sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Confira a agenda do investidor para a primeira semana de agosto


Por: Rafael de Souza Ribeiro
01/08/08 - 20h25
InfoMoney

SÃO PAULO - Dentro da agenda da primeira semana de agosto, os investidores estarão atentos, sobretudo, à decisão de política monetária do Federal Reserve, marcada para terça-feira (5).

No cenário nacional, o destaque fica para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho. O indicador orientará novas percepções sobre o controle da inflação doméstica.


> Segunda-feira (4/8)

- Brasil

8h30 - O Banco Central organiza o relatório semanal Focus, que compila a opinião de consultorias e instituições financeiras sobre os principais índices macroeconômicos.

- EUA

9h30 - Ênfase para os índices Personal Income e Personal Spending do mês de junho, que avaliam a renda individual dos cidadãos norte-americanos e os gastos dos consumidores, respectivamente.

11h00 - Será divulgado o Factory Orders referente ao mês de junho. Esse índice mede o volume de pedidos, feitos à industria como um todo, de bens duráveis e bens não-duráveis.


> Terça-feira (5/8)

- Brasil

07h00 - A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) anuncia o IPC referente ao acumulado de julho. O índice é baseado em uma pesquisa de preços feita na cidade de São Paulo, entre pessoas que ganham de 1 a 20 salários mínimos.

9h30 - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anuncia a Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil de julho, levantamento dos preços e dos custos dos materiais utilizados no setor.

- EUA

11h00 - Será publicado o ISM Services de julho, responsável pela mensuração do nível de atividade não-industrial.

15h15 - O Fed decidirá o novo patamar do juro básico norte-americano, atualmente em 2,00% ao ano.


> Quarta-feira (6/8)

- Brasil

8h00 - A FGV (Fundação Getulio Vargas) publica o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) de julho, importante medida de inflação nacional.

9h30 - O IBGE anuncia a Pesquisa Industrial Regional de junho, que acompanha a evolução do nível de produto na indústria, mediante recortes locais.

11h00 - O Dieese revela o Índice de Custo de Vida referente ao mês de julho. O relatório contém informações a respeito do custo de vida dos moradores do município de São Paulo.

- EUA

11h30 - Será publicado o relatório de Estoques de Petróleo norte-americano, semanalmente organizado pela EIA (Energy Information Administration). O documento é considerado uma importante medida, já que os EUA é o maior consumidor do combustível.


> Quinta-feira (7/8)

- Brasil

10h00 - O IBGE apresenta o Levantamento da Produção Agrícola referente ao mês de julho, que traz informações sobre acompanhamento e previsão de safras.

- EUA

9h30 - Confira o número de pedidos de auxílio-desemprego (Initial Claims), em base semanal.

11h00 - A National Association of Realtors divulga o Pending Home Sales de junho, indicador responsável por medir a venda de casas existentes nos EUA com contrato assinado, mas ainda sem transação efetiva.

16h00 - E, para encerrar, o Federal Reserve anuncia o Consumer Credit referente ao mês de junho, com objetivo de medir o total de crédito ao consumidor.

- Europa

O dia será marcado por reuniões de política monetária do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra. Ambos vão decidir sobre eventuais mudanças nos parâmetros do juro básico.


> Sexta-feira (8/8)

- Brasil

8h00 - A FGV publica o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) referente à primeira quadrissemana de agosto. O índice calcula a taxa mensal da variação dos preços até meados da semana anterior àquela em que é divulgado.

8h00 - A instituição também apresenta o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) do primeiro decêndio de agosto, que é bastante utilizado pelo mercado, e retrata a evolução geral de preços na economia.

9h00 - O IBGE anuncia o IPCA e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), ambos referentes ao mês de julho. O IPCA é um dos principais índices utilizados pelo Banco Central para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação.

- EUA

9h30 - Destaque para a preliminar do Productivity & Costs referente ao segundo trimestre. Esse índice mede a produtividade da mão-de-obra da economia norte-americana, excluída a agropecuária.

11h00 - Para encerrar, sai o Wholesale Inventories de junho, relatório que contém informações sobre as vendas e os estoques do setor atacadista.


Como começa a semana subseqüente?

> Segunda-feira (11/8)

- Brasil

8h30 - O Banco Central organiza o relatório semanal Focus, que compila a opinião de consultorias e instituições financeiras sobre os principais índices macroeconômicos.

9h00 - O IBGE apresenta a Pesquisa Industrial de Emprego e Salário de junho, que produz indicadores relativos ao comportamento do mercado de trabalho no setor industrial.

11h00 - O Ministério de Comércio Exterior anuncia a Balança Comercial referente à última semana, que mede a diferença entre exportações e importações contabilizadas durante o período.

- EUA

Não serão apresentados índices relevantes no país.

Rodada Doha: "Brasil não se saiu tão mal"

É hora de vender ações da Vale e Petrobras?

Como investir e manter o patrimônio?

I Kissed A Girl (Parody) - Katy Perry - Elderly Remix

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Lágrimas de crocodilo

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

A RODADA Doha da OMC, conhecida como "Rodada do Desenvolvimento", entrou em colapso outra vez. Já perdi a conta, mas creio que esse é o terceiro ou o quarto colapso em três anos. Até o Brasil, que sempre foi construtivo, parece ter jogado a toalha.
A Folha registrou o clima de abatimento dos negociadores e relatou que a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, estava à beira do choro. Mariann Boel, a comissária de Agricultura da União Européia, teria derramado lágrimas.
Lágrimas? Se as houve, foram de crocodilo, certamente. Desde que a Rodada Doha foi lançada, há quase sete anos, o principal obstáculo ao avanço das negociações tem sido a resistência acirrada dos EUA e da União Européia a medidas de liberalização na área da agricultura.
Nesses países, os lobbies agrícolas são extremamente poderosos e organizados. Em conseqüência, os governos relutam enormemente em diminuir subsídios e aumentar o acesso a mercados agrícolas. Isso não os impede, entretanto, de pressionar por concessões dos países em desenvolvimento em termos de acesso a mercados industriais, agrícolas e de serviços. Se tudo corresse como queriam as velhas potências, a Rodada Doha se converteria rapidamente em "Rodada do Subdesenvolvimento", como já escrevi nesta coluna.
O Brasil fez o possível (talvez até o impossível) para viabilizar um acordo. Houve um empenho inegável do governo brasileiro em chegar a um resultado, ainda que modesto. Outros países em desenvolvimento foram mais resistentes, notadamente a China, a Índia e a Argentina. A gota d'água para mais esse colapso das negociações parece ter sido o desentendimento entre os EUA, a China e a Índia a respeito da questão agrícola. Os chineses e os indianos defendiam um mecanismo de salvaguarda especial que permitisse proteger os seus mercados contra súbitos aumentos nas importações de produtos agrícolas.
Nesse ponto específico, os interesses comerciais dos EUA e do Brasil, que são exportadores agrícolas, eram convergentes: ambos se beneficiariam de uma maior abertura dos mercados indiano e chinês.
A diferença é que o Brasil estava aparentemente disposto a ser flexível e a acomodar as pretensões da China e da Índia. Os EUA, não. Segundo o comissário de comércio da União Européia, Peter Mandelson, "os americanos riscaram uma linha na areia e se recusaram a cruzá-la".
Fim de papo.
Como ficamos? Para o Brasil, havia talvez o risco de que uma abertura exagerada nas áreas industrial e de serviços não fosse efetivamente compensada por ganhos em agricultura. Os nossos mercados industriais e de serviços, nos quais temos interesses defensivos, poderiam ficar excessivamente expostos à competição estrangeira. Na agricultura, em que os nossos interesses são ofensivos, as concessões feitas por europeus e americanos seriam provavelmente modestas.
Se essa avaliação é correta, o colapso das negociações pode até ter sido "a blessing in disguise" ("uma bênção disfarçada"). Preservamos, pelo menos, os nossos mecanismos de defesa tarifária e comercial para setores de importância estratégica.
Afinal, não deve passar pela cabeça de ninguém que um país com o nível de desenvolvimento e as características estruturais do Brasil (alta taxa de urbanização, um parque industrial diversificado e um setor de serviços importante) possa depender preponderantemente do setor agrícola.
O Brasil não teria motivos para verter lágrimas -talvez só de crocodilo.

Alguém duvida da desindustrialização brasileira?

