No ambiente de trabalho, que reflete o que acontece na sociedade, a convivência de gerações diferentes em um mesmo local provoca diversos choques de costumes.
Esse processo de estranhamento e também de complementação entre características diferentes está acontecendo nos dias de hoje com a chegada da geração Y ao mercado de trabalho e sua convivência com os mais velhos - sejam eles da geração X ou os chamados baby boomers (nascidos logo após a Segunda Guerra Mundial). Esses jovens iniciam suas carreiras com posturas estranhas à formalidade daqueles profissionais que têm décadas de experiência. Mas, ao mesmo tempo, induzem a uma saudável renovação.
A geração Y é composta por jovens ousados, que valorizam a busca por inovação. No entanto, acompanhada da criatividade vem uma informalidade que muitas vezes entra em conflito com a tradição pregada em algumas companhias. Essa geração adora trabalhar, mas dentro da filosofia de que o trabalho é apenas parte da vida. Afinal, têm uma enorme variedade de coisas para fazer nas horas livres. Não por acaso, as empresas de tecnologia de ponta e de informática são o lar natural dessa geração.
Com no máximo 30 anos de idade, a geração Y, quando foge ao seu habitat natural cercado de bits e bytes e invade a chamada velha economia, traz ao mundo corporativo conceitos e atitudes que chacoalham os padrões de comportamento das demais gerações.
Os boomers são aqueles já bem estabelecidos profissionais, de 47 a 63 anos de idade, que geralmente ocupam cargos de liderança estratégica. Já a geração X, na faixa entre 31 e 46 anos, se prepara para suceder aos baby boomers e tem a tarefa de gerenciar os jovens da geração Y.
Caso essa convivência não seja bem administrada, há o risco de o ambiente de trabalho ganhar em tensão e perder em eficiência. Isso é algo que afeta sobremaneira a produtividade e pode ser fatal para a sustentabilidade da organização.
O grande desafio, sem dúvida, é conseguir engajar os jovens da geração Y sem entrar em conflito com as regras das companhias. Aí reside a chave do sucesso. Somente com comprometimento é possível extrair o máximo dessa talentosa geração. A comunicação interna é um exemplo bem acabado de como funciona o relacionamento dentro de uma empresa entres profissionais com idades diferentes. Os baby boomers resolvem os problemas em reuniões pessoais. Já a geração X prefere recorrer a uma conference call, enquanto os jovens se sentem totalmente confortáveis com as soluções virtuais.
Mas o que esses Y têm de tão diferente - e positivo - para que as empresas se preocupem em encontrar a forma correta de lidar com eles? Afinal, a convivência de duas e até três gerações no mundo empresarial não é novidade alguma. A questão importante aqui é a quebra radical de paradigmas. No ambiente de trabalho, as duas gerações anteriores têm como característica a aceitação das regras da empresa, a lealdade à organização a qual pertencem e a facilidade para trabalhar em grupo.
Já a nova geração é filha de pais que sempre trabalharam muito - e aliviaram o sentimento de culpa satisfazendo todos os desejos de seus filhos e investiram fortemente em sua formação. A compensação se deu na forma de cursos de línguas, natação, judô ou balé, sem falar nos intercâmbios internacionais, acampamentos de férias etc. Sua família o fez multitarefas.
A evolução tecnológica cultivou ainda mais seu leque de talentos e serviu para defini-lo. A figura do jovem que fala no celular ao mesmo tempo em que ouve música no iPod, diante do notebook, no qual checa seus e-mails, usa o MSN e atualiza seu blog é a expressão máxima da geração Y.
Para as companhias, no entanto, a incorporação da geração Y ao seu quadro de profissionais traz a semente da própria sobrevivência da empresa. Esses jovens são o retrato bem acabado do mundo atual. Saber lidar com ele é entender a mente do futuro consumidor. Se for bem gerenciada, a relação entre essas duas gerações pode ser extremamente produtiva para ambos e, conseqüentemente, para a organização.
O desafio do X é ter paciência e rever sua forma de comandar. Se o jovem adora desafios, mas não se concentra em atividades de longo prazo, a solução pode ser quebrar a tarefa em vários projetos com prazos e metas predeterminados. O Y dará o melhor de si para superar o objetivo em prazo recorde. Outro motivador para o engajamento é ter um plano de carreira claro, de modo que os jovens entendam onde vão chegar e quanto tempo levará para isso.
O importante é saber administrar as diferenças, sem desvalorizar os veteranos (que se dedicam à empresa há anos) nem desprezar o potencial criador e renovador da geração Y. Em um mundo corporativo no qual cada vez mais o diferencial está no potencial de criação do ser humano, aproveitar todas as qualidades das diversas gerações e minimizar ao máximo o conflito entre elas parece ser a saída natural para um bom desempenho. O objetivo está na criação de processos para a adaptação mútua das gerações, com a manutenção do respeito às individualidades. O desafio está lançado.
kicker: O importante é saber administrar as diferenças, sem desvalorizar os veteranos nem desprezar o potencial da geração Y
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