São Paulo, 8 de Maio de 2008 - Com a elevação do Brasil a grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor ’s, as corretoras revisaram para cima o potencial de valorização do Ibovespa para o final deste ano, que deve alcançar, segundo média dos analistas, os 80 mil pontos.
Depois de rebaixar a projeção do Ibovespa de 85 mil pontos para 75 mil pontos, com o agravamento da crise no mercado de crédito, a Win, homebroker da Alpes Corretora, voltou a trabalhar com a estimativa inicial, prevendo aumento do fluxo de recursos estrangeiros com o grau de investimento. "Nós havíamos rebaixado a estimativa para o Ibovespa, com anúncio de grandes perdas dos bancos com o mercado de crédito imobiliário nos Estados Unidos. Agora, com o grau de investimento, a liquidez para o mercado brasileiro deve aumentar", afirma Fausto Gouveia, analista da Win.
Ele destaca que o mercado não esperava o anúncio da reclassificação do rating brasileiro ainda no primeiro semestre, e que por isso, os preços dos ativos devem passar por uma correção. No primeiro momento, segundo Gouveia, as ações de grandes empresas com maior liquidez de negociação, conhecidas como blue chips, devem ser as mais beneficiadas no curto prazo. Mas os papéis de empresas menores (small caps), principalmente de bancos de médio porte, apresentaram aumento do potencial de valorização . "Os bancos médios que ganharam a classificação de investment grade com a elevação do rating soberano devem ter uma redução do seu custo de financiamento externo, o que deve trazer valorização dos seus papéis", diz.
O Banco Citigroup também revisou a projeção de valorização do Ibovespa para o final de 2008 para 74 mil pontos, 10% a mais que a estimativa anterior. O banco recomenda elevação da exposição para empresas produtoras de matérias-primas e de produtos de consumo básico, e mantém classificação neutra para as companhias do segmento de combustíveis e do setor financeiro. "No curto prazo as ações brasileiras devem cair devido à alta recente da bolsa, ao fortalecimento do real e ao aumento dos juros promovido pelo Banco Central", aponta o estrategista do banco, Geoffrey Denis, em relatório.
Para o chefe de análise e pesquisa da corretora Ágora, Marco Melo, o maior impacto do grau de investimento para a bolsa deve vir em 2009 com o aumento do fluxo dos investimentos estrangeiros. A corretora manteve a projeção para o Ibovespa neste ano em 82 mil pontos, valorização de cerca de 28% no ano. Ele destaca que o volume de negociação na Bovespa apresentou um incremento de cerca de 25% neste ano, mas que os investidores estrangeiros devem voltar mais seletivos. "No primeiro momento a valorização deve se concentrar nas ações blue chips", diz.
Segundo o chefe da área de análise da corretora Planner, Ricardo Martins, a bolsa brasileira deve ser beneficiada pela melhora do cenário externo. "Os indicadores norte-americanos começam a apontar para uma recuperação da economia dos Estados Unidos, e apostamos num cenário positivo no segundo semestre", afirma. A corretora manteve a projeção para o Ibovespa neste ano em 82 mil pontos, no entanto, Martins ressalta que uma queda no preço das commodities metálicas e o aumento da inflação no mercado externo podem trazer risco para o desempenho da bolsa.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Silvia Rosa)
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