2 de Julho de 2008 - O aumento dos preços das commodities, a escalada da inflação interna e as medidas que o governo possa tomar para contê-la, como novas elevações da taxa básica de juros (Selic), preocupam os executivos e analistas do setor financeiro nacional, mas nem de longe tiram o otimismo em relação ao desempenho do mercado neste ano.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, afirma que no banco o otimismo é absoluto. "Com a sua produção e eficiência na área de commodities, principalmente agrícolas, o País está cada vez menos dependente do andamento da economia internacional", avaliou o executivo, durante a entrega do prêmio Balanço Financeiro 2008, realizado pelo jornal Gazeta Mercantil na segunda-feira. No evento, foram premiadas as 15 instituições que mais se destacaram no setor.
Conforme o executivo, os níveis de inflação preocupam e devem-se em grande parte a pressões externas, pela alta das commodities, mas o governo está fazendo o possível para manter a estabilidade econômica, precisando melhorar apenas em alguns quesitos, como administrar melhor os gastos públicos.
Cypriano afirma que o Bradesco reviu para cima as metas de inflação de 2008. Contudo, elas continuam dentro do esperado e não vão afetar os resultados do banco nem tampouco seu cronograma de investimentos. "O banco tem projetos importantes e contínuos. Só em novas agências serão mais 196 este ano, além do investimento em tecnologia, para ganhar mais eficiência e produtividade."
Maior banco privado do País e eleito o melhor do varejo pelo quarto ano consecutivo em 2007 pela revista "Balanço Financeiro 2008", cujo ranking é efetuado em parceria com a agência Austin Rating, o Bradesco tem em curso investimento de cerca de R$ 400 milhões em três anos para abrir 500 novas agências. A revista curcula a partir de hoje.
Cypriano observa que novas
medidas do governo podem reduzir o apetite por crédito. "Quando sobe a taxa de juros, as pessoas pensam mais antes de ir às compras", diz. Mas o executivo lembra que houve uma expansão da massa da população com renda, o que equilibra o cenário. Para os negócios do banco com crédito, ele prevê expansão, em especial no setor imobiliário, consignado e cartão de crédito. Não à toa. O Bradesco registrou aumento de 38,5% na carteira de crédito em um ano, para R$ 169,4 bilhões em março de 2008.
O presidente do Banco Industrial e Comercial (BicBanco), José Bezerra de Menezes, também trabalha com expectativas bastante positivas para este ano, em que espera um retorno sobre o patrimônio líquido de 25%, com crescimento de cerca de 40% na carteira de crédito sobre o resultado do final do ano passado. "Não revisamos as projeções para 2008. Atuamos em uma área (middle market) que está crescendo muito acima do PIB (Produto Interno Bruto) e não sentimos até agora retração nesse segmento", diz.
O banco ganhou o prêmio como instituição financeira na categoria middle market. A carteira de crédito da instituição subiu 54,7% no primeiro trimestre deste ano ante janeiro e março de 2007, alcançando R$ 7,76 bilhões em março. "O próximo ano, entretanto, pode reservar surpresas no mercado brasileiro de crédito, em função da política de aumento da taxa de juros", diz. Menezes acredita que a concessão de crédito já está mais seletiva, o que deverá se acentuar neste semestre e avançar em 2009, levando o crescimento do mercado, hoje fora do padrão, na opinião do executivo, a um patamar mais real.
O BicBanco projeta Selic entre 14,50% e 14,75% este ano e ao redor de 15% em 2009. "Os reajustes serão fortes, mas não devem alcançar as metas hoje previstas nos mercados futuros", diz. Já a inflação deve fechar o ano em 5,50%, em bases de IPCA, caindo para 5% em 2009. "Devemos lembrar que, mesmo descolado das crises externas, o País está sofrendo os efeitos de uma inflação mundial, pressionada pelo preço mais alto das commodities e que o aumento dos juros demoram uns seis meses para bater nas pesquisas de crédito."
Apesar da perspectiva de alta dos juros, o diretor executivo, administrativo e financeiro da BV Financeira, Luis Henrique Campana, acredita que a demanda por crédito ainda deve continuar forte no segundo semestre deste ano. "Devemos ter uma pequena desaceleração no alongamento dos prazos de financiamento, mas a alta da taxa de juros não deve frear significativamente a expansão do crédito", diz.
Campana afirma que a financeira deve manter a taxa de crescimento acima de 35% neste ano, liderada pelo crescimento nas linhas de crédito pessoal, financiamento de veículos e crédito para compra de materiais de construção. "Apesar do aumento da taxa de juros e da inflação, não houve aumento do nosso índice de inadimplência, e o nível de endividamento dos consumidores continua controlado", destaca.
Apesar das incertezas nos Estados Unidos, o presidente do Banco Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, está otimista. "A inflação por aqui está mais controlada do que em outros países. As pesperctivas para o médio e longo prazo são boas", diz. Sobre os ajustes na taxa básica de juros, o executivo acredita que o Copom vai agir na medida da necessidade. "Este ano já está perdido. As medidas que o BC adotar só terão repercussão em 2009."
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes, Iolanda Nascimento e Silvia Rosa)
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