Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Num momento de forte turbulência no mercado financeiro, o que mais os profissionais de mercado ouvem é a pergunta: "O que faço com o meu dinheiro?" Mas se há algo de positivo na crise é a maior cautela dos investidores aflitos, que passaram a olhar com mais cuidado as alternativas, avalia Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Banco Real.
O investidor está reaprendendo a aplicar o dinheiro, conhecendo melhor seus limites de exposição ao risco, diz o executivo. "Antes, todo mundo aplicava em bolsa porque só conhecia a história de cinco anos de alta, mas agora muitos estão identificando se têm realmente apetite para a bolsa", diz Jurcevic.
A recomendação do executivo para os clientes que já aplicam em bolsa é não se desesperar. "Não adianta tomar qualquer decisão importante agora", diz ele. "O prejuízo efetivo só irá acontecer se o investidor resgatar e, depois, dificilmente ele irá recuperar as perdas." Ele enfatiza: por mais que haja volatilidade, o investidor não deve sacar agora.
Já para quem está fora, os preços de muitas ações de primeira linha estão para lá de convidativos. "Mas não ache que num prazo de 30 dias haverá ganhos", diz. Apesar de os papéis já estarem baratos, isso não significa que eles não poderão cair ainda mais. Por isso, o conselho é dividir os recursos e ir comprando boas ações aos poucos.
Já para quem não tem estômago forte para agüentar os solavancos da bolsa, Jurcevic diz que as taxas dos CDBs estão bastante atrativas, até mesmo para o investidor pessoa física. Segundo ele, só neste ano, a carteira de CDBs nas mãos de pessoas físicas cresceu 41% no Real. Em termos de números de pequenos investidores, o aumento foi de 30%. Ele, no entanto, não revela os dados referentes a volumes. Além da rentabilidade atrativa na renda fixa, a opção também se mostra interessante pelo conservadorismo dos CDBs, em que não se vê oscilação, como acontece nas cotas dos fundos, por exemplo.
Na avaliação de Jurcevic, o cenário ainda é de forte volatilidade, não mais por conta da crise de confiança na solidez do sistema financeiro, mas pelo risco de recessão no mundo. "As empresas deverão crescer menos e haverá uma redução na atividade econômica", diz. Portanto, a volatilidade deve continuar. Uma melhora só deve acontecer por volta do segundo semestre do ano que vem. O executivo não descarta, entretanto, a possibilidade de o mercado antecipar parte dessa recuperação.
Para quem busca diversificação, tem horizonte de longo prazo e um médio apetite para o risco, Jurcevic vem recomendando aplicar 60% da carteira em CDBs pós-fixados, 25% em fundos de capital protegido e os outros 15% em ações.
Quanto ao dólar, o executivo faz parte dos que não recomendam a moeda americana como aplicação. "Há muita gente querendo saber sobre o dólar, mas não é o momento para especular com a moeda", diz ele, que trabalha com uma cotação de R$ 2,00 a R$ 2,10 até o fim do ano.
O mesmo raciocínio vale para o ouro. "Em todo momento de crise o ouro se aprecia, mas quando a situação começar a se acalmar, os preços devem cair", afirma. Além da perspectiva de queda quando o cenário começar a clarear, pesa contra a aplicação em ouro a dificuldade de guardar o metal e de renegociá-lo, que pode obrigar o investidor a refundir as barras.
The Most Important Lesson in Trading Psychology
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