Ricardo Balthazar, de Washington
Líderes mundiais que se reuniram em Washington no fim de semana se comprometeram com um pacote ambicioso de medidas para salvar a economia global de uma catástrofe e reorganizar o sistema financeiro internacional, mas será preciso esperar alguns meses para saber se eles terão condições de superar suas várias divergências e colocar essas propostas em prática.
Os líderes do G-20, um fórum internacional formado pelos países mais ricos e um grupo de nações em desenvolvimento que inclui o Brasil, a China e a Índia, prometeram no sábado que farão tudo que puderem para reanimar a atividade econômica e promoverão uma ampla revisão dos mecanismos de regulação do setor financeiro para impedir a repetição de problemas como os que geraram a crise atual.
Mas quase todas as propostas que receberam o aval do grupo são medidas que estão em discussão há meses em organismos como o Fórum de Estabilidade Financeira (FSF), um grupo influente que reúne representantes dos órgãos reguladores dos principais centros financeiros do mundo. Sugestões mais ambiciosas como as apresentadas por alguns países europeus foram descartadas por causa das resistências dos Estados Unidos.
"Há pouca substância e pouca novidade nas providências que o G-20 prometeu tomar", diz o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) Simon Johnson, agora professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "Mas é possível que o consenso que eles encontraram acelere a aprovação das mudanças que vinham sendo discutidas em outros fóruns."
No comunicado divulgado ao fim da reunião no sábado, os membros do G-20 defendem a criação de mecanismos para evitar que as instituições financeiras tomem riscos excessivos em períodos de expansão do crédito, normas para tornar as agências de classificação de risco mais confiáveis, uniformização de padrões contábeis, limites para remuneração de executivos e mais transparência nos mercados de derivativos de crédito.
A idéia de fundar um novo órgão internacional de regulação do setor financeiro, que chegou a ser cogitada pela França, foi abandonada. Os membros do G-20 preferiram enfatizar o papel de instituições que já existem, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), e concordaram apenas em criar "colegiados de supervisores" para monitorar grandes bancos e instituições com negócios em vários países, uma proposta discutida meses antes pelos integrantes do FSF.
Os líderes do G-20 concordaram em se reunir novamente no fim de abril do ano que vem. Os ministros das finanças dos países que participam do grupo ficaram encarregados de apresentar até lá propostas mais detalhadas para as áreas definidas como prioritárias. Esta foi a primeira vez que os chefes de Estado dos países do G-20 se reuniram. O grupo existe desde 1999 e apenas ministros e assessores participavam das suas reuniões.
Economistas como Johnson temem que um aperto na regulação do setor financeiro se revele contraproducente num momento como o atual, em que a fragilidade dos bancos e a falta de crédito ameaçam arrastar a economia global para uma recessão profunda. "Algumas medidas em estudo podem ser boas para evitar a repetição da última bolha, mas talvez não ajudem a sair da crise atual", diz Johnson.
É cedo para saber se as reuniões do G-20 terão consequências práticas. A participação de países emergentes como a China e o Brasil deu colorido às fotografias oficiais do evento e mostrou que os Estados Unidos e as principais potências européias terão dificuldades para continuar dando as cartas sozinhos em discussões como essa, mas os países em desenvolvimento não deixaram claro o que esperam obter nos próximos encontros.
Todos concordaram com a necessidade de fortalecer o FMI, mas o único país que se mostrou disposto a fazer algo nessa direção foi o Japão, que ofereceu um empréstimo de US$ 100 bilhões, equivalentes a um décimo de suas reservas, para ampliar o capital da instituição. A China, que acumulou US$ 2 trilhões de dólares em divisas nos últimos anos e foi convidada a fazer a mesma coisa, deixou o apelo do Fundo sem resposta. A Arábia Saudita também se fez de surda.
É possível que as discussões do G-20 ganhem outro ritmo depois de janeiro, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, será substituído pelo recém-eleito Barack Obama.
Na campanha eleitoral, Obama defendeu a necessidade de apertar os parafusos do setor financeiro, mas nunca apresentou propostas detalhadas sobre o assunto. A próxima reunião do G-20 deve ser realizada em Londres. O grupo, que neste ano foi presidido pelo Brasil, será coordenado pelo Reino Unido no ano que vem.
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