quarta-feira, 30 de abril de 2008
Standard & Poor's eleva o rating do Brasil para grau de investimento
Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
30/04/08 - 16h00
InfoMoney
A reação da Bolsa de Valores de São Paulo foi imediata. Instantes após o anúncio, o Índice Bovespa disparou de alta de 1,50% para valorização de quase 4%, acima dos 66 mil pontos.
Especulação força alta do dólar e do juro
A puxada de preços feita ontem pelos fundos "comprados" foi vigorosa. De manhã, o dólar chegou a ser cotado a R$ 1,7140, em disparada de 1,48%. Fechou mais comportado, mesmo assim com valorização de 0,94%, a R$ 1,7050. A ampliação do déficit em conta corrente não justifica a alta de 2,28% registrada pela moeda em apenas dois dias. Depois do déficit de US$ 4,43 bilhões contabilizado em março, as instituições estão revendo para cima o rombo projetado para o ano, mas isso não significa reversão da tendência principal de apreciação cambial. As maiores remessas líquidas de lucros e dividendos e a ampliação dos gastos com viagens internacionais levaram a LCA Consultores, por exemplo, a rever o déficit em conta corrente dos US$ 16 bilhões estimados anteriormente para US$ 21,5 bilhões. "Esta ampliação do déficit em conta corrente, contudo, não deverá eliminar a tendência de apreciação do real, que deve persistir neste e no próximo ano. Isto porque a perspectiva é de que a entrada de dólares relativos a investimento se mantenha forte, ou até mesmo se intensifique, caso o país receba o investment grade", diz a LCA.
Por causa disso, é razoável esperar que continuem sobrando dólares no mercado doméstico, o que sustenta a expectativa de que o real mantenha sua tendência de apreciação. Poderá haver uma maior volatilidade por conta da redução do excesso de moeda, mas não se espera uma guinada de rota. Mesmo na hipótese de o Fed, após cortar a taxa básica para 2%, sinalizar o encerramento do ciclo de afrouxamento deslanchado em setembro do ano passado. Esta expectativa já fez o dólar se valorizar ontem frente as principais moedas globais, com consequente queda de preço das commodities. A mais especulativa delas, o petróleo, tombou feio. O barril fechou cotado a US$ 115,63 em Nova York, em retrocesso de 2,63%. A expectativa dos analistas é de que o Fed tenderá a conferir prioridade ao combate à inflação, deixando em segundo plano a recuperação da atividade econômica. Indicadores fracos, como os surgidos ontem, não sensibilizam mais o Fed. De acordo com dados do instituto Conference Board, o índice que mede a confiança do consumidor americano recuou de 65,9 em março para 62,3 em abril. E o ritmo de queda dos preços das casas acelerou-se. O indicador que mede esses preços em 20 áreas metropolitanas acusou declínio de 12,7% em fevereiro comparativamente a fevereiro de 2007.
No mercado futuro de juros da BM&F, a especulação altista destinada a valorizar as propostas ao leilão primário de títulos públicos realizado ontem pelo Tesouro Nacional se serviu do IGP-M acima das expectativas para puxar fortemente as projeções de CDI durante a manhã. À tarde, encerrado o leilão, a febre baixou. O IGP-M fechado de abril acusou alta de 0,69%. Embora em desaceleração frente a março, quando subiu 0,74%, o índice freou menos do que o previsto pelos analistas, que apostavam em 0,47%. As instituições invocaram a necessidade de o BC prolongar o ciclo de aperto monetário iniciado este mês como argumento para jogar o contrato c om vencimento em janeiro de 2010 para quase 14% no pregão matinal, ante 13,83% na véspera. Puro delírio especulativo. Estavam na verdade forçando o Tesouro a aumentar a remuneração dos papéis prefixados. Depois do leilão, o janeiro 10 caiu a 13,85%. O Tesouro aceitou o pedido dos bancos e vendeu 800 mil LTNs, no valor de R$ 671,40 milhões. Todas as 1,5 milhões de LFTs oferecidas também foram aceitas, girando R$ 5,152 bilhões. Contratos descasados com os prazos de vencimento das LTNs até caíram. Foi o caso do CDI com vencimento em janeiro de 2012, que cedeu de 13,93% para 13,91%.
Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças
luiz.guimaraes@valor.com.br
A alegria dos investidores em ações durou pouco. Depois de chegar perto do recorde histórico na segunda-feira, o Índice Bovespa voltou a cair, perdendo quase metade do ganho do mês em um só dia. Em abril, o retorno está agora em 4,69% e, no ano, há uma perda de 0,10%. Olhando o gráfico de julho do ano passado para cá, porém, o que se vê é que o Ibovespa já repetiu essa rotina de agonia e glória outras vezes. O que chamou a atenção desta vez foi que a recuperação foi sustentada por uma forte entrada de investidores estrangeiros. Neste mês, até dia 24, o saldo na Bovespa estava positivo em R$ 6,172 bilhões, recorde mensal absoluto, zerando as fortes saídas do ano. A pergunta que fica ao observar o ganho do mês e a forte entrada de estrangeiros é: será que o pior já passou?
