sexta-feira, 20 de junho de 2008

Rihanna no Rockfeller Plaza

Bovespa acumula perda de 11% no mês, maior desde 2004

Bovespa acumula perda de 11% no mês, maior desde 2004

Com alta do petróleo e problemas no setor financeiro, Bolsa de São Paulo cai quase 3% nesta sexta

Claudia Violante, da Agência Estado

SÃO PAULO - Pela terceira sessão consecutiva, a Bovespa encerrou em queda, nesta sexta-feira, 20, abaixo de um importante suporte gráfico, aos 65 mil pontos. A alta do petróleo no mercado externo e as notícias ruins no setor financeiro norte-americano arrastaram as bolsas européias, norte-americanas e, por tabela, a brasileira. Os investidores estrangeiros continuam vendendo papéis, prejudicando principalmente o desempenho das blue chips Vale e Petrobras.

O Ibovespa encerrou a sessão em queda de 2,97%, aos 64.613,8 pontos. O índice oscilou entre a mínima de 64.602 pontos (-2,99%) e a máxima de 66.611 pontos (+0,03%). Na semana, as perdas foram de 3,85%. Em junho até hoje, a Bovespa já recuou 10,99%. Se o mês encerrasse nesta sexta-feira, as perdas acumuladas seriam as maiores desde abril de 2004 (-11,44%). No ano, porém, a Bolsa ainda acumula ganhos de 1,14%.

O petróleo, que na quinta derrubou as ações da Petrobras com os temores de arrefecimento da demanda depois que a China anunciou reajuste dos combustíveis, voltou a subir na sessão desta sexta-feira. Uma onda de problemas na produção nigeriana e a notícia de um exercício militar israelense para defender-se de eventual ataque iraniano pressionaram os preços, que ainda subiram por causa do oportunismo de alguns investidores após a queda de quinta.

Além disso, os investidores estiveram atentos às notícias sobre o encontro de domingo em Jeddah, na Arábia Saudita, onde autoridades discutirão a alta na produção de petróleo. O contrato para julho encerrou em alta de 2,04%, a US$ 134,62, na Nymex.

Com o petróleo em elevação, o Dow Jones fechou em baixa de 1,83%, aos 11.842,1 pontos, o menor nível desde 10 de março. O S&P recuou 1,85% e o Nasdaq, 2,27%. Além do petróleo, o setor financeiro e as montadoras também foram destaque de baixa no pregão de hoje. As seguradoras de bônus MBIA e a Ambac tiveram seus ratings de crédito reduzidos pela Moody's Investors Service e a Washington Mutual anunciou corte de mais 1.200 empregos.

No caso das montadoras, a Standard and Poor's e Moody's colocaram os ratings da Ford em observação negativa. A S&P também pôs em observação com implicações negativas os ratings de GM e Chrysler e das financeiras da Ford e da Chrysler. Nesta sexta, a Ford anunciou corte de produção e disse que pode ter prejuízo antes de impostos em 2008.

Estes rebaixamentos das montadoras podem afetar as subsidiárias brasileiras e, com isso, afetar as siderúrgicas, que já derreteram nesta sexta. A Vale trocou com a Petrobras o papel da véspera. Enquanto a petrolífera teve perdas mais contidas, por causa da alta do petróleo, as ações da mineradora despencaram mais de 4%. Na quinta, o presidente da Vale, Roger Agnelli, admitiu que a pressão nos custos já encareceu o plano de investimentos da mineradora programado até 2012.

As duas blue chips estão sendo penalizadas também pela fuga dos investidores estrangeiros. Vale ON, 4,50% e Vale PNA, 4%. Petrobras ON, -1,85% e Petrobras PNA, -1,75%.

Me engana que eu gosto

20/06/2008 14:37:34

Delfim Netto

O Brasil tem sido um dos países mais beneficiados pela expansão da economia mundial. No fim de 2002, estava com duvidosos “sinais vitais” precariamente sustentados na UTI do FMI. Graças à ciência dos nouveaux économistes, a taxa do crescimento do PIB per capita, entre 1995 e 2002 (depois da estabilização monetária, sem o ajuste fiscal necessário), foi de apenas 0,8% ao ano. A política cambial oportunista executada no primeiro mandato de FHC para controlar a inflação sustentou uma valorização do real, à custa de taxas de juro reais da ordem de 20% ao ano, que produziram um aumento da Dívida Pública Líquida/PIB de 30%, em 1994, para 51%, em 2002, a despeito do fantástico aumento da carga tributária/PIB. Houve ainda uma acumulação de déficits em conta corrente de 186 bilhões de dólares no mesmo período, financiados com apressadas (mas benéficas) privatizações.

As exportações cresciam à taxa de 3,8% ao ano, a dívida externa bruta em dólares a 4,5% e nossas reservas livres, em 2002, eram uns minguados 17 bilhões de dólares. Não é preciso ser um sofisticado economista para intuir que a falência múltipla de órgãos era uma questão de tempo. Pois não é que em 2003 se verifica um misterioso “salto quântico”, que devolveu a saúde ao doente? De 2002 a 2007, as exportações cresceram 22% ao ano, a Dívida Externa Total/Exportação caiu de 350% para 120%, o montante de reservas superou a Dívida Externa Pública e a taxa de crescimento do PIB per capita passou de 0,8% para 2,4%. Esses números parecem pequenos, mas, quando acumulados em 25 anos, fazem a diferença entre um crescimento do PIB per capita de 20% ou de 80%, no período. É claro que ainda estamos longe do crescimento robusto de 1950 a 1984, quando crescemos a 3,7% ao ano e aumentava 150% em cada geração. Não há nada que impeça o Brasil (a não ser os brasileiros) de voltar a crescer a essa taxa, principalmente agora que recebemos um bônus demográfico, com a redução do crescimento da população de 2,7% ao ano (1950-1984) para 1,4% e convergindo para 1,2%. Nosso grande risco é ficarmos velhos sem termos ficado ricos.

Toda a história econômica do Brasil mostra que os dois fatores que abortam o crescimento são: 1. A falta de energia. 2. O déficit não financiável em conta corrente. Quando éramos importantes importadores de petróleo, havia uma relação entre eles, que aparentemente vai sendo superada com a auto-suficiência energética no horizonte próximo. É importante compreender que nossa situação externa é hoje confortável, mas que não avançamos em participação no valor total do comércio mundial, como fizeram a China e a Coréia. Desde 1980-1984 o Brasil representa apenas 1,2% do comércio mundial, enquanto a China e a Coréia correspondem hoje, respectivamente, a 9% e 2,8%. Esses números testemunham as péssimas políticas cambiais idiossincráticas entre 1986 e 1994; a tragédia de 1995 a 1998 com o controle oportunista da taxa de inflação, pela valorização cambial sustentada pela imensa taxa de juro real. O breve interregno de lucidez de 1999 a 2004 e, depois, a volta do uso oportunista da taxa de câmbio com o mesmo expediente da maior taxa de juro real do mundo.

É verdade que melhoramos muito e nos encontramos hoje numa situação mais confortável, quando comparada com os últimos 25 anos. Mas é um grave equívoco pensar que o velho expediente de atrair aplicações em Bolsa e no financiamento do governo, com taxas de juros exorbitantes para valorizar o câmbio e reduzir a taxa de inflação, não vai cobrar o preço, que sempre cobrou no passado, quando a situação externa for menos benigna.

Delfim Netto

Sextante

Atores do futebol... :-)

Darwinmania!

The party is about to begin.

Charles Darwin. (Richard Milner/European Pressphoto Agency)

In a week or so, the trumpets will sound, heralding the start of 18 months of non-stop festivities in honor of Charles Darwin. July 1, 2008, is the 150th anniversary of the first announcement of his discovery of natural selection, the main driving force of evolution. Since 2009 is the 200th anniversary of Darwin’s birth (Feb. 12), as well as being the 150th anniversary of the publication of his masterpiece, “On the Origin of Species” (Nov. 24), the extravaganza is set to continue until the end of next year. Get ready for Darwin hats, t-shirts, action figures, naturally selected fireworks and evolving chocolates. Oh, and lots of books and speeches.

But hold on. Does he deserve all this? He wasn’t, after all, the first person to suggest that evolution happens. For example, his grandfather, Erasmus Darwin, speculated about it towards the end of the 18th century; at the beginning of the 19th, the great French naturalist Jean-Baptiste Lamarck made a strong case for it. Lamarck, however, failed to be generally persuasive because he didn’t have a plausible mechanism — he could see that evolution takes place, but he didn’t know how. That had to wait until the discovery of natural selection.

Natural selection is what we normally think of as Darwin’s big idea. Yet he wasn’t the first to discover that, either. At least two others — a doctor called William Wells, and a writer called Patrick Matthew — discovered it years before Darwin did. Wells described it (admittedly briefly) in 1818, when Darwin was just 9; Matthew did so in 1831, the year that Darwin set off on board HMS Beagle for what became a five-year voyage around the world.

It was a few months after returning from this voyage that Darwin first began to consider seriously the possibility of evolution, or the “transmutation of species.” At this time he knew nothing of Wells’s and Matthew’s accounts of natural selection; indeed, both accounts languished in obscurity until after the “Origin” was published. (After the “Origin” appeared, Matthew wrote to a magazine to draw attention to his statements on the subject; he then proceeded to put “Discoverer of the Principle of Natural Selection” on the title pages of his books. This annoyed Darwin.)

By 1858, Darwin had spent more than 20 years studying plants and animals and thinking about evolution. He had filled notebook after notebook with his thoughts on how evolution works; he had, in 1844, written a short manuscript on the subject that was to be published in the event of his untimely death; and he had discussed evolution with a few close friends. But he had published nothing. (He had, however, published books on several other subjects, including an exhaustive study of barnacles, both living and extinct.) Then, in June of that year, Darwin received a package from a young man named Alfred Russel Wallace; in the package, Wallace enclosed a brief manuscript in which he outlined the principle of evolution by natural selection.

What happened next is famous in the history of biology. On July 1, 1858, Wallace’s manuscript, as well as a couple of short statements on natural selection by Darwin (a segment of the 1844 manuscript, and part of a letter he’d written in 1857), were read at a meeting of the Linnean Society in London. The meeting had been organized by some of Darwin’s scientific friends to establish his priority in the discovery.

Of the material presented that night, the manuscript by Wallace is, in some respects, the more impressive: it is clearer and more accessible. Yet it is Darwin we celebrate; it is Darwin who, like a god in a temple, sits in white marble and presides over the main hall at the Natural History Museum in London. Why?

The reason is the “Origin.” Without the publication of the “Origin” the following year, the meeting at the Linnean Society could well have passed unnoticed, the Darwin-Wallace statements going the same way as those by Matthew and Wells. Indeed, the meeting had so little impact at the time that, at the end of the year, the president of the Linnean Society said, “The year which has passed has not, indeed, been marked by any of those striking discoveries which at once revolutionize, so to speak, the department of science on which they bear.”

