parágrafos
De acordo com Célia, a redação ideal tem cinco ou seis parágrafos. “É um para abertura, dois ou três para o desenvolvimento do tema e o último para encerramento”, afirma. O modelo vale tanto para dissertações, quanto para narrações ou cartas – a Unicamp oferece as três possibilidades de texto e fica a cargo do candidato a escolha.
Para Victor, a escolha da modalidade a ser desenvolvida é muito importante: “Um conselho que recebi e que funciona é não inventar algo na hora da prova. Você deve fazer o texto com o qual está acostumado – seja dissertação, carta ou narração”, afirma. A opção do agora universitário foi pela carta.
Na hora da prova, vale ler muito bem o que é pedido e “partir para o ataque”. “A melhor arma para o vestibulando é a simplicidade e a leveza. Não escreva mais do que o necessário. Ninguém vai cobrar que você seja um grande escritor”, orienta Célia. Com atenção, é claro, para não escrever com garranchos, sem encher lingüiça e com precisão com a língua.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Down 309 Points, Up 552 Points…Fast Enough For Ya?
Let's not even get into "reasons" why the Dow went bipolar on November 13.By Vadim Pokhlebkin
Thu, 13 Nov 2008 17:30:00 ET
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