quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Fed mantém juros e sinaliza estabilidade

Regina Cardeal
Da agência AE/Dow Jones

O banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), enfrentando uma crise nos mercados de crédito que já dura um ano, manteve as taxas de juro inalteradas em 2% ao ano, como era esperado. Manifestando preocupação com o aumento dos preços, assim como com o enfraquecimento da economia, o comunicado divulgado não deu sinais de que o banco central planeje mudar sua política monetária no futuro próximo.

A nota divulgada ao término da reunião afirma que a inflação continua sendo uma preocupação "significativa", mas acrescenta que as condições nos mercados de crédito, trabalho e moradia ainda representam um risco para o crescimento econômico. Segundo analistas, o texto sugere que o Fed provavelmente não elevará o juro pelo menos até o fim deste ano.

Observadores do Fed opinaram que o banco central foi muito menos duro do que poderia ter sido, depois de vários membros-votantes do Fed terem dado recentemente tantas declarações agressivas contra a inflação. O Comitê de Mercado Aberto (Fomc), responsável pela política monetária do Fed, votou por 10 a um para que a taxa dos Federal Funds, os títulos que lastreiam os empréstimos entre os bancos no overnight, permanecesse inalterada em 2% pela segunda reunião consecutiva.

REDUÇÃO DE TAXA. A taxa foi reduzida 3,25 pontos porcentuais entre setembro e abril para limitar o contágio da crise nos mercados de crédito e moradia à economia em geral. A taxa de redesconto, juro cobrado pelo Fed em seus empréstimos diretos aos bancos, permaneceu em 2,25% ao ano.

O presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, foi dissidente pela quinta vez consecutiva, ao defender a elevação do juro. Pelo segundo encontro seguido, ele foi o único a discordar da decisão majoritária. Isso sugere que a autoridade monetária está, em sua maioria, unida sobre adotar uma postura cautelosa em relação aos juros.

Elizabeth Duke, que assumiu oficialmente ontem uma das cadeiras do Conselho de Governadores do Fed, após prestar juramento no gabinete do presidente da instituição, Ben Bernanke, votou com a maioria pela manutenção. O comunicado mostra que o Fed continua incerto sobre o futuro da economia e, por isso, pode ter deixado todas as opções em aberto.

"Embora os riscos de baixa do crescimento continuem, os risco de alta da inflação também são uma preocupação significativa", afirma o texto. Com os preços do petróleo caindo nas últimas semanas, o Fed ressaltou que a inflação elevada foi "impulsionada por aumentos anteriores" nos preços de energia e de outras commodities. O banco central manteve sua análise da reunião de junho, de que a inflação deve se moderar mais adiante neste e no próximo ano, embora "o cenário de inflação continue altamente incerto".

ESTRESSE. Ao mesmo tempo, o Fed removeu o trecho do comunicado de junho que indicava que os riscos ao crescimento "pareciam ter de alguma forma diminuído". O comunicado manteve a referência aos temores de que o crescimento poderá ser pressionado nos próximos meses pelo enfraquecimento dos mercados de trabalho e financeiro "sob considerável estresse".

Os cortes no juro que deixaram a taxa dos Fed Funds em 2%, dos 5,25% em que estavam em setembro passado, melhoraram apenas parcialmente as condições de crédito nos EUA. Os juros das hipotecas de 30 anos, por exemplo, estão mais altos agora do que estavam há um ano, porque os bancos tornaram mais rígidos seus critérios de empréstimos e os problemas das agências hipotecárias gigantes patrocinadas pelo governo Fannie Mae e Freddie Mac contribuíram para piorar a turbulência dos mercados.

Ao mesmo tempo, os bancos enfrentam perdas expressivas com as hipotecas. A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor, atingiu 5% em junho em comparação com um ano antes, o maior nível em 17 anos. O principal termômetro de inflação do Fed, o índice de preços de gastos com consumo pessoal, atingiu 4,1%. Excluindo alimentos e energia, a inflação ficou em 2,3% em junho, bem acima da faixa de 1,5% a 2% vista como a zona de conforto do Fed.

Vale encerra oferta global com US$ 19,4 bi

CEZAR FACCIOLI
Do Jornal do Commercio

A Vale comunicou o encerramento da distribuição pública primária de 256.926.766 ações ordinárias e de 189.063.218 ações preferenciais classe A, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal de emissão da Vale, inclusive sob a forma de American Depositary Shares (ADSs), representadas por American Depositary Receipts (ADRs), ao preço de R$ 46,28 por ação ordinária e US$ 29 ou 18,25 euros por ADS ordinário, e de R$ 39,90 por ação preferencial classe A e US$ 25 ou 15,74 euros por ADS preferencial, perfazendo o montante de US$ 19.434.193.128,68.

A curiosidade dos analistas e operadores, agora, deverá voltar-se para as prioridades de uso dos recursos. A Vale, Roger Agnelli à frente, tem insistido que o portfólio próprio, tanto no greenfield (projetos que partam do zero) quanto no brownfield (ampliações e modernizações), tem retorno incomparável.

Mesmo assim, bancos de investimento como Morgan Stanley e Bear Stearns divulgaram relatórios especulando os alvos prováveis de aquisição pela Vale, como a Morgan Freeport e a Alcoa.

Mesmo uma nova oferta pela Xstrata, em bases mais ambiciosas que os já impensáveis US$ 90 bilhões cogitados da vez anterior, não foi descartada. Nem o recuo de cotações ensaiado pelas commodities, no rastro dos primeiros sinais de desaquecimento na locomotiva chinesa, esvaziou de vez essas apostas.

No âmbito da Oferta Internacional foram colocadas 63.506.751 ações preferenciais classe A e 80.079.223 ações ordinárias sob a forma de ADSs representadas por ADRs. A quantidade total das ações objeto da Oferta já considera 24.660.419 ações preferenciais classe A emitidas pela Vale em razão do exercício da Opção de Lote Suplementar pelo Coordenador Líder da Oferta, opção esta que lhe foi concedida nos termos do artigo 24 da Instrução CVM 400 (o chamado "green shoe").

AUTORIZAÇÃO. A realização da Oferta Global, seus termos e condições e o aumento de capital da Vale foram autorizados em reuniões do Conselho de Administração da Vale realizadas nos dias 12 de junho de 2008, 1º de julho, 17 de julho e 5 de agosto e a fixação do preço por ação foi aprovada em reunião do Conselho de Administração da Vale realizada em 16 de julho de 2008 e a emissão das ações objeto da Opção de Lote Suplementar foi homologada em reunião do Conselho de Administração da Vale realizada ontem.

A distribuição primária foi previamente submetida à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e registrada sob o n.o CVM/SRE/REM/2008/010, em 17 de julho de 2008. O Anúncio de Encerramento da referida distribuição pública primária de ações ordinárias e de ações preferenciais classe A de emissão da Vale está sendo publicado hoje contendo todos os dados finais de distribuição das ações.

A história não acabou

Em 1896, o autor inglês E. E. Williams intitulou um ensaio "Made in Germany" porque quando começou a escrevê-lo notou que, para seu horror, o lápis que usava tinha sido produzido na Alemanha. Em 1885, o ministro prussiano Robert von Puttkamer ordenou a expulsão dos trabalhadores imigrantes poloneses. Os países toleram mal as ameaças da globalização - seja na forma de investimentos estrangeiros, da competição de importados, da imigração de trabalhadores.

O capitalismo passa por sua segunda onda de liberalismo e globalização. A primeira foi no século XIX, quando os fluxos de capital, produtos e migrantes, devidamente normalizados pelo "tamanho" da economia e da população, atingiram patamares iguais ou maiores que nos anos recentes. Mas nem a visão liberal, nem a globalização, duraram muito. A crise das primeiras décadas do Século XX foi o pano de fundo para uma forte reação aos dois movimentos. A resposta veio na forma de proteção do mercado nacional, restrição ao fluxo de capitais e fechamento das fronteiras aos imigrantes, além da introdução de uma série de políticas de proteção social.

A competição gera insegurança e instabilidade. A regulação dos mercados (de capitais, de bens e serviços e de trabalho) produz segurança e estabilidade. O mundo do pós 1ª Guerra tornou-se pós-liberal.

O engessamento dos mercados e a segurança da regulação, porém, reduzem os incentivos à inovação, à eficiência e ao crescimento da produtividade. Em resposta aos efeitos do desemprego e da estagnação dos anos 1970 e 80, através de vários movimentos - intelectuais, empresariais e político -, houve uma volta do liberalismo e da globalização. O mundo dos anos 1990 em diante é neoliberal.

Mas a harmonia internacional dos últimos anos está dando lugar a conflitos que brotam da emergência dos novos atores - os produtores de petróleo, os trabalhadores chineses e indianos, os fundos de investimento soberanos. O que acontece agora, segundo o jornalista Fareed Zakaria, é que estamos em uma fase essencialmente pós-americana em que o resto do mundo tem relevância cada vez maior. Não é exatamente verdade que "a história acabou" (Fukuyama) nem que "o mundo é plano" (Friedman). E os EUA não estão cômodos com esse novo contexto.

Na década de 90, houve um debate importante sobre as causas da estagnação dos salários dos trabalhadores menos educados e a piora da distribuição de renda nos EUA. De um lado estavam os que acreditavam no impacto da competição dos bens importados de países periféricos. De outro, os que argumentavam que a adoção de novas tecnologias era a responsável, já que elas aumentavam o valor relativo dos trabalhadores mais educados. Apesar do apelo político do primeiro argumento, nos meios acadêmicos venceu o segundo devido à pequena importância relativa dos bens importados.

Paul Krugman foi o principal defensor do argumento de que a tecnologia era a responsável pela estagnação dos salários. Ele venceu o debate. Mas em um recente artigo publicado no New York Times, ele mudou suas convicções: "Quando os efeitos das exportações do Terceiro Mundo sobre os salários nos EUA se tornaram uma questão, alguns economistas - eu inclusive - olharam os dados e concluíram que os efeitos sobre os salários nos EUA eram modestos. O problema agora é que esses efeitos podem não ser mais modestos como eram, porque as importações de manufaturados do Terceiro Mundo cresceram dramaticamente - de apenas 2,5% do PIB em 1990 para 6% em 2006".

Krugman não é o único liberal americano preocupado com os efeitos da competição dos importados. Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro, escreveu no Financial Times que "há razões para pensar que o sucesso econômico no exterior será mais problemático para os trabalhadores americanos no futuro. Primeiro, os países em desenvolvimento cada vez mais exportam bens como computadores, que os EUA produzem em escala significativa, colocando pressão sobre os salários. Segundo, o crescimento de países como a China aumenta a competição por recursos como energia e o meio ambiente, aumentando o preço para os americanos. Terceiro, e mais fundamental, o crescimento da economia global encoraja o desenvolvimento de elites sem Estado ( 'stateless elites') cujo compromisso é com o sucesso econômico global e sua própria prosperidade, em vez dos interesses na nação onde estão suas matrizes".

Summers não está convencido de que a globalização é boa para os EUA e de que o que é bom para a Ford é bom para os americanos. "A razão mais importante para duvidar que uma economia global integrada e crescentemente bem-sucedida beneficiará os trabalhadores americanos é o enfraquecimento da relação entre o sucesso dos trabalhadores de um país e o sucesso de seus parceiros comerciais e de suas empresas. A situação é diferente quando em uma economia aberta, onde investimento em inovação, marcas, uma forte cultura corporativa, ou mesmo certos tipos de equipamentos, podem ser combinados com trabalhadores de qualquer lugar do mundo".