This is one of my all-time favorite quotations (and I am fond of using it) because it shows how, at the time, little significance was attached to the Linnean Society meeting. We see that meeting as important now because of what happened next: it galvanized Darwin into writing and publishing the “Origin.”

And the “Origin” changed everything. Before the “Origin,” the diversity of life could only be catalogued and described; afterwards, it could be explained and understood. Before the “Origin,” species were generally seen as fixed entities, the special creations of a deity; afterwards, they became connected together on a great family tree that stretches back, across billions of years, to the dawn of life. Perhaps most importantly, the “Origin” changed our view of ourselves. It made us as much a part of nature as hummingbirds and bumblebees (or humble-bees, as Darwin called them); we, too, acquired a family tree with a host of remarkable and distinguished ancestors.

The reason the “Origin” was so powerful, compelling and persuasive, the reason Darwin succeeded while his predecessors failed, is that in it he does not just describe how evolution by natural selection works. He presents an enormous body of evidence culled from every field of biology then known. He discusses subjects as diverse as pigeon breeding in Ancient Egypt, the rudimentary eyes of cave fish, the nest-building instincts of honeybees, the evolving size of gooseberries (they’ve been getting bigger), wingless beetles on the island of Madeira and algae in New Zealand. One moment, he’s considering fossil animals like brachiopods (which had hinged shells like clams, but with a different axis of symmetry); the next, he’s discussing the accessibility of nectar in clover flowers to different species of bee.

At the same time, he uses every form of evidence at his disposal: he observes, argues, compares, infers and describes the results of experiments he has read about, or in many cases, personally conducted. For example, one of Darwin’s observations is that the inhabitants of islands resemble — but differ subtly from — those of the nearest continents. So: birds and bushes on islands off the coast of South America resemble South American birds and bushes; islands near Africa are populated by recognizably African forms.

He argues that the reason for this is that new islands become colonized by beings from the nearest continents, and that the new inhabitants then begin evolving independently. He then asks: can animals and plants from the continents get to new islands, especially those that are far out at sea? To investigate this, he conducts experiments to see how long seeds from different plants can remain immersed in saltwater and still begin to grow. In short, he tests his reasoning over and over again.

He is also, in some respects, surprisingly far-seeing. The “Origin” does not just expound natural selection. It contains a wealth of additional ideas and hypotheses, some of which Darwin went on to elaborate in other books. Among them: sexual selection. This is the idea — and it remained controversial until recently — that males in many species are burdened with showy ornaments like enormous tails because the females of their species have, by repeatedly picking the showiest males as their mates, caused them to evolve them that way.

This is not to say that the “Origin” is flawless, or that Darwin was right in every respect. It isn’t, and he wasn’t. Nor is the book a definitive account of how evolution works. It wasn’t even definitive in his lifetime: he published six editions, revising, sometimes heavily, from one to the next. (In the third edition, which appeared in 1861, he introduced a historical sketch in which he discusses his precursors, including Matthew and Wells.) Yet his knowledge of the natural world is so immense, and the scrutiny to which he subjects his ideas is so thorough and scrupulous, that the “Origin” presents a grand new vision of the world. A vision that, as far as possible given the knowledge available at the time, he worked out in every detail. A vision that changed the world forever.

Let’s party!

**********

NOTES:

The historical events described here can be found in any biography of Darwin; I drew on Janet Browne’s — Knopf, in two volumes, “Voyaging” (1995) and “The Power of Place” (2002). The anecdote of Matthew annoying Darwin can be found on page 109 of “The Power of Place”; the quotation from the president of the Linnean Society can be found on page 42 of the same volume.

Many thanks to Dan Haydon, Horace Judson, Gideon Lichfield, Dmitri Petrov, Elizabeth Pisani and, especially, Jonathan Swire, for insights, comments, arguments and suggestions.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Aprenda a fazer caipirinha.

5 coisas que você não sabe sobre o Google

5 Things You Didn't Know: Google

By Jacob Franek
Entertainment Correspondent - Every Thursday

Google - Credit: Google.com
Read on for 5 things you didn't know about Google
There is no other company more synonymous with the internet than Google. As the mother of all search engines (a legitimate title considering Google surpassed Yahoo! as the most visited website in the U.S. in 2008), Google has come a long way since its early beginnings. It is also ranked as the No. 1 company to work for, according to Fortune magazine. Its popularity has become so widespread that most think Google was born along with the internet. To others, however, Google is the pinnacle of all internet companies -- a multifaceted search engine extraordinaire.

Why such intrigue? Well, here are a just a few things you didn’t know about Google.

1- Google spends $72 million a year on employee meals

Seventy-two million dollars a year -- that works out to about $7,530 per Googler (a term Google uses to identify employees). While the exact details vary depending on location (the Google empire spans the globe), employees at Google's California headquarters, aptly entitled the Googleplex, are welcome to at least two free meals a day from 11 different gourmet cafeterias. As if that weren’t enough, another thing you didn’t know about Google is that in addition to the cafeterias, Google offers numerous snack bars that are chock-full of healthy morsels to munch on.

And that's certainly not all. Is your car in a bit of a rut? Not to worry; Google offers on-site car washes and oil changes. The list of perks for working at Google is never-ending, making it no surprise that it's considered the No. 1 place to work, offering: on-site haircuts, full athletic facilities, massage therapists, language classes, drop-off dry cleaning, day cares, and on-site doctors, just to name a few. Oh, and if your dog is stuck at home and feeling a little lonely, just bring him to work -- Google doesn't mind.

2- Google was originally called BackRub

Like many other booming internet companies, Google has an interesting upbringing, one that is marked by a lowly beginning. Google began as a research project in January 1996 by cofounder Larry Page, a 24-year-old Ph.D. student at Standford University. Page was soon joined by 23-year-old Sergey Brin, another Ph.D. student, forming a duo that seemed destined for failure. According to Google's own corporate information, Brin and Page argued about every single topic they discussed. This incessant arguing, however, may have been what spurred the duo to rethink web-searching and develop a novel strategy that ranked websites according to the number of backlinks (i.e., according to the number of web pages that linked back to a web page being searched), and not based on the number of times a specific search term appeared on a given web page, as was the norm.

Because of this unique strategy, another thing you didn't know about Google is that Page and Brin nicknamed the search engine BackRub. Thankfully, in 1998, Brin and Page dropped the sexually suggestive nickname, and came up with “Google,” a term originating from a common misspelling of the word "googol," which refers to 10100.

The word “google” has become so common, it was entered into numerous dictionaries in 2006, referring to the act of using the Google search engine to retrieve information via the internet.

3- Google loses $110 million a year through "I'm Feeling Lucky"

There's not much to see on Google's main search page, and perhaps simplicity is one of the keys to Google's success. When searching Google, you are given two options: “Google Search” or “I'm Feeling Lucky.” By clicking the former, you are given that familiar list of search results; by clicking the latter, however, you are automatically redirected to the first search result, bypassing the search engine’s results page.


Besides the fun factor, the idea behind the “I'm Feeling Lucky” feature is to provide the user with instant connection to the precise page they are searching for, thus saving them time that would normally be spent perusing endless search results. Sounds harmless enough, right? Not so fast. Because “I'm Feeling Lucky” bypasses all advertising, it is estimated that Google loses about $110 million per year in advertising-generated revenue. So why in the world would any Fortune 500 company not patch such a gaping leak? "It's possible to become too dry, too corporate, too much about making money. I think what's delightful about 'I'm Feeling Lucky' is that it reminds you there are real people here," Google Executive Marissa Mayer told Valleywag, an online tech-blog.

4- Google has a sense of humor

Google also offers full language support for Pig Latin, Klingon and even Elmer Fudd. Anyone else still feeling lucky? Try typing, “French military victories” and clicking “I'm Feeling Lucky.” Behold the result.

Some might remember the “miserable failure” fiasco when one typed those words and clicked “I'm Feeling Lucky,” and they were instantly connected to a biography of President George W. Bush on the White House website. Now, before you jump to conclusions, this trick -- which no longer works -- was carried out by members of the online community through the art of “Google bombing.” Google bombing works because of Google's backlink search strategy.

5- Google scans your e-mails

Nothing in life is perfect -- or without controversy -- and Google is no exception. Google scans your e-mails (at Gmail) through a process called “content extraction.” All incoming and outgoing e-mail is scanned for specific keywords to target advertising to the user. The process has brewed quite a storm of controversy, but Google has yet to back down on its stance.

Google has remained similarly headstrong about other criticisms; in an attempt to remain partisan to local governments, Google removes or does not include information from its services in compliance with local laws. Perhaps the most striking example of this is Google's adherence to the internet censorship policies of China (at Google.cn) so as not to bring up search results supporting the independence movement of Tibet and Taiwan, or any other information perceived to be harmful to the People's Republic of China.

Google Street has further been cited for breaching personal privacy. The service provides high-resolution street-view photos from around the world and has, on numerous occasions, caught people committing questionable acts. Moving from street to satellite, Google Earth has also come under fire from several Indian state governments about the security risks posed by the details from Google Earth's satellite imaging. When all is said and done, there are a lot of criticisms about Google and these few examples merely scratch the surface.

Searched
Um, Google does the searching -- anytime, and every time, you search for something on the internet.

Interest
It's hard to think of another search engine ever supplanting our beloved Google, but it's anyone's guess as to how the internet will work in the future. Maybe you'll just have to think of something and it will appear. Who knows? Try Googling it.

Resources:
http://en.wikipedia.org
http://money.cnn.com
www.google.com
http://news.bbc.co.uk
http://epic.org
http://news.cnet.com
www.alleyinsider.com
www.macworld.com
http://valleywag.com

Fundamentalistas grafistas

Por Catherine Vieira e Adriana Cotias, do Rio e de São Paulo
Nos fóruns da internet, eles têm legiões de adoradores. No mundo dos fundos de ações de longo prazo, são sumariamente desprezados. O fato é que, com a popularidade crescente do mercado de ações, os gráficos de análise técnica estão cada vez mais no centro das discussões. A eterna briga entre os adeptos dos gráficos e os fervorosos seguidores dos fundamentos das empresas provavelmente não terá fim, mas por trás dela está apenas uma diferença de objetivos. "O típico investidor que quer fazer ganhos no curto prazo e gira muito a carteira, geralmente usa a análise gráfica", diz o gestor e sócio da Argucia, Ricardo Magalhães. "Já quem foca mais horizonte de longo prazo e dá valor a dividendos, certamente vai valorizar a análise fundamentalista", completa o gestor, que se inclui nesse último grupo.

A discussão, porém, se acirra quando a questão é o método que dá mais lucros. "Não se ganha dinheiro de verdade comprando e vendendo, fazendo giro", costuma bradar o investidor Luiz Barsi Filho, fundamentalista de carteirinha e admirador de Warren Buffett, outra recorrente fonte de inspiração desse time. Barsi defende que o giro é bom para as bolsas e para as corretoras, mas para o investidor o interessante é se associar a boas empresas e manter a posição.