31 de Julho de 2008 - A elevação da taxa Selic para 13% ao ano revela a crença cega dos gestores da política monetária numa receita perversa para conter a inflação. Há muito tempo esta estratégia se mostra um remédio amargo para o Brasil. Trava o crescimento do País e faz com que se repitam ciclos de "stop and go" na nossa economia.
É preciso rever o modelo mental dominante para destravar o desenvolvimento brasileiro. É vital mudarmos a âncora monetária baseada no juro e no câmbio. Em tempos de inflação globalizada, o único instrumento eficaz que resta para conter a alta de preços é assumir o imperativo de um grande esforço fiscal para zerar o déficit nominal. Falta, portanto, encarar corajosamente o desafio de reduzir as despesas do governo.
O resultado da equação de juros altos e dólar baixo é o engessamento da atividade econômica. Nenhum país cresceu nestas condições. A taxa de juro inviabiliza investimentos e consumo. A moeda supervalorizada favorece a importação e amplia a desindustrialização, por mais que se tente, reiteradamente, negar este fato.
A desindustrialização é um processo de longo prazo. Não se revela a partir de diagnósticos de curtos períodos. Não é porque a indústria opera a plenos pulmões, impulsionada por uma demanda doméstica reprimida por anos, que devemos ignorar o fenômeno. Dados do próprio governo indicam a perda de participação da indústria na formação do PIB.
Desde o final dos anos 80, a contribuição do setor para a geração de riquezas no País caiu de mais de 47% para cerca de 25%. O mesmo pode-se dizer do emprego na indústria de transformação, que absorvia 16% de toda a população ocupada em 1986 e que hoje está abaixo de 14%, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e PNAD.
Situação assim costuma se verificar em economias maduras, onde empregos na indústria são substituídos por postos de trabalho em serviços de maior valor agregado. Diferentemente disto, o Brasil tem convivido com desemprego elevado e não se tem notícia de expansão vigorosa de serviços de maior valor agregado.
Sabidamente, o dinamismo industrial de uma nação reside na sua capacidade de produzir e exportar produtos de alta tecnologia. No entanto, nós temos sistematicamente perdido participação na exportação destes itens. Este é um dos principais fatores responsáveis pelo déficit na nossa balança comercial.
Ademais, o número de empresas exportadoras cai a cada dia. A participação dos manufaturados na pauta exportadora deverá ficar abaixo de 50% ainda neste ano, fato que não se via há 20 anos. Há também risco concreto de déficit comercial em 2009.
Manifestações laudatórias deveriam ser substituídas por programas práticos de elevação da competitividade empresarial. Programas para encorajar e auxiliar empresas que desejam inovar; para ampliar a capacitação profissional fora e dentro das empresas; para modernizar os sistemas de gestão; para integrar avanços tecnológicos gerados pela pesquisa acadêmica ao processo produtivo. Em suma, ações que promovam uma efetiva elevação de nossa capacidade competitiva em escala global.
O governo é testemunha da permanente disposição dos empresários ao diálogo e do nosso incondicional apoio a todas as ações concretas para superar a estagnação relativa em que vivemos há quase três décadas. Reconhecemos ter havido avanços importantes nos últimos anos. Mas temos, sim, indicações contundentes da necessidade de redobrar nossos esforços para evitar o agravamento da desindustrialização no Brasil. Não temos o direito de tapar o sol com a peneira.
Precisamos convergir para uma urgente e necessária revisão do modelo atual. Não é mais possível manter como prioridade máxima do Estado a geração de recursos para pagamento de juros a taxas claramente nocivas à atividade produtiva e que concorrem para manter nossa moeda sobrevalorizada.
A permanecer esta situação, continuaremos a conduzir o país de apagão a apagão, tentando adivinhar qual será o próximo. Um dia poderá haver o apagão da esperança dos heróicos empreendedores brasileiros que ainda insistem em apostar na atividade empresarial produtiva neste país singular.
kicker: É preciso rever o modelo mental dominante para destravar o desenvolvimento
RODRIGO DA ROCHA LOURES - Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e presidente do Conselho de Po lítica Industrial da CNI.

Brasil-EUA: novo governo e parcerias

31 de Julho de 2008 - Se os Presidentes Bush e Lula não tivessem tido tão boas relações pessoais, iniciadas no dia após a posse do presidente brasileiro, ambos os países teriam tido maiores dificuldades não só no relacionamento entre si mesmos como também e em atravessar um período acentuado de mutações políticas e ideológicas no continente.
De todos os altos e baixos a posição brasileira foi de harmonização de conflitos, de manutenção de diálogos e viu coroada uma estratégia de liderar sem imposições, de guiar sem pretensões de hegemonia e de ser sempre o algodão entre cristais na difícil irmandade das Américas.
Entramos agora em um período de pré-mudança de guarda na Casa Branca. Penso que qualquer dentre os candidatos, Obama ou McCain, que eleito for terá de voltar-se ainda mais para um continente que é auto-suficiente e celeiro do planeta e grande ator no mundo da energia, não só a tradicional mas também e em especial a renovável.
Um paralelo feito oito anos após o Presidente Bush ter assumido, o Brasil passou por uma cirurgia plástica que iniciada no governo de FHC foi com todos os méritos aprofundada e cristalizada com o Presidente Lula. Eis alguns números interessantes:
"Em tamanhos de economia o Brasil em 2000 produzia em US$ 1,09 trilhões e em final deste ano US$ 1,82 trilhões;
Os EUA devem fechar o ano em US$ 14,0 trilhões. Em 2000 eram US$ 11,5 trilhões"
A dívida externa brasileira de US$ 190 bilhões em 2000 neste período transformou-se em crédito externo de +/- US$10 bilhões, e a dívida interna reduzida de 57% do PNB para 38% este ano.
Inflação deste ano ao redor de 5,6% contra em 2000, uma inflação de 9,81% anualizada.
Estoques de petróleo no Brasil que saíram de 7,367 bilhões para mais de 80 bilhões neste ano.
E exportações de US$50 bilhões passando agora a US$190 bilhões e déficit da balança comercial de (US$697 milhões) em 2000 para um saldo de US$ 30 bilhões em 2008.
Finalmente dólar a R$ 1,97 e hoje a R$1,57 por dólar.
Creio que estes resultados mostram a solidez da economia brasileira, erradicada de vez a inflação.
De fato, os indicadores econômicos mostram a curva ascendente que coloca o nosso país como a sétima economia mundial e traduz-se pelo que diz o suplemento do "Financial Times" desta semana que o nosso país está no limiar de alcançar o status de grande potência.
Com gargalos em legislações atrasadas e de antes do fim da guerra mundial e com infra-estrutura muito deficiente, mas com uma crescente acumulação de capital interno, ajudado por US$ 40 bilhões de investimentos diretos, o Brasil tem todas as condições de em 10 anos estar pari-passu com os países mais desenvolvidos na ocupação consciente e sustentável do território. Mas seremos um país que em cinco anos estará exportando US$ 300 bilhões.
Tudo isto para dizer que a chamada crise americana teve e tem características especificas e que não caracterizava uma recessão, mas antes uma retração forte e continuada, a ser superada depois de um período mais ou menos largo de ajustes. Veremos ainda mais dois anos de dificuldades no início do mandato do novo presidente norte-americano.
Com efeito, no início deste ano, havia um certo sentimento de pânico da parte de economistas, investidores do mercado financeiro, empresários e políticos, com relação à possibilidade de uma recessão profunda nos EUA. Com Marcelle Chauvet éramos dos poucos que mantinham uma posição mais serena. Ao analisar o modelo estatístico que ela desenvolveu, o qual gera, em tempo real, probabilidades de recessão na economia americana, a indicação era de uma desaceleração econômica, mas não de uma recessão severa. Após atingir um pico no primeiro trimestre, as probabilidades de recessão nos EUA estão decrescendo, atingindo 25% em maio e a trajetória de queda deve continuar.
Porém, o momento é ainda delicado. Diversas vezes na história dos EUA desacelerações econômicas foram seguidas, meses depois, de uma recessão. A economia americana está enfraquecida. Mas o Federal Reserve tem atuado de forma eficiente para restabelecer o equilíbrio e a credibilidade do sistema financeiro. Se não houver pressões inflacionárias demasiadas para que haja uma elevação precipitada da taxa de juros, a economia americana poderá evitar uma recessão de fato nos próximos meses.
E o Brasil poderá beneficiar-se desta enfermidade passageira ampliando sua força na agricultura e na área energética tradicional, com suas novas reservas de petróleo que podem chegar a mais de 80 bilhões de barris.
Desejo realçar que desde o primeiro veículo a álcool produzido em série em 1980, o Brasil ascendeu à nova posição proeminente entre os maiores produtores mundiais de etanol produzido fora da cadeia alimentar. O esforço atualmente feito pelo Presidente Lula, o qual apoio integralmente, de transformar o etanol em commodity e eliminar os preconceitos que se elevam maldosamente contra a produção de etanol e biodiesel em nosso País e que certamente têm conotações mais profundas do que aquelas que são hoje invocadas. Temos de duramente enfrentar este desafio e ampliar a produção brasileira para além de 50 milhões de metros cúbicos nos próximos 10 anos e criar uma indústria de biodiesel altamente capacitada cuja matéria-prima seja o pinhão manso ou a jatrofa ou outras algas ou produtos naturais não competitivos com alimentos. Esta é a oportunidade que o Brasil não pode desperdiçar no setor energético.
Lembro que os Estados Unidos e o Brasil agora são dois pesos pesados mundiais na geopolítica, na economia e no desenvolvimento social e ambiental em busca de uma parceria mais equilibrada e dinâmica.
Assim, podemos ver que a futura administração americana - que deve ter guardado uma boa impressão do equilíbrio e da grandeza brasileiros, seja em termos de política internacional como na coerência de suas ações na área econômica - terá no Brasil sempre um leal amigo, mas um bravo adversário, como dizia John F. Kennedy, para apoiar aquilo que traz progresso e paz e para dizer francamente não àquilo que não seja do interesse nacional.
Mario Garnero - Presidente do Brasilinvest