Neo-protecionismo! Krugman e Summers são luminares do liberalismo - foram professores de algumas gerações de policy makers mundo afora, artífices da globalização. "Então, estou argumentando a favor de protecionismo?", pergunta-se Krugman. "Não", é a sua resposta. Mas sua visão é que globalização não é boa para todos. E tanto ele quanto Summers parecem convencidos de que pode ser muito ruim para dezenas de milhões de americanos.

O que propõem então? Propõem a ampliação da rede de proteção social nos EUA - saúde pública universal, por exemplo - para lidar com os mais vulneráveis ao ataque estrangeiro e padronização dos standards tributários e trabalhistas no mundo. Não deixa de ser uma revisão social-democrata. Se levada a cabo, como se viu no pós-Guerra, pode ter repercussões importantes para países como China, Brasil e Índia.

O que de fato vai ocorrer, ninguém sabe. Mas chama atenção que os autores dos melhores textos sobre liberalismo se mostrem tão preocupados com o bem-estar dos americanos quando o mundo abraçou seus ensinamentos. Fossem eles políticos, não surpreenderia. Sendo eles intelectuais e ideólogos, chama muita atenção.

Edward Amadeo

Modelo econômico beneficiou mais os mais pobres, mostra pesquisa do Ipea

De Brasília
O percentual de famílias pobres caiu de 32,9% para 24,1% da população nas seis maiores regiões metropolitanas do país entre 2002 e 2008, segundo trabalho realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Ministério do Planejamento. Isso representa uma redução de quase um terço no total de pobres, ou cerca de 3 milhões de pessoas.

O levantamento, com base na pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera como pobres pessoas em famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 207,50). Já o percentual de indigentes (renda de até R$ 103,75) caiu pela metade no mesmo período, de 12,7% para 6,6%, uma redução de 2,4 milhões de pessoas nessa condição. Hoje, 27,4% dos pobres são considerados indigentes - em 2002, esse percentual era de 38,6%. "As medidas para o combate da indigência estão tendo resultados mais efetivos que as medidas para combate da pobreza", avalia o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

Em números absolutos, as duas regiões metropolitanas que registraram as maiores quedas na pobreza foram São Paulo e Rio de Janeiro, com redução de 1,15 milhão e 571 mil, respectivamente, no número de pessoas pobres entre 2002 e 2008. A região que registrou a menor redução foi Recife, cerca de 300 mil pobres a menos. Além dessas regiões, entraram na pesquisa Porto Alegre e Salvador. Em termos proporcionais, no recorte regional, a maior queda da pobreza foi registrada em Belo Horizonte, de 38,3% da população em 2002 para 23,1% em 2008. No Rio, o percentual de pobres saiu de 28,4% para 22%.

O estudo do Ipea mostra que, entre 2002 e 2008, o crescimento da economia beneficiou também os mais ricos (indivíduo pertencente a famílias cuja renda mensal é igual ou superior a 40 salários mínimos, ou R$ 16,6 mil). Em termos percentuais, os ricos passaram de 0,8% da população em 2003 para 1% em 2008, mesmo percentual do ano de 2002. Em números absolutos, cresceram de 362 mil para 476,5 mil.

Segundo o Ipea, o crescimento da economia beneficiou menos os ricos e pessoas de classe média alta. "O crescimento econômico vem acompanhado de mais empregos, que estão basicamente na base da pirâmide. A expansão do emprego de classe média alta depende da continuidade do crescimento", disse Pochmann.

Para Pochmann, a saída de 3 milhões de brasileiros da pobreza entre 2002 e o fim de 2008 nas seis maiores regiões metropolitanas do país, conforme a previsão do órgão, é influenciada pelo crescimento da economia (com geração de emprego formal e aumento salarial), os ganhos reais do salário mínimo e as políticas sociais.

Os resultados do levantamento também mostram que, no período analisado, houve ascensão de uma classe intermediária: enquanto em 2002 aproximadamente dois terços da população nos grandes centros integravam a chamada classe média e classe média baixa, em 2008 a participação deverá crescer para um percentual mais próximo a três quartos.

Para analistas, commodity em queda pode levar IPCA à meta

Rafael Rosas, Valor Online, do Rio
A recente queda dos preços das commodities nos mercados internacionais contribuiu para que economistas voltassem a considerar a possibilidade de que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche dentro da meta de 4,5% - com dois pontos percentuais de variação para cima ou para baixo - este ano.

Para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, já há um período preliminar de inflexão da curva de inflação no Brasil. "Acho que a inflação já parou de subir e agora ela tende a infletir no sentido de redução. Há um período de digestão desse processo pela frente", frisou o executivo, que participou ontem de seminário promovido pela Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro (Aberj).

Coutinho afirmou que fechar ou não 2008 com inflação dentro do teto da meta perseguida pelo governo (6,5%) não é o mais relevante. Segundo ele, o mais importante é deixar claro que há uma tendência de inflação sob controle. "O importante é o fato de que, aparentemente, estamos ultrapassando o pico das pressões e vamos daqui para frente administrar um processo de redução da inflação", sustentou.

O diretor de Pesquisa e Análise Macroeconômica do Bradesco, Octavio de Barros, acredita que há uma "possibilidade tangível" de que a inflação medida pelo IPCA fique abaixo do teto de 6,5%. "Se considerarmos o patamar de ontem das commodities, com a taxa de câmbio atual, e projetarmos isso até o fim do ano, a inflação pelo IPCA fica abaixo de 6,5%", afirmou Barros, ponderando que a previsão do Bradesco é de IPCA de 6,7% este ano. "Mas confesso que preciso observar um pouco mais, mas existe uma possibilidade tangível de que a inflação em 2008 fique abaixo de 6,5%", ressaltou o executivo do Bradesco.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que abriu o evento, voltou a deixar claro, por sua vez, que a prioridade da autoridade monetária é evitar a persistência da inflação em níveis mais elevados. "Já tivemos essa experiência no Brasil. Então não existe, em última análise, a médio e longo prazos, essa alternativa de tentar manter indefinidamente um desequilíbrio (entre oferta e demanda) via simplesmente aceitar inflações mais elevadas", afirmou Meirelles.

Já o economista-chefe do Banco Santander no Brasil, Alexandre Schwartsman, lembrou que a política fiscal é outro braço essencial para garantir o crescimento sustentável da economia do país. Segundo o ex-diretor do Banco Central, para cada duas unidades adicionadas ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 1994 e 2006, o governo se apropriou de uma. "Do ponto de vista do crescimento, esse arranjo é profundamente prejudicial. A estrutura fiscal brasileira é profundamente perversa do ponto de vista do crescimento", ressaltou Schwartsman.

Também presente ao evento, a presidente da Standard & Poor´s no Brasil, Regina Nunes, criticou a sobrecarga existente em cima da política monetária, que, segundo ela, "faz a lição de casa muito bem feita". Para Regina, o aumento do superávit primário em um cenário de inflação alta como o atual não passa de "obrigação". "Tem-se que tomar medidas mais rígidas", disse, cobrando da iniciativa privada união para pressionar pela aprovação de reformas, como a tributária, que tramitam no Congresso.

Câmbio já ajuda menos a conter preços

Cibelle Bouças, de São Paulo
A economia brasileira poderá deixar de contar com uma âncora importante para conter a alta inflacionária em 2009. A variação cambial, que desde 2003 ajudou a reduzir o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em até dois pontos percentuais por ano, deve apresentar contribuição menor em 2008. E no próximo ano, se forem confirmadas as previsões de depreciação do real frente ao dólar, o papel do câmbio se inverterá e ele voltará a ser fator de estímulo à alta da inflação.

De acordo com Zeina Latif, economista-chefe do banco ING, desde meados de 2007 a valorização do real não tem sido suficiente para compensar a alta nos preços internacionais de commodities agrícolas, metálicas e do petróleo. A conseqüência foi o maior repasse de preços ao mercado interno. "O câmbio sozinho continua tendo um impacto favorável sobre a inflação, mas esse resultado tem sido mais do que compensado pela alta das commodities", afirma.

Zeina estima que o dólar encerrará o ano cotado a R$ 1,66, o que equivaleria a uma valorização de 7% do real no ano. Com tal apreciação, o câmbio daria uma contribuição negativa de 0,6 ponto percentual ao IPCA. Em 2007, quando o real valorizou-se em 17%, o repasse cambial foi de 1,12 ponto percentual negativo, segundo dados do Banco Central. "A apreciação cambial ainda será significativa, mas já não oferece uma contribuição relevante para a composição das taxas inflacionárias", diz.

A SLW Asset Management estima a cotação do dólar a R$ 1,58 no fim deste ano, contribuindo para a redução do IPCA em 0,5 ponto percentual. "Já em 2009, o câmbio deixa de ser uma âncora e passa a ser mais um fator de pressão", prevê Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista-chefe da consultoria. Ele estima para o próximo ano uma desvalorização cambial de 7,5%, com o dólar fechando a R$ 1,70. Se a previsão se confirmar, o repasse cambial contribuirá para elevar o IPCA do ano em 0,36 ponto percentual, chegando a 5,4%, contra 6,1% neste ano. A última vez em que o câmbio ajudou a pressionar a inflação foi em 2002, com contribuição de 5,82 pontos percentuais em um IPCA de 12,53%.

Para Luis Fernando Azevedo, economista da Rosenberg Consultores Associados, o efeito do repasse cambial sobre a inflação de 2008 e de 2009 terá pouca relevância. Esse efeito é observado no grupo de produtos comercializáveis no exterior (tradeables) e no Índice de Preços por Atacado (IPA) do Índice Geral de Preços (IGP) - 95% desse grupo são commodities e têm preço balizado pelo mercado internacional. Ele observa que, desde que foi estabelecido o regime de metas de inflação, o indicador inflacionário acompanhava as variações do câmbio. Mas, com a aceleração de preços no segundo semestre de 2007, as curvas de IPCA e câmbio se descolaram. "Hoje, a taxa de inflação está muito mais vinculada à expectativa futura de inflação do que ao câmbio", afirma. A Rosenberg estima que o dólar terminará o ano a R$ 1,65.

A RC Consultores projeta um real mais valorizado, encerrando 2008 a R$ 1,60, que ajudaria a garantir o cumprimento da meta de IPCA para o ano, de 6,5%. Para 2009, as projeções são de câmbio a R$ 1,70 e inflação em 4,5%. Fábio Silveira, sócio da consultoria, considera em sua análise um aumento da entrada de investimento estrangeiro direto por conta da recente elevação da taxa básica de juros para 13% e uma desaceleração nos preços de alimentos no país, seguindo a queda das commodities agrícolas no mercado internacional. "A desaceleração de preços no mercado externo já deve se refletir nos indicadores de setembro no atacado. E deve chegar ao varejo no quarto trimestre."

Na contramão, Eduardo Yuki, economista do BNP Paribas Asset Management, espera para 2009 uma nova valorização do real, com o câmbio situando-se entre R$ 1,50 e R$ 1,55, fruto da atração de dólares ao país após o aumento da taxa básica de juros. "A decisão do Banco Central de elevar os juros é fundamental para catalisar o processo de desaceleração de preços, que já acontece no mercado externo", diz. Para ele, o câmbio em 2009 ainda contribuirá para reduzir a taxa do IPCA, projetada em 4,9%.