Essa é a filosofia de fundos pioneiros, como Dynamo e Investidor Profissional, bem como de inúmeros outros mais recentes, como o RB Fundamental, da Rio Bravo e a Argucia. "Os estudos costumam mostrar que é mais vantajoso investir no longo prazo, até porque o giro cria muito custo e mais risco", pondera Magalhães, da Argucia. Para Mario Fleck, gestor do RB Fundamental, os gráficos não mostram detalhes importantes das empresas, com as quais o fundo pretende manter relacionamento de longo prazo. "Olhamos cada empresa no detalhe, as perspectivas, como funcionam o conselho e as tomadas de decisões", diz Fleck.

Assim como os fundamentalistas são apegados a seus valores há anos, os grafistas são fiéis a seus métodos desde que começaram no mercado. Fausto de Arruda Botelho, da Enfoque Informações Financeiras é um dos precursores da análise técnica no Brasil. Para ele, o pregão pode ser qualificado como uma guerra, um campo em que batalhas diárias são travadas entre "comprados" (que apostam na alta) e "vendidos" (que apostam na baixa). Vence quem tiver maior poder de fogo, ou seja, a ponta que movimentar mais dinheiro. "O gráfico acaba considerando todos os fatores, desde os fundamentos, a psicologia das massas, até a ação do insider", diz.

Foi com lápis e papel milimetrado que Botelho começou a traçar as cotações dos primeiros contratos de café negociados no Brasil, em 1978. O seu instrumental evoluiu para nanquim e papel vegetal até chegar às modernas planilhas eletrônicas. O fato é que nunca mais parou.

Outro analista técnico que fez fama é Didi Aguiar, conhecido nas rodas do mercado como Didi Grafista. Engenheiro mecânico, ele freqüentou a Escola Naval no Rio de Janeiro na década de 70, mas nunca seguiu a carreira militar. De estagiário do extinto Banco Crefisul chegou a analista da tesouraria da instituição até vir para a corretora em São Paulo. Didi se gaba de ter identificado em 1986, ano do Plano Cruzado, o "crash" da bolsa que estava por vir. Vendeu tudo o que tinha e foi viver 3,5 anos em Maresias, no litoral paulista.

"O gráfico trabalha com funções estatísticas que mostram para onde o mercado vai, em razão da oferta e da demanda, e não para onde deveria ir, como quer a análise fundamentalista", resume o profissional, que hoje divide seu tempo como consultor da HSBC Corretora e apresentador de TV. Técnico ortodoxo, ele evita maiores contatos com o noticiário para não influenciar a sua análise. Cartoon Network, Boomerang, Animal Planet e National Geografic compõem a lista de canais que zapeia com seu controle remoto.

Discípulo de Didi Grafista, Fernando Góes, da Wintrade, home broker da Alpes Corretora, consegue combinar as duas escolas. Economista de formação, ele considera que a leitura dos balanços das companhias e as projeções de preços servem para escolher as melhores alternativas na bolsa, enquanto os gráficos apontam o momento mais adequado para comprar ou vender. "O problema é que, no curto prazo, não adianta um papel ter bom fundamento", diz.

Já o analista Jayme Ghitnick, que há décadas acompanha o mercado, acredita que os dois métodos têm méritos e é preciso aproveitar cada um para a finalidade correta. "O investimento tem de ser na empresa e não no papel, por isso a escolha da companhia deve ser pelos fundamentos", diz. Para ele, os gráficos podem ser aliados poderosos para comprar e vender em momentos bons. "O gráfico pode mostrar em que fase do ciclo estamos, com eles se pode vender um pouco quando é indicado e recomprar numa hora mais oportuna, o que aumenta os ganhos."

As duas escolas de análise têm falhas, diz professor

Por Catherine Vieira e Adriana Cotias, do Rio e de São Paulo
Enquanto analistas técnicos e fundamentalistas trocam farpas públicas sobre qual o melhor método de avaliar ações para compor um portfólio, há quem refute as duas escolas. Para o professor do IBMEC-SP, Marco Antônio Leonel Caetano, tanto a interpretação de figuras gráficas com base em preços históricos, como a projeção de valor justo a partir da análise do balanço das empresas têm falhas.

Ao seu ver, os gráficos com médias móveis, índice de força relativa ou as seqüencias de Fibonacci são úteis apenas como observação empírica. "Servem como ilustração de padrão, não como análise", diz. "Essas técnicas foram interessantes no passado como forma de entendimento de tendências mas hoje em dia, com a velocidade das mudanças, não fazem muito sentido." Já a avaliação fundamentalista, diz, tem o seu valor como análise contábil, como um relatório de informação sobre os fluxos e atuações das empresas, mais útil ao gestor da firma do que ao investidor.

Doutor em engenharia pelo Instituto de Tecnologia Aplicada (ITA), ele prefere novos métodos quantitativos usados fora do campo econômico, mas que se desenvolveram mais em previsões do que a área de finanças. Caetano cita técnicas pouco convencionais como algoritmos genéticos, sistemas dinâmicos, filtragem de sinais e redes neurais, que vêm sendo estudados por pesquisadores do Instituto Santa Fé, dos Estados Unidos.

A origem da análise técnica data do século 18, quando um negociador de arroz de Sakata, no Japão, ao observar as cotações de abertura e fechamento, máximas e mínimas ao longo do tempo, passou a identificar certos padrões de comportamento. No ocidente foi Charles Dow, criador do Dow Jones Industrial, que estudou o histórico de índices no início do século 20. Das suas observações, surgiu a chamada "teoria Dow", segundo a qual o mercado se movimenta por tendências, que nada têm de aleatórias. O autor da "teoria da onda", Ralph Nelson Elliott, por sua vez, foi o responsável pela aplicação das razões de Fibonacci (do matemático medieval Leonardo de Pizza), que diz que os ciclos na natureza se repetem seguindo certos padrões matemáticos. Tais seqüências foram aplicadas ao nascimento de galáxias, formas de plantas, reprodução de coelhos e, finalmente, adaptadas ao mercado financeiro.

Desses princípios surgiram identificações gráficas como canal de alta ou de baixa, acumulações, triângulo, bandeira, "ombro-cabeça-ombro", "homem enforcado", "martelo", "estrela da manhã" ou "tempestade à vista". À parte da nomenclatura exótica, o que tais figuras indicam é a média de opiniões de todos os participantes do mercado, é o comportamento da massa, resume Fausto de Arruda Botelho, da Enfoque Informações Financeiras.

Já na análise fundamentalista são observados os números da companhia e os potenciais de geração de lucro dos projetos para estimar o preço justo daquela empresa. Os gestores e investidores que passaram a incorporar essa filosofia costumam se auto-denominar de "value investors", ou seja, investidores que se orientam pelo potencial de criação de valor do ativo. "É difícil alguém que começa 'criado' na análise fundamentalista migrar para os gráficos", diz Ricardo Magalhães, sócio da Argucia. "Uma vez a empresa em que eu trabalhava me inscreveu num curso de análise gráfica", conta. "A técnica tem aspectos interessantes, mas não me convenceu", confessa o gestor.

Os adeptos da análise fundamentalista mais fervorosos costumam também avaliar fatores subjetivos em suas decisões de investimento, como a qualidade e confiabilidade dos administradores da empresa, as regras de governança corporativa e o tratamento dispensado aos acionistas minoritários. Muitos desses gestores são influenciados pelas filosofias de Warren Buffett, que por sua vez foi um discípulo de Benjamin Graham, autor de "O Investidor Inteligente", que vem fazendo sucesso por aqui.

Cenário recessivo leva DJ ao menor nível em três meses

Agências internacionais
O índice Dow Jones teve o menor nível de fechamento em três meses ontem, após recuar para abaixo dos 12 mil pontos pela primeira vez desde meados de março em razão de preocupações sobre uma economia fraca devido aos problemas no setor de crédito derrubando as ações de bancos e de empresas de transportes.

O Dow Jones teve baixa de 1,08%, a 12.029 pontos, menor nível de fechamento desde 17 de março. O indicador Standard & Poor's 500 caiu 0,97%, a 1.337 pontos. O Nasdaq, que mede o desempenho do setor americano de tecnologia retrocedeu 1,14%, a 2.429 pontos.

A FedEx detonou os temores de uma desaceleração da economia nesta sessão ao prever baixos lucros à medida que os crescentes custos dos combustíveis enfraquecem a demanda.

As ações da empresa de entrega, observada de perto em Wall Street como um termômetro para atividade industrial norte-americana, caíram 2,1%.

Somando-se à fraca perspectiva para as ações de bancos, a Fifth Third Bancorp despencou 27%, para US$ 9,26. O banco do Meio-Oeste afirmou que irá cortar seus dividendos e terá de levantar US$ 2 bilhões em capital, espalhando o medo que a crise de crédito está apertando ainda mais os bancos comerciais.

"Os setores automobilístico, financeiro e de transportes estão muito sensíveis à percepção de que o crescimento econômico está ficando fraco", disse Bruce Zaro, estrategista-chefe da Delta Global Advisors. "Nós temos poucas evidências de que a economia já atingiu o fundo do poço", complementou.

O principal índice de ações européias fechou em queda, com o recuo do petróleo afetando as empresas do setor e anúncios negativos dos bancos Morgan Stanley e Fifth Third .

O índice FTSEurofirst 300, que capta a variação das principais blue chips do continente, caiu 1,47%, para 1.250 pontos.

Os bancos lideraram a queda dos papéis no mercado europeu. A liderança coube ao Royal Bank of Scotland, cuja baixa alcançou 4,97%. Houve ainda perdas da ordem de 4% para o suíço UBS e de 2,3% nos papéis do espanhol Santander .

No setor de petróleo, a BP teve queda de 2,1%.

Nos Estados Unidos, os principais índices também caíam depois que o Morgan Stanley informou queda do lucro e o Fifth Third anunciou redução de dividendos e um plano de aumento de capital.

Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 1,79%, a 5.756 pontos. O DAX, de Frankfurt, caiu 0,99%, para 6.728 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 1,44%, para 4.618 pontos. Também recuaram as bolsas de Milão (1,75%), Madri (1,97%) e Lisboa (1,15%).

BNDES manobra para manter fôlego

Chico Santos

O ciclo de crescimento dos investimentos na economia brasileira, que já dura 17 trimestres consecutivos, com perspectiva de continuidade, começa a pressionar o caixa da principal fonte de financiamentos de longo prazo do país, o BNDES. Com o objetivo de administrar a crescente escassez de recursos, o banco estatal decidiu no mês passado cortar de 10 a 20 pontos percentuais seu limite de participação no valor dos investimentos de grande número de setores.