IGP-M desacelera para 1,76%

São Paulo, 31 de Julho de 2008 - Os fortes reajustes de preços dos alimentos, que forçaram a disparada da inflação na primeira metade do ano, começam a dar sinais de enfraquecimento, garantindo uma desaceleração gradual dos índices de preços no início do segundo semestre.
A mais recente evidência deste movimento veio do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) do mês de julho, que subiu menos do que o esperado, favorecido pela menor pressão provocada exatamente pelos alimentos. O indicador fechou o período com alta de 1,76%, depois de ter avançado 1,98% em junho, segundo informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Analistas consultados pela Reuters já esperavam uma desaceleração, mas o resultado foi melhor que o imaginado. A mediana das estimativas feitas por 26 instituições consultadas apontava para uma alta de 1,83% para o indicador no sétimo mês do ano.
Todos os três componentes do IGP-M – um indicador importante de inflação por ser utilizado no reajuste de diversos contratos, como os de aluguel – registraram altas menores em julho, quando comparadas aos movimentos do mês anterior. Os preços no atacado, por exemplo, subiram 2,20%, depois de terem apurado elevação de 2,27% em junho.
Uma das principais contribuições para essa desaceleração veio dos alimentos in natura, que depois de terem os preços elevados em 7,69% no mês passado, registaram uma queda de 1,32% nos preços em julho. Do lado do varejo, representado pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), a inflação passou de 0,89% para 0,65%.
"A principal contribuição no sentido descendente partiu do grupo alimentação", afirmou, em nota, a FGV. Os alimentos sofreram um reajuste de 1,41% nos preços em julho, depois de terem subido 2,20% no mês imediatamente anterior.
Inflação anual segue alta
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) – terceiro componente do IGP-M – teve a desaceleração mais acentuada do período, ao recuar de 2,67% de alta para uma elevação de 1,42%. O alívio de julho, entretanto, não foi suficiente para reduzir de maneira significativa a alta acumulada pelo IGP-M no ano, que é de 8,71%. Nos últimos 12 meses, o quadro é ainda pior. O índice acumula avanço de 15,12% no período.
O IGP-M de julho foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 de junho e 20 deste mês.

Capitalismo arrebata EUA em crise

Por Kevin Hassett
A crise no Fannie Mae e no Freddie Mac provocou mais um revés numa já cambaleante economia dos Estados Unidos. Com tanta gente atualmente tomada pela possibilidade de a economia caminhar rumo à recessão, o jogo de acusações já começou. Muitos começaram a apontar um dedo acusador para um suspeito improvável: o próprio livre mercado. Há uma nova doença se disseminando nos prognósticos dos especialistas de plantão: o capitalismo de tempos prósperos.

Peter Gosselin capturou bem esse estado de ânimo num artigo recente no "Los Angeles Times". "O país e seus líderes políticos", ele escreveu, "começaram a se irritar com a idéia de que o sistema de mercado atual seria essencial para uma sociedade eficiente, estável e justa".

Apesar de não estar nem um pouco claro se a maioria das pessoas concordará com Gosselin, essa percepção precisa ser levada a sério. A noção de que os mercados não funcionam mais, se for verdadeira, poderá virar o pensamento econômico de cabeça para baixo e se transformar numa importante vitória intelectual para a esquerda americana. A aceitação generalizada desta idéia teria profundas implicações para o futuro das economias de mercado e abriria a porta para uma vasta expansão do governo.

Há dois anos, se perguntássemos a qualquer americano que não fosse um militante da esquerda por que os EUA superaram o desempenho das economias da Europa e do Japão, mais tendentes ao socialismo, ele teria apontado para a nossa maior dependência nos mercados livres. Os americanos dificilmente foram os únicos a aprender essa lição. Os europeus têm reduzido agressivamente as suas elevadas alíquotas de impostos e suas rigorosas regulações e o antigo bloco soviético, em particular, parece ter sido ungido no sacerdócio da doutrina econômica de Reagan.

Por que a vitória intelectual para os pensadores do livre mercado? Não porque tivessem convencido a todos nos seminários acadêmicos: o meio acadêmico dificilmente tem sido receptivo aos economistas conservadores. Não, a vitória aconteceu porque os fatos falaram por si mesmos. Um vasto corpo de pesquisa, que demonstra a relação empírica existente entre mercados livres e crescimento econômico, foi desenvolvido. Um estudo conduzido pelo economista Robert Barro, da Universidade Harvard, apurou que os direitos de propriedade e os mercados livres eram os elementos institucionais mais importantes para a promoção do crescimento econômico.

Igualmente, o Relatório de 2004 sobre a Liberdade Econômica Mundial, do Instituto Fraser, documentou que a receita do livre mercado, de concorrência, espírito empreendedor e atividade de investimento, é a chave para a promoção do crescimento econômico. Segundo o estudo, "países com maior liberdade econômica atraem mais investimentos e obtêm produtividade maior a partir dos seus recursos. Como resultado, eles crescem mais velozmente e atingem níveis de renda mais elevados". Estudos também mostram o impacto negativo da regulação sobre o crescimento. A economista, Silvia Ardagna, de Harvard, e Annamaria Lusardi, do Dartmouth College, concluíram que ambientes com regulação rígida desestimulam empreendedores que são motivados por novas idéias de negócios.

O poderio econômico dos EUA ajudou a vencer a Guerra Fria e países que copiaram, ou até se aprimoraram em relação aos Estados Unidos, viram seus horizontes mudarem dramaticamente. Países, da Irlanda à Estônia, adotaram a ideologia do livre mercado e presenciaram uma transformação econômica sem precedentes historicamente. É importante observar que essa vitória foi em torno de tendências de longo prazo. Há dois anos, o sentimento em prol do livre mercado estava provavelmente no seu auge. A vasta aceitação da idéia de que mercados livres são a melhor rota para a prosperidade foi baseada em décadas de experiência. Contudo, ocorreram graves flutuações.

Tivemos a crise de 1973, quando os preços quadruplicaram e houve a convulsão iraniana de 1979, que também devastou os mercados do petróleo, e a derrocada das instituições financeiras hipotecárias, quando mais de 700 bancos faliram. Até mesmo a gloriosa revolução de Reagan foi prejudicada por flutuações: uma das mais profundas recessões do período do Pós-Guerra aconteceu durante o primeiro mandato de Reagan. Mesmo com esses reveses, o sistema de livre mercado venceu, pois outras abordagens não produziram apenas flutuações, mas miséria constante.

Então, o que aconteceu desta vez, que é tão pior do que tudo o que houve antes? A resposta é: nada. Novas coisas que malograram demandam novas abordagens por parte dos formuladores de política. Mas os mercados por si só não são a raiz do problema. Tratemos de cada um dos elementos negativos.

Primeiramente, os preços do petróleo. Eles estão elevados porque a demanda global subiu vertiginosamente num momento em que países como China e Índia adotaram o livre mercado e começaram a crescer velozmente e a consumir mais energia. Portanto, os preços do petróleo dispararam porque os mercados livres funcionam, e não ao contrário. No setor habitacional, o enredo é mais complexo. As instituições financeiras claramente fizeram terríveis apostas de que os preços continuariam aumentando, e isso colocou a economia em risco. Os proprietários de casas perseveraram nos seus sonhos, apenas para vê-los frustrados assim que as taxas de juros que incidiam sobre financiamentos hipotecários se ajustaram a um nível mais elevado e os preços despencaram. O sofrimento deles é real, e o Congresso está certo em tomar alguma providência para atenuá-lo.

Mas será a crise habitacional suficiente para desfazer décadas de experiência que atestam que os mercados livres funcionam? Dificilmente. A verdade é que preços flutuam e que algumas vezes as pessoas adivinham corretamente, e outras vezes incorretamente. Isso sempre foi verdade, especialmente durante o período que convenceu o mundo de que o sistema de livre mercado é o melhor.

Consideremos da seguinte forma. Quase 68% dos americanos possuem suas casas. Na Alemanha, apenas 40% as detêm. Essas cifras são tão diferentes em grande parte porque os EUA são mais livres economicamente do que a Alemanha. O crescimento maior da renda e crédito mais fácil levaram a maiores taxas de posse de moradias nos EUA e a condições que são mais difíceis de mensurar. Isso abriu caminho para júbilo, e também para tensão.

Mas mesmo depois que a poeira assentar os americanos estarão muito à frente. Ninguém poderá alegar que estaríamos em situação melhor adotando um sistema completamente diferente. Nós definitivamente estaríamos em melhor condição se a regulação bancária tivesse sido mais racional e se a regulação por zoneamento não tivesse contribuído tanto para a disparada nos preços dos imóveis. Mudanças devem ser, naturalmente, introduzidas no nosso sistema.

É praticamente possível assegurar que outra confusão acontecerá logo adiante. Os americanos sempre aceitaram isso como parte do trato do livre mercado e podemos apostar que aceitarão mais essa vez.

Kevin Hassett, diretor de Estudos de Política Econômica no American Enterprise Institute, é colunista da Bloomberg News.