A maioria dos analistas reconhece que um dos piores receios do mercado, a possibilidade de quebra de um banco de grande porte americano ou europeu, diminuiu bastante com a atuação dos bancos centrais americano e europeus injetando caminhões de dinheiro no mercado. Mas esses mesmos analistas observam que boa parte da recuperação deste ano se refere a papéis ligados a commodities. Olhando os preços médios das matérias-primas pelo Índice CRB, o que se nota é que os preços estão 30% acima dos valores de junho do ano passado.
Isso explica o forte descolamento entre o Ibovespa, que sobe 17,34% no período, e o índice americano Standard & Poor's (S&P), que cai 7,48% de junho para cá. A lista das maiores altas e baixas deste ano também mostra o efeito das commodities, com fortes ganhos das siderúrgicas. Já as baixas misturam papéis menos líquidos com casos específicos, como Cesp, cujo leilão de privatização fracassou, e Gol e TAM por conta do preço do petróleo.
A situação da bolsa melhorou em relação ao início do ano, afirma Roseli Machado, responsável pela Fator Administração de Recursos (FAR). "O problema para o mercado é quando não se sabe o tamanho da crise", diz ela. "Hoje já se sabe que não há nenhum grande banco quebrando e o mercado voltou rapidamente, o S&P e o Ibovespa acompanharam", afirma.
O que deve influenciar o mercado agora, diz, é o reflexo dessa crise bancária sobre a economia global, sobre o consumo dos americanos, e quanto tempo a economia dos EUA vai demorar para se recuperar. "Como o mercado não tem tanta clareza sobre essas variáveis, deve ter dificuldade em superar a barreira dos 66 mil pontos na Bovespa", diz Roseli. Ao mesmo tempo, quando saírem números ruins de atividade nos EUA, o mercado deve piorar e o índice volta para os 60 mil pontos. "Mas é um processo de preparação para uma arrancada do mercado no futuro", diz ela, que trabalha com um Ibovespa em 80 mil pontos no fim deste ano e vê maior potencial de ganhos no setor de siderurgia.
Além da atividade econômica mundial, outro fator de indefinição é a inflação, afirma Roseli. Se a alta for estrutural e, portanto, de longo prazo, deve levar a uma elevação dos juros ao redor do mundo, inclusive nos mercados emergentes, por algum tempo. E juro alto pode afetar os preços das commodities e, portanto, os papéis brasileiros.
A bolsa andou bem este mês e recuperou as perdas do mês passado, mas a pressão da incerteza no mercado externo continua, diz Pedro Galdi, analista de investimentos da corretora do Banco Real. Ele lembra que há dúvidas sobre o que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderá fazer para ajudar a recuperação da economia, uma vez que não pode reduzir muito os juros, que já estão abaixo da inflação. "E aí as opiniões começam a se dividir e o mercado fica volátil, com o Ibovespa variando entre os 60 mil pontos e os 66 mil", diz. "Ficamos nessa história de bem-me-quer, mal-me-quer, este mês foi de bem-me-quer." Mas ele destaca que a tendência do índice ainda é de alta e há a expectativa de que o país receba o grau de investimento não-especulativo ("investment grade"), o que vai atrair novos investidores externos para cá. Galdi estima um valor justo para o Índice Bovespa em 81 mil pontos e espera uma melhora no segundo semestre deste ano.
Nos próximos seis, oito meses, o cenário para a bolsa brasileira é ruim, afirma Caio Megale, da Mauá Investimentos. Segundo ele, ajuda nessa visão negativa o fato de o BC brasileiro ainda elevar mais a taxa de juros. "O BC vai subir os juros em até 2,5 pontos percentuais e isso não está no preço das ações hoje", alerta. E se o juro subir e segurar a economia como quer o BC, empresas de varejo devem cair mais.
Outro fator que influenciará a Bovespa será a bolsa americana. Megale está mais pessimista com a economia dos EUA, uma vez que os custos com petróleo estão aumentando, os salários diminuindo e as margens das empresas sendo comprimidas. Isso tudo deve retardar a recuperação da economia nos próximos seis, sete meses. "E, aí, fica difícil a bolsa brasileira subir com a americana caindo". No longo prazo, porém, Megale é comprador de bolsa. "Para um ano, dois, há muito crescimento de lucro que não está embutido nos preços de empresas que estão muito baratas", diz.
Os fundamentos da economia brasileira continuam bons e dão sustentação para a bolsa, acredita Tomás Awad, estrategista da Itaú Corretora. "Podemos ter alguns surpresinhas com inflação mais alta e contas externas, mas no geral o cenário é bom", diz. Ele reconhece que o cenário externo ainda é incerto, mas acha que a economia americana deve se recuperar e, com isso, o Ibovespa teria condições de atingir níveis entre 75 mil e 77 mil pontos. "Nossos preços ainda estão atrativos olhando os indicadores de Preço/Lucro (referencial que estima em anos o tempo de retorno do investimento na ação) em relação a outros países", diz. Segundo ele, o P/L do mercado brasileiro está em 10 vezes, para 13 dos EUA e 15 vezes da China e Índia.
Já Alexandre Póvoa, da Modal Asset Management, é mais pessimista. Para ele, a economia americana não vai se recuperar tão rapidamente, já a partir do último trimestre deste ano, como acreditam os analistas. Nesse cenário, os papéis de primeira linha seriam ameaçados por uma queda nas commodities e as de segunda, pela falta de liquidez. "O Ibovespa em 66 mil pontos é extremamente perigoso para o investidor", diz.