A medida começa a gerar reação negativa no setor produtivo. Paradoxalmente, isso ocorre em um ano no qual a instituição de fomento vai bater o quinto recorde consecutivo de desembolsos anuais, alcançando R$ 80 bilhões de janeiro a dezembro. O número é quase quatro vezes o valor de R$ 23,04 bilhões desembolsado no ano 2000 e 23,3% maior do que os R$ 64,9 bilhões emprestados no ano passado.

Agora, projetos com 100% de participação do BNDES somente se forem para inovação, para micro, pequena e média empresa ou para logística, mais especificamente, para resolver gargalos ferroviários nas regiões Norte e Nordeste. Para bens de capital, o limite de participação do banco por projeto caiu de 100% para 80%. Para o setor agropecuário, que inclui o sucroalcooleiro, a redução foi de 80% para 60%. Para geração de energia, que chegava a 85%, foi unificado em 80%. Para transmissão, caiu de 80% para 70% e para distribuição permaneceu em 60%.

Para projetos considerados de desenvolvimento regional, os percentuais podem subir. Se for em um município considerado de média ou baixa renda, a participação é 10 pontos percentuais maior, em qualquer região do país. Caso esse município esteja nas regiões Norte ou Nordeste (incluindo as áreas de Minas Gerais e Espírito Santo que estão no âmbito da Sudene), a participação cresce mais 10 pontos. Uma operação de bens de capital por exemplo, nesses casos, volta a ter direito a 100% de participação.

Ficam fora desse benefício gerado pela classificação dos municípios brasileiros por faixa de renda os projetos de insumos básicos industriais, exceto aqueles de origem agropecuária ou de exploração florestal. Também estão excluídos os projetos de comércio e serviços e os de infra-estrutura de comunicação e de energia elétrica.

Formalmente, as mudanças foram feitas com o objetivo de adaptar as políticas operacionais do banco à Política de Desenvolvimento Produtivo, a nova política industrial do país. Tanto que as mudanças foram implementadas no mesmo dia 9 de maio em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a nova política.

Mas já é público o esforço que a diretoria do banco vem fazendo, seja para aumentar as fontes de recursos, ampliando, por exemplo, a captação externa, seja para racionalizar os recursos disponíveis. O descompasso entre a oferta e a demanda é evidente. Em palestra feita anteontem no auditório do banco, o superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico da instituição, Ernani Teixeira Torres Filho, mostrou um gráfico evidenciando o descolamento entre as disponibilidades, representadas pelos desembolsos, e a demanda, expressa nas aprovações de novos projetos.

Em 2004, as aprovações foram até menores do que os desembolsos, mas já em 2005 ficaram R$ 7,5 bilhões maiores. O hiato ampliou-se em 2006, quando desembolsos e aprovações foram, respectivamente, de R$ 51,3 bilhões e R$ 74,3 bilhões. Em 2007 a diferença ultrapassou R$ 30 bilhões, patamar no qual permaneceu nos 12 meses encerrados em abril deste ano.

Com a pressão da demanda, a liquidez do banco foi reduzida. Enquanto em 2003 o retorno dos empréstimos e a monetização de ativos financeiros representaram 107% do total desembolsado, no ano passado o número caiu para 83%. Tudo isso em uma conjuntura na qual, conforme demonstrou Torres, as outras fontes de recursos de longo prazo, como o mercado de capitais, cresceram, mas continuam limitadas, deixando a parte do Leão a cargo do autofinanciamento e do BNDES.

O cobertor curto do banco, cuja principal fonte de dinheiro novo é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), já gera reclamações entre quem se sente prejudicados. O presidente da poderosa União dos Produtores de Bioenergia (Udop), José Carlos Toledo, pediu em entrevista ao Valor que os limites anteriores de financiamento ao setor pelo BNDES sejam restabelecidos. Segundo ele, com a demanda por etanol "crescendo uma barbaridade", a decisão vai dificultar a manutenção do crescimento anual de 14% na oferta, necessário para suprir essa demanda.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Aperto de crédito e inflação

Por Martin Wolf
"Inflação é sempre e em todo lugar um fenômeno monetário." - Milton Friedman

O que explica a combinação de "aperto de crédito" nos EUA com disparada nos preços das commodities e inflação crescente em todo o mundo? Serão esses eventos não interrelacionados ou farão parte de um cenário mais amplo? A resposta está na segunda alternativa. Até agora, não se trata de uma volta à década de 70. Mas são necessárias ações para que isso se mantenha assim.

Inflação é uma alta persistente no nível de preços: é resultado de dinheiro (ou poder de compra) em excesso disposto a comprar poucos produtos e serviços. Um salto não recorrente nos preços das commodities não é inflação. E um salto assim não implica, necessariamente, inflação. Mas uma alta contínua nos preços relativos das commodities é sintoma de um processo inflacionário.

Sempre que se manifesta o impacto de um excesso de demanda, os bens cujos preços sobem primeiro são aqueles cujos preços são flexíveis, dos quais as commodities são o exemplo principal. Os preços das commodities são, portanto, um medidor de pressão. Se observarmos o que vem acontecendo em anos recentes, veremos que o indicador está na região do vermelho. O índice Goldman Sachs de preços das commodities dobrou desde o início de 2007. Os preços nominais do petróleo registram aumento de 150% no mesmo período. O movimento ascendente nos preços das commodities persistiu durante seis anos e meio. Tudo indica que grande demanda extra está se fazendo sentir sobre escassa possibilidade de ampliar a oferta mundial.

O resultado são aumentos inesperadamente grandes na inflação geral: a estimativa consensual para a inflação mundial dos preços ao consumidor em 2008 deu um salto dos 2,4% em fevereiro de 2007 para previstos 4,3% em junho de 2008. Esses saltos são pequenos, porém não tão pequenos. O mesmo pode-se dizer sobre o nível previsto. Se as pessoas se acostumarem com a idéia de que a inflação pode dar saltos assim, essa percepção poderá incorporar-se às expectativas - com conseqüências desastrosas.

Mas como podemos ter um incipiente processo inflacionário mundial, quando a economia americana e as de outros importantes países de alta renda estão em desaquecimento? A razão imediata é que isso é muito menos relevante do que no passado. A explicação fundamental está nas forças geradoras da demanda e oferta mundiais.

Do lado da demanda, duas coisas importantes estão acontecendo: convergência e desequilíbrios. Convergência, no crescimento acelerado de economias emergentes, muito especialmente da China e da Índia. Desequilíbrios, na forma de intervenções em mercados de câmbio visando dar sustentação à competitividade.

Charles Dumas, da londrina Lombard Street Research, aponta que, em Paridade do Poder de Compra, a China agora gera um pouco mais de 25% do crescimento econômico mundial em um ano normal, ao passo que os países emergentes e em desenvolvimento reunidos geram 70%. Até mesmo a taxas de câmbio de mercado, o crescimento do PIB chinês é tão grande quanto o do americano em anos normais para os dois países.

Os países emergentes também estão em boa situação para continuar crescendo, em larga medida porque têm posições externas sólidas. Muitas economias emergentes realizaram intervenções de grande escala nos mercados de câmbio, principalmente objetivando manter sua competitividade exportadora elevada e seus déficits em conta-corrente baixos. Nos sete anos até março de 2008, as reservas mundiais em moeda estrangeira deram um salto de US$ 4,9 trilhões. Apenas as reservas chinesas cresceram US$ 1,5 trilhão. De fato, cerca de 70% das reservas atuais foram acumuladas nesse período. "Nunca mais", disseram os países emergentes atingidos pelas crises nas décadas de 80 e 90; "nem uma vez", disse a China.

Políticas intervencionistas que visam sustentar a competitividade de exportações promovem a expansão das economias. Os resultados usualmente incluem rápidos crescimentos das exportações líquidas, juros baixos - visando conter entradas de capital - e expansão da base monetária, apesar das tentativas de esterilização. A economia chinesa está superaquecendo como conseqüência direta desse trio de efeitos.

A maior parte dessas reservas foi acumulada mais ou menos explicitamente em dólares americanos, acumulando assim riscos associados à economia americana. O fluxo de capital resultante financiou os déficits comercial e em conta-corrente americanos. Mas um déficit comercial é contracionista: para um dado nível de atividade da demanda interna, o déficit reduz a produção interna. Assim, os EUA precisaram expandir sua demanda interna para contrabalançar o efeito contracionista dos déficits externos. Alguns segmentos da economia precisaram gastar mais do que suas rendas. As famílias tornaram-se o mais importante desses segmentos. Assim, o crescimento do endividamento das famílias americanas que resultou no atual "aperto de crédito" é um resultado direto dos desequilíbrios em nível mundial.

Agora, o desafortunado Fed está tentando renovar a expansão da demanda em uma economia americana pós-bolha. Mas o principal impacto de sua política monetária se expressa por meio de um enfraquecimento do dólar americano e de uma expansão das economias superaquecidas vinculadas à americana. Para simplificar, Ben Bernanke está comandando a política monetária do Banco do Povo da China. Mas a política adequada aos EUA é enormemente inadequada à China e, na verdade, a quase todos os outros países interconectados na zona informal do dólar - ou, como alguns economistas a denominam, "Bretton Woods II".

Assim, não apenas os desequilíbrios comprovaram-se imensamente desestabilizadores no passado, como irão revelar-se ainda mais desestabilizadores agora que a bolha americana estourou. Num momento em que a maioria das economias emergentes necessita políticas monetárias bem mais apertadas, são obrigadas a afrouxá-las ainda mais.

Em contrapartida, do lado da oferta praticamente todas as notícias têm sido negativas na economia mundial. Seja qual for o otimismo que possamos acalentar em relação às possibilidades de aumento da oferta de energia no longo prazo, é impossível sermos otimistas no curto prazo.

O que vemos, então, é uma incipiente inflação mundial. Mas o banco central que concentra a maior influência sobre a política monetária mundial é aquele se defronta com o aperto de crédito pós-bolha. Sua dificuldade pós-bolha é agravada pela disparada nos preços de energia decorrente do forte crescimento da economia mundial.

Trata-se, portanto, de um problema mundial. Os países avançados deixaram de ser a força motriz mundial: eles estão importando inflação. Se o mundo tivesse um banco central único e uma moeda única, esse BC certamente apertaria sua política monetária, à luz da evidência das limitações da oferta mundial potencial sobre a taxa de crescimento. Dada a inexistência de tal banco central, a alternativa acertada tem de ser maior flexibilidade cambial e a fixação de metas para a inflação doméstica.

O mundo como um todo não pode importar inflação: se cada banco central assumir que a alta nos preços das commodities é o resultado de políticas definidas por outros países, o resultado geral terá de ser superaquecimento. E o pior: se isso for incorporado às expectativas, o mundo será depressivamente similar à década de 70. Não estamos lá. As autoridades monetárias precisam assegurar que nunca venhamos a chegar lá.