A securitização do pré-sal

O governo criou uma comissão interministerial para discutir o futuro das reservas de petróleo e gás acumuladas no chamado pré-sal. Em recente seminário realizado em São Paulo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho - um dos integrantes desta comissão -, informou aos presentes que uma das tarefas deste grupo é estruturar fundos de desenvolvimento com base nos recursos que serão gerados a partir desta riqueza natural. Assim, sem nenhum detalhe, ele revelou uma discussão que existe dentro do governo: a adoção de mecanismos que permitam antecipar em alguns anos os recursos públicos que podem ser gerados a partir da riqueza do pré-sal, a chamada securitização destes ativos.

Para Coutinho, a securitização de parte das reservas do pré-sal pode ser utilizada para suportar os investimentos necessários à própria exploração desta riqueza. Para 2008, a Petrobras programou investimentos de R$ 55 bilhões, 21% mais que em 2007. Do total, R$ 26 bilhões são para a área de exploração e produção, mas anda não incluem o desenvolvimento dos campos gigantes, entre eles Tupi - com reservas estimadas entre 5 e 8 bilhões de barris.

A discussão da securitização está misturada a várias outras, especialmente as do modelo de exploração dos campos gigantes e de divisão desta riqueza. Se fosse mantido o modelo em vigor (de concessão para exploração pelo setor privado com remuneração do setor público via pagamento de royalties e participações especiais, ainda que em valores bem superiores aos atuais), a antecipação dos recursos do pré-sal ocorreria pelo lançamento de títulos da União, por exemplo, lastreados no recebimento futuro de Participações Especiais decorrentes destas reservas.

Há, contudo, outras idéias sendo discutidas dentro do governo. Os recursos são tantos que poderiam, eventualmente, servir para dar "funding" ao BNDES em outros projetos de desenvolvimento que interessam ao país, na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Um integrante da área econômica que concorda com a idéia de antecipação defende, contudo, que é preciso ser parcimonioso nesse uso. Nestas operações, lembra, é preciso conceder taxas de desconto ao investidor. E os recursos já são abundantes. Em 2007 foram pagos R$ 14,7 bilhões entre royalties e participações especiais. Dados extra-oficiais indicam que esse valor pode somar R$ 30 bilhões no início da próxima década, sem o pré-sal.


A idéia de securitização, contudo, serve a outros propósitos. Entre eles, o de adotar um novo modelo de exploração, com ou sem nova empresa estatal. Em um modelo de partilha de produção, por exemplo, essa operação financeira permitiria alavancar parte do altíssimo custo de exploração e produção destas áreas. Isso já foi feito pela Petrobras no final da década de 90. Eram outros tempos - de caixa muito magro e barril quase de graça - e a própria companhia criou Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs) para financiar (por meio de project finance) o desenvolvimento da produção de campos gigantes como Marlim e Albacora. E funcionou.

Para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) - envolvido no debate do modelo de exploração do pré-sal -, o país caminha "provavelmente" para um sistema de partilha da produção dos campos de pré-sal ainda não concedidos. O "provavelmente", explica, é baseado na experiência internacional. Para o senador, não é necessária uma nova estatal para administrar o pré-sal. Basta uma estrutura muito enxuta, um escritório que contratará as empresas e administrará essas riquezas. O pagamento das empresas (responsáveis pelo investimento para tirar o pré-sal do fundo do mar) seria feito com parte da produção. Na sua visão deste modelo, ele prescinde de recursos públicos elevados para bancar os bilionários projetos (o banco UBS estimou esse montante em US$ 600 bilhões), pois isso seria responsabilidade das empresas contratadas.

Se não é preciso dinheiro público para bancar a exploração, para que serviria a securitização da riqueza do pré-sal? "Isso pode ser parte de uma solução alternativa para abater dívida pública, reduzir a carga tributária e, assim, elevar os investimentos públicos em infra-estrutura e na área social dentro da visão do governo que é a de maximizar o retorno, para a sociedade, desta riqueza", diz o senador. Mas ele faz uma ressalva. Ao mesmo tempo que é possível antecipar parte destes recursos e beneficiar a atual geração, é preciso um compromisso "intergeracional". O pré-sal, diz, estende-se por 160 mil km2, dos quais apenas 14 mil2 já estão concedidos.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) está começando a estudar modelos para o pré-sal e incluiu a discussão sobre a antecipação das receitas públicas oriundas desta riqueza nesta discussão "embrionária". Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi, algum mecanismo de securitização pode ser eficiente para a passagem entre os anos de 2010 e 2014. No fim deste período, os primeiros mega-campos já concedidos (como Tupi e Júpiter) poderão ter uma produção razoável e a União receberá um volume maior em participações especiais. Mas, antes que isso aconteça, parte desta riqueza poderia ser usada para financiar projetos de infra-estrutura e até o desenvolvimento da própria "economia do petróleo", diz Almeida, em referência à necessidade de incentivar toda uma cadeia de fornecedores locais para a Petrobras e companhias do setor. Isso ajudaria, acrescenta, a desenvolver um modelo capaz de neutralizar o risco de que o país venha a desenvolver, em função da imensa riqueza do pré-sal, a "doença holandesa". Por esta, a futura exportação do petróleo brasileiro provocaria tal desequilíbrio cambial que afetaria a competitividade de outros setores da indústria. "Poderíamos antecipar soluções para este problema", argumenta.

A discussão é pertinente. Mas colocá-la em prática - ainda que se pense neste mecanismo para 2010 ou 2011 e não para já - passa pela pergunta que vale não US$ 1 bilhão, mas dezenas de bilhões de dólares: qual é o tamanho das reservas que existem no pré-sal. 50 bilhões de barris? 70 bilhões? Estes estudos não são feitos pela União, eles só prosperam quando um campo é concedido. No novo modelo, com antecipação, quem bancaria esses estudos?

Denise Neumann é editora de Brasil. O titular desta coluna, Cláudio Haddad, que escreve quinzenalmente às quintas-feiras, está em férias
denise.neumann@valor.com.br

Muitos donos, coisa ruim para todos e cada um

"The Gridlock Economy" - Michael Heller. Basic Books, 259 págs. US$ 26
BusinessWeek

Na década de 1950, milhões de garotos americanos participaram de uma corrida ao campo. A Quaker Oats adquiriu muitos acres de terras no Yukon, subdividiu-os em 21 milhões de pedacinhos de uma polegada quadrada e distribuiu os respectivos títulos de propriedade nas embalagens de seus cereais - produzindo, assim, uma das mais bem-sucedidas campanhas de marketing na história.

Mas a mobilização criada pela campanha provocou uma porção de problemas. Por exemplo, até que todos os pedaços fossem finalmente amealhados por um único proprietário, as terras permaneceram ociosas - ainda que um garoto tivesse enviado ao cartório quatro palitos para cercar seu terreninho e outro tenha tentado doar seu "latifúndio" de três polegadas quadradas para a criação do menor parque do mundo.

Em "The Gridlock Economy: How Too Much Ownership Wrecks Markets, Stops Innovation, and Costs Lives", Michael Heller, professor da faculdade de Direito de Columbia, faz referência à "Grande Polegada" e a muitos outros casos para descrever um conceito contrário à cultura americana de respeito à propriedade privada. Embora normalmente se crie riqueza, observa Heller, podem surgir impasses quando muita gente é dona de pedacinhos de uma única coisa. Essa "tragédia da pulverização da propriedade" - um termo originalmente cunhado pelo autor em 1998 - "refere-se a qualquer cenário no qual um número excessivo de pessoas pode impedir-se mutuamente de criar ou usar um recurso escasso". Embora o conceito possa não ser familiar, ao chegar ao fim do livro o leitor começará a ver seus fantasmagóricos tentáculos por toda parte.

O relato sobre a campanha de marketing da Quaker é essencialmente cômico, mas a maioria dos exemplos de Heller são mais sérios. Ele argumenta persuasivamente, por mais extravagante que possa inicialmente parecer, que essa fragmentação de propriedade é em grande parte responsável pelos atrasos nas viagens aéreas, pelos baixos valores de propriedades imobiliárias em muitas comunidades, pelas velocidades mais lentas nos Estados Unidos do que no Japão nas conexões em banda larga. A pulverização da propriedade também pode explicar por que um medicamento promissor para o mal de Alzheimer não chega ao mercado e por que tantas pessoas morrem de falência de órgãos.

No caso da terapia para o mal de Alzheimer, um dos problemas, diz o autor, é que diversos detentores de propriedade intelectual controlam as patentes necessárias para um único medicamento eficaz. As companhias farmacêuticas valem-se de seus direitos de propriedade intelectual para barrar rivais. Embora os gastos com pesquisa e desenvolvimento de novas drogas tenha dobrado de 1995 a 2002, o número de "novas entidades moleculares", ou novas terapias aprovadas para comercialização, nos Estados Unidos, caiu, em 2002, para seu mais baixo nível desde 1983.

