Kelly Evans e Justin Lahart, The Wall Street Journal
Essa, pelo menos, é a visão de um número cada vez maior de economistas, inclusive alguns que até pouco tempo atrás diziam que a recessão era praticamente inevitável. A melhora nos mercados de crédito e ações desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) interveio para impedir a quebra do Bear Stearns, no início de março, junto com uma série de indicadores econômicos menos ruins do que se esperava, começaram a mudar as atitudes.
Economistas dizem que a ameaça de recessão diminuiu em parte por conta da rápida resposta das autoridades, o que inclui um corte modesto na taxa básica de juros pelo Fed e um estímulo fiscal sob a forma de restituição extra de impostos a milhões de americanos.
"Há alguns meses, parecia que estávamos em um abismo", diz Jay Brison, economista do banco Wachovia, referindo-se ao congelamento do mercado de crédito e ao colapso do Bear Stearns. "As coisas mudaram. (...) Os números que temos visto recentemente não têm sido tão ruins como fomos levados a acreditar alguns meses atrás."
O Wachovia avalia a possibilidade de recessão em 45%, ante 90% em abril, e espera um crescimento anualizado de 0,6% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre - confirmando estimativa do governo - e no segundo, e de 1,2% no terceiro e no quarto. Embora o banco não veja sinais de recessão, acredita que a taxa de crescimento será muito lenta no ano que vem.
De fato, ainda há sinais de alerta de sobra, como se viu na forte queda na confiança do consumidor e em pesquisas que refletem grandes preocupações entre os eleitores. A alta dos alimentos e de outras commodities está levando os americanos a cortar os gastos e intensificando o temor de inflação. Os preços dos imóveis residenciais continuam a cair, e muitos economistas acreditam que isso vá coibir o consumo nos próximos meses.
Ontem, o presidente do Fed, Ben Bernanke, advertiu que as condições do mercado "ainda estão muito longe do normal", ainda que tenham melhorado.
Ainda assim, Bryson e outros economistas observam que, apesar de dois importantes pilares da economia americana, o mercado de trabalho e o consumo das famílias, terem fraquejado, não entraram em colapso, como aconteceu em recessões passadas. Ontem, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo caíram meros 0,2% em abril, em relação a março - declínio que se deveu em grande parte a uma forte redução nas vendas de automóveis. Excluindo os automóveis, as vendas no varejo subiram 0,5%.
A perda de empregos, por sua vez, foi menos severa do que é comum em recessões. E muitos economistas acham que a estimativa inicial de crescimento do PIB no primeiro trimestre (de 0,6% anualizados) será revista para cima.
Depois de analisar as informações de vendas no varejo, economistas da firma de previsões econômicas Global Insight estimaram que o PIB cresceu a um ritmo anualizado de 1%. Eles previram que o consumo continuaria a crescer, em parte por conta do estímulo fiscal.
Em fevereiro, a Global Insight se juntou aos bancos Goldman Sachs, Morgan Stanley, UBS e Marrill Lynch ao declarar que os EUA estavam em recessão. Agora, seu diretor Brian Bethune diz que, embora a firma ainda preveja uma recessão, "é concebível que possamos evitá-la", graças à "resposta firme das autoridades" desde que ele e outros começaram a advertir sobre os riscos da economia americana.
Bruce Kasman, economista-chefe do JP Morgan, diz que, se antes parecia claro que a economia americana caminhava para uma recessão, agora há pequenas chances de recessão. "Ainda que haja efeitos negativos significativos da crise de crédito e do aumento nos custos de energia, a economia se mostra resiliente."
A definição comum de recessão é de dois trimestres seguidos de contração do PIB. Mas o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica - entidade sem fins lucrativos tida como árbitro oficial do início e do fim de uma recessão nos EUA - a define como queda significativa da atividade econômica no PIB, renda, emprego e vendas no varejo com duração de alguns meses.
John Lonski, economista-chefe da Moody's, diz que as informações recentes sobre o mercado de trabalho e os sinais de que a crise no crédito se amenizou em Wall Street o deixaram menos pessimista. Na mais recente pesquisa do WSJ.com com economistas, feita em maio, ele disse que a probabilidade de recessão estava em 60% - ante 90% na pesquisa de abril.
"As evidências recentes sugerem que há uma chance de que a economia se estabilize antes mesmo do verão", ou do terceiro trimestre, diz. Em média, os 55 economistas ouvidos na pesquisa feita este mês disseram que a probabilidade de recessão era de 62,7%, ante 70%.
Os pedidos de seguro-desemprego - que costumam ficar bem acima dos 400.000 por semana durante recessões - têm ficado bem abaixo desse nível, e caíram na semana passada. Soma-se a isso o fato de a economia não estar assistindo ao corte de centenas de milhares de postos de trabalho por mês, o que é bem comum num período de retração econômica. Em abril, os empregadores cortaram apenas 20.000 postos de trabalho, e a taxa de desemprego caiu.
Até Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, que havia dito que os EUA estavam "à beira de uma recessão" e diante "da pior" crise desde a Segunda Guerra Mundial, baixou o tom, dizendo que o país está numa "recessão bastante pálida". George Soros, que há algum tempo argumenta que os EUA rumavam para uma grande crise, observou recentemente que "a fase mais feia" da crise já passou.
Mas mesmo os economistas que mais animados dizem que os EUA caminham para um período de crescimento econômico modesto. "Acho que os problemas estão só começando", diz Drew Matus, economista do Lehman Brothers, referindo-se à alta da gasolina e ao aperto do crédito. Para ele, um período de estagnação prolongado pode ser pior que uma recessão.
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