Investidores ainda têm visão curta sobre o longo prazo
Durante os últimos três anos, vivenciamos no mercado brasileiro um "boom" incrível nos preços dos ativos e nas rentabilidades de vários produtos financeiros, entre eles, os fundos de investimento. Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), o setor de fundos brasileiro já acumula patrimônio de R$ 1,2 trilhão. Só para se ter idéia, no início de 2000, o patrimônio era de R$ 297 bilhões, ou seja, um crescimento de quatro vezes.
Inúmeros foram as aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) que encantaram a todos, com rentabilidades infladas a cada novo lançamento pelo impulso dos amigos que ganharam a rentabilidade de um ano inteiro em uma hora. Vale lembrar que houve casos, como o da Bovespa Holding, em que o papel subiu 50% no primeiro dia de negociação na bolsa.
Muitos foram os recordes de captação de fundos multimercados e de renda variável inflados a cada mês pela rentabilidade do semestre anterior ou mesmo do mês anterior. Algumas vezes, até aplicações com objetivos conservadores, vivenciando a euforia do mercado, apresentaram resultados polpudos, mas fora do escopo e do histórico do produto. Não que o gestor estivesse fugindo do mandato estabelecido pelo fundo, mas certamente assumindo um risco muitas vezes excessivo em busca de um retorno fácil e rápido.
Os produtos financeiros procurados pelos investidores passaram a ser escolhidos pelo seguinte critério: "o fundo que rendeu mais no último mês ou qual o IPO que será mais rentável em menos tempo". Este processo, que chamo de "ilusão rentabilística", normalmente acontece em períodos de crescimento ininterrupto e de baixa volatilidade. Essa ilusão acaba deturpando a percepção de risco dos investidores e criando também um referencial de mercado ilusório. Isso inevitavelmente aumentará a exposição a risco do investidor trazendo surpresas desagradáveis no médio prazo.
Mas chegamos a agosto de 2007, mês que carrega a responsabilidade de três anos de histórico baseado nesse cenário. Eis que, então, a volatilidade apareceu! E, desta vez, para todos os lados. Nos primeiros meses de turbulência, muitos investidores em vez de diminuírem suas exposições ao risco - ou simplesmente não aumentarem o risco e diminuírem sua liquidez -, aumentaram suas posições, acreditando que este seria mais um pequeno "soluço" do mercado. Afinal, naquele momento, o mercado caiu tanto que muitos ativos tinham perdido substancialmente seu valor. A maioria acreditava que o mercado iria voltar.
Mas a verdade é que não voltou nem em agosto, nem em 2007 e provavelmente nem em 2008. As provisões para as perdas foram aumentando a cada toque do sino. A volatilidade aumentou em todos os mercados. Até mesmos as commodities, que haviam passados incólumes pelo início da crise, passaram a acompanhar o vai-e-vem do mercado.
Chegamos aos dias atuais. A "porta" (agora de saída das aplicações) diminuiu substancialmente. Os investidores passaram a perguntar o porquê de resultados tão ruins, o motivo para a valorização deste ou daquele ativo. Relembro: em muitos casos, os ativos hoje valem o que deveriam valer. Antes é que estavam supervalorizados. Os saques nos fundos multimercados se multiplicaram, já que muitos não repetiram os resultados padrão de meses atrás. Vale lembrar que esses fundos são aqueles mesmos que eram, até então, considerados excepcionais. A maioria dos gestores continua fazendo o que fez nos últimos três anos.
Na verdade o investidor ainda não tem visão de longo prazo. E julgo que a culpa vem da junção de três costumes brasileiros. O primeiro é o CDI exorbitante, já que os investidores se acostumaram a ganhar 30% ao ano sem volatilidade as custas do financiamento da dívida do governo. O segundo vem da famosa cota diária que inevitavelmente trouxe e traz mais ansiedade e sensação de volatilidade para os investidores. O terceiro é o que chama de "ilusão rentabilística", depois de o investidor ter vivido momentos contínuos de baixa volatilidade e ganhos significativos. A paciência do investidor ainda é curta e pouco analítica sobre o que realmente se espera de um investimento ou quais os níveis de risco que são aceitáveis. Estes investidores, que hoje vivem quase uma crise existencial, vão ter de necessariamente aceitar momentos de turbulência e de oscilações econômicas se quiserem alcançar maiores retornos em suas carteiras.
Esta visão em relação ao tempo de investimento já foi menor em outras épocas. E cada vez mais é uma questão de aculturamento de questões como segurança nas escolhas dos produtos, entendimento dos riscos e do prazo de maturação do investimento. E isto, não tem jeito, é uma questão de longo prazo.
Marcelo Pereira é sócio da TAG Investimentos
E-mail: marcelo.pereira@taginvest.com.br
terça-feira, 29 de abril de 2008
Furo na blindagem dispara dólar
As suas causas também são fonte de divergências. Para uma ala de economistas de instituições, a deterioração da conta corrente reflete sobretudo, via importações e aumento de lucro de multinacionais, um aquecimento econômico acima do equilíbrio potencial. Se é assim, o aperto monetário desencadeado pelo Copom este mês pode contribuir para reduzir o buraco externo. Para outra, ocorre justamente o contrário, pois a raiz do déficit deve ser buscada na apreciação cambial excessiva gerada pela política monetária muito apertada.