Mas Heller não é anti-Adam Smith: ele acredita que empreendedores e setores de atividade econômica podem muitas vezes solucionar eles próprios esse tipo de problema. O projeto Golden Rice (Arroz Dourado) é um exemplo perfeito. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), chega a 500 mil o número de crianças em todo o mundo que ficam cegas anualmente por causa de deficiência de vitamina A. Para atacar o problema, dois cientistas desenvolveram arroz modificado geneticamente contendo a vitamina necessária. De início, a obtenção dos direitos ao uso das cerca de 70 patentes americanas cruciais à iniciativa Golden Rice pareceu uma tarefa enorme. Mas, no fim das contas, os detentores de propriedade intelectual, entre eles a Syngenta, a Novartis e a Monsanto, ajudaram a agregar e licenciar suas tecnologias gratuitamente.

Em muitos casos, boa-vontade não resolve problemas. Mas alguns dilemas podem ser solucionados por meio de maneiras inovadoras de gerenciar direitos de propriedade intelectual. Em cenários de desenvolvimento econômico, proprietários de terras freqüentemente vêem que seus lotes valem menos do que se fossem agregados - mas a consolidação de terrenos, por vezes envolvendo desapropriações, pode ser complicada, e ainda assim os proprietários receberão menos do que um justo valor. Uma solução: Heller propõe que vizinhos constituam associações condominiais, que poderão dar aos proprietários maior controle sobre a agregação e a venda.

Outros problemas exigem intervenção estatal. Um capítulo fascinante do livro examina as "Guerras das Ostras" na baía de Chesapeake, que persistiram durante anos, numa disputa por quem teria o direito de captura dos moluscos.Esse imbróglio envolvendo fronteiras estaduais acabou exigindo a intervenção da Suprema Corte.

Casos históricos pontuais à parte, a maior parte do livro de Heller é sobre o futuro, com implicações para políticas no setor de comunicações sem fio, para a legislação de direitos autorais americana e para o gerenciamento do crescimento urbano. Cinqüenta anos depois da campanha de marketing da Quaker Oats, não há final feliz à vista para essa "tragédia".

Tradução de Sergio Blum

Estrelas ofuscadas

Por Angelo Pavini, de São Paulo
Estrelas do mercado brasileiro, respondendo por 30% do Índice Bovespa, as ações da Petrobras e da Vale tiveram seu brilho ofuscado nos últimos dois meses, puxando a queda da bolsa. O papel preferencial (PN, sem voto) da Petrobras acumula queda de 29,35% de 20 de maio - pico do Ibovespa - para cá, enquanto a PNA da Vale perde 29,98%. No período, o índice cai 18,39%. Em 2008, enquanto o Ibovespa cai 6,09%, o papel da Petrobras perde 16,90% e o da Vale, 17,30%.

A perda preocupa principalmente os investidores de varejo, que têm nesses papéis grande parte de sua aplicação em bolsa. Só neste ano, os fundos dedicados a Petrobras captaram R$ 2,209 bilhões e os de Vale, R$ 589 milhões, até dia 28, segundo o site Fortuna.

O desânimo aumenta quando se olha para os fundamentos e para as estimativas das corretoras para os papéis. Segundo dados da Thomson One Analytics, para a Vale, o preço justo médio está em R$ 75,00, ou 80,24% acima dos R$ 41,61 do fechamento de ontem. Para a Petrobras, a média das projeções está em R$ 61,05, 67,3% acima dos R$ 36,50 de ontem. Todas as corretoras, com exceção de uma que recomenda manter para a Vale, indicam compra para os papéis.

Por que então os papéis não sobem? A explicação está em fatores conjunturais de mercado e outros particulares das duas empresas, explicam analistas. O primeiro é a piora do cenário internacional, que fez os estrangeiros venderem pesadamente ações em mercados mais líquidos, como Brasil, e isso atingiu diretamente as ações mais negociadas, no caso Petrobras e Vale. Neste ano, até dia 28, o saldo de estrangeiros na Bovespa está negativo em R$ 14,360 bilhões.

No caso da Petrobras, a queda recente tem a ver também com o recuo dos preços do petróleo, que chegou a US$ 147 o barril e ontem fechou a US$ 127. Além disso, há uma questão regulatória, que é a possibilidade de o governo criar uma empresa para explorar os campos encontrados na região do pré-sal. Os papéis da estatal subiram no ano passado quando as primeiras estimativas do pré-sal surgiram, com o anúncio dos campos de Tupi e Júpiter. Agora, o mercado teme que, com a nova estatal, a Petrobras apenas passe a prestar serviços de exploração, ficando de fora do grosso dos ganhos, que iriam para o governo. "O fato de o petróleo ter recuado e de não se saber se vão criar uma empresa ou aumentar as alíquotas de royalties vêm prejudicando os preços", diz Andres Kikuchi, da Link Investimentos. Ele acredita que essa definição só deve sair no ano que vem, e, até lá, será um fator de volatilidade.

Kikuchi observa, porém, que os preços atuais estão muito baixos mesmo considerando que a Petrobras ficará de fora das novas descobertas do pré-sal. "Os campos de Tupi e Júpiter já estão garantidos e, mesmo assim, a ação está mais barata do que antes do anúncio e de quando o petróleo estava a US$ 100 o barril", diz ele.

O preço atual da Petrobras é bastante atraente, afirma Felipe Cunha, chefe de análise da Brascan Corretora. "Já tivemos Tupi, dois graus de investimentos para o país e o petróleo subindo quase 30%, mas o preço ainda está nos níveis de outubro", observa. Cunha também não vê motivos para o petróleo cair muito mais, uma vez que a produção nova vem de regiões cada vez mais difíceis de explorar, como o pré-sal, o dólar continua fraco no mercado internacional e há problemas em regiões produtoras, como na Nigéria. Ele reconhece que há a incerteza com os novos campos, a defasagem no preço da gasolina e do diesel no mercado interno, na casa dos 15%, mas ainda assim a queda é excessiva. O preço alvo da Brascan para Petrobras é de R$ 65,10. "Há ainda um potencial de crescimento da produção de 5% ao ano até 2012, que poucas concorrentes têm."

No caso da Vale, além do cenário macroeconômico, de desaceleração da China por conta da inflação provocada pela alta das commodities, houve também a queda dos preços do níquel, observa Rodrigo Ferraz, da Brascan. Depois da aquisição da canadense Inco, o produto, que passou a influir no resultado da Vale. E caiu mais de 60% de maio de 2007 para cá, de US$ 51.600 a tonelada para US$ 19 mil, com expectativa de novas quedas. Isso trouxe um componente de volatilidade que a Vale não tinha, uma vez que seu principal produto, o minério de ferro, não é negociado em bolsa e está, assim, fora do risco de especulação de fundos.

Para complicar, a Vale anunciou em junho uma oferta pública de ações de US$ 15 bilhões, que foi vista pelo mercado como um sinal de que a empresa iria se endividar comprando uma empresa em um momento em que o mercado estaria piorando. A companhia explicou que a oferta seria para pagar os investimentos de US$ 59 bilhões em quatro anos. "Mas o mercado ainda desconfia de uma compra", diz Ferraz, lembrando que a operação pode trazer novos produtos negociados em bolsa para a Vale, aumentando sua volatilidade. Porém, ele observa que a demanda por minério de ferro continua forte e a expectativa é de que os preços continuem subindo até 2011.

E novas compras, no longo prazo, seriam interessantes para a Vale. Na lista estão Xstrata, Freeport, Teck-Cominco e Alcoa. Ferraz trabalha com um preço justo para Vale de R$ 74,09, ou 78% sobre o fechamento de ontem. Mas observa que, se os fundamentos costumam prevalecer no longo prazo, no curto a volatilidade deve continuar.

Alguma melhora pode vir com a divulgação dos resultados das empresas nas próximas semanas, diz Eduardo Roche, gerente de Análise da Modal Asset Management. A Vale deve anunciar seu resultado do segundo trimestre no dia 6, e o número virá melhor por conta do aumento do minério de ferro, de 71%. "Mas a dúvida sobre o que ela vai fazer com o dinheiro da captação vai continuar", diz ele, lembrando que não se sabe o tamanho da empresa que ela poderia estar pensando em comprar. O resultado das grandes siderúrgicas, como a americana US Steel e a européia Arcelor Mittral confirmaram que o consumo de aço segue elevado e isso beneficia a Vale. "Mas as variáveis externas continuam incertas", alerta.

Na Itaú Corretora, o preço justo para a Petrobras é de R$ 61,00, sem contar com as áreas novas do pré-sal e com um preço do barril do petróleo em US$ 75, diz Fabio Anderaos de Araujo, estrategista de pessoa física. O papel é uma das principais recomendações da corretora. Para ele, a queda de Petrobras foi acentuada pela saída dos estrangeiros, muitos que haviam entrado depois do anúncio de Tupi. "A isso se junta o atraso na produção e a queda do petróleo, e o papel foi ladeira abaixo", diz. Para Araújo, a análise de Petrobras está "muito pobre", concentrada no preço do petróleo. "Mas se o preço do barril se estabilizar, as bolsas voltam a reagir e o fluxo de estrangeiros deve voltar para Petrobras, que ficou barata demais", diz.