Obama quer mais Estado na economia

Bob Davis e Amy Chozick, The Wall Street Journal, de Flint, EUA

O senador Barack Obama esclareceu um pouco mais o seu plano econômico, dizendo que usaria uma boa dose de gastos públicos para impulsionar o crescimento, aproveitaria o código tributário para diminuir a desigualdade econômica crescente nos Estados Unidos e possivelmente reduzir os impostos das empresas.

Em entrevista ao "Wall Street Journal", Obama, de 46 anos, disse que está tentando criar uma política tributária e orçamentária que o ajude a enfrentar dois desafios. O primeiro é a concorrência de países de rápido crescimento, como Índia e China. A outra é que os EUA se tornaram uma economia "só para os vencedores", na qual a maioria dos ganhos do crescimento econômico vai para o bolso dos ricos.

Obama, que é senador do Partido Democrata pelo Estado de Illinois, citou novas pressões econômicas para explicar o que parece ser um retorno à antiga plataforma democrata de interferência governamental e desconfiança das forças do mercado. "A globalização, a tecnologia e a automatização enfraquecem a posição dos trabalhadores", disse, acrescentando que um governo forte é necessário para garantir que a riqueza seja distribuída de maneira mais igualitária. Ele deu entrevista a bordo de seu ônibus de campanha, onde um televisor fino exibia os momentos finais do torneio de golfe U.S. Open.

Obama começa a dar sinais de que apóia a redução dos impostos das empresas ao mesmo tempo em que o Partido Republicano, de situação, o acusa de defender propostas que elevariam esses impostos, como sua promessa de aumentar a tributação sobre os ganhos de capital e aumentar a alíquota para os mais ricos, geralmente usada por empresas pequenas, sem constituição de sociedade.

Ele não quis dizer quanto reduzira os impostos das empresas, mas disse que ele pode ser diminuído em troca de um corte nos incentivos fiscais, o que simplificaria o sistema tributário. Com os atuais buracos na lei, disse, "quanto uma empresa paga em impostos vai depender do seu lobista". Com um "cenário mais justo", os impostos podem ser reduzidos.

Ele ressaltou que a idéia não é adotar a filosofia de cortes de impostos mais amplos, professada pelo senador John McCain, candidato republicano à Presidência. Apesar de McCain ter argumentado que baixar os impostos - especialmente para empresas - impulsiona o crescimento, Obama disse que essa noção é economicamente equivocada. "Nunca vi nenhuma prova de que isso realmente impulsiona o crescimento econômico e a produtividade", disse.

Douglas Holtz-Eakin, economista-chefe da campanha de John McCain, atacou a estratégia de Obama, dizendo que é "uma clássica política industrial que mostra descrença no setor privado". Ele não acredita que Obama cortará os impostos das empresas, ressaltando a falta de detalhes em seus planos. "É como defender gatinhos, cachorrinhos e a luz do sol", disse.

De modo geral, a abordagem econômica de Obama lembra a estratégia de Bill Clinton na campanha de 1992, que também defendeu uma expansão dos gastos com infra-estrutura. Mas esses planos foram esquecidos assim que ele chegou à Casa Branca. O Congresso rejeitou uma proposta de aumento acentuado nos impostos sobre combustíveis, cuja receita poderia ser usada para financiar os investimentos.

Na gestão Clinton, críticos do déficit, como o secretário do Tesouro, Robert Rubin, foram bem-sucedidos em seus argumentos de que diminuir o déficit público teria impacto maior do que aumentar os gastos, porque os mercados reagiriam favoravelmente. A "Rubinomics" se tornou a principal estratégia econômica de Clinton, e muitos sindicalistas que apóiam Obama temem que ele também acabe recorrendo a Rubin.

Obama rejeita essas preocupações. "Eu tenho Bob Rubin numa mão [como assessor] e [o ex-secretário do Trabalho] Bob Reich na outra. Eu tenho uma tendência a ser eclético." Reich, que há muitos anos defende gastos com infra-estrutura para criar empregos e impulsionar a economia, é um favorito dos sindicalistas. Ele também é conhecido por ter brigado várias vezes com Rubin no início do governo Clinton, por causa do direcionamento ideológico tomado pelo governo.

As chances de levar adiante um grande programa de gastos com infra-estrutura são maiores agora do que em 1992, disse o senador Obama, por causa das preocupações recentes com a alta do petróleo. Muitos projetos de energia alternativa - como tecnologia de carvão menos poluente, energia eólica e outros - podem ser classificados como infra-estrutura. "A diferença que vejo é que há um forte reconhecimento por parte da opinião pública de que não podemos continuar nesse caminho em relação ao petróleo", disse ele. Isso significa que "há uma abertura maior para realizar mudanças".

Obama e McCain discordam totalmente nas questões econômicas. O senador republicano promete cortar a alíquota de imposto das empresas de 35% para 25%, manter todos os cortes no imposto de renda de pessoas físicas feitos pelo presidente George Bush e pressionar pela concretização de vários acordos de livre comércio.

Obama propôs várias medidas que aumentariam o imposto de renda para as camadas mais ricas e o reduziria para os contribuintes de classe média e baixa. De acordo com os seus planos, os contribuintes com renda média teriam um aumento de 2,4% na renda depois dos impostos, ou US$ 1.042, segundo uma análise não partidária da ONG Centro de Política Tributária, de Washington. Os americanos que ganham mais de US$ 2,8 milhões por ano, por outro lado, teriam uma redução de 11,6% na renda depois dos impostos.

O candidato democrata divulgou uma série de planos de gastos em larga escala num discurso anteontem em Flint, cidade que tem sido um símbolo do declínio econômico dos EUA desde o lançamento do documentário "Roger & Eu", de Michael Moore, em 1989. Apesar de Obama já ter apresentado essas propostas antes, ele as reuniu pela primeira vez no que chama de "agenda para a competitividade".

No coração da proposta de Obama está o seu plano de gastar US$ 15 bilhões por ano durante dez anos em tecnologia de combustíveis. Esse plano seria financiado por outra proposta dele, de criar um limite para as emissões de gases poluentes através de um mercado de permissões para poluir. Obama leiloaria essas permissões para grandes produtores de dióxido de carbono, como geradoras de eletricidade, e calcula que as vendas renderiam uns US$ 100 bilhões por ano. A maior parte desses recursos serviria para financiar desconto para os clientes das distribuidoras de eletricidade, disse.

Ele também quer criar um "banco de reinvestimento em infra-estrutura" que financiaria gastos de US$ 60 bilhões para criar linhas ferroviárias de alta velocidade, realizar melhorias na rede de distribuição elétrica e levar adiante outros projetos durante dez anos. Ele pretende ainda dobrar os gastos com pesquisa básica, subsidiar o investimento em conexões de internet rápida e oferecer US$ 4 mil por ano em créditos educacionais para universitários que se comprometerem a trabalhar no público.

"Captar uma parte do crescimento econômico da nação", disse Obama na entrevista, "e investir novamente em coisas que precisamos fazer, como ciência, tecnologia, pesquisa e desenvolvi-mento e corrigir a nossa política energética, então aí é que vamos aumentar a produtividade."

McCain defende o mínimo possível de gastos públicos e pinta seu oponente como um esquerdista que aumentará os impostos, gastará mais e empurrará o país para o déficit. Ele apóia a criação de um mercado de permissões para poluir, que seria usado para financiar novas tecnologias energéticas, mas Holtz-Eakin diz que a escala seria muito menor que a do plano de Obama. Ele disse também que "um fundo para tecnologia 'verde' é uma tolice total. O Vale do Silício tem pilhas de dinheiro voltado para tecnologia limpa".

Obama defendeu durante a entrevista uma intervenção de larga escala no mercado energético, afirmando que, apesar de os fundos de capital de risco estarem investindo pesado em tecnologia, há um buraco nesses financiamentos que deve ser preenchido pelo governo. Ele diz que esse buraco pode ser descrito como um apoio ao "estágio intermediário" entre inovação e comercialização. "Você tem esse momento em que as coisas ainda não decolaram e são muito arriscadas", disse Obama.

No governo Clinton, o Departamento do Comércio criou um programa mais amplo de tecnologia comercial cujo objetivo era financiar projetos num estágio parecido. Mas ele nunca financiou nada além de projetos de escala relativamente pequena, por causa de conflitos com o Congresso, na época dominado pelos republicanos, sobre se o governo estava desperdiçando dinheiro em projetos que deveriam ser financiados pelo setor privado.

Obama comparou sua proposta a um fundo de risco, com o governo buscando investidores para contribuir. Ele elogiou um projeto da CIA que ajuda a financiar tecnologias consideradas importantes pela agência mas que não contam com capital de longo prazo.

Obama compara com freqüência o esforço no setor energético com o projeto do presidente John Kennedy para mandar o homem à Lua, durante os anos 60. Mas o histórico de empregar dinheiro público para gerar grandes inovações tecnológicas é irregular. Os poucos projetos que deram certo geralmente eram pequenos e voltados para metas limitadas.

Com o presidente Jimmy Carter, nos anos 70, os EUA fracassaram na tentativa de criar uma indústria de combustíveis sintéticos. (McCain tem alardeado que Obama representaria "o segundo mandato de Jimmy Carter".) Os planos para construir reatores nucleares de uso comercial que produziriam mais combustível do que consomem também fracassou, e 50 anos de investimento público em reatores comerciais de hidrogênio ainda não geraram os avanços necessários.

Mais recentemente, o governo Clinton, a pedido do então vice-presidente Al Gore, gastou uma fortuna com um projeto conjunto com as três maiores montadoras americanas - Ford, GM e Chrysler - para construir um carro de alta tecnologia para a família, cujo consumo seria três vezes menor que o de um veículo convencional. O carro nunca foi construído e o governo Bush acabou com o projeto. Gore acabou anunciando seu apoio a Obama num comício anteontem em Detroit.

Obama também propõe eliminar a tributação dos ganhos de capital de empresas iniciantes, apesar de apoiar um aumento da alíquota geral sobre esses ganhos. Ele não definiu exatamente o que quer dizer com "iniciante". Ele não acha que os advogados tributaristas simplesmente criariam empresas "iniciantes" para outras que já existem só para conseguir mais um desconto nos impostos?

"Sempre tem gente interessada em enganar o sistema, e obviamente uma das coisas que você tem que fazer com a política tributária é ser bem preciso com as definições para que elas não sejam distorcidas demais", disse. Mas ele argumenta que "as empresas que estão começando deveriam poder acumular capital, reinvestir os lucros, quando houver, até o momento em que se estabilizem".

terça-feira, 17 de junho de 2008

Mercado azeda e favorece os vendidos

A piora do mercado nas últimas duas semanas fez com que o exercício de opções (direito de comprar ou vender um ativo a um determinado preço e uma data preestabelecida) ontem na Bovespa fosse, de longe, dos vendidos, ou seja, daqueles que apostavam na baixa e venderam opções de compra, assumindo a obrigação de vender a ação a um determinado preço. Como as ações foram caindo dia após dia, ficaram bem abaixo dos preços das opções vendidas há um mês. Com isso, os contratos não foram exercidos e os vendidos não tiveram de entregar os papéis e ainda ficaram com o prêmio pago no lançamento da opção.