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Resposta da Paris Hilton a McCain

BC americano e petróleo reanimam as bolsas

As bolsas americanas fecharam em forte alta ontem após o Federal Reserve sinalizar que não há pressa em elevar as taxas de juros e com a queda petróleo, impulsionando o índices Dow Jones e S&P 500 para a maior alta diária em quatro meses.

O Dow Jones teve forte alta de 2,94%, mais de 300 pontos, indo a 11.615 pontos. O Standard & Poor's 500 subiu 2,87%, a 1.284 pontos. O Nasdaq avançou 2,81%, a 2.349 pontos.

O Fed, como esperado, manteve a taxa de juro em 2%, e seu comunicado amenizou as preocupações de investidores que a inflação forçaria uma alta no juro nos próximos meses.

Os preços do petróleo recuaram mais de 2%, fechando abaixo de US$ 120 por barril pela primeira vez em três meses. Este recuou deu mais alívio sobre a inflação e deu esperança sobre os gastos do consumo, que têm sido pressionados pelos recordes do petróleo.

Entre os grande ganhadores do dia estiveram os varejistas, bancos e companhias aéreas, enquanto que ações ligadas às commodities ampliaram suas perdas.

"O mercado parece estar reagindo favoravelmente à idéia de que o Fed não elevará as taxas de juros em breve. Parece que o Fed tem adotado uma posição mais suave (sobre a inflação), falando mais sobre os riscos para o crescimento", afirmou Richard Sparks, analista sênior de ações da Schaeffer's Investment Research.

O principal índice de ações européias fechou em alta de quase 3% nesta terça-feira, reagindo à queda nos preços do petróleo e ao resultado melhor que o esperado do Société Générale.

O índice de blue chips FTSEurofirst 300 subiu 2,55%, para 1.181 pontos. O índice ainda acumula queda de 22% no ano.

Ações de empresas aéreas, sensíveis à variação do petróleo, estiveram entre os destaques positivos após a queda do barril. A Ryanair subiu 15% e a British Airways avançou 5,7%, enquanto a Air France-KLM, que divulgou lucros maiores que o esperado, teve alta de 9,2%.

A cervejaria dinamarquesa Carlsberg disparou 16% após anunciar lucros melhores que o previsto no segundo trimestre. O resultado levantou as ações de rivais como Heineken, que subiu 5,3%, e InBev, que avançou 6,1%.

Em Londres, o índice Financial Times fechou em alta de 2,52%, a 5.454 pontos. O DAX, de Frankfurt, avançou 2,66%, para 6.518 pontos. Também subiram as bolsas de Paris (2,47%), Milão (2,72%), Madri (2,65%) e Lisboa (0,03%).

'Vendido' desmonta US$ 1 bi por dia

Em apenas quatro pregões, as apostas contra o dólar e a favor do real feitas por investidores estrangeiros na BM&F se reduziram à metade. As posições "vendidas" líquidas nos segmentos de dólar futuro e cupom cambial, carregadas pelo capital externo, caíram de US$ 8,53 bilhões no dia 29 de julho para US$ 4,58 bilhões na segunda-feira, última posição oficialmente conhecidas. Ou seja, os fundos estrangeiros estão desmontando posições ao frenético ritmo de US$ 1 bilhão por dia. Por que a queda se tais operações costumam render o maior juro real do mundo, de 8,74% (diferença entre o swap de 360 dias a 14,58% e a expectativa de IPCA Focus 12 meses à frente, de 5,37%), além da variação cambial?

O carry trade dólar versus real está sendo desarmado aceleradamente por duas razões. A primeira é que a perspectiva de desaquecimento econômico global, ao promover a valorização internacional do dólar (mesmo que a prioridade antiinflação do Federal Reserve não seja muito clara), derruba as commodities nas bolsas de derivativos de Chicago, Nova York e Londres. E os hedge funds posicionados em Brasil precisam sair desse carry trade lucrativo para cobrir prejuízos nessas outras praças. Ontem o barril de petróleo negociado na Nymex caiu 1,84%, para US$ 119,17. O índice CRB, que acompanha os preços das 19 principais commodities energéticas, agrícolas e metálicas, recuou ontem 0,89%. A segunda é que, como o real já se apreciou muito e continuamente nos últimos cinco anos, qualquer mudança externa é capaz de provocar a desvalorização da moeda nacional. E se o real cair mais de 1,1% num mês, a variação anula completamente o ganho financeiro da operação externa "vendida" em dólar. Só a alta de 0,76% experimentada ontem pelo dólar, cotado a R$ 1,5740, já foi capaz de atormentar a vida do hedge fund "vendido" na BM&F.

Nem o BC brasileiro, considerado o mais conservador do mundo, consegue assegurar uma rentabilidade vantajosa e sem risco ao investidor externo em face do cenário externo incerto. De sua parte, o Fed deixou faz tempo de se comprometer com o futuro. A decisão tomada ontem de manter o juro básico em 2% - taxa nominal que não cobre o núcleo da inflação anual medido por qualquer dos índices mais relevantes - foi anunciada por comunicado que, na opinião da maioria dos analistas, equilibra os pratos da balança de riscos entre atividade e inflação. A nota pós-Fomc (Federal Open Market Committee, o Copom deles) não sai de cima do muro ao, dele, ver riscos elevados tanto para o crescimento econômico quanto para a evolução da inflação. "A sinalização de que o balanço de riscos está equilibrado sugere que mudanças na política monetária dos EUA não são iminentes", diz a consultoria LCA. Ela continua a projetar a manutenção da fed funds rate em 2% pelo restante deste ano e no primeiro semestre de 2009, "num contexto de diluição de pressões inflacionárias e crescimento anêmico".

Mas a questão não é pacífica. O economista-chefe da UP Trend, Jason Vieira, leu no comunicado ênfase maior na necessidade de combater a inflação. "Os riscos de uma maior pressão de preços no futuro mostra que um movimento de alta nos juros americanos num futuro próximo é totalmente factível", alerta. O Fomc se reunirá mais três vezes até o fim do ano. E o mercado secundário de treasuries não descarta que, em pelo menos uma delas, ele venha a aumentar a taxa para 2,25%, fortalecendo ainda mais o dólar.

Mesmo com o dólar replicando aqui dentro as condições de valorização encontradas lá fora, o mercado futuro de juros da BM&F abandonou o movimento de alta visto na véspera. As taxas caíram porque não havia como trilharem outro caminho diante do IPC FIPE fechado de julho. O índice caiu a 0,45%, metade do registrado em junho (0,92%) e aquém das expectativas. Começaram a ser divulgados os índices capazes de comprovar a hipótese, a menos cotada entre os economistas de bancos, segundo a qual o repique recente da inflação foi motivado muito mais pelo choque de alimentos do que por demanda supostamente hiperaquecida. E é este o monstro feroz que sofre o ataque impiedoso do Copom, já que os alimentos se locomovem em função de demanda e especulação globais, nada a ver com o BC brasileiro. Quem tá certo, o BC ou o Fed?

A queda dos DIs foi acentuada ontem, sobretudo os mais longos. O contrato para janeiro de 2010, o mais negociado, caiu de 14,78% para 14,70%. A taxa para janeiro de 2011 tombou de 14,38% para 14,23%. E o CDI previsto para janeiro de 2012 recuou de 13,99% para 13,83%.

Luiz Sérgio Guimarães

Fed em cima do muro é sucesso de público

Alguns acreditam que a desaceleração da economia americana, com consequências significativas para o mundo, é hoje o principal problema e, para saná-lo, o mais sensato seria o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reduzir a taxa de juros. Já outros defendem que a pressão inflacionária é muito mais preocupante e, portanto, o melhor seria o Fed aumentar os juros. Nesse cabo-de-guerra, o BC americano decidiu ontem não agradar ninguém por completo, ficando no meio do caminho, com a taxa de juros mantida em 2% ao ano. O resultado não poderia ter sido melhor. Com essa estratégia em cima do muro, o Fed sinalizou que está preocupado com a desaceleração da economia, mas também com a inflação, agradando a Gregos e Troianos. Os mercados, que já estavam subindo de manhã, aceleraram as altas após a decisão e a divulgação do comunicado depois da reunião. O Índice Bovespa fechou em alta de 1,55%, aos 56.470 pontos.

O economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, é do grupo dos que acreditam que, com essa decisão, o Fed demonstrou ao mercado que a sua prioridade é fazer com que a desaceleração não degringole para uma recessão, o que, para ele, é uma estratégia acertada. "Não adianta domar a inflação se a atividade econômica global cair em desgraça, já com a economia mundial entrando nos eixos, os bancos centrais terão tranqüilidade para colocar a inflação no lugar certo." Ele lembra que a curva de juros futuros aponta que as expectativas são de manutenção da taxa pelo menos até outubro.

Em alguma medida, o movimento de queda das commodities nos últimos dias facilitou a decisão do Fed de não elevar os juros para conter a inflação, já que a desvalorização desses ativos serve para arrefecer a pressão de preços ao menos em parte. Bandeira lembra que o recente processo de alta do dólar ante outras moedas também é outra pitada na queda das commodities. "Os 'hedge funds', que passaram os últimos meses montando posições em commodities para fugir da queda do dólar, estão agora fazendo o contrário, desmontando as compras nesses ativos e apostando na apreciação da moeda americana", afirma Bandeira.

Se a queda das commodities é benéfica para a economia mundial, já que breca a sanha inflacionária, conseqüentemente é também benéfica para os mercados. Mas a Bovespa não goza dessa situação. Como a bolsa brasileira é concentrada em papéis de commodities, tende a acompanhar os solavancos desses ativos.

Não é à toa que os papéis de algumas companhias amargam perdas importantes. Só neste mês, em três pregões, as preferenciais (PN, sem voto) série A da Vale caem 11,77% e as PNs da Petrobras, 10,31%. Não há bolsa que resista à queda dessa magnitude de duas empresas que representam 30% de seu principal índice. Ontem foi mais um dia de baixa para as matérias-primas. O contrato de petróleo do tipo WTI de maior liquidez fechou a US$ 119,17 em queda de 1,84%.

Um para cada lado

As ações preferenciais da Gol subiram ontem nada menos que 16,18%, disparada, a maior alta do Ibovespa, seguidas pelas PNs da TAM, subindo 7,21%. Na visão dos analistas, a valorização desses papéis tem tudo a ver com a queda do petróleo, que é um dos custos mais pesados dentro do balanço das companhias aéreas. Desde o segundo semestre do ano passado, quando o petróleo passou a subir de forma acentuada, as ações das duas companhias engataram uma tendência de queda. Sem dúvida, as ações da Gol são as que mais sofrem, com perda de 56,05% só este ano. Mesmo que a queda do petróleo seja algo consistente, os analistas ainda têm um pé atrás com essas ações. "Confesso que é muito difícil defender a compra desses papéis, especialmente os da Gol, que deve vir com um resultado horroroso referente ao segundo trimestre, com queda de receita, margem operacional negativa e explosão nos custos", diz o gerente de renda variável da Modal Asset Management, Eduardo Roche.