Já Rogerio Betti, da Beta Advisors, acredita que tanto Petrobras quanto Vale estão baratas. O escritório de aconselhamento financeiro considera que os fatores de queda da Vale - receio de menor atividade na China e compra de outra empresa - estão superavaliados. O resultado do segundo trimestre será muito bom e mesmo a compra de outra empresa será positiva, uma vez que os preços das companhias caíram bastante nos últimos três meses. "Xstrata, por exemplo, caiu US$ 30 bilhões", diz.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

10 Skills You Need to Succeed at Almost Anything

10 Skills You Need to Succeed at Almost Anything

What does it take to succeed? A positive attitude? Well, sure, but that’s hardly enough. The Law of Attraction? The Secret? These ideas might act as spurs to action, but without the action itself, they don’t do much.

Success, however it’s defined, takes action, and taking good and appropriate action takes skills. Some of these skills (not enough, though) are taught in school (not well enough, either), others are taught on the job, and still others we learn from general life experience.

Below is a list of general skills that will help anyone get ahead in practically any field, from running a company to running a gardening club. Of course, there are skills specific to each field as well – but my concern here is with the skills that translate across disciplines, the ones that can be learned by anyone in any position.

1. Public Speaking

The ability to speak clearly, persuasively, and forcefully in front of an audience – whether an audience of 1 or of thousands – is one of the most important skills anyone can develop. People who are effective speakers come across as more comfortable with themselves, more confident, and more attractive to be around. Being able to speak effectively means you can sell anything – products, of course, but also ideas, ideologies, worldviews. And yourself – which means more opportunities for career advancement, bigger clients, or business funding.

2. Writing

Writing well offers many of the same advantages that speaking well offers: good writers are better at selling products, ideas, and themselves than poor writers. Learning to write well involves not just mastery of grammar but the development of the ability to organize one’s thoughts into a coherent form and target it to an audience in the most effective way possible. Given the huge amount of text generated by almost every transaction – from court briefs and legislation running into the thousands of pages to those foot-long receipts you get when you buy gum these days – a person who is a master of the written word can expect doors to open in just about every field.

3. Self-Management

If success depends of effective action, effective action depends on the ability to focus your attention where it is needed most, when it is needed most. Strong organizational skills, effective productivity habits, and a strong sense of discipline are needed to keep yourself on track.

4. Networking

Networking is not only for finding jobs or clients. In an economy dominated by ideas and innovation, networking creates the channel through which ideas flow and in which new ideas are created. A large network, carefully cultivated, ties one into not just a body of people but a body of relationships, and those relationships are more than just the sum of their parts. The interactions those relationships make possible give rise to innovation and creativity – and provide the support to nurture new ideas until they can be realized.

5. Critical Thinking

We are exposed to hundreds, if not thousands, of times more information on a daily basis than our great-grandparents were. Being able to evaluate that information, sort the potentially valuable from the trivial, analyze its relevance and meaning, and relate it to other information is crucial – and woefully under-taught. Good critical thinking skills immediately distinguish you from the mass of people these days.

6. Decision-Making

The bridge that leads from analysis to action is effective decision-making – knowing what to do based on the information available. While not being critical can be dangerous, so too can over-analyzing, or waiting for more information before making a decision. Being able to take in the scene and respond quickly and effectively is what separates the doers from the wannabes.

7. Math

You don’t have to be able to integrate polynomials to be successful. However, the ability to quickly work with figures in your head, to make rough but fairly accurate estimates, and to understand things like compound interest and basic statistics gives you a big lead on most people. All of these skills will help you to analyze data more effectively – and more quickly – and to make better decisions based on it.

8. Research

Nobody can be expected to know everything, or even a tiny fraction of everything. Even within your field, chances are there’s far more that you don’t know than you do know. You don’t have to know everything – but you should be able to quickly and painlessly find out what you need to know. That means learning to use the Internet effectively, learning to use a library, learning to read productively, and learning how to leverage your network of contacts – and what kinds of research are going to work best in any given situation.

9. Relaxation

Stress will not only kill you, it leads to poor decision-making, poor thinking, and poor socialization. So be failing to relax, you knock out at least three of the skills in this list – and really more. Plus, working yourself to death in order to keep up, and not having any time to enjoy the fruits of your work, isn’t really “success”. It’s obsession. Being able to face even the most pressing crises with your wits about you and in the most productive way is possibly the most important thing on this list.

10. Basic Accounting

It is a simple fact in our society that money is necessary. Even the simple pleasures in life, like hugging your child, ultimately need money – or you’re not going to survive to hug for very long. Knowing how to track and record your expenses and income is important just to survive, let alone to thrive. But more than that, the principles of accounting apply more widely to things like tracking the time you spend on a project or determining whether the value of an action outweighs the costs in money, time, and effort. It’s a shame that basic accounting isn’t a required part of the core K-12 curriculum.

What Else?

Surely there are more important skills I’m not thinking of (which is probably why I’m not telling Bill Gates what to do!) – what are they? What have I missed? What lessons have you learned that were key to your successes – and what have you ignored to your peril?

Heroes Preview: Season 3 Episode 1 (3.01) The Second Coming

Heroes Preview: Season 3 Episode 1 (3.01) The Second Coming

Ah, it’s another year, another season of Heroes, and our very first preview of the very first episode of Season 3 — “The Second Coming”, formerly called “The Butterfly Effect”. Scheduled to premiere with a 2-hour block on September 22 of this year (after a one-hour special episode to help viewers catch up to what’s happened previously), “The Second Coming” was recently screened at Comic Con, and SPOILERS for the episode abound. NBC has finally released an official description for the episode, as well as five promo images. Without further ado: Heroes Season 3 Episode 1 is here!

Official Description:

Previously in “Volume 1: Genesis” and “Volume 2: Generations,” when a total eclipse cast its shadow across the globe, a multitude of everyday men and women with special powers seemingly were called forth. To prevent grim predictions of the future, a handful of these individuals banded together to save the cheerleader, New York City, and the world. Now, as ominous, new signs signal catastrophe ahead, new and familiar adversaries begin to gather…

With his abilities returned to him, serial killer Sylar (Zachary Quinto) relentlessly continues to accumulate other people’s abilities, which leads him to the Bennet house. Bound to a secret company with a keen interest in people like his daughter, “H.R.G.,” a.k.a. Noah Bennet (Jack Coleman), finds new purpose when his most dangerous, fantastic foes break out of custody and must be dragged back. Reeling from recent events and revelations, Claire Bennet (Hayden Panettiere), an indestructible high school cheerleader, struggles to define her identity and place in the world.

An act of heroism unveils an amazing secret about Niki Sanders (Ali Larter), a Las Vegas single mother with astonishing strength — and an unknown, hidden family. In Japan, Yamagato Industries heir Hiro Nakamura (Masi Oka) continues to use his ability to pierce the space-time continuum and manipulate time to leap into wild, international adventures with his best friend, Ando Masahashi (James Kyson Lee).

Nathan Petrelli’s (Adrian Pasdar) attempted assassination leads several Heroes on a stunning spiritual quest to explain his power of flight. For his younger brother, Peter (Milo Ventimiglia), the future and present collide as his many absorbed powers lead him to discover that the only way to end the catastrophic moment facing the world is to do the unimaginable. Meanwhile, their ruthless mother Angela (Cristine Rose) and her associates continue their ongoing, complex machinations to change the world from the shadows.

Former LAPD officer Matt Parkman (Greg Grunberg) is taught new ways to use his expanding ability to hear and manipulate other’s thoughts by an unlikely guide. Dr. Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy), a genetics professor from India, takes a dangerous step into darkness as his research into those with extraordinary abilities living among us continues. Far from her Dominican Republic home, Maya Herrera (Dania Ramirez), who causes death when filled with fear or anger, begs Suresh to cure her – only to watch helplessly as he embraces his darker side.

Their ultimate destiny is nothing less than saving the world…

July 30, 2008 Stock Market Recap from Trader Mike by Michael Today was apparently time for the larger cap stocks to shine. The S&P 500 and Nasdaq


July 30, 2008 Stock Market Recap

Today was apparently time for the larger cap stocks to shine. The S&P 500 and Nasdaq were up almost four times as much as the Nasdaq and almost 3 times as much as the Russell 2000 on a percentage basis. Despite the impressive large cap gains, those indices have just completed round trips over the last five sessions. So today’s moves put the indices on the verge of making new highs for the month. It could be a perfect setup for the month-end markup games for tomorrow…

Trend Table
Trend Nasdaq S&P 500 Russell 2000
Long-Term Down Down Down
Intermediate Down Down Up(+)
Short-term Up Up Up

(+) Indicates an upward reclassification today
(-) Indicates a downward reclassification today
Lat Indicates a Lateral trend

*** I’m simply using the indices’ relations to their 200, 50 and 10-day moving averages to tell me the long, intermediate and short-term trends, respectively.

Post from: Trader Mike's Blog

July 30, 2008 Stock Market Recap

Doug Fabian Market Commentary 7/30/2008

Video Explaining US Presidential Election Process


Electing a US President in Plain English from leelefever on Vimeo.