Para se ter idéia do caos que tomou conta do mercado desde o último vencimento de opções, no dia 19 de maio, o Índice Bovespa caiu 7,53%. Nesse período, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras caíram 4,88%. Os grandes volumes de negócios estavam nas séries de compra das PNs de Petrobras entre R$ 50 e R$ 58. No dia 21 de maio, por exemplo, os papéis da estatal atingiram a máxima de R$ 52,51 e as opções de compra até R$ 50 pareciam uma barbada, impossíveis de não darem exercício. Pois é, e não deu. As preferenciais fecharam ontem a R$ 45,80 e todas essas grandes séries simplesmente viraram pó absoluto, ou seja, ficaram fora das condições de serem exercidas. Já o Índice Bovespa fechou ontem em alta de 0,12%, aos 67.284 pontos.

A grande desgraça, no entanto, ficou por conta das opções de Vale. Desde o último vencimento, as preferenciais série A da mineradora caíram 19,84%. As principais séries de opções de compra das ações da mineradora estavam entre R$ 48 e R$ 56 e também pareciam perfeitamente factíveis de serem exercidas, já que as PNAs no dia do último exercício, em 19 de maio, atingiram a máxima de R$ 58,70. Desde então, os papéis vieram ladeira abaixo e ontem fecharam a R$ 46,99, colocando todas as grandes séries de opções na lata do lixo. Apenas as opções de compra a R$ 46 deram exercício e, há um mês, pareciam galinha-morta, pois as ações estavam muito acima desse nível.

Desde o último exercício, que nitidamente foi de vitória dos comprados - quem adquiriu opções de compra e, portanto, tem o direito de comprar um ativo a um determinado preço - o mercado mudou da água para o vinho.

Até meados de maio, as incertezas externas tinham dado uma trégua e o Brasil estava em lua-de-mel com os investidores, depois de ter sido promovido à grau de investimento pela Standard & Poor's e em vias de ganhar a segunda promoção da Fitch Ratings. No entanto, a partir deste mês, o temor de que os bancos internacionais terão perdas importantes com os títulos hipotecários de alto risco voltou a rondar os pregões. Além disso, a inflação mundial tornou-se uma preocupação diária e o mercado começou a cogitar um aumento na taxa de juros americana e uma valorização do dólar ante as principais moedas, o que deflagraria um acentuado processo de desvalorização das commodities, que nos últimos cinco anos estiveram para o alto e avante. Isso acertou em cheio as ações da Petrobras e da Vale, que são os dois papéis mais importantes do Ibovespa e os que concentram o volume de opções.

Desgraça adicional

Além de todos esses tropeços, as ações da Vale sofreram adicionalmente nos últimos dias com a notícia de que a companhia fará um megaumento de capital da ordem de US$ 15 bilhões. O que se espera é que essa operação seja apenas uma das várias formas de a mineradora captar recursos para ter "bala" suficiente para fazer uma grande aquisição no exterior. No fato relevante sobre o aumento de capital, a mineradora não desmentiu nem confirmou. Ela negou que esteja fazendo alguma aquisição, mas afirmou que os recursos advindos da venda de ações serão usados para vários fins, entre eles, para uma possível aquisição estratégica.

Os palpites com relação ao negócio são os mais diversos. Com tanto dinheiro na mesa, já apareceram várias noivas querendo casar com a Vale. Os acionistas da mineradora britânica Anglo American, por exemplo, estariam dispostos a aceitar uma oferta de compra da Vale. Já se fala também que a Glencore, que possui participação de 35% na Xstrata, estaria disposta a retomar a negociação a venda da companhia para a mineradora brasileira.

Entre as opções, faria mais sentido uma aquisição que aumentasse a exposição da Vale no segmento de carvão ou de cobre, acredita o analista da Unibanco Corretora Rogério Zarpao. A Freeport McMoran Copper & Gold, por exemplo, seria um ativo puramente de cobre. Apesar dos fundamentos da companhia brasileira serem bons, no curto prazo, as ações devem continuar sofrendo, enquanto houver incertezas com relação a essa possível aquisição, lembra Zarpao. "Ninguém sabe quem a Vale irá comprar, por quanto, quando, em quais condições e nem se ela fará algum negócio."


Daniele Camba é repórter de Investimentos

Investidores ganham na Justiça perdas da 'marcação a mercado'

Josette Goulart e Zínia Baeta, De São Paulo
O fantasma da "marcação a mercado" dos fundos de investimentos, que em 2002 gerou um saque em massa dessas aplicações, continua a rondar os bancos. Cotistas desses fundos que sacaram seus recursos na época estão conseguindo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decisões favoráveis que determinam que os bancos os indenizem pelos prejuízos que sofreram no período. Os desembargadores de São Paulo que concederam as decisões entendem que as perdas se deram não porque o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exigiram que as regras fossem cumpridas até o mês de maio daquele ano, mas sim porque os bancos não cumpriam uma determinação do BC que já existia desde 1996. No Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região , a quarta turma julgou que a instituição financeira deveria ter prevenido o cliente de que o saldo de suas aplicações em renda fixa poderia sofrer alterações. Em algumas câmaras do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) o episódio foi julgado como uma prestação de serviços defeituosa por parte dos gestores.

As ações judiciais contra os bancos multiplicaram-se país afora e o teor das decisões varia desde a responsabilização dos bancos até dos próprios cotistas. Algumas decisões de tribunais - como os de Brasília, do Rio Grande do Sul e também o de São Paulo - concordam com as teses dos bancos de que os investidores sabiam dos riscos inerentes às aplicações em fundos de investimento. Os casos serão resolvidos definitivamente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) - que fatalmente analisará a questão, pois muitas apelações já chegaram à corte.

O advogado Gilberto Luiz do Amaral, do escritório Amaral Advogados Associados, conseguiu no TRF da 4ª Região uma decisão que determina à Caixa Econômica Federal (CEF) a devolução, ao seu cliente, de aproximadamente R$ 35 mil. Segundo ele, a decisão é didática e um importante precedente pelo fato de os desembargadores entenderem que a instituição deveria ter prevenido o cliente dos riscos da aplicação da "marcação a mercado". Segundo o advogado, o fundo foi apresentado a seu cliente pelo banco como sendo de renda fixa, com uma rentabilidade projetada de 5% ao mês. "Meu cliente aplicou nesse fundo para não correr o risco de perdas", diz. A assessoria de imprensa da CEF informou que possui em todo o país 79 ações sobre o tema, sendo a maior parte das ações favoráveis a ela. A instituição, porém, não informou em quais instâncias os processos já foram julgados.

Os investidores que não têm processos na Justiça para questionar as perdas que sofreram, mas que ainda pretendem propor alguma ação, podem ter dificuldade até mesmo para passar da primeira instância. Isso porque a Justiça pode entender que o prazo para entrar com a ação já prescreveu. A aceitação do processo dependerá de como o caso será tratado pela Justiça: se baseado no Código de Defesa do Consumidor (CDC) ou no Código Civil. O TJ paulista, por exemplo, tem decisões adotando tanto um quanto o outro dispositivo legal. Pelo primeiro, a prescrição é de cinco anos, e pelo segundo, de dez anos.

Para o advogado João Antônio Motta, especialista em direito bancário, a prescrição seria de dez anos, de acordo com o artigo 203 do Código Civil, correspondente ao artigo 178 do Código Civil anterior. "Quem estabelece a prescrição de contratos é o Código Civil e não o Código de Defesa do Consumidor", afirma. Segundo ele, nas ações propostas pelos prejuízos da marcação a mercado o que se discute é a essência do negócio, do contrato - e não os acessórios, como os juros. Por isso não se aplica ao caso a prescrição de três anos prevista pelo Código Civil para as discussões de juros remuneratórios, por exemplo.

Independentemente da discussão sobre a prescrição, os investidores que não ajuizaram ações poderão beneficiar-se dos resultados, se positivos, das ações coletivas propostas em 2002 por entidades de defesa do consumidor - caso do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Ministério Público Federal. A advogada do Idec, Maria Elisa Cesar Novais, afirma que o instituto propôs sete ações coletivas contra a CEF, Banco do Brasil, Banespa, Bradesco, Itaú, Unibanco e ABN Amro. Todas as ações - que correm na Justiça Federal por envolverem no pólo passivo o Banco Central e a CVM - ainda aguardam julgamento. Segundo a advogada, se favoráveis, as decisões beneficiarão somente os associados da entidade - algo em torno de 80 mil.

O Ministério Público Federal entrou em 2002 com ações contra o Bradesco, Itaú, CEF e Banco do Brasil. A procuradora da República no Distrito Federal, Valquíria Quixadá, afirma que as ações ainda estão para serem julgadas na primeira instância. A mais adiantada, conclusa para sentença, é a que corre na 1ª Vara Federal contra o Bradesco.

Os bancos foram procurados pelo Valor mas não quiseram se manifestar sobre o assunto. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), porém, informa em nota que a atuação das instituições financeiras é caracterizada pela sua relação de subordinação à regulamentação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central, sob o risco de incidirem sobre elas as penas previstas na legislação pertinente. "Na medida em que a marcação a mercado foi acompanhada de uma série de disposições do CMN e do Bacen que alteraram as regras de remuneração de distintos ativos, as instituições financeiras agiram em conformidade com a lei", diz a nota.

Mas em uma das decisões mais recentes do TJSP, tomada em abril contra o Banco do Brasil, os desembargadores da 2ª câmara de direito privado lembram que a correção dos títulos pelo valor real de mercado já era obrigatória desde 1996 e que os bancos só passaram a cumprir a regra no prazo fatal sem o prévio conhecimento dos investidores.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Tecnologia de ativação por voz da Microsoft.

Bovespa fecha com ganho de 0,12%, em sessão volátil de negócios

Bovespa fecha com ganho de 0,12%, em sessão volátil de negócios

da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve uma sessão de negócios bastante instável. As ações da Petrobras, papéis que costumam arrastar a Bolsa, foram bastante sensíveis às oscilações do barril de petróleo.

Em Nova York, o preço da commodity iniciou a jornada de negócios com perdas, mas logo a tendência inverteu e rapidamente se aproximou do patamar histórico de US$ 140. À tarde, a cotação voltou a cair, recuando para US$ 134,61 nesta segunda-feira.

O Ibovespa, termômetro dos negócios, avançou 0,12%, para os 67.284 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,01 bilhões. O volume foi inflado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 1,45 bilhão. A mais negociada (R$ 236,8 milhões) foi a opção de venda da ação preferencial da Petrobras a R$ 47,50, seguida pela opção de compra (R$ 225,3 milhões) da mesma ação, ao preço de R$ 46, nesta segunda-feira.

