Por Luciana Monteiro
A Fator Corretora lança hoje a décima edição de seu tradicional book de análise. Para a edição que vai vigorar em 2009, o investidor encontrará análises detalhadas de 118 empresas listadas na bolsa brasileira de 31 setores. Isso representa aumento ante as 107 companhias avaliadas de 28 segmentos da edição passada.
Voz destoante do otimismo que tomou conta depois que a bolsa bateu os 75 mil pontos, Lika Takahashi, estrategista da Fator Corretora, preferiu reduzir as estimativas para o Índice Bovespa num momento em que a grande maioria dos analistas revisava para cima as projeções. Na ocasião, algumas casas de análise chegaram a projetar 80 mil pontos para o índice no fim deste ano, enquanto a Fator reduziu para 57 mil.
Segundo Lika, desde fevereiro deste ano, o ambiente já dava sinais de deterioração. Algumas empresas e até analistas, no entanto, se mantiveram num estágio de negação, acreditando que as dificuldades seriam passageiras. "O mercado já dava sinais de maior restrição de crédito, menor apetite por IPOs (aberturas de capital) e já não havia tanto espaço para lançamento de debêntures", lembra Lika.
Para o ano que vem, as projeções da corretora apontam para um Ibovespa na casa dos 51 mil pontos em dezembro, o que embute um potencial de valorização de 30%. Para Lika, o preço das ações está muito barato. "Para os investidores que têm horizonte de longo prazo, de pelo menos cinco anos, estamos num momento histórico para comprar ações baratas", avalia. Na visão de Lika, qualquer notícia de ajuda aos mutuários americanos, como taxas menores para as hipotecas, será positiva para a bolsa americana e, por tabela, para a brasileira. "Mas não me atrevo a dizer que o pior já passou, assim como dizer que o pior está por vir", diz.
O sentimento de pânico visto principalmente em outubro, após a quebra do Lehman Brothers, não deverá ocorrer na mesma intensidade daqui para a frente. "Os mercados estão mais confiantes de que as autoridades monetárias agirão para evitar uma crise sistêmica."
Na visão de Lika, os ajustes no mercado devem terminar em meados de 2009. Em momentos de recessão ou desaceleração global, o processo de ajuste dos mercados ocorre mais lentamente. Ela lembra, no entanto, que o mercado irá antecipar essa melhora vislumbrada para o segundo semestre.
Apesar de as ações estarem baratas, a especialista recomenda ao investidor não comprar somente olhando os múltiplos da empresa. Os múltiplos são os parâmetros normalmente usados por analistas para saber se uma ação está cara ou barata. "Não adianta olhar só o Preço/Lucro ou o EV/Ebtida para dizer que o papel está barato", afirma. "As pessoas olham os múltiplos e se sentem confortáveis, mas o investidor precisa ficar muito atento ao fluxo de caixa descontado", diz.
Na opinião da analista, o investidor deve neste momento privilegiar empresas com políticas consistentes de investimento. "É hora de premiar as empresas que tenham prudência e olhar bem o fluxo de caixa da empresa." Para a economia, a equipe de analistas da Fator Corretora estima um crescimento do PIB de 2,2% no ano que vem. Lika avalia que o país passará por uma desaceleração razoável, que irá melhorar no segundo semestre.
Em termos de setores, a estrategista avalia que ainda pairam sobre algumas áreas dúvidas por conta do ambiente de desaceleração. É o caso de commodities, já que a desaceleração é ruim para as matérias-primas. "Poderá haver melhoras para as commodities de tempos em tempos, mas serão recuperações pontuais", afirma. "Os preços das matérias-primas vão ainda ficar pressionados e não é um ambiente para se apostar tão cedo em commodities."
O ano de 2009 também promete ser bastante difícil para os setores de açúcar e etanol. Segundo Lika, esse segmento depende muito de capital de giro e, com o crédito escasso, deve sofrer. As perspectivas também não são muito boas para a área de transporte aéreo. "É um setor que se beneficia da queda no preço do petróleo, mas as pessoas devem viajar menos."
No segmento de consumo, a compra de bens duráveis e semi-duráveis deve ser afetado. As empresas que têm boa parte do resultado financeiro por conta do financiamento de seus clientes poderão ser bastante afetadas. O ambiente também tornou-se mais difícil para bancos pequenos por conta da escassez de recursos.
A estrategista diz gostar dos chamados setores defensivos para 2009, de empresas menos vulneráveis, com fluxos de caixa mais estáveis e que são boas pagadoras de dividendos. Nesse segmento, ela cita as ações de empresas de energia elétrica, que tendem a distribuir bons dividendos. "Mas quando as notícias começarem a melhorar, esses papéis tendem a ficar um pouco mais para trás."
O setor de telecomunicações também chama a atenção da analista. "As empresas de celulares estão vindo com melhores resultados, com menos foco na conquista de fatia de mercado", diz. As ações de grandes bancos aparecem no radar. "Eles ganham mais ou menos conforme o cenário, mas brinco que sempre ganham."
Lika cita ainda como beneficiados os setores de fumo e bebidas. No primeiro caso, a estrategista avalia que a Souza Cruz faz um trabalho bom de reajustes de preços, embora tenha de disputar espaço com o mercado informal. O câmbio melhor, no entanto, deve ajudar os resultados da empresa. A Fator Corretora trabalha com um dólar a R$ 2,44 no fim de 2009.
A China é a grande incógnita para o ano que vem e, na avaliação da estrategista, pode ser a grande fonte de surpresas negativas. "A economia chinesa passará por um 'hard landing', passando de um crescimento de 11% para 6%, o que mostra um pouso abrupto do crescimento."
The Most Important Lesson in Trading Psychology
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