PERGUNTAS E RESPOSTAS - Entenda o fracasso das negociações

DO "FINANCIAL TIMES"

O QUE É A RODADA DOHA?
A rodada de conversações (cujo nome é uma referência à capital do Qatar, país onde ela começou em 2001) são negociações amplas com o objetivo de liberalizar o comércio de produtos agrícolas, industriais e serviços entre os 153 países-membros da OMC. As conversações também tratam de questões menores, como aperto das regras sob as quais o comércio internacional é conduzido e facilitar aos exportadores o transporte de bens através de fronteiras nacionais.

POR QUE ENTROU EM COLAPSO?
Fundamentalmente, pelos mesmos motivos que as vinham perturbando há anos: o desejo de alguns dos grandes países emergentes, como Índia e China, de manterem o direito de proteger seus agricultores e suas indústrias, que eles alegam vulneráveis se expostos à concorrência internacional. Do outro lado, os EUA, e em certa medida a União Européia, exigiram acesso a esses mercados em troca do corte de seus apoios à agricultura. As partes não conseguiram chegar a acordo que agradasse a todos.

ASSIM, A QUESTÃO É DE UM CONFRONTO ENTRE RICOS E POBRES?
Não. Os países desenvolvidos estão rachados quanto a algumas dessas questões. Nações exportadores agrícolas muitos eficientes, como Brasil e Uruguai, também desejam acesso a mercados agrícolas como o da Índia, mas tendem a ser menos incisivas que os EUA.

O QUE ACONTECE AGORA?
Alguns funcionários estão tentando retratar a situação de maneira positiva e disseram que as negociações voltarão no final do ano. Mas, com a rápida aproximação da eleição nos EUA, parece improvável que uma reunião substancial de ministros venha a ser realizada antes que um novo presidente se instale na Casa Branca.

UM ACORDO COMO ESSE FARIA GRANDE DIFERENÇA?
Não muita, ao menos não imediatamente. A maioria das estimativas quanto ao impacto na economia mundial de um acordo na Rodada Doha é da ordem de US$ 100 bilhões, ou cerca de 0,1%. E, como os países mais pobres já contam com acesso especial aos mercados mais ricos e o valor desse acesso seria reduzido por um corte geral nas tarifas de importação, um acordo poderia na verdade ser desvantajoso para eles.

POR QUE TÃO POUCO EFEITO?
As negociações da OMC cobram as chamadas "bound rates", o máximo legal ao qual países podem elevar suas tarifas de importação ou subsídios agrícolas, e não as taxas aplicadas, que são as que estão efetivamente em uso no momento. A disparidade entre as duas é conhecida como "water" (água). Já que as taxas aplicadas muitas vezes estão bem abaixo das taxas máximas, os acordos da OMC muitas vezes "cortam a água", e não reduzem de maneira imediata as tarifas e subsídios aplicados no mundo real. Os EUA, por exemplo, estão oferecendo um limite de US$ 14,4 bilhões aos subsídios agrícolas, que são vistos como causa de distorção no comércio internacional. Mas porque esses pagamentos estão vinculados a preços e os mercados de commodities registraram grande expansão recentemente, os EUA na verdade pagam entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões anuais em subsídios aos agricultores no momento.

POR QUE ASSINAR ENTÃO?
Um bom motivo é como apólice de seguro. Um acordo quanto a limites para as "bound rates" das tarifas impede que elas sejam elevadas subitamente e assim reduz o risco de que o mundo recue ao tipo de protecionismo repleto de represálias que vigorou nos anos 30. Patrick Messerlin, professor de economia no Sciences-Politiques, de Paris, diz que Doha deveria ser vista como "uma rodada de confirmação". No momento, diz ele, grandes economias emergentes como Índia, México e Brasil poderiam mais que triplicar suas tarifas sobre produtos agrícolas e industriais, a qualquer momento, sem violar as normas da OMC.

A OMC MESMA SOFRERÁ NA AUSÊNCIA DE UM ACORDO?
Imediatamente, não. Em médio prazo, possivelmente sim. A OMC quer mais que negociar acordos de liberalização. Também opera um sistema de solução de disputas que adjudica se os países estão rompendo as regras existentes. Isso forçou, por exemplo, uma reforma do complexo e dispendioso regime europeu de apoio ao açúcar e compeliu o Congresso americano a repelir regras que incidiam sobre os impostos empresariais. Caso os governos não consigam fechar acordos comerciais em negociações sob os auspícios da OMC, podem relutar mais em respeitar as regras que já estão em vigor.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Para UE e Brasil, faltou esforço ''extra'' do governo dos EUA

Relutância da Casa Branca em fazer concessões é alvo de críticas de europeus e brasileiros

Jamil Chade, GENEBRA

Europa e Brasil insinuam que o governo americano poderia ter feito um esforço extra para chegar a um acordo. No ato final da Rodada Doha, o que marcou o processo foi a relutância da Casa Branca em fazer concessões. No lado oposto da mesa, a situação não era mais fácil. Indianos, chineses e um grupo de países emergentes davam demonstrações de que não aceitariam a conclusão da Rodada sem um mecanismo que permitisse a adoção de salvaguardas caso houvesse um surto de importações de produtos agrícolas.

De todos os pontos críticos das negociações, poucos previam que fosse esse o assunto que faria os sete anos de negociação desabar. "Se alguém de outro planeta avaliasse a situação que vivemos e visse todo o progresso que fizemos nos últimos dias, simplesmente não acreditaria que foi por causa de salvaguardas aos produtos agrícolas que tudo acabou", disse o chanceler Celso Amorim.

Oficialmente, o problema foi a relutância da Índia e da China em abrir seu mercado agrícola. Nova Délhi insistiu até o fim na criação de um mecanismo que permitisse novas barreiras caso houvesse um surto de importação de alimentos. O Brasil, apesar de ser um exportador e de ser afetado pela medida, concordou com a barreira, para salvar o processo.

O problema, no final, é que os indianos queriam impor uma sobretaxa de 30 pontos porcentuais todas as vezes que a importação subisse 10%. Na prática, isso fecharia o mercado agrícola dos países que mais crescem hoje no mundo: China e Índia.

Para os emergentes e mesmo para os europeus, a culpa teria sido do governo americano em não flexibilizar sua posição e permitir que os emergentes mantivessem certas salvaguardas. A Casa Branca queria que o pacote proposto pela Organização Mundial do Comércio (OMC) na última semana fosse aprovado sem modificação.

Washington aceitou limitar os subsídios agrícolas em US$ 14,5 bilhões, perto do número defendido pelo Brasil. Mas fez exigências. Queria acesso aos mercados emergentes para as exportações agrícolas e o direito de impor salvaguardas apenas quando a exportação aumentasse mais de 40% por ano.

O lobby agrícola americano não teria dado o sinal verde para a administração republicana fazer concessões. "Os americanos desenharam uma linha no chão e avisaram: daqui não passamos", disse Peter Mandelson, comissário de Comércio da UE. Ele não hesita em jogar toda a culpa sobre os EUA. "Hoje, os americanos têm a lei de subsídios mais reacionária de sua história e seria apenas enfrentada com um acordo na OMC."

TÁTICA

Amorim e outros ministros chegaram a insinuar que o impasse na questão das salvaguardas pode ter sido apenas uma maneira tática de os americanos impedirem que o processo avançasse nos temas ainda mais complicados, entre eles os subsídios ao algodão.

Já Pequim queria aproveitar a Rodada para renegociar seu tratado de adesão à OMC, de 2001. Na época, os chineses se queixaram do tratado, que exigiu cortes em suas tarifas. Agora, queriam manter intocadas as taxas para algodão, têxteis, açúcar e outros produtos agrícolas. E ainda se recusavam a abrir o mercado de forma ampla para bens industriais de americanos e europeus, principalmente no setor de químicos, máquinas e automóveis.

A Índia julgou que não poderia pôr em risco os seus pequenos agricultores - cerca de 650 milhões - em troca de um acordo. Isso principalmente em ano de eleições. O ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, atacado por partidos de oposição no seu país, manteve o quanto pôde a posição de insistir em altas barreiras ao setor.

Politicamente, porém, o sinal do fiasco é bem maior que o resultado econômico. A negociação lançada como forma de corrigir as distorções no comércio internacional e dar maiores benefícios aos países emergentes serviu de exemplo de como será difícil obter outros entendimentos. Outros acordos, como o de mudanças climáticas, poderão levar anos até que haja um consenso internacional.

"Se não conseguimos fechar esse acordo, que basicamente é de números, não sei como faremos para ter um entendimento sobre mudanças climáticas", alertou Amorim. Mandelson tem a mesma opinião. "Esse era o (acordo) mais fácil. Perdemos a grande oportunidade de mostrar que o sistema multilateral poderia funcionar."