O dólar comercial foi trocado por R$ 1,626 na venda, em declínio de 0,61%. A taxa de risco-país atinge 188 pontos, número 2,17% superior à pontuação final de ontem.

Na Europa, as ações do setor alimentício e de companhias aéreas derrubaram as Bolsas de Valores, a exemplo de Londres (baixa de 0,14%) e Frankfurt (retração de 0,52%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York cedeu 0,31%.

Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, do Banco Central, revelou que os economistas do setor financeiro revisaram pela 12ª semana consecutiva suas projeções para a inflação: o IPCA previsto para 2008 subiu de 5,55% para 5,80%. Eles também aumentaram suas apostas para a taxa Selic, de 14% para 14,25%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou hoje que o combate à inflação será prioridade em seu governo. "Vamos controlar a inflação, mantendo crescimento sustentável.(...) O Banco Central continua administrando a política monetária de modo que a garantir que a inflação esteja dentro do intervalo especificado pelo governo e que eventuais e pontuais problemas sejam corrigidos o mais rápido possível", disse ele.

Em novo discurso, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), Ben Bernanke, afirmou que aprimorar o desempenho do sistema de saúde é um dos maiores desafios que os Estados Unidos enfrentam. Bernanke evitou comentar assuntos de política monetária nesta intervenção.

O Fed informou que a atividade manufatureira na área de Nova York desacelerou mais em junho. O indicador Empire State Manufacturing ficou negativo em 8,7 em junho, ante -3,2 de maio.

Empresas

Na sexta-feira à noite, a Petrobras informou que sua produção média de petróleo e gás natural cresceu 7% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado e 0,4% sobre abril. A produção ficou em 2.165.430 barris de óleo equivalente por dia (boe). A ação preferencial desvalorizou 0,21%, para R$ 45,80, neste pregão.

Ainda na sexta-feira, o BC autorizou o Banco do Brasil a operar na modalidade de financiamento imobiliário com a utilização de recursos do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). O BB informou que deve reservar cerca de R$ 1 bilhão em recursos novos para sua operação de crédito imobiliário, num total de R$ 2 bilhões destinados para habitação até o final deste ano. A ação ordinária ganhou 2,08%, para R$ 29,40.

"O BB tem atuado no segmento imobiliário desde dezembro de 2007, mobilizando outros tipos de 'funding'. Contudo, a autorização para usar recursos da poupança vai permitir ao banco ser mais competitivo em termos de taxa assim como amplia as opções de financiamento imobiliário para seus clientes", avaliou a analista Maria Laura Pessoa, da Unibanco Corretora.

A ação da empresa OGX, que na sexta-feira fez sua estréia na Bolsa, ainda foi uma das movimentadas do mercado, com giro de R$ 370 milhões, sendo cotada a R$ 1230 (alta de 0,40%).

O IPO dessa empresa levantou o maior valor da história da Bolsa --R$ 6,711 bilhões- superando a abertura de capital da Bovespa Holding, que captou R$ 6,625 bilhões. A oferta foi restrita a investidores qualificados, com potencial de investimento acima de R$ 300 mil, e teve boa recepção de fundos estrangeiros.

After 19 Extra Holes, Woods Captures His Third U.S. Open

After 19 Extra Holes, Woods Captures His Third U.S. Open

Published: June 17, 2008

SAN DIEGO — Calling it “probably the greatest tournament I’ve ever had,” Tiger Woods outlasted a determined Rocco Mediate on Monday, finally defeating him on the first hole of sudden death to win the 108th United States Open.

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Mike Blake/Reuters

Tiger Woods called his U.S. Open victory “probably the greatest tournament I’ve ever had.” More Photos »

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Lenny Ignelzi/Associated Press

Tiger Woods embraced his caddie, Steve Williams, after winning the U.S. Open in sudden death. More Photos >

Robert Galbraith/Reuters

Tiger Woods and Rocco Mediate during their playoff round at the U.S. Open at Torrey Pines. More Photos >

John G. Mabanglo/European Pressphoto Agency

Rocco Mediate, left, and Tiger Woods were even after five holes of a playoff for the U.S. Open. More Photos >

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Woods again came back from the brink of defeat, with a birdie on the final hole in the 18-hole playoff to pull even with Mediate at an even-par 71 and then a par on the first hole of sudden death to win.

The struggle went back and forth across the big, brawling 7,643-yard layout here, the longest Open course in history. Woods, the No. 1 ranked player in the world, opened a three-stroke lead at the 10th tee, where he saved par and Mediate missed a 6-footer for par. At that point, Woods was even and Mediate was three over par.

But three straight birdies by Mediate on holes 13-15 and a pair of bogeys by Woods changed things. Woods arrived at the 18th hole down by one stroke. As he has throughout his career, he produced the key shot at the key moment, ripping a 4-iron 217 yards on the par-5 hole for his second shot while Mediate hit the green with his third.

Woods missed his eagle putt, leaving Mediate a putt for the Open victory. His putt from 20 feet missed on the left side of the hole, and Woods then made his birdie putt to send the proceedings into just the third sudden-death playoff in Open history.

“It was a great battle all week,” Woods said. “I was up and down, up and down, up and down all week, and then the playoff. Everyone knows Rocco was in bad shape last year, and for him to be back out here and playing this well. Honestly, it was an unbelievably gutsy performance. He put so much pressure on me today, and he played well all week. This is probably the greatest tournament I’ve ever had.”

Mediate had no doubt it was his finest hour.

“Hanging in there with this man,” Mediate said, “he is just so hard to beat. He’s unreal. Obviously, I would have loved to have won. Three down through 10, I thought it was over. The fans were great; this was huge for me. I was nervous as a cat, but I handled it.”

Economistas prevêem juros de 14,25% e IGP-M de 10% em 2008, diz pesquisa do BC

Economistas prevêem juros de 14,25% e IGP-M de 10% em 2008, diz pesquisa do BC

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

Economistas e analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central aumentaram novamente suas previsões para juros e inflação em 2008.

A pesquisa semanal do Banco Central conhecida como relatório Focus mostra que os analistas esperam que a taxa básica de juros termine 2008 em 14,25%, ante previsão de 14% ao ano feita na semana passada. Para o final de 2009, a previsão de que a Selic estaria em 12,50% subiu para 12,75%.

No início do mês, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) aumentou a taxa básica de juros de 11,75% para 12,25% ao ano. Na ata da reunião, os diretores do BC dizem que continuarão aumentando os juros "enquanto for necessário".

Agora, o mercado espera um aumento para 12,75% na reunião do Copom do final de julho; para 13,25% na reunião no início de setembro; 13,75% em outubro; e para 14,25% em dezembro (o Copom se reúne a cada 45 dias aproximadamente).

Inflação

Apesar dos juros mais altos, a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que serve como meta de inflação, subiu pela 12ª semana seguida. O IPCA deve fechar o ano a 5,80%, acima dos 5,55% esperados até a semana passada. Se confirmado, o indicador ficaria acima do centro da meta de inflação para esse ano, que é de 4,5%. Para 2009, a previsão do IPCA ficou em 4,60%.

Os demais indicadores de inflação pesquisados pela instituição também tiveram as projeções para 2008 elevadas pelo mercado. O maior destaque foram os IGPs, que servem de base para o reajuste de aluguéis e tarifas.

A expectativa do mercado para o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) subiu de 9,01% para 9,96%; o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) teve a previsão aumentada de 8,73% para 10%; e o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) ficaria em 5,52%, ante 5,50% da semana anterior. A estimativa de inflação para os preços administrados ficou em 3,70%.

PIB

A previsão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) subiu de 4,77% para 4,80% em 2008. Para 2009, foi mantida a previsão de 4%. Ambas estão abaixo da projeção oficial do governo, de 5% para os dois anos.

A estimativa para o dólar ficou em R$ 1,70 para o final deste ano. Para dezembro de 2009, a previsão caiu de R$ 1,78 para R$ 1,77.

A previsão do saldo da balança comercial em 2008 subiu de US$ 23 bilhões para US$ 23,35 bilhões. Para 2009, subiu de US$ 15 bilhões para US$ 15,61 bilhões.

Contas externas

Subiram as expectativas de investimentos estrangeiros diretos, de US$ 33 bilhões para US$ 34,15 bilhões (2008). Para 2009, foi mantida a previsão de US$ 30 bilhões.

Houve ligeira queda na previsão para a relação dívida/PIB, de 41,15% para 41,10% neste ano. Por fim, piora no saldo em conta corrente, com um resultado negativo de US$ 22,9 bilhões para US$ 23 bilhões.

Inflação no mês

Foram divulgadas também as previsões para junho e julho dos indicadores de preços. A expectativa do mercado é que o IPCA aponte inflação de 0,50% e 0,40%, respectivamente. Para o IPC-Fipe, as taxas previstas são 0,61% e 0,36%.

Para o IGP-DI de junho, a estimativa é de uma inflação de 1,20%, ante previsão de 0,90% feita na semana passada. Em julho, o indicador deve chegar a 0,70%.

Para o IGP-M, as estimativas são de uma taxa de 1,68% em junho, ante previsão de 0,95% feita na semana passada. Em julho, o indicador deve ficar em 0,79%.

Queda dos juros

As estimativas do relatório Focus mostram também que os juros só devem voltar a cair em março de 2009. Após elevar a taxa básica para 14,25% no final de 2008, o BC deve trazer a Selic de volta para 14% em março do próximo ano, para terminar 2009 em 12,75% ao ano.

Tiger Woods - U.S. Open Rally (3rd Round)

"Lula corre risco muito grande de déficit externo"

ENTREVISTA/LUIZ GONZAGA BELLUZZO

Economista quer frear crédito e diz que erro do BC eleva custo de combate à inflação

O PAULISTANO Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, 65, um casal de filhos, "duas ex-mulheres ótimas", é um dos principais conselheiros econômicos informais do presidente Lula. Classifica-se ideologicamente como "keynesiano socialista reformista". Nesta entrevista, esse bem-humorado palmeirense revela as sugestões que dá ao corintiano Lula. Fala da crise internacional e defende ação do governo em negócios privados.

KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

FOLHA - O maior problema da nossa economia é a inflação ou o câmbio valorizado?
LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZZO - Os dois. A valorização do câmbio reflete um equívoco intertemporal, palavra feia, da política monetária. Quando ocorreu a grande melhoria do cenário externo, o Brasil deveria ter baixado os juros mais do que baixou para impedir que o câmbio se valorizasse tanto. Hoje, é um problema pensar numa desvalorização cambial porque estamos no meio de um choque de commodities.

