Com a crise nos mercados financeiro e imobiliário, os norte-americanos perderam no primeiro trimestre mais que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do ano passado, segundo um índice de riqueza medido pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
Os americanos perderam US$ 1,7 trilhão nos três primeiros meses do ano -a maior queda desde 2002-, quase US$ 400 bilhões mais que o PIB do Brasil em 2007. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a soma das riquezas produzidas no país no ano passado foi de US$ 1,314 trilhão. Para este ano, o Fundo prevê um PIB de US$ 1,621 trilhão.
O valor dos investimentos imobiliários dos americanos teve uma queda de US$ 305 bilhões e os ativos financeiros (como ações) perderam US$ 1,3 trilhão do seu valor. A atual crise americana teve a sua origem no mercado imobiliário (especialmente no setor de hipotecas de alto risco, conhecidas como "subprime") e logo se espalhou para as Bolsas. Os mercados financeiros americanos acumulavam perda de cerca de US$ 1 trilhão até abril, segundo a Standard & Poor's.
No último trimestre do ano passado, os americanos já tinham perdido US$ 530 bilhões, de acordo com o Fed. Até então, o índice vinha subindo constantemente desde 2003. Os americanos ainda acumulam riqueza de US$ 56 trilhões, três vezes mais do que o PIB dos Estados Unidos no ano passado.
Outro sinal dos problemas na economia dos Estados Unidos foi que o número de proprietários que correm o risco de perder as suas residências atingiu, nos três primeiros meses deste ano, o seu maior nível em quase três décadas.
O número de novas execuções de hipotecas aumentou para 0,99% de todos os empréstimos imobiliários dos EUA, comparativamente ao 0,83% registrado no quarto trimestre do ano passado, segundo a Associação das Instituições de Crédito Imobiliário dos EUA (MBA, pelas iniciais em inglês).
O estoque total de residências em execução aumentou para 2,47% do total, e a taxa de inadimplência -ou empréstimos com uma ou mais prestações atrasadas- cresceu para 6,35%. Todas as cifras foram as mais elevadas desde 1979, de acordo com a entidade.
A queda nos preços das residências gerou estagnação nas vendas de imóveis nos Estados Unidos, dificultando a situação de pessoas que não são capazes de quitar seus empréstimos para vender as propriedades.
"As quedas nos preços significam que até mesmo os melhores pagadores, quando entram em dificuldade, não conseguem se livrar de seu financiamento por meio da venda da residência", disse Jay Brinkmann, vice-presidente da MBA.
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