O que fazer depois da recente queda do Ibovespa?
O portal AE Investimentos traçou três cenários e perguntou aos especialistas como os pequenos investidores devem reagir em cada um
Mariana Segala - AE
Depois de ultrapassar a marca dos 73 mil pontos, quando o Brasil recebeu a classificação de grau de investimento de duas agências internacionais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, vem amargando semanas sucessivas de perdas. A pontuação do encerramento do pregão de ontem, de 64.640 pontos, é praticamente a mesma registrada no final de 2007. A Bolsa avançou apenas 1,18% neste ano.O cenário negativo tem de tudo para assustar os pequenos investidores. Por isso, o portal AE Investimentos conversou com especialistas e procurou as respostas para a mais tradicional das questões – “O que fazer agora?” – simulando três cenários diferentes. Confira em qual você se enquadra.
Cenário 1 – Investi na Bovespa há alguns anos, pensando em resgatar o dinheiro em meados de 2008. Devo adiar meus planos?
Apesar das quedas recentes, a Bolsa ainda reserva ganhos para quem investiu há mais tempo. Considerando o fechamento desta segunda-feira, a rentabilidade acumulada nos últimos 12 meses pelo Ibovespa, principal índice do mercado de ações paulista, era de 19,12%, maior que a do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Quem entrou na Bolsa no dia 23 de junho de 2006 – e ficou até agora – tem lucros de 86%. Os que começaram um ano antes, em 2005, já conseguem 160% de rentabilidade.
“Se o dinheiro tem destino certo no curto prazo, é recomendável resgatar”, afirma o consultor financeiro Raphael Cordeiro. Se houver uma folga, no entanto, a recomendação é outra. “Não acredito que este seja o momento de sair”, aponta o diretor de operações da consultoria Hera Investments, Nicolas Barbarisi. Ações populares, como as da Petrobras e da Vale, retornaram aos patamares de meses atrás. Por isso, esperar pode ser a melhor estratégia. “Quem mantiver suas posições na Bolsa deverá ter bons frutos para colher”, afirma Barbarisi.
A consultora financeira Márcia Dessen, sócia da Bank Risk, deixa uma sugestão. “Costumo aconselhar os investidores a não colocar na Bolsa dinheiro que tenha data certa para ser sacado”, sob risco de o aplicador não ter alternativa a não ser resgatar o dinheiro – seja com lucro, seja com amargos prejuízos.
Cenário 2 – Comecei a aplicar na Bovespa no início do ano e agora tenho receio de acabar no prejuízo. Devo assumir as perdas?
Aos pequenos investidores que se empolgaram com a possibilidade de ganhar com ações e entraram recentemente na Bolsa, um aviso: “Este é só mais um dos inúmeros períodos de volatilidade do mercado de ações”, diz Márcia.
A regra para os novatos é a mesma. O ideal é manter-se firme e segurar o dinheiro investido em ações para vê-las se valorizando com o tempo. “Só conseguiu lucrar neste ano quem fez operações de curto prazo e aproveitou alguma oscilação”, diz Barbarisi. “Outros investidores provavelmente têm desvalorização ou estão no zero a zero.”
Apesar dos resultados ruins neste passado recente, Barbarisi destaca que quando o assunto é renda variável interessam mais as perspectivas. “O mais importante são as expectativas para o futuro”, diz. “Analisando desta forma, ainda temos um cenário positivo para a Bolsa nos próximos anos.”
Cenário 3 – Estou acostumado com o sobe-e-desce da Bovespa. Quero aproveitar esse momento de baixa para comprar mais ações. Que setores são promissores?
Períodos de bonança podem chegar depois da recente tempestade na Bolsa. “Para quem está visando ao médio e longo prazo, é um bom momento para entrar em ações”, diz Barbarisi. “Mas seja cauteloso. Evite posições de muito risco ou alavancagem (endividar-se para comprar ações) e procure ações líquidas.”
Bons setores para apostar agora são o de petróleo (principalmente as ações da Petrobras), mineração e bancos, que são favorecidos pelo cenário de crescimento do crédito, concedido a juros mais altos. “Além disso, os bancos pagam bons dividendos”, aponta o economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. Ele destaca ainda as empresas de siderurgia, beneficiadas pela demanda mundial por aço ainda aquecida. “São boas para quem pensa em horizontes médios, de mais de um ano”, diz. Entre as recomendações da corretora no setor estão as ações ordinárias da Companhia Siderúrgica Nacional e as preferenciais série A da Vale e da Usiminas.
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