FOLHA - Agora estamos elevando uma taxa de juros real, a mais alta do planeta, por causa da inflação.
BELLUZZO - Exatamente. Estamos nessa situação porque o passado importa, ao contrário do que dizem os economistas. Há países em situação pior por conta da maior vulnerabilidade ao choque de commodities.
Não podemos separar os fatores internos e externos. É claro que há um choque externo que pega a economia num momento de grande aceleração da demanda, e isso tem efeitos para contaminar o resto dos preços. É só olhar o núcleo da inflação. A inflação cheia está se acelerando, mas o núcleo também está.

FOLHA - O que é o núcleo?
BELLUZZO - Excluem-se os preços mais voláteis, como energia e alimentos. Com a demanda acelerada, a inflação começa a se espalhar pelo sistema de preços como um todo.

FOLHA - Há descoordenação entre as políticas fiscal e monetária? O BC precisa ser mais rigoroso ao elevar os juros para compensar um esforço fiscal aquém do necessário agora?
BELLUZZO - Houve custos fiscais com a política monetária. É preciso reequilibrar o jogo. É preciso o mínimo de compatibilidade entre as políticas fiscal e monetária. Por conta do passado, tem um pé que está faltando. Armínio Fraga [ex-presidente do BC] sugeriu regra de crescimento do gasto público. Se o PIB cresce a 5% ao ano, o gasto público cresceria até 2%, 2,5%. Estou de acordo.

FOLHA - O sr. participa de reuniões com Lula na qualidade de conselheiro. Por que ele não adota essa regra?
BELLUZZO - Foi sugestão sensata do Armínio, mas não foi discutida por nós. Falamos no aumento do superávit primário. A regra do Armínio é menos rigorosa do que recomendamos eu, o Delfim Netto [economista e ex-deputado federal], o Luciano Coutinho [presidente do BNDES] e o Guido [Mantega, ministro da Fazenda].

FOLHA - Existe a equipe econômica do B? Como são as reuniões de conselheiros econômicos com Lula?
BELLUZZO - Não existe equipe econômica do B. O Guido Mantega e o Henrique Meirelles [presidente do BC] estão lá presentes. Eles muitas vezes contestam veementemente o que a gente diz. O debate é assim mesmo. É preciso aprender a ter as suas idéias contestadas. No Brasil, o sujeito fica irritado quando alguém discorda dele. As reuniões são informais.
Quando uma pessoa dá uma cavalada na outra, Lula pede para parar. Ele ouve muito. A discussão é aberta. Cada um fala o que acha. A Dilma [Rousseff, ministra da Casa Civil] vai quando pode. O Ciro [Gomes, deputado federal pelo PSB do Ceará] e o Aloizio Mercadante [senador do PT paulista] também.

FOLHA - A descoordenação das políticas fiscal e monetária legará bomba-relógio ao sucessor de Lula?
BELLUZZO - Não, pelo seguinte: o Lula tem uma peculiaridade. Ao contrário de outras personalidades, ele não tem medo de olhar a dificuldade de frente. Reconhece que é uma situação difícil. Ele disse: "Vamos nos antecipar para impedir que a situação chegue a um ponto irreversível". O Lula sabe que a inflação pega em cheio as classes menos abastadas porque viveu essa experiência na pele.

FOLHA - O governo elevou a meta de superávit primário de 3,8% do PIB para 4,3%. Nos bastidores, diz-se no governo que esse superávit pode chegar a 4,5% na gestão do caixa.
BELLUZZO - Pode, mas não quero me meter na gestão do Guido [Mantega]. Ele já está suficientemente pressionado. Acho que pode chegar a 4,5%, sim. Dependerá da gestão. O que sugeri é que tem de ser mais de 4,3%.

FOLHA - Essa elevação do superávit amenizará a alta dos juros?
BELLUZZO - O choque inflacionário e sua disseminação não são de fácil administração. A inflação ficará acima do centro da meta, que é de 4,5% ao ano. [A elevação do superávit] será suficiente para impedir que [a inflação] saia do controle.

FOLHA - Qual será a inflação deste ano?
BELLUZZO - De 6%, 6% e pouco, mas é difícil prever com exatidão. O importante é manter a inflação dentro da margem de dois pontos percentuais [para cima ou para baixo, faixa para absorver imprevistos].

FOLHA - Que outras medidas, além de subir os juros, o BC pode tomar para combater a inflação?
BELLUZZO - O BC pode cuidar da velocidade da expansão do crédito. Não é apenas o gasto público que está crescendo rápido. O crédito no Brasil ainda é pequeno na comparação com outros países, mas a velocidade do crescimento é muito grande.

FOLHA - A idéia de um fundo soberano foi muito criticada por especialistas. Para alguns, dourou-se a pílula para elevar o superávit primário?
BELLUZZO - Se fosse isso, já estaria bom [risos]. Daqui a dois anos, o Brasil terá uma condição privilegiada por conta da sua dotação de recursos naturais, agora da descoberta do petróleo. O preço do petróleo provavelmente não se manterá nesse nível. Vai ficar num nível satisfatório para tornar rentável a exploração das reservas. O Brasil não poderá ser tolerante com a inflação nos próximos dois anos. Tem de olhar para a frente e fazer um sacrifício para a hora em que a economia mundial iniciar a recuperação.

FOLHA - Esse modelo atual de desenvolvimento não levará o país a ser menos industrializado e mais dependente do setor de commodities?
BELLUZZO - É a questão colocada por todo mundo com o mínimo de juízo. Não podemos virar a Arábia Saudita dos trópicos. Seria um desastre. Não há necessariamente uma oposição entre uma boa dotação de recursos naturais, exportador de commodities e industrializado.
O exemplo maior são os EUA do século 19 para cá. Os EUA conseguiram porque nunca houve país mais protecionista, graças ao pensador da manufatura americana, Alexander... [falha a memória e Belluzzo diz em tom de ironia que está ficando com mal de Alzheimer] ... Alexander Hamilton, o primeiro secretário do Tesouro dos EUA, foi morto num duelo porque era mulherengo [risos].

FOLHA - O cara era bom...
BELLUZZO - Bom... pensador [risos].

FOLHA - O resultado do PIB no primeiro trimestre, impulsionado pelo gasto público, não é literalmente uma bomba-relógio inflacionária?
BELLUZZO - Estão crescendo o gasto público e o consumo privado por causa do crédito. O crédito cresce numa velocidade muito maior do que o gasto público. É preciso uma gestão de demanda. Deixar as duas coisas crescendo tem impacto explosivo. Aí é bomba-relógio.

FOLHA - Que medida deveria ser adotada para limitar o crédito?
BELLUZZO - Cuidado com as regras prudenciais do sistema financeiro. O BC tem de propor um conjunto de regras para que o sistema bancário seja mais restrito ao conceder crédito.

FOLHA - O sr. sugeriu isso a Lula?
BELLUZZO - Sugeri, sim.

FOLHA - Concorda com a teoria de que o Brasil sofre uma "inflação importada", contra a qual a elevação dos juros não adiantaria nada?
BELLUZZO - Não dá para fazer uma separação entre inflação importada e inflação interna. São as duas coisas.

FOLHA - O BC, então, acertou ao subir juros para combater a inflação?
BELLUZZO - O BC tinha de se adiantar ao perceber que a inflação estava mudando de patamar. Mas eu disse ao Meirelles: o problema é que, se a taxa de juros estivesse a 8,5% ao ano, e ele subisse meio ponto e depois mais meio ponto, não seria criado diferencial tão grande que afetaria a taxa de câmbio. A taxa de juros estava errada, estava errada. Quando as condições externas ficaram muito favoráveis, a taxa de juros tinha de ter caído mais rapidamente.

FOLHA - O Meirelles respondeu?
BELLUZZO - Ele é democrático. Estávamos almoçando. Não contestou. Fez um meneio com a cabeça.

FOLHA - Meneio de concordância?
BELLUZZO - Não sei (risos).

FOLHA - Há risco de crise no balanço de pagamentos na gestão Lula?
BELLUZZO - Risco muito grande. Os mesmos fatores que contribuem para valorizar o câmbio contribuem para deteriorar o balanço de pagamentos.

FOLHA - Se houver crise no balanço de pagamentos, quais os efeitos?
BELLUZZO - Uma crise em geral é antecipada pelos mercados. Se acham que há risco, eles vão se mandar. No que se mandam, haveria um salto [desvalorização] no câmbio. Seria o pior dos mundos. Nos próximos meses, com a mudança de patamar inflacionário, um choque cambial seria a pior coisa. Poderia haver inflação descontrolada.

FOLHA - A crise dos EUA resultará em perda de poder daquele país?
BELLUZZO - A solução dos problemas atuais não será feita sem a presença importante dos EUA. Os EUA vêm empurrando para o mundo uma crise desde os anos 70. O mundo tinha de se ajustar a eles. Agora, é mais complicado. Os EUA vão ter de negociar. Não conseguirão impor o ajuste ao mundo.

FOLHA - Como China, Índia e Europa reagirão à crise dos EUA e qual espaço ocuparão no futuro?
BELLUZZO - São e serão protagonistas mais importantes do que já foram. Boa parte do sistema manufatureiro dos EUA, com suas empresas, está no exterior.
Os EUA têm o núcleo inovador da indústria. Continua ali. Mas, ao mesmo tempo, haverá maior partilhamento entre os países. A economia mundial tem outra estrutura. Houve mesmo uma globalização produtiva.

FOLHA - O BNDES deve atuar em negócios como a compra da Brasil Telecom pela Oi?
BELLUZZO - Deve. Uma das funções de um banco de desenvolvimento é estruturar empresas nacionais com capacidade de competição no exterior.

FOLHA - O caso Varig não é exemplo de que o governo Lula interfere em demasia nos negócios privados?
BELLUZZO - São os negócios privados que interferem nos Estados nacionais. É uma velha hipocrisia liberal achar que o Estado se mete na economia. É a economia que se mete dentro do Estado. Se houve favorecimento [no caso Varig], é outra questão, mas o Estado acaba sendo chamado a interferir.
Pergunte a um grande empresário o que ele faz quando tem um problema. Bate à porta do governo. O governo deve ter regras do que pode ou não pode atender.

FOLHA - O sr. assinou um manifesto de apoio a Serra em 2006, quando ele aventou concorrer a presidente. Quando o PSDB optou por Alckmin, o sr. apoiou Lula. Por quê?
BELLUZZO - Porque acho que são mais parecidos do que diferentes [Serra e Lula]. O Serra tromba com os problemas, como o Lula faz. É uma virtude.
Assinei o manifesto porque, naquele momento, do ponto de vista da política econômica, o Serra seria mais conveniente para o Brasil. E, depois, o Lula se mostrou mais conveniente.

FOLHA - O sr. faz ponte entre Serra e Lula, que parecem mais próximos do que no 1º mandato do petista?
BELLUZZO - Não tenho essa pretensão, mas garanto que nunca falei mal de um para o outro. Ao contrário. Acho que serão adversários políticos, mas não acho que serão inimigos.

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