Fabio Colombo
Na teoria de investimento, as duas principais linhas utilizadas para selecionar os ativos na composição dos portfólios de investimento são a análise fundamentalista e a análise gráfica.
Em resumo, a análise fundamentalista se baseia no estudo de balanços de empresas, projeções de mercado, setores econômicos, economia nacional e internacional, entre outros, de modo a procurar prever o comportamento dos preços dos ativos.
A analise gráfica, por sua vez, não leva em conta as variáveis da análise fundamentalista, mas, a grosso modo, somente os movimentos passados de preço e os volumes negociados do ativo, procurando identificar padrões gráficos que indiquem mudanças na oferta e procura pelo ativo e possibilitem prever seu comportamento futuro.
A análise fundamentalista é a mais aceita, basicamente pelo seu embasamento técnico, pois se sustenta em dados concretos e lógicos de fácil entendimento. A analise gráfica, por muitos questionada devido ao seu fundamento teórico discutível, é baseada em padrões de formações e figuras gráficas de preços e volumes.
O ponto, que vale ser discutido, é em que condições as duas teorias recomendam a compra ou venda de um ativo.
Na teoria fundamentalista, quanto melhores forem os indicadores e perspectivas de uma empresa, por exemplo, mais fortes serão as recomendações de compra; ocorrendo o inverso nas recomendações de venda, quando os indicadores e perspectivas não forem favoráveis. É importante ressaltar que, na prática, quando os indicadores e perspectivas melhoram, o preço do ativo sobe imediatamente, valendo o oposto na piora do cenário. Como os fundamentalistas sempre esperam ter dados concretos para recomendar a compra ou venda de um ativo, inevitavelmente comprarão ou venderão, respectivamente, após determinada alta ou baixa do ativo. Em outras palavras, os fundamentalistas compram "na alta" e vendem "na baixa". Nunca veremos um adepto dessa teoria fazer uma recomendação de compra quando uma empresa estiver passando por dificuldades e o preço de sua ação estiver em baixa; tampouco recomendar a venda quando a empresa estiver passando por momentos muito favoráveis e o preço de sua ação estiver batendo recordes de cotação.
Na outra análise, são utilizados padrões gráficos, de modo a encontrar pontos adequados de compra e venda de determinado ativo. Essa teoria pressupõe que os preços se movem em tendências, que seguem as leis de oferta e procura, que são determinadas pelas mudanças de atitudes dos investidores, em geral, face às informações econômicas, monetárias e políticas, entre tantas outras.
Sua principal fundação é que essas tendências apresentam certa duração de tempo e podem ser detectadas em sua fase inicial, de modo que o investidor possa "surfar na onda" até que a tendência se reverta, e um novo ciclo se inicie.
Sem entrar em muitos detalhes técnicos, os preços, segundo a teoria, tendem a flutuar em um canal, definidos por uma "linha de resistência" superior, e uma inferior chamada de "linha de suporte". Quando o preço rompe a "linha de resistência" superior (ponto de compra), se inicia um processo de alta; ocorrendo o inverso quando o preço rompe a "linha de suporte" inferior (ponto de venda). Note que, na análise gráfica as recomendações de compra e venda ocorrem após um processo de confirmação de alta ou baixa respectivamente.
O interessante é que as duas teorias, embora por motivos diversos, acabam recomendando comprar ou vender, respectivamente, após um processo de alta ou baixa.
Todo investidor já escutou, em algum momento, a máxima do mercado a ser seguida: "comprar na baixa e vender na alta". Todos concordam que é o conselho mais óbvio e lógico que existe, mas extremamente difícil de ser seguido. Esse fato é confirmado pelo exposto acima.
Na minha visão, o que leva as duas teorias a agirem dessa forma é a preocupação com o resultado de curto prazo em detrimento do de longo prazo, esquecendo as reversões de mercado que ocorrem ciclicamente.
Para concluir, posso afirmar, baseado em minha experiência prática, que é muito mais rentável procurar obter resultado no longo prazo, comprando e vendendo gradativamente, ao longo, respectivamente, das baixas e altas reais de ativos de boa qualidade, que ocorrem ao longo do tempo, do que seguir teorias que, predominantemente, só valorizam o curto prazo.
Fabio Colombo é administrador de Investimentos
E-mail: facolom@terra.com.br
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