Os dados tristes divulgados ontem pelo BC sobre o setor externo foram recebidos com satisfação e alegria pelos investidores "comprados" em dólar nos mercados futuros da BM&F. Na reta final para o vencimento dos contratos de cupom cambial e dólar futuro, os "comprados" (os que apostam na alta) são os investidores institucionais brasileiros, sobretudo os fundos de investimentos. Eles carregam posição líquida "comprada" de US$ 3,71 bilhões, enquanto a posição oposta, a dos "vendidos", é ocupada pelos bancos nacionais (-US$ 1,17 bilhão) e os fundos estrangeiros (-US$ 1,81 bilhão). Mas, faltando dois pregões para o encerramento de abril, no acumulado do mês os "vendidos" ainda levam vantagem. O dólar, apesar da disparada de ontem, acumula desvalorização de 3,65% no mês. Abril pode ter encerrado um ciclo.
O quadro deficitário do balanço externo pode estar fechando um período de mais intensa apreciação cambial. Por mais atraente que esteja a taxa real de juros brasileira, a situação precária da conta corrente inibe o carry trade. O especulador se sente desconfortável com a ameaça de neutralização, pela variação cambial, do ganho financeiro proporcionado pela Selic . Trata-se de um risco ponderável em um mundo, em 2008, mais perigoso. O resultado é que o BC não poderá contar com a ajuda oferecida pelo câmbio no combate à inflação. O arrocho monetário será a via principal pela qual buscará trazer o IPCA de volta a sua meta central. Foi por esta razão, mais do que a esperada piora nas expectativas do Focus, que os juros subiram ontem no mercado futuro da BM&F.
Os prognósticos de inflação e juros das cem instituições que abastecem o Focus de dados não surpreendem pois parecem estar sempre "atrás da curva". A expectativa de IPCA para este ano subiu de 4,71% para 4,79%. E a inflação para os próximos 12 meses avançou de 4,37% para 4,43%. A projeção dos tesoureiros que fecham operações no DI iguala-se aos 5% do acumulado dos últimos 12 meses. O Focus elevou o prognóstico de Selic para dezembro de 12,75% para 13%. O ciclo de alta poderá ser mais longo e intenso do que o planejado pelo Copom. Sobretudo se a Petrobras optar por não esperar mais e corrigir de uma vez a defasagem de preço dos combustíveis, sem reajustes há três anos. O petróleo fechou ontem em alta de 0,19% na Nymex, cotado a US$ 118,75. O movimento de alta dos juros futuros foi generalizado. O CDI previsto para a virada do ano avançou de 12,71% para 12,79%. A taxa para janeiro de 2010 - o contrato mais negociado - subiu de 13,67% para 13,83%. E o contrato para janeiro de 2011 evoluiu de 13,75% para 13,93%.
Nos EUA, consolida-se a aposta de que, em sua reunião de política monetária de amanhã, o Federal Reserve (Fed) deverá cortar a taxa de 2,25% para 2%, encerrando o ciclo de baixa iniciado em setembro, quando a taxa estava em 5,25%.
Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças
luiz.guimaraes@valor.com.br
Déficit externo surpreende o BC
A conta corrente do balanço de pagamentos está sofrendo uma virada mais rápida e intensa do que a prevista pelo Banco Central. Segundo dados divulgados ontem, o saldo negativo somou US$ 10,757 bilhões no primeiro trimestre, chegando muito próximo dos US$ 12 bilhões esperados pela autoridade monetária para 2008. Para abril, a expectativa do BC é um novo resultado negativo, de US$ 2,8 bilhões, o que elevaria o déficit acumulado no ano para US$ 13,557 bilhões.
O saldo em conta corrente é um dos principais indicadores da sustentabilidade externa da economia. Nele, são incluídas as operações de comércio exterior (importações e exportações), os serviços (turismo internacional, transportes, aluguel de equipamentos, entre outros), as rendas (pagamentos de juros da dívida e remessas de lucros e dividendos) e as transferências unilaterais (sobretudo dólares remetidos ao país por brasileiros que vivem no exterior). Quando um país tem déficits em conta corrente, é obrigado a tomar empréstimos ou atrair investimentos estrangeiros para cobrir a diferença.
Entre 2003 e 2007, o Brasil registrou superávits em conta corrente, que permitiram ao país pagar parcela de sua dívida externa e acumular reservas. O BC já esperava que a partir de 2008 a economia voltasse a apresentar déficits em conta corrente, em virtude da valorização do real e do crescimento do consumo, dos investimentos e dos gastos do governo, que puxam as importações de bens e serviços e reduzem o excedente exportado pelo país. Na visão do BC, déficit de US$ 12 bilhões, que equivale a 0,86% do PIB, seria facilmente financiado, sem fragilizar os indicadores de solvência externa.
