ANDRÉIA GOMES DURÃO
DO JORNAL DO COMMERCIO
Planejar-se financeiramente tornarou-se um verdadeiro desafio para quem quer definir um plano estratégico de investimentos para o próximo semestre. Com o horizonte dos mercados ainda distante de tornar-se claro aos olhos de quem aplica, especialistas divergem em suas opiniões sobre em qual investimento o brasileiro deve apostar suas fichas na segunda metade do ano. As sugestões são muitas, tanto no mercado de renda fixa como no de renda variável. Mas a palavra de ordem é uma só: cautela.
Principalmente no curto prazo, algumas variáveis devem ser consideradas com muita atenção: os segmentos no País com promessa de crescimento, a ameaça de aumento da inflação, se a possibilidade de processo de desaceleração do crescimento econômico, as medidas dos bancos centrais em relação aos juros, entre outras.
Mais do que traçar um planejamento para os últimos meses de 2008, o investidor está passando por uma fase de ajustes, adaptando-se a um cenário de crise americana e inflação, diverso de um período de otimismo, em que assistia tanto o Brasil como o restante do mundo em franco crescimento. "O cenário mudou em relação aos últimos anos", resume André Simões, gestor de fundos da Modal Asset Management.
Por isso mesmo, a primeira sugestão do especialista para os investimentos de longo prazo é: cautela. Além de ter cautela, outra recomendação para quem quiser se aventurar nos produtos da renda variável são os fundos multimercados. Na opinião de Simões, a agilidade deste tipo de fundo permite que se beneficiem em períodos mais conturbados. "Os multimercados podem trocar de posições rapidamente, alcançando o máximo de retorno", acrescenta.
Com a estimativa de aumento da inflação, outra sugestão seriam os fundos atrelados aos índices de preços, como o IGP-M e IPCA. "Com o Banco Central elevando os juros e este ambiente de incertezas, o ideal é que as apostas sejam localizadas, específicas. Investir em Bolsa agora já seria complicado", acredita o gestor da Modal.
Para os mais audaciosos, uma vez escolhido alocar o risco na renda variável, deve-se privilegiar os papéis do mercado doméstico, principalmente daquelas empresas que estejam bem posicionadas para se beneficiar com o ciclo de crescimento do segundo semestre de 2008. "Como este segundo semestre ainda será marcado por forte volatilidade dos mercados, os investidores devem apostar naquelas companhias com demanda reprimida e que por isso mesmo apresentam as maiores perspectivas de crescimento nos próximos meses", comenta o gestor de renda variável Roni Lacerda, da Mercatto Gestão de Recursos.Em sua opinião, os segmentos que mais devem se beneficiar com a expansão do crédito são os setores de tecnologia e automotivo.
Já o sócio da Paraty Investimentos Marco Franklin integra o time daqueles que acreditam haver boas alternativas de negócios para todos os perfis de investidor, inclusive para os mais agressivos que insistem na Bolsa de Valores. Para ele, a falta de definição do mercado internacional continua gerando oportunidades para quem quer montar ou aumentar sua carteira de ações. "Principalmente com a queda deste mês, há ações muito paradas, que se tornam boa opção de compra para quem está decidido a investir seus recursos na renda variável", acredita.
Entre as sugestões do especialista estão principalmente papéis dos segmentos de commodities e siderurgia, como Petrobras, Vale, Gerdau, Usiminas e CSN. Franklin explica que os setores serão beneficiados pelo aumento dos preços e que estes não têm qualquer perspectiva de reversão de tendência.
conservador.Mas, se o investidor é mais conservador, as sugestões de produtos da renda fixa ficam a cargo de se manter nos papéis pré-fixados, que vêm se demonstrando bons resultados com a elevação das taxas de juros. No entanto, ele adverte que este pode não ser um bom momento para entrar nos pré-fixados. "Seria uma fase um pouco arriscada. É preferível esperar o Banco Central trabalhar um pouco mais para ver onde vai dar essa taxa de juros e aí então fazer a opção pelos papéis pré-fixados", ensina.
Se a escolha for pelos pós-fixados, o sócio da Paraty sugere aqueles indexados à inflação, acreditando em uma tendência de alta por pelo menos mais um ou dois anos, em que esta se manteria pelo menos acima da meta. "O importante é estar atento às decisões do Banco Central até o final do ano. E, até lá, o melhor seria evitar os pré-fixados", recomenda.
bancos grandes. Marcelo Pereira, diretor da área de gestão da Tag Investimentos, é mais incisivo. Ele vê grandes diferenças entre os comportamentos dos fundos de renda fixa e os fundos DI, e, neste momento de incertezas, descartaria os fundos de renda fixa e investiria nos DIs. Mas, principalmente, adverte o especialista, não arriscaria suas aplicações em um banco pequeno. "Apostaria em um banco de primeira linha, que saiba gerenciar o aumento do aumento do crédito", explica.
Ao mesmo tempo, ele comenta que, observado os ativos no mercado brasileiro hoje, vê uma Bolsa bem descontada, em função da crise instaurada nos Estados Unidos, de uma inflação com tendência de alta, situação à qual os sucessivos aumentos da taxa de juros pelo Banco Central acrescentam mais expectativas. "Mas a Bolsa não é só o índice e um investidor mais agressivo pode se favorecer dessas sucessivas quedas."
Suas sugestões são as ações da Petrobras, além de papéis de empresas "não-cíclicas", como as do setor de geração de energia elétrica e infra-estrutura. "Sinceramente, eu nem gosto de "Petro", mas, em algum momento, a empresa vai divulgar informações sobre o que está acontecendo depois de todas essas descobertas. E aí os papéis voltarão a ter grande valorização", avalia.
No segmento de fundos, Pereira enfatiza ainda que, para os pequenos e médios investidores, os multimercados e equity hedge são as melhores opções. "O fato é que quem fez suas apostas sabendo muito bem o que quer não tem o que temer. Mas, para quem não tem apetite, o melhor é manter o dinheiro embaixo do colchão", adverte.
O diretor da Daycoval Asset Management Roberto Kropp também acredita na alternativa de investimento para cada tipo de investidor. Aos menos afeitos ao risco, ele indica que se aumente as aplicações em juros, pós-fixados, DI"s. "A alta dos juros está figurando uma grande oportunidade para a renda fixa, e a expectativa é de que os juros continuem subindo, até se estabilizarem em um patamar alto. É difícil que algum outro investimento consiga competir com esses", analisa.
Já aos mais afeitos ao risco, que se propõem a investir na Bolsa, ele chama a atenção para a possibilidade da Bovespa ainda ter espaço para subir sim, prometendo bom retorno para o médio e longo prazo. "Se a turbulência no mercado internacional começar a se acalmar nos próximos dois ou três meses e o quadro da inflação também se tornar mais ameno, a Bolsa se firmará como importante oportunidade para o investidor do longo prazo", afirma.
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