Daniele Camba

Retorno vitaminado

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo
No momento em que as aplicações de renda fixa saltam aos olhos do investidor como um refúgio contra as fortes turbulências do mercado financeiro, uma modalidade em especial se destaca. São os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs), que ainda perdem em popularidade para as demais alternativas, mas oferecem retornos para lá de competitivos. Depois de alguns meses na "geladeira" por conta da crise global, as ofertas de fundos de recebíveis - como também são chamados - começam a voltar ao mercado com uma expectativa de remuneração na casa dos 112% do CDI, juro interbancário usado como referência para os investimentos mais conservadores.

O ciclo de alta da taxa básica de juro iniciado em abril já era motivo para deixar a aplicação mais atraente, já que a grande maioria tem sua remuneração atrelada ao CDI. A isso somou-se o aumento da aversão ao risco em decorrência da crise imobiliária americana, que criou uma pressão adicional para a elevação das taxas. Não que esses fundos tivessem alguma exposição aos títulos lastreados nas hipotecas de alto risco dos EUA. O impacto foi indireto, pela restrição de crédito global que levou os bancos brasileiros a aumentarem o retorno pago nas emissões de Certificados de Depósito Bancários (CDBs) para captar recursos.

"As taxas dos FIDCs estavam se acomodando na casa dos 108% do CDI para emissões classificadas como triplo A (baixíssimo risco), mas tiveram de se ajustar aos prêmios mais altos dos CDBs depois da crise das hipotecas", conta Ricardo Pires, sócio da consultoria PR&A, especializada em ativos alternativos. E isso sem alterar, necessariamente, o risco da operação, uma vez que os fundos de recebíveis continuam lançando mão de mecanismos de proteção para montar a estrutura e, assim, atrair investidores mais conservadores.

O momento é especialmente interessante para aplicações em fundos de recebíveis por conta do mercado ruim para bolsa e multimercados, diz o gestor de carteiras da Verax Serviços Financeiros Pedro Lérias. "Quando o ambiente era de estabilidade, os investidores menosprezaram o risco de mercado (possibilidade de perda com oscilações nas taxas de câmbio, bolsa, juros etc), e a diversificação em ativos de crédito ficou prejudicada", destaca. Os multimercados vinham preenchendo esse papel, com retornos de 140% do CDI, lembra o gestor.

Hoje, com o risco de mercado mais perceptível - basta olhar para a bolsa brasileira, que acumula perdas superiores a 11% no ano -, o investidor começa a entender que a diversificação em risco de crédito faz todo o sentido, acrescenta Lérias. Já Pires, da PR&A, adverte que os FIDCs não podem ser encarados como a salvação para os prejuízos com bolsa e multimercados. "O investidor tem de ter cautela e entender bem o risco da aplicação, mas há boas oportunidades no mercado", ressalta o consultor.

As ofertas de FIDCs registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já somam R$ 6,4 bilhões neste ano e há mais R$ 2,2 bilhões em análise - em 2007, o volume total foi de R$ 9,9 bilhões. Nesta semana, o Banco Daycoval deu início à distribuição das cotas seniores da primeira série do fundo de recebíveis Daycoval Veículos, lastreado em contratos de financiamentos de carros feitos pelo banco. A oferta, que soma R$ 300 milhões e tem aplicação mínima de R$ 25 mil, possui como meta uma rentabilidade de 113% do CDI, um retorno bastante atraente levando-se em conta que a operação foi classificada pela agência de risco Standard & Poor's (S&P) com o rating "brAAAf", o nível mais elevado.

Segundo a S&P, o rating atribuído ao fundo indica que a estrutura, os mecanismos de reforço de qualidade de crédito, bem como a qualidade dos ativos que compõem a carteira fornecem proteção "extremamente forte" contra perdas por inadimplência em diferentes cenários de estresse. O Daycoval, originador dos ativos do fundo, é classificado pela mesma S&P com o rating "A" na escala nacional. "Os FIDCs, em geral, têm avaliação melhor do que a dos originadores dos recebíveis", destaca Pires.

A possibilidade de segregar o risco associado ao originador (como a falência) é o grande mote do FIDC, ressalta Henrique Ferreira, diretor de produtos estruturados do HSBC. Mas não é só isso. Entre os vários mecanismos de proteção, o mais usado é a subordinação de cotas. Além da cota sênior, que é distribuída ao investidor e tem preferência no recebimento da remuneração, o fundo emite uma classe de cotas denominada subordinada (que corresponde a cerca de 20% do volume total), que geralmente fica com a empresa ou o banco que cedeu os recebíveis e funciona como um colchão de proteção. Isso porque elas só têm ganhos depois das cotas seniores e são as primeiras a absorverem prejuízos com calotes. Nessa dinâmica, a qualidade dos ativos é essencial e pode ser medida, por exemplo, com base no histórico de inadimplência.

Pires destaca que, mais importante do que a subordinação, são as regras de recomposição das cotas subordinadas para o caso de elas caírem abaixo do nível estabelecido na oferta. Começam a surgir também fundos com uma terceira classe de cotas, conhecida como mezanino, uma espécie de misto de cota sênior com subordinada - como elas são mais arriscadas que a sênior, têm uma remuneração melhor.

Outro mecanismo de mitigação de risco é o "excesso de spread", que está ligado à taxa de desconto aplicada na aquisição dos ativos pelo fundo. Conforme explica Lérias, da Verax, essa taxa tem de ser mais do que suficiente para remunerar o investidor da cota sênior e cobrir os custos administrativos da carteira. Quanto maior o spread, maior a garantia para o investidor, já que sobrará mais gordura para cobrir eventuais perdas. O fundo do Daycoval, segundo informa Pires, tem uma taxa de desconto equivalente a 175% do DI futuro (o prazo depende do fluxo de pagamento dos recebíveis), para a meta de rentabilidade de 113% do CDI.

O consultor da PR&A ressalta que é usual os fundos usarem como referencial para a taxa de desconto o CDI do dia da aquisição dos recebíveis, o que torna o ativo prefixado. Em momentos de alta de juros, isso pode se tornar um risco adicional porque a remuneração do investidor é variável. Há ainda fundos que contam com seguro performance - para a situação de prestação futura do serviço, como no caso da construção imobiliária e de empresas de energia e água - e aqueles que elegem recebíveis além do necessário para trocas caso haja problemas com algum ativo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Comercial proibido da Eva Mendes.

Viviane Araújo


August 5, 2008 Stock Market Recap

August 5, 2008 Stock Market Recap

The victory for the bulls isn’t as major as it might seem based on the almost 3% gains in the indices. Today’s rally did nothing but bring the indices back near the tops of their recent trading ranges — right where they were four session ago. The bulls still need to break the July highs to really start making some progress. I know volume was likely skewed by folks staying on the sidelines ahead of the Fed decision but I still would have liked to have seen more volume to go along with the kind of percentage gains we had today. I really think we’ll need more volume in order to sucessfully break out above the July highs.

Trend Table

More whiplash today due to all the moving average crosses.

Trend Nasdaq S&P 500 Russell 2000
Long-Term Down Down Down
Intermediate Lat(+) Down Up(+)
Short-term Up(+) Up(+) Up(+)

(+) Indicates an upward reclassification today
(-) Indicates a downward reclassification today
Lat Indicates a Lateral trend

*** I’m simply using the indices’ relations to their 200, 50 and 10-day moving averages to tell me the long, intermediate and short-term trends, respectively.

Post from: Trader Mike's Blog

August 5, 2008 Stock Market Recap

The "Big Mac" Index for 2008


The "Big Mac" Index for 2008

Fellow Investor,

It's the 23rd year running that the Economist has published its famed Big Mac Index -- a tongue and cheek way of measuring the purchasing power parity (PPP) -- that is, the relative over and undervaluation of the world's currencies.

According to the theory of purchasing power parity, a dollar should buy the same amount of the same good across all countries. As a result, in the long run, the exchange rate between two countries should move towards the rate that equalizes the prices of an identical basket of goods and services in each country.

By comparing the cost of Big Macs -- a good that is produced in about 120 countries -- the Big Mac Index calculates the exchange rate (the Big Mac PPP) that would result in hamburgers costing the same in America as it does abroad. Compare the Big Mac PPP to the market exchange rates, and voilà!... you see which currencies are under or overvalued.

The Big Mac Index: The Currency Lineup Today

Granted, the Big Mac Index is far from perfect. Because of varying labor and input costs, the Index is most valuable when comparing countries at roughly the same stage of development. But for all of its weaknesses, the Big Mac Index has caught on among investors as a shorthanded way of looking at PPP across the world's economies. The table below -- reproduced from the Economist -- shows by how much, in Big Mac PPP terms, selected currencies were over or undervalued at the end of January.

Despite a turbulent past year for stocks, bonds and currencies, according to the Big Mac Index, many currencies are even further away from their real value than they were a year ago. In fact, only a handful of currencies are close to their Big Mac PPP. Broadly speaking, Latin American currencies -- with the notable exception of Brazil -- are the most in line with their Big Mac Index PPP values.

Currencies are most overvalued in Europe, but are very cheap in Asia. The euro is overvalued by a massive 50% -- up from 19% a year ago. While the British pound has remained broadly steady, the Swiss franc has soared from 57% to 79% overvalued against the dollar. The Scandinavian currencies are by far the most overvalued currencies. A Big Mac in Oslo, Norway, is the most expensive in the world today, and will cost you a whopping 121% more than in the United States. Neighbors Denmark and Sweden have gotten more expensive during the past year, with their currencies now 67% and 79% overvalued, respectively.

Asia is the only relative bargain for those who earn their money in U.S. dollars. The Japanese yen, undervalued by 27%, is essentially unchanged from last year. The Singapore dollar has gained some but is undervalued by 18% and the South Korean won is undervalued by 12%. The Big Mac index also makes clear the reasons for the Asian export boom. Hong Kong, Malaysia, the Philippines and several other Asian currencies are 45-52% undervalued -- even cheaper than they were a year ago. The currencies of less well-off Asian countries, such as Indonesia and Thailand, are equally cheap.

The most undervalued currency in the world is the Chinese yuan, trading 49% below its PPP rate - compared to 56% last year. That supports the argument that China's cheap currency effectively acts as a massive subsidy to Chinese exports. But there's not much slack in the system for the Chinese. Even the relatively slight appreciation of the yuan during the last 24 months has squeezed Chinese exporters that already operate on razor-thin margins, and the rate of export growth from China is slowing.

What about the other red-hot BRIC economies besides China? The Big Mac Index omits India altogether. (Because Hindus do not eat beef, India's version of the Big Mac -- the Maharaja Mac -- is made of chicken.) Visitors to Moscow -- a more expensive city than London -- will be surprised to learn that Big Macs still are 29% cheaper there than in Chicago. The appreciation of the Brazilian real during the past few years has made it 33% overvalued and made Brazil one of the most expensive places on the planet for a Big Mac.

Most remarkable is how quickly Eastern Europe's cost advantages compared with Western Europe have eroded during the last three years. Ten years ago, Eastern Europe's cost advantages were less than half the cost of Western Europe. Today, a Big Mac costs more in Budapest, Hungary, than it does in London. Only Poland and Slovakia remain roughly in line with Western Europe.


