14 de Novembro de 2008
A crise mundial já completou 15 meses e deve ingressar agora em uma nova fase, que é a da desaceleração da atividade econômica. Estão aí as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontam 2009 como um ano difícil, particularmente ruim para os países desenvolvidos. Para o Brasil, o FMI prevê um crescimento do PIB da ordem de 5% para este ano e de 3% para 2009.
A redução da atividade não deixa de ser decepcionante para quem vinha, como nós, num ritmo de forte retomada da atividade econômica. Mas, ao mesmo tempo, trata-se de uma boa notícia quando olhamos para o que está acontecendo ao nosso redor. Embora a um ritmo menor, continuaremos crescendo. Se não há motivo para celebração, é preciso olhar para a história recente do País. As crises ocorridas com as bolhas cambiais, a partir de 1997, para citar um caso presente na memória de todos, foram globais, mas rápidas e dissolveram-se em alguns meses. No entanto, provocaram devastação nos países emergentes. Recessão econômica, empréstimos-ponte, juros estratosféricos e enxugamento da liquidez constituíram o receituário da época.
Desta vez, o Brasil também pagará a sua parte da conta (não há como não pagá-la), mas ela será bem mais modesta. Isso acontece porque, de País frágil que era, o Brasil exibe agora uma resistência invejável. É um fato que tem sido notado por governantes e analistas de todo o mundo. A economia brasileira mudou rapidamente de perfil nesses últimos anos, e é esta mudança que nos permitirá crescer em 2008 e em 2009 numa conjuntura internacional extremamente adversa. É perceptível a melhora em todas as áreas, a começar da macroeconomia. A política econômica permanece ancorada na estabilidade monetária, política de metas de inflação, solvência das contas externas, câmbio flutuante, compromisso com superávit fiscal, preços livres e a indispensável segurança para poupar e investir.
Essa base permitiu ao setor privado obter ganhos de escala e de produtividade. Para os cidadãos, esta combinação teve o efeito de gerar emprego e renda. E isto, por sua vez, provocou um fenômeno que impressiona. Mais da metade das famílias brasileiras pertence hoje à classe média, formando, portanto, um mercado interno invejável, pela sua proporção.
Há mais uma coisa a notar. De modo geral, as empresas brasileiras estão capitalizadas e são lucrativas. As instituições financeiras - setor fundamental para a boa saúde econômica - são sólidas. Nos 15 meses da crise, jamais houve qualquer dúvida a esse respeito. Exceto um caso ou outro, não houve no Brasil operações tóxicas como as que derrubaram grandes empresas no exterior. Aqui não existem bolhas. Empresas e famílias não estão alavancadas num grau imprudente. Portanto, não há razão para que aconteça aqui o "acerto de contas" que está ocorrendo em outros países.
Não desconheço os problemas intrínsecos da economia brasileira e nem o potencial dos impactos que certamente nos afetarão no futuro próximo. Alinhei informações conhecidas e que, repito, despertam análises positivas dos especialistas internacionais.
Talvez esteja sendo este o teste fundamental para que o Brasil consiga deixar para trás alguns estigmas. A principal mensagem é que somos um país sério, correto, integrado ao mundo e que não pode mais ser qualificado meramente como mais um emergente. Chegou o momento de se criar uma outra classificação e contemplar o País de mais espaços nos centros de decisão mundial.
A continuidade e a consistência da política monetária, o crescimento econômico, o começo de um processo de distribuição de renda mais consistente, nos valeram, neste ano, o grau de investimento por parte de agências de classificação de risco. O bom desempenho permitiu também a troca de moedas realizada entre o Federal Reserve Board (Fed) e o Banco Central (BC), no momento mais sério da crise global. Não podemos mais ser considerados apenas como coadjuvantes.
Essa nova posição a que o País ascendeu tem um valor econômico tangível. Não se trata de algo apenas honorífico. Um Brasil com estabilidade, dono de um amplo mercado interno, de uma indústria moderna e diversificada e de um agronegócio que está se impondo como um dos mais poderosos do planeta é inequivocamente atrativo para qualquer investidor. Quanto ao desenrolar da crise mundial, a redução da atividade econômica gera dificuldades e exigirá sacrifícios, inclusive dos brasileiros. Mas vale lembrar que o governo ainda não usou todos os recursos de que dispõe para atuar pontualmente no sentido de proteger empresas e pessoas.
Entendemos que é hora de pensar seriamente em cortar despesas inúteis, demonstrando uma condução administrativa responsável, e sinalizar um conjunto de reformas para modernizar a economia e torná-la mais competitiva. Uma reforma tributária que reduza impostos e uma lei trabalhista moderna seriam um bom começo. Não é pedir demais.
MÁRCIO ARTUR LAURELLI CYPRIANO
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