Entre o primeiro trimestre de 2007 e de 2008, as contas correntes sofreram virada de US$ 10,998 bilhões, passando de um superávit de US$ 241 milhões para um déficit de US$ 10,757 bilhões. A balança comercial explica 53% dessa virada. O saldo caiu US$ 5,885 bilhões, saindo de US$ 8,720 bilhões no primeiro trimestre de 2007 para US$ 2,835 bilhões em período correspondente de 2008. "A balança comercial viveu um período atípico neste início de ano, por isso temos que aguardar um pouco mais para ver o que nesses números é passageiro e o que é uma tendência mais permanente", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Ele lembrou que a Receita Federal entrou em greve em março, prejudicando exportações e importações; ocorreram atrasos nos embarques de soja; e houve interrupção no transporte de minério em uma das ferrovias da Vale do Rio Doce. A projeção oficial do BC é de superávit comercial de US$ 27 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 40,028 bilhões em 2007. Os analistas econômicos privados projetam um superávit comercial de US$ 25 bilhões em 2008, segundo pesquisa do BC de expectativas do mercado.
As remessas de lucros e dividendos respondem por 43% da virada no resultado em conta corrente entre o primeiro trimestre de 2007 e de 2008. De um período para o outro, as remessas de lucros e dividendos subiram US$ 4,697 bilhões, passando de US$ 3,965 bilhões para US$ 8,662 bilhões. As estatísticas parciais de abril, que cobrem até o dia 28, registram a remessa líquida de US$ 3,3 bilhões.
Lopes disse que o aumento das remessas de lucros e dividendos é causado por quatro fatores: 1) os fortes investimentos diretos e em Bolsa, que aumentam o volume de capitais estrangeiros aplicados no país; 2) a valorização do real, que aumenta os lucros, quando convertidos em dólares; 3) o bom desempenho da economia, que aumenta o lucro das empresas; 4) a crise internacional, que leva algumas empresas a remeter resultados ao exterior para cobrir prejuízos registrados em outros países.
Para Lopes, é positivo que o déficit em conta corrente seja puxado por remessas de lucros e dividendos, e não por pagamentos de juros da dívida externa, como ocorria até 2002. "As empresas só remetem lucros e dividendos quando a economia vai bem e os resultados são favoráveis", afirma Lopes. Já o pagamento de juros, afirmou, é um compromisso fixo, que deve ser honrado mesmo quando a economia vai mal. "As crises do balanço de pagamento no Brasil sempre envolveram o pagamento de juros e principal de dívida." Para ele, as fortes remessas não podem ser interpretadas como um sinal de desinvestimento na economia. "Alguns dos setores que mais remetem lucros e dividendos também estão entre os setores que mais investem dentro do país", afirmou.
O setor de serviços financeiros foi responsável por cerca de 33,5% das remessas no primeiro trimestre, com US$ 2,228 bilhões. Os investimentos diretos do setor somaram US$ 1,463 bilhão no mesmo período. A indústria automobilística respondeu por 17,7% das remessas, com US$ 1,176 bilhão, e os investimentos diretos desse setor somaram US$ 718 milhões.
O turismo internacional respondeu por 6% da virada das contas entre o primeiro trimestre de 2007 e de 2008. O déficit em turismo aumentou US$ 668 milhões, de US$ 262 milhões para US$ 930 milhões no período. Os brasileiros estão viajando mais e gastando mais no exterior. O dado positivo é que o Brasil continua a atrair turistas. Os gastos de estrangeiros no Brasil aumentaram 21% no mesmo período, para US$ 1,608 bilhão.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
We're Stuck: S&P 500 Range Bound to the Extreme
We're Stuck: S&P 500 Range Bound to the Extreme
This chart says it all.
Big Money Is Betting on Inflation, Not the Economy
Big Money Is Betting on Inflation, Not the Economy
Investors may wonder how the market can possibly rally when the economy resembles a punch-drunk boxer hanging on the ropes. The answer is fairly simple:
Why the Fed Should Leave Interest Rates Unchanged
Why the Fed Should Leave Interest Rates Unchanged
The market is expecting the Fed to cut its key interest rate by a quarter-percentage point next week and then signal that it is finished cutting rates for the time being.
domingo, 27 de abril de 2008
Mercado espera corte de 0,25 ponto percentual em juros americanos
27/04 - 18:29
Jorge A. Bañales Washington, 27 abr (EFE).
- Os mercados financeiros prevêem que na quarta-feira o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aprove outra redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, enquanto alguns economistas acreditam que o banco central poderá fazer uma pausa no afrouxamento de sua política monetária.
Na reunião do dia 18 de março, o Fed baixou em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros, assim como a taxa de desconto cobrada aos bancos por seus empréstimos, em outro esforço por conter a crise de liquidez e estimular a economia.
A medida monetária deixou em 2,25% a taxa de juros nos empréstimos interbancários de curto prazo e em 2,50% a taxa de desconto.
A última vez que a taxa básica de juros esteve em 2,25% foi no início de fevereiro de 2005.
Após essa diminuição, a sexta nos últimos seis meses, o Comitê de Mercado Aberto da Reserva emitiu um comunicado no qual advertiu que os indícios de inflação já começaram a aparecer.
Os mercados financeiros continuam apostando que na quarta-feira haverá outro corte da taxa básica de juros de curto prazo, mas nos últimos dias essas expectativas foram frustradas depois que as principais razões para um barateamento do crédito se dissiparam.
A próxima semana estará cheia de vários indicadores sobre a conjuntura econômica dos Estados Unidos antes da chegada dos cheques de devolução de impostos, previstos no plano de estímulo econômico de US$ 150 bilhões, aprovado em fevereiro pelo Congresso e promulgado pelo presidente dos EUA, George W. Bush.