The Big Mac Index: What to Trade Today

Opinions on the future of the dollar couldn't be more varied. Cassandras continue to forecast its utter demise and are using any short-term rallies to exit the currency. The IMF thinks that the big drop in the greenback's value since 2002 has left it "close to its medium-term equilibrium level." Morgan Stanley' Stephen Roach believes that the dollar is seriously undervalued and expects the dollar to rally as the rest of the global economy also weakens.

So if you were running a currency hedge fund, what would the Big Mac Index tell you to trade? Among the big six of the currencies traded by foreign exchange traders, the yen, the euro, and the Swiss franc are the major currencies most out of kilter with their purchasing power parities. Looking purely at the Big Mac Index, you'd buy the Japanese yen (FXY), (27% undervalued), the Australian dollar (FXA), (6% undervalued), and the Mexican peso (FXM), (12% undervalued). You'd sell the Swiss franc (FXF), the Swedish krona (FXS), the euro (FXE), and the British pound (FXB), (78%, 79%, 50% and 28% overvalued, respectively.)

That advice seems simple -- but in all likelihood it would be wrong. These are the same trades you'd have put on a year ago -- and you would have lost money in the process. While the Australian dollar and Mexican peso appreciated somewhat during the last year, your short positions in the soaring European currencies -- Swiss franc, the Swedish krona, the euro and the pound -- would leave you nursing some very big losses. As compelling as the Big Mac Index may seem in the long term, currency traders play by their own set of rules.

Sincerely,

Nicholas A. Vardy
Editor, The Global Guru

Jim Cramer’s 25 rules

In Jim Cramer’s Mad Money Show on Monday, he outlined 25 rules that he says will help investors play the markets defensively to avoid big losses and keep their money safe.

1. Stay Diversified. Cramer said diversification is the only free lunch in investing. He advocated not having more than 20% of your portfolio in any sector and avoiding having “two-of-a-kind” sectors/stocks at all costs. He recalled investors losing fortunes in the past when they sank all their money in hot stocks of the day such as dot.coms, telcos and energy merchandisers like Enron.

2. Buy and sell slowly. “Never buy or sell a position all at once” he said. Instead, buy into a position slowly, taking advantage of weakness, and take profits on the way up.

3. Your first loss is your best loss. “If your thesis on a stock changes, take the loss and sell,” Cramer told viewers. Don't let a trade turn into an investment by being afraid to sell. If the reason you bought a stock is no longer valid, you have to sell it, he said.

4. Dividends limit losses. Look for stocks that consistently grow their dividends year after year. As a stock's yield increases, it attracts new investors and helps limit the downside risk. You need only ask yourself, “Is the dividend safe?”

5. Its always good to have some cash. Professional investors always have cash on hand. Cash is a tool that should be used to buy quality companies after big market sell-offs.

6. Don't own too many volatile stocks. More than one volatile stock in a portfolio is not being diversified. Be honest and ask yourself if you can handle the wild price swings before investing in a volatile stock.

7. Know what you own. Knowing what a company does will help distinguish between a broken stock and a broken company and prevents panic selling.

8. Don't own low-dollar stocks. Stocks don't go to $2 and $3 a share because they're doing well. Speculating on low-dollar stocks can wipe out a portfolio.

9. Accounting irregularities equals sell. Stocks with accounting problems should be sold immediately and are off-limits until the issues are fully resolved.

10. Stay away for two good quarters following an earnings shortfall. It takes at least six months for a company to turn itself around after a big earnings miss. Investors should not wait it out.

11. When your broker stops talking about a stock, it's time to sell. Silence isn't golden when it comes to stocks. If your broker stops pushing a stock, it’s time to move on.

12. After a big run, get defensive. Check the S&P Proprietary Oscillator, a paid product, to determine if a stock is overbought or oversold. Plus or minus 5 is the key number to look for. Also check the Investor's Intelligence Bull/Bear Ratio, another great indicator of market sentiment on a particular stock.

13. If a stock's dividend yield is twice that of Treasuries, sell it. Dividends that reach that level should be a warning sign that the yield may be in jeopardy. There are two exceptions: oil tanker stocks, whose yield is based on their day rates, and master limited partnerships.

14. If a company has a new CEO, stay away. New CEOs need time to settle in and develop a plan, and that's not the time to own the stock.

15. Never turn a trade into an investment. If you bought a stock because of a specific catalyst, sell it when that catalyst changes or disappears.

16. Never sell “call” or “put” options. Selling a “call” option just gives away your upside. Selling a “put” option limits your upside, while still exposing yourself to all of the downside.

17. Never use margin. Buying stocks on margin is just dangerous. Once you get in the hole, you will never get out. Don't use it.

18. Never buy a stock at its all-time high. Be prepared to miss a stock rather than reaching to buy it at the high. Instead, wait for a 5% to 8% pullback before pulling the trigger.

19. Play with the house's money. Take money off the table as stocks go up until you've recovered your initial investment, then it doesn't matter as much what happens later.

20. Keep your head clear. When times get tough, it's OK to consider selling. You can always buy them back later at lower prices.

21. Contribute to retirement accounts throughout the year. Don't invest in that 401k all at once. Instead spread the payments out during the year and contribute more during the months when the market goes down.

22. Mutual funds should be diversified, too. If you have money in multiple funds, make sure they don't all invest in the same kind of stocks.

23. Playing defense is crucial in volatile markets. Don't wait for down stocks to recover. Bad stocks are likely to go even lower. Move on.

24. Invest in stocks with buyback programs. Companies that buy back their own stock offer a cushion to investors, helping to limit the downside risk.

25. Don't stop looking at your monthly statement. If you don't look at your monthly statements, you won't know how bad things really are. Keep your eyes open and stay current.

Baixa das ações divide analistas e gestores globais

Londres, 5 de Agosto de 2008 - Os 65 dias que mergulharam o Brasil num mercado baixista estão recordando os investidores de que o país, a maior economia da América Latina, ainda é uma nação emergente. Roberto Egydio Setúbal, do Banco Itaú, diz que o Brasil se transformou depois de sua inflação ter caído para 6,1%, comparativamente aos 6.800% de abril de 1990, e após o país ter recebido sua primeira classificação recomendável para investimento das agências de risco. Mark Mobius, da Templeton Asset Management, não está convencido disso, num momento em que as taxas de juros brasileiras sobem ao ritmo mais acelerado do mundo dentre os países em desenvolvimento e os investidores estrangeiros vendem ações como nunca.
"Não se pode dizer que o país mudou", disse Mobius, 71, que administra cerca de US$ 40 bilhões em ações de mercados emergentes na Templeton de Cingapura. "A experiência do país em gastos governamentais responsáveis e orçamentos equilibrados é relativamente curta. A inflação era alta. Todos temos de ficar muito atentos com a possibilidade de essas coisas acontecerem de novo".
O Índice Bovespa, de 66 ações, que obtém quase metade de seu valor das produtoras de energia e matérias-primas, despencou 22% em relação ao seu recorde, alcançado em maio, num momento em que o Banco Central aumentou as taxas de juros em junho e julho, o déficit em conta corrente se ampliou para sua maior alta de todos os tempos e o crescimento da economia desacelerou. A taxa básica Selic saltou para 13% em julho, a partir dos 11,25% de abril.
A venda maciça de ações desbancou o Brasil da posição de mercado de melhor desempenho entre os 20 maiores este ano e marcou a 13 queda de 20% ou mais da Bovespa desde 1997, segundo dados reunidos pela Bloomberg e pela Birinyi Associates, a administradora de recursos sediada no Estado norte-americano de Connecticut, fundada por Laszlo Birinyi.
A Bovespa, que subiu 15% até seu pico de 20 de maio, registra agora uma queda de 9,8% em 2008. As oferta públicas iniciais (OPIs) de ações estancaram depois que a maioria das ofertas recorde de 2007 caíram para níveis inferiores aos seus preços de estréia.
A Templeton está entre as várias empresas que ficaram menos otimistas com relação ao Brasil, fator que puxou as vendas líquidas da parte dos investidores externos para seu maior nível já registrado. As vendas líquidas dos investidores estrangeiros totalizaram R$ 7,4 bilhões (US$ 4,7 bilhões) tanto em junho quanto em julho, segundo revelam dados reunidos pela BM&F Bovespa, a terceira maior bolsa mundial.
"Se as commodities não se saírem bem, o Brasil não vai se sair bem", disse Nicholas Morse, diretor, lotado em Londres, de ações latino-americanos na Schroders, que gerencia US$ 260 bilhões em âmbito mundial.
O país "deveria registrar crescimento maior caso fosse capaz de levantar e dizer este é um novo Brasil, de levantar junto com a China e a Índia", disse ele.
O Brasil já se transformou, segundo Setúbal, o principal executivo do Itaú. O executivo disse em maio que o Brasil rompeu com seu histórico de 185 anos de surtos de inflação galopante e de colapso da economia e está criando as melhores condições de negócios jamais vistas.
"As perspectivas para as empresas aqui instaladas continuam sendo muito positivas a médio prazo, com oportunidades em todos os setores de atividade", disse Setúbal na semana passada. "Não há motivos para deixar de ser otimista com o Brasil", afirmou.
Os otimistas com relação ao Brasil da BlackRock e da F&C Management estão convencidos de que a economia brasileira de US$ 1,07 trilhão, que cresceu 5,4% em 2007, menos que a metade da taxa de expansão da China, é capaz de enfrentar bem uma desaceleração.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu por todos os anos desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, em janeiro de 2007. Seu governo reduziu o déficit público a 1,9% do PIB, o menor do último período de pelo menos 11 anos, e ajudou a transformar o país num credor líquido pela primeira vez.
O Brasil, que deixou de honrar sua dívida externa por duas vezes nos últimos 25 anos e que desvalorizou sua moeda em 1999, recebeu sua primeira classificação recomendável para investimento da Standard & Poor’s em 30 de abril deste ano.
Embora a inflação brasileira esteja se acelerando ao ritmo mais rápido do último período de mais de dois anos, a taxa de 6,1% computada em junho correspondeu a menos de metade do nível de cinco anos atrás. A Petrobras, dona da maior descoberta de petróleo do Hemisfério Ocidental dos últimos 30 anos, e a Companhia Vale do Rio Doce, a maior produtora de minério de ferro do mundo, estão entre as 100 maiores empresas do mundo, segundo dados reunidos pela Bloomberg.
"O Brasil ainda é um destaque, do ponto de vista de valorização, do ponto de vista do crescimento", disse William Landers, que administra o US$ 1 bilhão do fundo mundial de mercados emergentes da BlackRock, em entrevista em Nova York. O fundo, que caiu 17% desde que o Índice Bovespa subiu para um nível recorde, tem cerca de 20% de seus ativos investidos em ações brasileiras. O percentual representa alta em relação aos 18% no último dia 30 de junho, segundo o site da empresa.
Urban Larson, administrador de fundos da F&C Management de Londres, está comprando ações de bancos e concessionárias de serviços públicos brasileiras levado pela expectativa de que os gastos do consumidor vão proteger a economia de qualquer possível desaceleração das exportações de commodities. "A esfera doméstica da economia (brasileira) revela considerável impulso", disse Larson, cuja empresa gere cerca de US$ 200 bilhões."O Brasil mudou. Os números macro estão melhores do que há várias décadas".
A dependência brasileira das exportações de minério de ferro, aço e petróleo tornou sua bolsa mais vulnerável ao enfraquecimento da demanda por commodities, num momento de desaceleração do crescimento mundial, segundo Adrian Mowat, lotado em Hong Kong, estrategista-chefe do JPMorgan para a Ásia e mercados emergentes. O Índice Reuters/Jefferies CRB Commodity caiu 10% no mês passado, sua maior retração desde março de 1980.
Mowat mudou a recomendação das ações brasileiras para "reduzir exposição" em relação a "neutra" em junho e orientou os investidores, na semana passada, a diminuir as carteiras em ativos do setor de energia, incluindo a Petrobras. As ações da Petrobras cederam 31% depois de a empresa ter ultrapassado a Microsoft, em maio, como a sexta maior do mundo. A Vale está inclinada a registrar sua maior queda de uma década. "Comparados a um ano atrás, os problemas do Brasil se agravaram", disse Morse, da Schroders. "Sem dúvida, houve uma melhoria de grandes proporções desde a década de 1970 e de 1980. Mas, mais uma vez, o mundo inteiro mudou".
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Bloomberg News

O ilusório canto da sereia volta a ecoar na economia

Vera Rita Ferreira
Inflação é um perigo. Consenso entre especialistas, governo, gestores e população, curiosamente, tal unanimidade também existia quando vivemos a superinflação (1985-1994) até o Plano Real estancá-la. Como hoje estamos sendo revisitados pelo velho espectro do "dragão", chamo a atenção para um de seus aspectos de perigo pouco mencionado.

