Vera Saavedra Durão, do Rio
A economista Maria da Conceição Tavares, uma referência no país, disse ontem, ao comentar o congelamento da Selic, que não esperava outra coisa do Comitê de Política Monetária (Copom). "Eles fazem o que eles querem, eles são ortodoxos", disse acendendo a polêmica. Ela se mostrou surpresa com a defesa da queda do juro feita pela economista Eliane Cardoso ontem, em artigo no Valor. "Devo admitir que concordo com ela que a Selic deve começar a cair, mesmo que seja devagarinho".
A seu ver, a atitude do Copom em insistir em congelar a Selic só piora a situação da economia brasileira. "Ter juro de longo prazo menor que juro de curto prazo não melhora o custo da produção corrente, nem as condições da economia, que está desacelerando neste trimestre. E só faz manter o custo da dívida pública alto."
Não há mais justificativa para manter o juro alto no Brasil. A inflação, segundo Conceição, não é mais ameaça, a demanda está desaquecendo e o balanço de pagamentos já não obedece mais a taxa de juro e o mesmo acontece com com a conta de capital. "Hoje tem fuga de capitais no país, por isso o BC quer usar as reservas."
Fábio Silveira, da RC Consultores, prevê que as taxas de inflação tendem a ser baixas no início de 2009 em função da queda das commodities e defende que este é o momento de começar a reduzir juros sob risco de o país resvalar para uma recessão.
Conceição discorda que o Brasil vá ter recessão. Mas acha melhor aguardar o comportamento da economia nos próximos seis meses. A economista trabalha com uma taxa de crescimento da economia este ano de 3%, ancorados nos investimentos garantidos pelos bancos públicos. Já o consumo é mais difícil prever, pois depende de emprego e renda.
Elson Telles, economista-chefe da Concórdia Corretora, ancorado no comunicado que o Copom divulgou após a reunião de quarta-feira, onde informou que a redução na taxa de juro foi discutida pela maioria dos seus membros, cogita que a Selic possa vir a cair no primeiro trimestre de 2009. "Essa mudança no discurso do Copom certamente sinaliza para um viés de baixa na taxa básica de juros para o início do próximo ano, se as condições que nortearão o cenário prospectivo para a inflação assim o permitirem". Para ele, a piora nas perspectivas para o crescimento econômico global e doméstico e as novas quedas nos preços de commodities podem atuar mitigando eventuais pressões inflacionárias decorrentes da taxa de câmbio mais depreciada e das expectativas de inflação mais elevadas.
Sergio Vale, economista-chefe da MBAssociados, tem posição semelhante à de Teles. Para ele, o tom da declaração do Copom já deixou espaço aberto para cair os juros na próxima reunião. "Ao manter o juro eles quiseram preservar os ganhos com inflação baixa, num contexto em que a incerteza por conta do câmbio é grande. Mas, como a palavra do momento é incerteza, nessas horas é melhor esperar para ver o que vai acontecer mesmo. Eu diria que até janeiro o Banco Central já terá informações sobre o impacto do câmbio na inflação e terá uma percepção de que a atividade estará muito fraca. Na nossa percepção será o momento para começar a cair a Selic."
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