O grupo empresarial Conference Board divulgará na terça-feira seu índice sobre a confiança dos consumidores, cuja despesa equivale nos EUA a mais de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB).
Na quarta-feira, antes da conclusão da reunião de dois dias do Fed, o Departamento de Comércio divulgará seu cálculo preliminar do crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano, e o consenso entre os analistas é de que haverá um aumento de 0,3%.
O ritmo de crescimento do PIB, que no terceiro trimestre do ano passado atingiu 4,9% ao ano, caiu no quarto trimestre para 0,6%. Se os analistas acertarem na previsão, a atividade econômica dos EUA entre janeiro e março desacelerou ainda mais.
Na quinta-feira o Governo dará seu relatório sobre a renda e a despesa pessoal referente a março, e os analistas esperam parcos incrementos de 0,3% em ambos.
Nesse mesmo dia, o Departamento de Comércio informará sobre as despesas de março no setor de construção, no qual segundo o consenso do mercado houve uma redução de 0,9%, enquanto a crise no segmento imobiliário continua.
Também o Departamento de Trabalho informará na sexta-feira sobre o desemprego em abril, e a expectativa dos analistas é de que o índice suba dois décimos para 5,2% da força de trabalho, em um mês no qual a economia terá perdido aproximadamente 75 mil postos de trabalho.
Todas estas expectativas pessimistas corroboram com a previsão de uma queda das taxas de juros, mas vários economistas advertem que o Fed poderá optar por aguardar o impacto que a devolução de impostos terá.
A partir do dia 2 de maio, mais de 100 milhões de contribuintes começarão a receber os cheques do Governo federal com montantes que variam de US$ 600 por indivíduo, a US$ 1.200 por casal, mais US$ 300 para cada filho.
Outro fator importante que sugere uma pausa nas quedas das taxas de juros é a queda do valor do dólar frente a outras moedas, que aparece vinculada a uma inquietante situação global de inflação, especificamente o aumento dos preços do petróleo cru e dos alimentos.
Além disso, as quedas das taxas de juros não fornecem um estímulo econômico onde mais é necessário, já que os consumidores não sentiram os benefícios imediatos como os que, supostamente, dará a devolução de impostos.
Nobel Laurelates on the Economy
Nobel Laurelates on the Economy
CNBC had three Nobel winners on Friday morn -- Joseph Stiglitz, Robert Engle and Edmund Phelps -- discussing Housing, Credit, and the state of the US economy. It was terrific television, and showed how good the medium can be when it sets its mind on it.
Incidentally, longtime readers may remember our amusing encounter with Prof Robert Engle back in 2003. If you haven't seen that, its definitely worth reading.
Joseph Stiglitz, 2001 Nobel Prize winner and Columbia University professor
"The real important point from an economic perspective is the gap between the economy’s potential growth and its actual growth. And without a doubt, there’s a big gap. I think we’re probably in a recession. The real concern is how long, how deep. This is one of the worst—clearly going to be the worst ... downturns since the Great Depression.”
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Robert Engle, Nobel Laureate Economist winner 2003 and New York University professor
"I think that we've got a lot of strength that's going to come out of the export sector, the technology sector. We've seen good earnings reports from some of them. They're thriving on this weak dollar. It's giving them a chance to sell goods all over the world. And I think that's going to probably pull us out."
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Edmund Phelps, Nobel Prize winner in economics 2006
"The rise of the unemployment rate has been mild, and it started from a very, very low level of 4.3 just ten or twelve months ago. By that metric, this is a mild downturn.”
The Market Domino Effect: Staying Ahead of the Curve
The Market Domino Effect: Staying Ahead of the Curve
The market domino effect has taken hold.
There Is Plenty to Fear in This Market
There Is Plenty to Fear in This Market
The markets are being manipulated by hedge funds probably a little more than usual.
Why Paul Krugman is Wrong
Most people know that New York Times columnist (and Princeton economist) Paul Krugman has deep ties to the Clintons, all the way back to 1992 when Bill recruited him to counter Bush I’s economic policies. So it’s no surprise he’s been writing pro-Hillary, anti-Obama pieces throughout the campaign. His latest piece “Self-Inflicted Confusion” is more of the same. The central argument here is that “[Obama] still can’t seem to win over large blocs of Democratic voters, especially among the white working class. As a result, he keeps losing big states.”
Perhaps Krugman simply chose his words poorly but the above statement implies that the white working class constitutes a large bloc of Democratic voters. By “white working class” I presume Krugman means precisely the white, heavily religious, rural, gun-owning, blue-collar voters that Hillary has won. But do these really constitute a “large bloc of Democratic voters”, as Krugman suggests? Not really. The majority of this voting bloc votes Republican, as 2004 Pennsylvania exit polls clearly show.
In 2004, of those who said religion was their top issue, Bush won 92% to 8%. Bush won rural voters 73% to 27%. And Bush won gun-owners over John Kerry 62% to 38%. The point is, while the Clinton campaign has used this voting bloc to point to Obama’s weaknesses, it isn’t a voting bloc that Democrats typically win, regardless of the candidate. They are solidly Republican.
