De Brasília
O percentual de famílias pobres caiu de 32,9% para 24,1% da população nas seis maiores regiões metropolitanas do país entre 2002 e 2008, segundo trabalho realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Ministério do Planejamento. Isso representa uma redução de quase um terço no total de pobres, ou cerca de 3 milhões de pessoas.
O levantamento, com base na pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera como pobres pessoas em famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 207,50). Já o percentual de indigentes (renda de até R$ 103,75) caiu pela metade no mesmo período, de 12,7% para 6,6%, uma redução de 2,4 milhões de pessoas nessa condição. Hoje, 27,4% dos pobres são considerados indigentes - em 2002, esse percentual era de 38,6%. "As medidas para o combate da indigência estão tendo resultados mais efetivos que as medidas para combate da pobreza", avalia o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
Em números absolutos, as duas regiões metropolitanas que registraram as maiores quedas na pobreza foram São Paulo e Rio de Janeiro, com redução de 1,15 milhão e 571 mil, respectivamente, no número de pessoas pobres entre 2002 e 2008. A região que registrou a menor redução foi Recife, cerca de 300 mil pobres a menos. Além dessas regiões, entraram na pesquisa Porto Alegre e Salvador. Em termos proporcionais, no recorte regional, a maior queda da pobreza foi registrada em Belo Horizonte, de 38,3% da população em 2002 para 23,1% em 2008. No Rio, o percentual de pobres saiu de 28,4% para 22%.
O estudo do Ipea mostra que, entre 2002 e 2008, o crescimento da economia beneficiou também os mais ricos (indivíduo pertencente a famílias cuja renda mensal é igual ou superior a 40 salários mínimos, ou R$ 16,6 mil). Em termos percentuais, os ricos passaram de 0,8% da população em 2003 para 1% em 2008, mesmo percentual do ano de 2002. Em números absolutos, cresceram de 362 mil para 476,5 mil.
Segundo o Ipea, o crescimento da economia beneficiou menos os ricos e pessoas de classe média alta. "O crescimento econômico vem acompanhado de mais empregos, que estão basicamente na base da pirâmide. A expansão do emprego de classe média alta depende da continuidade do crescimento", disse Pochmann.
Para Pochmann, a saída de 3 milhões de brasileiros da pobreza entre 2002 e o fim de 2008 nas seis maiores regiões metropolitanas do país, conforme a previsão do órgão, é influenciada pelo crescimento da economia (com geração de emprego formal e aumento salarial), os ganhos reais do salário mínimo e as políticas sociais.
Os resultados do levantamento também mostram que, no período analisado, houve ascensão de uma classe intermediária: enquanto em 2002 aproximadamente dois terços da população nos grandes centros integravam a chamada classe média e classe média baixa, em 2008 a participação deverá crescer para um percentual mais próximo a três quartos.
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