Se já antes todos declaravam em alto e bom som que ela deveria ser combatida, por que foi tão difícil fazer isso? Para quem não se lembra, em cerca de oito anos, mudamos quatro vezes de moeda e tivemos pelo menos meia dúzia de conjuntos de medidas que compuseram os planos econômicos - Cruzado e Collor ficaram na memória, mas houve outros mais. Apesar do consenso, portanto, ninguém pareceu acertar o alvo, até a engenharia do Plano Real dar cabo do problema.

Intrigada e munida de teorias e observações psicanalíticas, empreendi uma discussão sobre esse tema em minha dissertação de mestrado ("O Componente Emocional - funcionamento mental e ilusão à luz das transformações econômicas no Brasil desde 1985", USP, 1999). A hipótese era de que um fator emocional poderia ajudar a iluminar o caráter de quase perenidade que, à época, parecia aderido à nossa inflação. Cheguei à seguinte articulação: viver num contexto de alta inflação - acompanhada de indexação de preços e salários - combina com um regime mais primitivo de funcionamento mental, no qual predomina uma enorme vulnerabilidade a ilusões, uma vez que as operações psíquicas encontram-se dominadas por um sentido de urgência em direção a reduzir a tensão interna.

Trocando em miúdos: sente-se um desconforto gerado por uma ausência de satisfação e parte-se para tentar afastar esse sentimento desconfortável. Uma vez que nem sempre dispomos dos meios para saciar imediatamente nossos desejos - na verdade, só raramente os encontramos de pronto -, procuramos driblar essa dificuldade mediante criação de realidades alternativas, por assim dizer. Se o vazio interior é tão grande que, ao ver um celular novo, sou tomada pela convicção de que só aquele objeto poderá me oferecer alívio, eu aceito até me endividar para comprá-lo, caso não tenha dinheiro suficiente para a aquisição, isto é, descarto a consciência sobre minha real conta bancária e troco por uma conta imaginária, capaz de suprir aquele gasto. Os juros que o digam, depois, certo? Daí, já é tarde.

Mas esse é um modo de funcionar bastante comum entre todos nós, não poupa ninguém, seja rico, pobre, inteligente, educado, "expert" ou não. É o componente emocional, que se encontra na base de nossos processos cognitivos. O problema da inflação é que, psiquicamente, ela combina demais com ilusão. E como vimos, a sedução da ilusão não poupa ninguém.

O crescimento aparentemente mágico dos valores indexados atrai. Quem não se lembra do over e das poupanças cheios de zeros, que pareciam "dar cria" sozinhos? Ou a aparente facilidade para tocar negócios? Bastava comprar a mercadoria, esperar alguns dias, remarcar e pronto.

O fim da inflação trouxe muita quebradeira, como se as pessoas tivessem desaprendido administrar negócios e finanças ante exigências de outra natureza muito mais calcadas na realidade. Para ser competitivo e se manter no mercado, precisa ter uma boa noção do cenário geral, descobrir brechas para construir seu diferencial, lutar para não cair em obsolescência, ou seja, dá bastante trabalho.

Aí mora o perigo: a inflação e a indexação podem atrair por sua aparente facilidade, inclusive, porque, uma vez disparadas, é infinitamente mais complexo fazer o trem parar. Por outro lado, operar em economia estável implica estar atento e trabalhando constantemente, já que a realidade muda o tempo todo e há que se adequar a ela ou transformar o que for necessário. Se dá tanto trabalho, qual o problema, então, em deixar o dragão correr solto?

Primeiramente, são sempre os mais pobres e vulneráveis que pagam a maior parte da conta, como sói acontecer, lamentavelmente. Segundo, é ilusão! Não há desenvolvimento econômico verdadeiro com altos índices de inflação. O pedágio chega, mais cedo ou mais tarde, para todos. Se você é investidor, é provável que tenha começado a investir para valer e com maior conhecimento nos últimos 14 anos, quando planejamento financeiro passou a fazer parte da vida do brasileiro. Como planejar, antes, se a qualquer momento as regras podiam mudar e ia tudo por água abaixo? Vale a pena encarar o dragão de novo?

Vera Rita de Mello Ferreira é psicanalista, consultora, professora, representante no Brasil da Association for Research in Economic Psychology (IAREP - International) e autora dos livros "Psicologia Econômica - estudo do comportamento econômico e da tomada de decisão" e "Decisões econômicas - você já parou para pensar?"

E-mail verarita@verarita.psc.br

Nervos de aço

Por Adriana Cotias, Alessandra Bellotto, Angelo Pavini e Luciana Monteiro, de São Paulo
A forte queda das commodities - 3,38% somente ontem, além dos 10% em julho, segundo o índice CRB Reuters - colocou o país no centro dos holofotes dos investidores externos, que vêem no Ibovespa um sinônimo de matérias-primas. Vale, Petrobras e as siderúrgicas puxam a queda, alimentada por vendas de fundos internacionais agressivos, os fundos hedge, que especulam com os preços das commodities diretamente nas bolsas e indiretamente via as ações de empresas. Depois da queda de ontem do Índice Bovespa, de 3,51%, a perda no ano já chega a 12,96% - isso apesar de as commodities ainda apresentarem alta de 12,06%.

Diversas corretoras internacionais também reviram para pior sua visão sobre o Brasil, temendo o impacto da queda das commodities nos resultados das empresas e até nas contas do país. Essa forte pressão de venda de estrangeiros, que já tiraram R$ 14 bilhões da Bovespa apenas em junho e julho, ofusca qualquer dado positivo das empresas brasileiras e faz o mercado seguir mais os humores com relação à economia global do que fatores locais. Nesse momento, o investidor tem pouco a fazer senão esperar para ver até onde vai a onda pessimista.

No Brasil, a reversão do humor do mercado divide os analistas entre os que acham que se trata de um movimento pontual e os que já começam a rever suas projeções, vislumbrando uma mudança de fundamentos. A Fator Corretora, que já vinha com uma projeção conservadora, de 75 mil pontos para o Ibovespa no fim do ano, baixou o número para 67 mil pontos ontem. Já Tomas Awad, estrategista da Itaú Corretora, não vê motivo para alterar a projeção de 83.200 pontos para o Ibovespa. "O lucro das empresas brasileiras está indo bem e, se fosse para mudar o número, seria para cima", diz. Para ele, o mercado está antecipando um cenário muito pior do que o real. "Falamos com empresas diariamente e não notamos uma mudança que justifique esse pessimismo", diz ele.

A grande definição para a bolsa brasileira está nas mãos do governo chinês, diz Roseli Machado, da Fator Asset Management. Até setembro, o governo chinês deve decidir se dará prioridade ao combate à inflação ou manterá o crescimento. "Se a China resolver manter o crescimento, o Brasil volta a subir", diz ela, que está revendo a estimativa do Ibovespa em 82 mil pontos para o fim deste ano.

Não era sustentável que os preços das matérias-primas continuassem subindo, enquanto a recessão batia às portas do mundo desenvolvido, diz o estrategista da Unibanco Corretora, Vladimir Pinto, que, por enquanto, mantém a meta do Ibovespa em 78 mil pontos para dezembro, mas já pensa em revisá-la. Sob a sombra da crise de crédito americana e persistência da inflação - lá fora e também no Brasil -, investidores dos quatro cantos do planeta têm revisado as suas perspectivas para o crescimento da economia global praticamente em bases diárias. Somente a safra de balanços aqui é que pode dar fôlego para a bolsa brasileira experimentar alguma recuperação, tornando-se menos suscetível aos chacoalhões globais, pondera Pinto.

Nesse cenário, alguns setores podem ser favorecidos. Apesar do freio mundial, o petróleo não deve ceder abaixo de US$ 100, o que torna Petrobras PN, depois de uma queda de 22,5% em julho e 8,38% em agosto, uma opção atrativa na visão da Unibanco. Os metais, que têm refletido as preocupações sobre o ritmo global, também não devem experimentar cotações muito mais baixas, mesmo com alguma desaceleração nas economias emergentes. As siderúrgicas encontrarão ambiente para reajustar os preços do aço em até 15% em 2009, segundo previsão da corretora. Já o segmento de consumo continuará sofrendo o impacto do aumento dos custos de crédito, inflação de alimentos, enquanto os bancos sentirão ainda os reflexos do engessamento do crédito global, apesar de não terem exposição alguma em títulos lastreados em hipotecas de alto risco.

Mas o ambiente externo seguirá comandando o humor da bolsa brasileira, pelas notícias e indicadores que os EUA e os bancos americanos vão divulgar, reitera o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti, que está revisando seus cenários para o Ibovespa. "Os fundamentos para a bolsa brasileira são positivos, não dá para falar em cenário pessimista mesmo com aumento de juros no Brasil e o prognóstico de desaceleração da economia no ano que vem", afirma. "Mas, no curto prazo, vai ser assim, muita oscilação." A receita agora é ficar mais fora de commodities, sem, contudo, ignorar Petrobras PN, que caiu demais.

No caso da estatal, um dos fatores positivos é a expectativa de manutenção dos preços do barril do petróleo, perto dos US$ 120, segundo a Merrill Lynch. Para o banco americano, apesar da esperada queda de atividade nos países desenvolvidos, o consumo dos emergentes seguirá em alta este ano, lembrando que foram países como Brasil, Índia e China que contribuíram com 85% do aumento de consumo do petróleo de 2000 para cá. A Merrill Lynch aposta que a rápida expansão do consumo em mercados emergentes deve continuar no segundo semestre, mantendo o barril em torno de US$ 124 neste trimestre e em US$ 119 no último trimestre do ano.

Mas embora a economia local ainda mantenha um bom ritmo de crescimento e as empresas abertas venham apresentando resultados sólidos, algumas já começam a transparecer nas receitas o aumento de custos por conta da elevação dos preços das commodities agrícolas, petróleo e aço, assinala a chefe de análise da Ativa Corretora, Luciana Leocádio. Por enquanto, ainda há espaço para repasse de preços no mercado interno. "Os fundamentos continuam favoráveis, mesmo que no curto prazo o vaivém continue." A corretora tem um alvo de 81.200 pontos para o Ibovespa até junho de 2009.