Looking at the big picture, the fact is, both candidates have their stronger and weaker demographics. Hillary does well with older, rural, Latinos, and card-carrying Democrats. But we could just as easily question why Hillary can’t win youth, urban, African-Americans and independents, which are Obama’s strong demographics.
We should not be too surprised that Hillary won Pennsylvania since it was a closed primary (independents — Obama’s stronger demographic — could not vote) and where Hillary had the backing of the Democratic machine (governor, mayors, etc). That Obama cut a 25-point deficit a few weeks ahead of the vote down to 9.3% shows he’s making in-roads with her demographic. Recall that Obama won independents by 37 points in Missouri, 30 points in California, and even 15 points in Clinton’s home state of New York. Had 15% of the electorate been independent (as it’s typically been in open Democratic primaries) and Obama won them by 65-35, the result would have been very close — 51.7-48.3 — just a 3.4% margin. And that’s despite the fact that a whopping 32% of the voters were over 60 (Hillary’s strong demographic).
That Obama is making in-roads is clear when you compare the 2008 exit polls for Ohio and Pennsylvania. For example, Obama won 26% of the senior (65+) vote in Ohio, but improved to 37% in PA. He also won 26% of the rural vote in Ohio, and again improved to 37% in PA. Of course, there were more seniors (22% in PA vs. 14% in OH) and rural folks (20% in PA vs 10% in OH), so Hillary could put up big raw numbers in those demographics to offset her lower margins. Obama even improved among lower income voters — he actually won <$15k households (which he lost in OH) and improved from 36% to 45% among $15-30k households. He also improved his share of the white vote by a few points. And so on. So he’s making progress with his weaker groups. By contrast, Clinton isn’t making in-roads with her weaker groups. For example, she won 35% of the youth vote (18-29) in Ohio and 35% again in Pennsylvania. And she won 13% of the African-American vote in Ohio and just 10% in PA.
But the central question here is why does the media define “electability” based on winning the poor, white, rural, gun-owning worker, as opposed to the urban- or suburban voter? (Krugman’s entire argument rests on Obama not winning as many white working-class voters as Clinton) I would suggest it’s because we cling to the myth — propagated largely by Republicans, ironically — that less-educated, rural, salt-of-the-earth blue-collar Americans present the “real” America while educated, urban, more liberal white-collar workers do not. It goes back to John Locke — the idea that the guy who “works the land” has a higher claim on it than others. To me, if Democrats are going to improve the disparities between the haves and the have nots, fix the messes in education and health care, and adopt a more sensible foreign policy, they need to make their case on its own merits, not simply accept how Republicans have framed the debate (and then proceed to demonstrate how they, too, can pander to the Republican base).
The reality is, America today is largely an urban, service-based economy, not a rural, resource-based one. Americans are primarily suburban (50%) and urban (30%) — 80% in urban areas — and only 20% rural. The battleground in November is the suburbs (also where the highest % of independents live), not the sparsely-populated rural areas, which are solidly Republican, nor the cites, which are solidly Democrat (even in red states). The key to Democratic victory is winning over suburban independents and mobilizing huge turnout in solidly Democratic cities, not trying to convert gun-toting rural Republicans to suddenly vote Democrat (it ain’t gonna happen!).
Now it’s pretty clear that Hillary cannot catch Obama in delegates. Hillary picked up only 10 extra in PA, so Obama dropped from 166 to 156. He’s on pace to win 55-60% to 40-45% in North Carolina, which would net him between 15-25 extra delegates, so even if Hillary narrowly wins Indiana (he currently leads by a point or two), she’ll be worse off on May 7 than she was before PA. That’s why Axelrod says the basic dynamics of the race haven’t changed. It’s hardly accurate for Krugman to say that because his campaign manager said this that his campaign isn’t still transformational (indeed, Obama’s largest rally yet drew 35,000 in Philadelphia last week). So whether you argue it on the “math” or whether you look at the progress he’s making with her demographic groups, it’s clear to any objective observer that Obama will be the Democratic nominee. Unless…
But let’s say she makes an argument to the 300 or so undecided superdelegates so they overturn the results from 30+ million voters. Given that the Democrats need to win over independents — a demographic in which Hillary doesn’t do well, especially against McCain, who is popular among independents — and a large turnout in the (heavily African-American) cities, it should be clear that if Hillary wins by swaying the party establishment, she’s going to have a hard time winning the election. She won’t get the independents and she’ll have a hard time mobilizing the (heavily African-American) cities, who will feel dis-enfrachised that Obama isn’t the nominee, despite winning the primaries and caucuses.
Mark my words. If Hillary is the nominee, the Democrats lose. There’s no guarantee that Obama will win, but he sure gives the Democrats the best chance.
Self-Inflicted Confusion
Self-Inflicted Confusion
After Barack Obama’s defeat in Pennsylvania, David Axelrod, his campaign manager, brushed it off: “Nothing has changed tonight in the basic physics of this race.”
He may well be right — but what a comedown. A few months ago the Obama campaign was talking about transcendence. Now it’s talking about math. “Yes we can” has become “No she can’t.”
This wasn’t the way things were supposed to play out.
Mr. Obama was supposed to be a transformational figure, with an almost magical ability to transcend partisan differences and unify the nation. Once voters got to know him — and once he had eliminated Hillary Clinton’s initial financial and organizational advantage — he was supposed to sweep easily to the nomination, then march on to a huge victory in November.
