Por Martin Feldstein
O aumento veloz no preço do petróleo e a acentuada depreciação do dólar são dois dos acontecimentos mais dignos de menção do ano que passou. A cotação do petróleo aumentou 85% ao longo dos 12 meses passados, de US$ 65 o barril para US$ 120. Durante o mesmo período, o dólar caiu mais de 15% em relação ao euro e 12% ante o iene. Para muitos observadores, a mistura de dólar em queda e alta no preço do petróleo parece ser mais do que uma coincidência.
Mas qual é a ligação entre os dois? O preço do petróleo teria aumentado menos se fosse denominado em euros, em vez de sê-lo em dólares? A queda do dólar provocou o aumento no preço do petróleo? E como o aumento no preço do petróleo afetou a oscilação do dólar?
Considerando que o mercado de petróleo é global, com cotação virtualmente idêntica em lugares distintos, o preço reflete tanto a demanda mundial total por petróleo, quanto a oferta total de todos os países produtores de petróleo. A demanda principal por petróleo é como combustível para transporte, e quantidades menores são usadas para calefação, energia e como insumos para indústrias petroquímicas, como a de plásticos. A demanda crescente por petróleo procedente de todos os países, mas especialmente de países emergentes em crescimento acelerado, como China e Índia, tem sido, portanto, e continuará sendo, uma força importante, que vem empurrando o preço global para cima.
Por trás da questão - a que especula se o petróleo custaria menos hoje se o seu preço fosse estipulado em euros -, existe o raciocínio de que, considerando que o dólar vem caindo em relação ao euro, essa queda teria contido o aumento no preço do petróleo. Na verdade, a moeda na qual o petróleo é denominado não teria nenhum efeito significativo ou sustentado sobre o preço do petróleo quando este fosse convertido em dólares, euros, ienes ou outra moeda qualquer.
Eis o porquê. O mercado está atualmente num ponto de equilíbrio, com o preço do petróleo a US$ 120. Isso equivale a 75 euros, à taxa de câmbio atual, de cerca de US$ 1,60 por euro. Se em vez disso ficasse acertado que o preço do petróleo poderia ser fixado em euros, o mencionado preço de equilíbrio de mercado ainda seria 75 euros e, portanto, US$ 120. Qualquer preço mais baixo em euros provocaria um excedente na demanda global por petróleo, ao passo que um preço acima de 75 euros não geraria demanda suficiente para absorver todo o petróleo que os produtores gostariam de vender àquele preço.
É claro, a taxa de aumento do preço do petróleo em euros durante o ano passado foi inferior à taxa de aumento em dólares. O preço do petróleo em euros em maio de 2007 registrava 48 euros, ou 56% abaixo do seu preço atual. Mas isso seria assim mesmo se o preço do petróleo tivesse sido estipulado em euros.
A coincidência da queda do dólar com a alta no preço do petróleo indica, para muitos observadores, que o declínio do dólar provocou o aumento no preço do petróleo. Isso só é verdade na medida em que pensarmos sobre o preço do petróleo em dólares, já que o dólar caiu em relação às demais moedas importantes. Mas se a taxa de câmbio dólar-euro tivesse permanecido no mesmo nível em que esteve em maio, o preço do petróleo em dólares teria aumentado menos.
O ponto central nesse caso é que o preço do petróleo em euros seria o mesmo de hoje. E o preço do petróleo em dólares teria aumentado em 56%. O único efeito da queda do dólar é que ele muda o preço em dólares em relação ao preço em euros e demais moedas.
O preço alto e ascendente do petróleo contribui, porém, para a queda do dólar, pois o custo crescente da importação de petróleo amplia o déficit da balança comercial dos Estados Unidos. Em 2007, os EUA gastaram US$ 331 bilhões em importação de petróleo, que representaram 47% do déficit de US$ 708 bilhões da balança comercial dos EUA. Se o preço do petróleo tivesse se mantido em US$ 65 o barril, o custo do mesmo volume de importações teria sido de apenas US$ 179 bilhões e o déficit na balança de pagamentos teria sido 20% menor.
O dólar está caindo porque apenas um dólar mais competitivo pode reduzir o déficit da balança comercial dos EUA a um patamar sustentável. Portanto, à medida que a demanda global crescente continuar empurrando os preços do petróleo a níveis mais elevados nos próximos anos, mais difícil será diminuir o déficit da balança comercial dos EUA, induzindo uma depreciação mais acelerada do dólar.
Martin Feldstein é professor de Economia em Harvard, atuou como presidente do conselho de assessores econômicos do presidente Ronald Reagan e foi presidente do Escritório Nacional de Pesquisa Econômica. © Project Syndicate/Europe´s World, 2008. www.project-syndicate.org
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