Para o economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, além do peso das commodities, a liquidez das ações de empresas como Petrobras e Vale, siderúrgicas e até mesmo bancos e as bolsas Bovespa e BM&F acaba fazendo com que a bolsa brasileira seja mais afetada do que seus pares em momentos de aversão ao risco. A corretora, que vinha trabalhando com um Ibovespa a 82 mil pontos no final do ano, já está revisando sua projeção. No curto prazo, Bandeira acredita que o Ibovespa possa testar os 53 mil pontos, mas tende a ser recuperar no fim do ano e beirar o nível de 78 mil pontos. "Essas mesmas empresas, cujas perspectivas para o médio e longo prazo são positivas, estão ficando baratas e tendem a liderar a recuperação do mercado", afirma.

Na corretora Spinelli, as projeções são sempre feita em faixas - no início do ano, ficava entre 80 e 85 mil e, diante da piora do mercado, caiu para algo entre 75 a 80 mil. "As commodities oscilaram de uma completa euforia compradora para uma fuga, mas a demanda por matérias-primas é real diante de uma economia aquecida", diz Daniel Gorayeb, analista de investimentos da corretora Spinelli.

Crise deixa exercício de previsões mais difícil

Por Catherine Vieira, do Rio
O que esperar do mercado nos próximos meses ou até no próximo ano? Volatilidade. O professor da Universidade da Califórnia em San Diego Alan Timmermann diz que não é possível arriscar uma resposta que vá muito além disso. Especialista em finanças, particularmente no estudo do mercado de ações e dos retornos dos ativos, Timmermann esteve no Rio na semana passada para participar do 8º Encontro Brasileiro de Finanças, realizado no Ibmec.

Ele diz que os acontecimentos recentes na economia americana - derivados da crise das hipotecas de alto risco, os "subprimes" -, estão apresentando um cenário completamente novo, no qual fica mais difícil fazer previsões, inclusive das reações do mercado.

Na visão do professor, depois que as grandes perdas relativas aos subprimes começaram a vir à tona, os investidores passaram a se dar conta de que muitas das estratégias tradicionais que eram usadas talvez não são mais aplicáveis nesse momento. "Por exemplo, será que é hora de comprar ações de bancos porque elas já caíram tanto que se tornam uma oportunidade?", observa Timmermann. Ele lembra que, em muitos casos, os próprios bancos não sabem qual o tamanho exato dos prejuízos que sofrerão por conta da exposição a hipotecas, derivativos e outros tipos de ativo. "Acho que estamos todos aprendendo a lidar com essas incertezas em tempo real e isso vai levar um tempo", diz o especialista da Universidade da Califórnia.

Por isso, afirma Timmermann, não será surpresa se o mercado continuar por um bom período sem tendência definida, entre altas e baixas, ou seja, mais volátil. Ele também não acredita que já tenham ficado para trás as últimas perdas causadas pelas hipotecas de alto risco. "Por um tempo considerável ainda vamos ter de lidar com incertezas que vão tornar mais difícil dizer se o mercado vai se mover para cima ou para baixo", analisa Timmermann. "Os efeitos sobre a economia devem se prolongar por 2009 ou até mesmo 2010", prevê o professor.

O mercado de ações dos Estados Unidos vai continuar sofrendo e contagiando os outros do mundo todo, acrescenta Timmermann. Porém, ele acredita que as perspectivas para a economia e para as empresas brasileiras são positivas e que, no fim das contas, apesar do contágio inevitável dos mercados, os fundamentos vão prevalecer. "Mas se deve esperar volatilidade também no Brasil, especialmente nas indústrias que são altamente dependentes dos mercados desenvolvidos", prevê. Por outro lado, o fato de ser um exportador de commodities coloca o Brasil numa posição mais confortável.

Timmermann está ficando cada vez mais familiarizado com a economia e as empresas locais e não é apenas porque se casou com uma brasileira. "As companhias brasileiras estão mostrando que sua relevância na economia global está mudando; para os americanos, foi um choque ver a InBev comprar a empresa que faz a Budweiser, a Anheuser Busch", contou ele, rindo. "A empresa conseguiu obter recursos num momento difícil da economia global para essa aquisição."

Mas não é só. O professor diz que a Vale e a Embraer estão cada vez mais nas manchetes das publicações mais importantes de economia dos Estados Unidos e lembrou que a Petrobras também esteve em evidência por conta das descobertas da camada do pré-sal. "Outras empresas que começam a despertar atenção são as agrícolas ligadas ao etanol; há um interesse muito grande pelo assunto", diz.

No evento, ele apresentou um trabalho que discute se é possível prever a distribuição de retornos no mercado de ações. "O que eu verifiquei é que é muito difícil prever os retornos médios dos mercados, mas há chances melhores de prever alguns detalhes que estão ligados a esses retornos", diz ele, acrescentando que esse resultado pode ser interessante para estratégias envolvendo opções de compra e de venda. O estudo mostrou ainda que é mais fácil prever altas do que baixas de mercados.

Aperto ainda fará efeito, diz Meirelles

Rafael Rosas, Valor Online, do Rio
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ainda considera prematura a análise de que o aperto dos juros, iniciado em abril, já tenha surtido efeito sobre a trajetória de inflação. O relatório Focus desta semana aponta queda nas estimativas de inflação para 2008, segundo as projeções das maiores instituições financeiras do país.

"É um pouco prematuro ainda para dizermos até que ponto já existe um reflexo das políticas que foram adotadas neste ano, mas é importante mencionar que existe o compromisso de que a inflação esteja no centro da meta em 2009", frisou Meirelles. Ele participou do 10º Seminário de Metas de Inflação, promovido pelo BC, no Rio.

Meirelles lembrou que existe um processo de defasagem em relação à atuação do BC e seu efeito prático sobre a economia. Fez questão de salientar que qualquer custo da alta dos juros sobre o crescimento do PIB se justifica como forma de evitar a volta do processo inflacionário.

"O maior custo para a sociedade é o aumento da inflação", afirmou. "Portanto, o que estamos promovendo é um ajuste da oferta e da demanda da nossa economia, de maneira que possamos assegurar a continuada estabilização da economia brasileira". Meirelles argumentou que a inflação desorganiza a produção, aumenta o nível de imprevisibilidade e, por conseqüência, reduz o nível de investimento no país.

O presidente do BC defendeu o regime de metas de inflação e afirmou que o sistema é apropriado para lidar com episódios de aceleração inflacionária como o atual.

Para Meirelles são precipitados os questionamentos acerca do futuro do regime de metas suscitados, segundo ele, pelas pressões sobre os preços das commodities e por descompasso entre o ritmo de crescimento da demanda e da oferta em diversos países. "No atual contexto global, creio que o regime de metas de inflação poderá contribuir efetivamente para restabelecer níveis de inflação baixos e estáveis", disse.

O analista-chefe do Santander no Brasil e ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman acredita que a taxa básica de juros deveria fechar ao redor de 14,75% ao ano em 2008 para trazer a inflação para perto do centro da meta de 4,5% em 2009. Schwartsman defendeu uma atuação firme do BC nesse sentido e ponderou que a questão não é quanto do crescimento da economia será comprometido com o aperto monetário, mas quanto se evitará de problemas no futuro caso se espere um aumento maior da inflação para que medidas mais duras sejam tomadas.

Também presente ao seminário, o economista Stanley Fischer, presidente do Bank of Israel (banco central), defendeu uma atuação dura dos bancos centrais com o objetivo de trazer as taxas de inflação para perto dos centros das metas e criticou o discurso de que um pouco mais de inflação vale a pena para garantir taxas de crescimento mais altas.

Fischer defendeu a idéia de que as metas de inflação fossem fixadas por lei, de forma a evitar pressões políticas sobre os bancos centrais em defesa de mais crescimento à custa de mais inflação.

Dólar e juro recebem estilhaços da bolha

O declínio das commodities não poupou os mercados de câmbio e juros. O estrago maior foi produzido mesmo na Bovespa, mas tirou a dupla câmbio e juro do idílio paradisíaco construído pelo revigoramento da política monetária do Banco Central. O furo das commodities, desde que não provoque uma fuga excessiva de investidores estrangeiros dos ativos brasileiros, ajuda o BC a enquadrar o IPCA na meta. Mas se contaminar a balança comercial num momento de expansão do déficit em transações correntes, a derrocada das matérias-primas suscitará preocupações mais graves.

O petróleo chegou a ser negociado ontem abaixo de US$ 120,00 o barril no mercado futuro da Nymex. Fechou a US$ 121,41, em desvalorização de 2,95%. O índice CRB de 19 commodities caiu ontem 3,38%, mas ainda acumula ganho de 12,06% no ano. A alta experimentada pelo dólar negociado no mercado doméstico de câmbio denunciou a prevalência de saída líquida de capitais do país. Não houve apenas vendas de ações por parte de capital externo depois direcionado para a renda fixa. Em épocas de incertezas e necessidade de honrar perdas em outros mercados, não importa muito se um país é o recordista mundial no pagamento de juros reais. Vale mais a liquidez e a segurança do que a rentabilidade. O dólar fechou com valorização de 0,19%, cotado a R$ 1,5620.

A saída respingou no mercado monetário, sobretudo nas armações do pregão de DI futuro. As projeções de CDI, curtas e longas, passaram o dia em queda, refletindo a nova tendência baixista constatada para o IPCA pela pesquisa Focus do BC. Mas, no final, não resistiram e fecharam com leves avanços. A taxa para a virada do ano evoluiu de 13,71% para 13,74%. O contrato para janeiro de 2010 subiu de 14,77% para 14,78%. Contrato típico de investidor estrangeiro e que por isso reflete o grau de aversão global a risco, o janeiro de 2012 passou de 13,95% para 13,99%.

O Focus mostrou que a nova disposição monetarista do Copom, aliada ao desinflar da bolha de commodities, já tornaram os analistas mais otimistas. O viés já mudou. O prognóstico de IPCA para este ano, após 18 semanas em alta consecutiva, caiu na pesquisa divulgada ontem de 6,58% para 6,54%. A estimativa das cem instituições pesquisadas para o índice referente aos próximos 12 meses cedeu de 5,44% para 5,37%. E as Top 5 (as cinco instituições que mais acertam) já começaram a revisar para baixo a projeção de IPCA para 2009, o ano alvo dos esforços atuais do BC. A média das previsões caiu de 5,07% para 5,04%.

A baixa das commodities desanuvia o clima que hoje cercará a reunião de política monetária de agosto do Federal Reserve (Fed), num momento de recrudescimento da inflação. Divulgado ontem, o núcleo do PCE (índice dos gastos pessoais dos consumidores) subiu 0,3% em junho, acima das expectativas de avanço de 0,1%. O índice anual, após três meses estacionado em 2,2%, subiu agora para 2,3%. O teto da banda informal do Fed é de 2%. Mas, como as commodities refluíram, o Fed poderá hoje manter o juro básico em 2%. Se a decisão não desperta em si maior curiosidade, a direção da taxa a ser indicada pelo comunicado pós-reunião provoca grande ansiedade. Há forte lobby de grandes bancos de investimentos americanos em favor da sinalização de um novo corte no futuro, enquanto a parte responsável do mercado vê a necessidade de indicação de um viés altista de forma a segurar os preços e levantar o dólar.