Well, now he has an overwhelming money advantage and the support of much of the Democratic establishment — yet he still can’t seem to win over large blocs of Democratic voters, especially among the white working class.
As a result, he keeps losing big states. And general election polls suggest that he might well lose to John McCain.
What’s gone wrong?
According to many Obama supporters, it’s all Hillary’s fault. If she hadn’t launched all those vile, negative attacks on their hero — if she had just gone away — his aura would be intact, and his mission of unifying America still on track.
But how negative has the Clinton campaign been, really? Yes, it ran an ad that included Osama bin Laden in a montage of crisis images that also included the Great Depression and Hurricane Katrina. To listen to some pundits, you’d think that ad was practically the same as the famous G.O.P. ad accusing Max Cleland of being weak on national security.
It wasn’t. The attacks from the Clinton campaign have been badminton compared with the hardball Republicans will play this fall. If the relatively mild rough and tumble of the Democratic fight has been enough to knock Mr. Obama off his pedestal, what hope did he ever have of staying on it through the general election?
Let me offer an alternative suggestion: maybe his transformational campaign isn’t winning over working-class voters because transformation isn’t what they’re looking for.
From the beginning, I wondered what Mr. Obama’s soaring rhetoric, his talk of a new politics and declarations that “we are the ones we’ve been waiting for” (waiting for to do what, exactly?) would mean to families troubled by lagging wages, insecure jobs and fear of losing health coverage. The answer, from Ohio and Pennsylvania, seems pretty clear: not much. Mrs. Clinton has been able to stay in the race, against heavy odds, largely because her no-nonsense style, her obvious interest in the wonkish details of policy, resonate with many voters in a way that Mr. Obama’s eloquence does not.
Yes, I know that there are lots of policy proposals on the Obama campaign’s Web site. But addressing the real concerns of working Americans isn’t the campaign’s central theme.
Tellingly, the Obama campaign has put far more energy into attacking Mrs. Clinton’s health care proposals than it has into promoting the idea of universal coverage.
During the closing days of the Pennsylvania primary fight, the Obama campaign ran a TV ad repeating the dishonest charge that the Clinton plan would force people to buy health insurance they can’t afford. It was as negative as any ad that Mrs. Clinton has run — but perhaps more important, it was fear-mongering aimed at people who don’t think they need insurance, rather than reassurance for families who are trying to get coverage or are afraid of losing it.
No wonder, then, that older Democrats continue to favor Mrs. Clinton.
The question Democrats, both inside and outside the Obama campaign, should be asking themselves is this: now that the magic has dissipated, what is the campaign about? More generally, what are the Democrats for in this election?
That should be an easy question to answer. Democrats can justly portray themselves as the party of economic security, the party that created Social Security and Medicare and defended those programs against Republican attacks — and the party that can bring assured health coverage to all Americans.
They can also portray themselves as the party of prosperity: the contrast between the Clinton economy and the Bush economy is the best free advertisement that Democrats have had since Herbert Hoover.
But the message that Democrats are ready to continue and build on a grand tradition doesn’t mesh well with claims to be bringing a “new politics” and rhetoric that places blame for our current state equally on both parties.
And unless Democrats can get past this self-inflicted state of confusion, there’s a very good chance that they’ll snatch defeat from the jaws of victory this fall.
Nobel Joseph Stiglitz acusa Bush e Fed por crise financeira
Nobel Joseph Stiglitz acusa Bush e Fed por crise financeira
"Toda essa história de que a Europa agora quer se desassociar dos EUA é um mito. O dólar fraco continuará afetando a economia européia porque dificultará as exportações européias", declarou o economista americano à revista austríaca "Profil".
Stiglitz, que foi assessor do ex-presidente americano Bill Clinton, também afirma que o enfraquecimento do dólar frente ao euro e ao iene é parte de uma política proposital para "empobrecer os vizinhos".
Para ele, os principais responsáveis pela crise são o presidente dos EUA, George W. Bush, e o ex-presidente do Fed Alan Greenspan.
Segundo Stiglitz, Bush encarregou Greenspan de estimular a economia após fracassar em sua tentativa de fazê-lo basicamente através da diminuição dos impostos.
Contudo, a redução dos juros decidida por Greenspan favoreceu o crédito de tal forma que provocou uma crise no setor hipotecário.
Na entrevista que a "Profil" publicará amanhã, Stiglitz diz que, "infelizmente, esse homem (Greenspan) cometeu muitos erros".
"O primeiro foi seu apoio a todas essas reduções tributárias feitas na Administração Bush. Elas não estimularam muito a economia.
Essa incumbência depois foi transferida à política monetária. Mas depois, mediante taxas de juros baixas, essa uma avalanche de créditos", acrescentou.
O Nobel da Economia também diz que Bush é o responsável, "mediante as constantes reduções fiscais e os enormes gastos com o conflito no Iraque", pela economia ter se tornado menos resistente do que deveria ser.
Também segundo Stiglitz, os responsáveis pelas bolsas de Wall Street contribuíram para o desastre: "Estes defensores do livre mercado são para mim autênticos hipócritas. O que realmente pretendem é ter liberdade para exploram o sistema. E, enquanto isso, negam o fato de que em um mercado desenfreado não existe a igualdade de oportunidades".
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