Ao contrário da divisão que prevalece nos EUA, no Brasil o consenso é de alta da taxa Selic. A maioria dos analistas vê a repetição da dose de 0,75 ponto na próxima reunião do Copom, dia 10 de setembro. Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, haverá em 2009 uma desaceleração importante do PIB comparativamente aos 4,8% previstos para 2008. A consultoria estima 3,5% no ano que vem, sem caracterizar portanto um "vôo de galinha" típico. Vale dizer, ela não trabalha com um freio brusco de crescimento. "O ajuste que o BC tentará fazer será o mais rápido possível, ou seja, subir rápido para poder cair rápido também", diz Vale. Num cenário em que os preços de commodities começaram a ceder, como a MB já alertou em junho, a tarefa do BC fica mais "fácil". A alta da Selic não deve ser desta vez tão intensa como foram os apertos de 2003 e 2005 e, portanto, também não deve trazer uma queda brusca de atividade como naqueles anos. O cenário da MB considera que o BC aumentará novamente a Selic em 0,75 ponto na próxima reunião, reduzindo a dose para 0,5 ponto em outubro, terminando o ano em 14,25%. A taxa deve ficar nesse patamar até meados de 2009, quando o Copom voltaria a promover um ciclo de flexibilização até o juro encerrar o ano em 12,75%.

Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças
luiz.guimaraes@valor.com.br

O câmbio e a inflação

É cada vez mais claro que o mundo está diante de um processo inflacionário global. Efeito e causa, simultaneamente, de um conjunto de eventos que se combinaram: 1) uma expansão formidável dos países emergentes, estimulada pela demanda criada pelos déficits comerciais dos EUA, que; 2) levou à desvalorização da unidade de conta do comércio internacional (o dólar) e; 3) melhorou ao mesmo tempo a posição externa daqueles países, pelo enorme aumento dos preços internacionais. Tudo bem temperado pela política monetária laxista dos bancos centrais dos países desenvolvidos e da pouca disposição que demonstraram em controlar a imoralidade implícita no sistema financeiro quando movido por incentivos inadequados. A discussão sobre as causas desse movimento é irrelevante. O importante é reconhecer como ele está evoluindo e como afetará cada um dos países.

As tabelas abaixo mostram que o mundo está registrando um pouco menos de crescimento e um pouco mais de inflação, movimento que não poupará nenhum país.

Certamente pode-se discutir tais estimativas. O que não é possível negar é que elas, bem ou mal, representam as expectativas que o "crème de la crème" dos sobreviventes da devastação do mercado financeiro têm hoje (início do segundo semestre de 2008) sobre a economia mundial. E todos sabemos que as "expectativas" têm conseqüências. Como deveria ser evidente tratando-se de um problema planetário, o seu enfrentamento teria maior probabilidade de sucesso se fosse também globalmente coordenado com a implementação de políticas fiscais, monetárias e cambiais que distribuíssem seus custos equanimemente. Políticas monetárias quixotescas, que dão demonstração infantil de "independência" de bancos centrais são aplaudidas pelo sistema financeiro à cata de oportunidades de lucros (hoje minguantes), mas podem impor uma relação custo/benefício muito alta para o setor real da economia do qual dependem o crescimento e o emprego.

Isso está implícito nas "expectativas" sobre o Brasil. Enquanto se espera que os emergentes reduzirão o seu crescimento entre 2008 e 2009 em 0,3% do PIB para reduzir sua taxa de inflação em 2,7%, espera-se que o Brasil reduza 2% do PIB para reduzir em 2% a sua taxa de inflação: um custo nove vezes maior do que deles!

Não se trata, obviamente, de um complô contra o Brasil. É apenas o reconhecimento da péssima qualidade de política de financiamento da nossa dívida pública, iniciada há mais de uma década e que não tivemos coragem de enfrentar até agora.

É diante desse quadro, em que os bancos centrais "free riders" oportunistas estão à espreita, que a nossa política monetária deve ser firme, mas moderada e paciente para responder ao jogo dos outros, sem o que pagaremos custos excessivos. Esse, certamente, não é o comportamento misteriosamente chamado de "tempestivo" pelo nosso Banco Central e com o qual tem tentado assustar o Brasil real da produção e do emprego para fazer a "expectativa inflacionária" retornar apressadamente aos 4,5% no início de 2009.

Todos sabemos que o Banco Central dispõe de apenas um instrumento: a taxa de juro real de curto prazo que, convenientemente manobrada, modificaria a taxa de juro real de longo prazo para controlar a demanda global. Isso já não parece tão fácil ou tão verdadeiro. Mas erra, e muito, quem imagina que a política monetária é impotente. No caso brasileiro, o trágico mecanismo de transmissão que lhe restou é via taxa de câmbio flexível, cuja supervalorização é induzida pelo imenso diferencial da taxa de juro real interna e externa e produzirá graves conseqüências no futuro. O Brasil continua sendo o último peru com farofa disponível, fora do Dia de Ação de Graças, na mesa dos arbitradores financeiros. Isso se aplica fortemente à renda fixa (financiamento da dívida do Tesouro) e ainda à renda variável.

Na última semana de julho de 2008, o "The Economist" mostrou que, mesmo depois dos ajustes vividos pela Bovespa, ela ainda rendia, quando comparada à última semana de 2007, 4,6% em dólares (em sete meses). A tabela ao lado fornece uma comparação com algumas outras bolsas (em dólares).

Haja virtude! É lamentável. mas verdadeiro: o aumento da taxa de inflação no Brasil é principalmente importado e conseqüência do real se recusar a valorizar-se ainda mais rapidamente. O sucesso do controle da inflação desde 2004 foi apoiado na valorização do real mais rápida do que o aumento dos preços internacionais de alimentos. Foi isso que mudou em julho de 2006. A partir daí, o aumento dos preços internacionais dos alimentos foi maior do que a valorização do real e começou a sua pressão sobre a taxa de inflação.

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.

domingo, 3 de agosto de 2008

Quadro de medalhas de todas as Olimpíadas.


País Ouro Prata Bronze TOTAL
1
Estados Unidos
896 691 603 2190
2 União Soviética 395 319 296 1010
3 Grã-Bretanha 189 241 237 667
4 França 184 196 216 596
5 Itália 182 147 164 493
6 Alemanha 176 207 224 607
7 Hungria 156 136 157 449
8 Alemanha Oriental 153 129 127 409
9 Suécia 142 155 173 470
10 Austrália 117 122 147 386
11 Japão 114 106 115 335
12 China 112 96 78 286
13 Finlândia 100 82 113 295
14 Romênia 82 88 113 283
15 Cuba 65 53 52 170
16 Holanda 64 75 92 231
17 Polônia 59 74 118 251
18 Federação Russa 58 49 44 151
19 Alemanha Ocidental 56 67 81 204
20 Coréia do Sul 55 64 65 184
21 Canadá 54 85 102 241
22 Noruega 51 44 41 136
23 Bulgária 50 83 74 207
24 Tchecoslováquia 49 49 45 143
25 CEI 45 38 29 112
26 Suíça 43 70 61 174
27 Dinamarca 39 61 63 163
28 Bélgica 36 50 51 137
29 Turquia 36 19 19 74
30 Nova Zelândia 33 14 30 77
31 Grécia 30 40 34 104
32 Espanha 29 39 27 95
33 Rússia 28 31 41 100
34 Iugoslávia 28 31 31 90
35 Ucrânia 21 17 31 69
36 África do Sul 20 23 26 69
37 Áustria 18 32 33 83
38 Quênia 17 24 20 61
39 Brasil 17 21 38 76
40 Argentina 15 23 22 60
41 Etiópia 14 5 12 31
42 México 10 18 24 52
43 Irã 10 15 21 46
44 Coréia do Norte 8 11 16 35
45 Estônia 8 7 14 29
46 Irlanda 8 6 6 20
47 Times mistos 8 5 4 17
48 Índia 8 4 5 17
49 Jamaica 7 21 14 42
50 Cazaquistão 7 12 7 26
51 República Tcheca 7 9 11 27
52 Egito 7 7 9 23
53 Belarus 6 15 26 47
54 Marrocos 6 4 9 19
55 Indonésia 5 8 7 20
56 Tailândia 5 2 10 17
57 Eslováquia 4 6 4 14
58 Lituânia 4 2 5 11
59 Argélia 4 1 7 12
60 Portugal 3 6 11 20
61 Australásia 3 4 5 12
62 Croácia 3 4 5 12
63 Uzbequistão 3 3 5 11
64 Paquistão 3 3 4 10
65 Bahamas 3 2 3 8
66 Azerbaijão 3 1 5 9
67 Nigéria 2 8 9 19
68 Formosa 2 6 7 15
69 Chile 2 6 4 12
70 Eslovênia 2 3 5 10
71 Geórgia 2 2 8 12
72 Uruguai 2 2 6 10
73 Camarões 2 1 1 4
74 Zimbábue 2 1 1 4
75 Luxemburgo 2 1 0 3
76 Letônia 1 10 3 14
77 Trinidad e Tobago 1 3 8 12
78 Uganda 1 3 2 6
79 Peru 1 3 0 4
80 Venezuela 1 2 7 10
81 Colômbia 1 2 5 8
82 Tunísia 1 2 3 6
83 Israel 1 1 4 6
84 Costa Rica 1 1 2 4
85 Armênia 1 1 1 3
86 Síria 1 1 1 3
87 Hong Kong 1 1 0 2
88 Moçambique 1 0 1 2
89 Suriname 1 0 1 2
90 República Dominicana 1 0 1 2
91 Burundi 1 0 0 1
92 Equador 1 0 0 1
93 Emirados Árabes 1 0 0 1
94 Mongólia 0 5 10 15
95 Namíbia 0 4 0 4
96 Filipinas 0 2 7 9
97 Líbano 0 2 2 4
98 Moldávia 0 2 2 4
99 Tanzânia 0 2 0 2
100 Sérvia e Montenegro 0 2 0 2
101 Porto Rico 0 1 5 6
102 Boêmia 0 1 3 4
103 Gana 0 1 3 4
104 Islândia 0 1 2 3
105 Malásia 0 1 2 3
106 Participantes Independentes 0 1 2 3
107 Arábia Saudita 0 1 1 2
108 Haiti 0 1 1 2
109 Sri Lanka 0 1 1 2
110 Zâmbia 0 1 1 2
111 Antilhas Holandesas 0 1 0 1
112 Cingapura 0 1 0 1
113 Costa do Marfim 0 1 0 1
114 Ilhas Virgens Americanas 0 1 0 1
115 Senegal 0 1 0 1
116 Tonga 0 1 0 1
117 Vietnã 0 1 0 1
118 Paraguai 0 1 0 1
119 Catar 0 0 2 2
120 Índias Britânicas Ocidental 0 0 2 2
121 Panamá 0 0 2 2
122 Barbados 0 0 1 1
123 Bermuda 0 0 1 1
124 Djibuti 0 0 1 1
125 Guiana 0 0 1 1
126 Iraque 0 0 1 1
127 Kuwait 0 0 1 1
128 Macedônia 0 0 1 1
129 Níger 0 0 1 1
130 Quirguistão 0 0 1 1
131 Eritréia 0 0 1 1

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