REAÇÕES

Pascal Lamy
Diretor-geral da OMC

"Vamos tentar fazer o máximo para preservar os avanços dos últimos sete anos, entre eles o compromisso de eliminar os subsídios à exportação até 2013"

Peter Mandelson
Comissário da União Européia para o Comércio

"Será difícil manter a Rodada Doha intacta. Não está em nosso poder preservar avanços diante da crise e de interesses protecionistas"
Se houvesse vontade política, teríamos tido um acordo (em mais uma acusação à posição dos Estados Unidos nas negociações) "

Susan Schwab
Representante americana do Comércio

"Há poucos dias, estávamos tão perto de um acordo. Mas, lamentavelmente, não conseguimos avançar"

Celso Amorim
Chanceler brasileiro

"Não havia como ter uma aterrissagem suave (anunciar o fim do processo de forma diplomática), o que aconteceu foi um acidente aéreo"

"Ninguém saiu contente. Talvez, alguns aliviados. Mas todos sabem as conseqüências das decisões que tomaram"

Kamal Nath
Ministro indiano do Comércio

"A confiança do meu país na Organização Mundial do Comércio e no sistema multilateral permanece intacta e estou seguro de que podemos superar isso e alcançar nosso objetivo"

Marcos Jank
Presidente da Unica

"O fracasso é um desastre. O que ocorreu interrompeu um entendimento no etanol"

Pedro de Camargo Neto
Presidente da Abipecs

"A falta de um acordo não representa nenhum desespero. Os ganhos que foram oferecidos e estavam na mesa se perderam, mas retrocessos também não poderiam acontecer"

Grau de investimento: da euforia à frustração

São Paulo, 30 de Julho de 2008 - Três meses após o Brasil ter atingido o grau de investimento, a euforia do mercado deu lugar à frustração. Dos 73.516 pontos cravados pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no início de maio, no calor da divulgação de que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) havia concedido o selo de investimento ao Brasil, o que sobrou é um mercado deteriorado pelas turbulências da economia norte-americana.
No dia 24 de julho, pouco mais de dois meses do Brasil ter atingido o grau de investimento, a Bovespa mergulhou no temido "bear market", o mercado com tendência de baixa, encerrando nos 57.199 pontos. Tecnicamente o "bear market" é atingido quando a Bolsa registra queda de 20% em relação ao último pico de alta. Em maio, mês em que o Brasil conquistou o grau de investimento, o saldo de ingresso de investimentos estrangeiros na Bovespa foi positivo em R$ 532,5 milhões. Em junho, a Bolsa amargou uma saída de R$ 7,415 bilhões e em julho, outra debandada de R$ 7,388 bilhões.
O economista da Tendências Consultoria, Juan Jensen, lembra que o País atingiu o grau de investimento em um momento de cenário externo complicado e que boa parte do ingresso de investimentos estrangeiros já havia sido antecipado pelo mercado. "O ingresso de investimentos estrangeiros foi alto em 2007", lembra.
Para a Austin Ratings, agência de classificação de risco que não concedeu ao Brasil o grau de investimento, não existem surpresas na situação atual. "O mercado está precificando o Brasil como o País tem que ser precificado, como um país emergente", afirma o economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini.
O cenário externo em que o Brasil recebeu o selo de investimento, em plena crise do sistema financeiro norte-americano, inibiu o ingresso de investimentos estrangeiros por aqui. "O Brasil foi pego na contramão do mercado, ainda não deu tempo para sentir os efeitos do grau de investimento. O balanço destes três meses foi nulo, não teve ganho nem prejuízo", diz Agostini.
O diretor-executivo da Fitch Ratings, Rafael Guedes, lembra que a conquista do grau de investimento é uma conseqüência da melhora dos números do Brasil e não um catalizador de eventos. "O grau de investimento é muito mais importante para o investidor da renda fixa do que para o investidor da Bolsa", diz.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, afirma que enquanto o cenário externo não melhorar, a Bovespa continuará sofrendo com as turbulências nos Estados Unidos. "Enquanto o tempo ficar feio lá fora, a prioridade do investidor estrangeiro vender ativos aqui, onde tem liquidez, e cobrir os rombos lá fora. Tudo o que a Bolsa tinha ganho até maio acabou devolvendo", diz Gonçalves.
A diretora do departamento de rating soberano da S&P, Lisa Schineller, ressalta que os benefícios do grau de investimento são de longo prazo. "Não é uma mudança imediata", afirma.
"Os benefícios dependem da situação política, os investidores precisam confiar nas perspectivas econômicas", diz Lisa.
O Brasil registrou déficit de US$ 17,402 bilhões em conta-corrente no primeiro semestre. O resultado reverteu o superávit de US$ 2,413 bilhões apurado no mesmo semestre de 2007. Apesar de permanecerem elevados, os investimentos estrangeiros diretos (IED), que totalizaram US$ 16,702 bilhões (2,41% do PIB) no semestre, foram insuficientes para cobrir o rombo das contas. "O ritmo de crescimento do investimento estrangeiro direto pode cobrir isso lá na frente", acredita Lisa.
Segundo Lisa, os números da Bovespa e o patamar da taxa básica de juros "não são dos melhores", mas que é louvável "o compromisso do Banco Central de manter a inflação sob controle", avalia.
"Para nós a política monetária do governo brasileiro é compatível com a de um país com grau de investimento que quer reduzir a inflação", afirma.
Ana Cristina Góes

Declaração de isento vai acabar

De Brasília
A Receita Federal confirmou ontem que decidiu acabar com a declaração anual de isento. A instrução normativa que trata da questão deve sair em breve. O Fisco não detalhou, ainda, como fará a atualização dos CPF para aqueles que são isentos do Imposto de Renda.

A medida evitaria transtornos e custos desnecessários, principalmente para a população de baixa renda. O assunto ficou mais evidente a partir da unificação das Receita Federal e Previdenciária quando a base de dados dos dois órgãos permitiu melhor analise da situação dos contribuintes, segundo fontes da Receita.

Mas essa não é a única base de dados que permite atualmente à Receita Federal identificar os isentos do país. A Receita pode usar dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais, que contém informações relativas ao período entre 1994 e 2008 de trabalhadores empregados e contribuintes individuais, empregadores, vínculos empregatícios e remunerações.

A Receita monitora ainda a movimentação financeira acima de R$ 5 mil das pessoas físicas e acima de R$ 10 mil das pessoas jurídicas, as compras de imóveis, as transações com cartão de crédito e declaração de rendimentos dos empregados fornecida anualmente pelos patrões.

Banco local é mais eficiente, diz BC

Alex Ribeiro, De Brasília
Estudo divulgado pelo Banco Central, feito pelo economista Pedro Fachada, mostra que o Brasil é um caso raro de país emergente em que os bancos nacionais venceram a batalha competitiva contra as instituições financeiras estrangeiras, lançando mão de cortes de despesas operacionais para manter as altas margens de lucro.

Quando os estrangeiros começaram a entrar com força no país, em 1996, os bancos privados nacionais eram menos eficientes. Suas despesas operacionais equivaliam a 9,6% dos ativos administrados, bem acima dos 6,8% exibidos pelos competidores estrangeiros.

Uma década depois, em 2006, a relação já havia se invertido: as despesas operacionais dos bancos brasileiros representavam 7,6% dos ativos, contra 8,4% dos bancos estrangeiros.

Uma explicação para essa virada é a pressão competitiva dos bancos estrangeiros. Quando o mercado era dominado apenas pelos locais, os bancos brasileiros viviam, como diz Fachada, uma "quite life" - o que pode ser traduzido por "uma vida tranqüila".

Com a ameaça de serem engolidos pelos competidores estrangeiros, os bancos nacionais buscaram maior eficiência. Em particular, reduziram custos com pessoal, que caíram do equivalente a 3,7% dos ativos para metade disso entre 1996 a 2006.

O trabalho, que tem 51 páginas e está disponível na seção de textos para discussão na página do Banco Central na internet, é uma das tentativas mais ambiciosas de investigar as razões do fracasso dos bancos estrangeiros no Brasil, reunindo dados do balanço e apresentando exercícios econométricos.

Estrangeiros entraram também em outros países emergentes e, de acordo com levantamento feito por dois economistas estrangeiros, sua participação nos ativos de 104 países menos desenvolvidos dobrou entre 1995 e 2002, passando de 18% para 33%.

Nos outros países, porém, a regra foi os estrangeiros conquistarem o mercado. No México, Hungria e República Tcheca, por exemplo, eles detêm mais de três quartos dos mercados bancários.

No Brasil, os estrangeiros entraram logo após o Plano Real, quando, para enfrentar uma crise bancária, o governo facilitou as regras para seu ingresso. Nessa leva, o HSBC comprou o antigo banco Bamerindus; a portuguesa Caixa Geral de Depósitos adquiriu o Banco Bandeirantes; e o espanhol BBV adquiriu o Excel, que, por sua vez, havia absorvido o Banco Econômico. Estrangeiros também compraram bancos sólidos, como o Banco Real, adquirido pelo ABN AMRO; e o Banco Geral do Comércio, absorvido pelo espanhol Banco Santander.

A partir de 2000, houve movimento inverso, em que bancos estrangeiros venderam bancos no país ou trocaram suas instituições financeiras por participações minoritárias em bancos brasileiros. Estrangeiros venderam o controle de instituições como o BBV, o Sudameris, o Lloyds TSB, o Banco Fiat, o BankBoston e a Caixa Geral de Depósitos.

Mais recentemente, observou-se a entrada de estrangeiros em alguns nichos de mercado, mas sem representar real ameaça à primazia dos bancos nacionais no mercado de varejo. Exemplos dessa tendência são as aquisições dos bancos Pecunia e Cacique pela instituição francesa Société Générale.

Em boa parte, a saída de bancos estrangeiros está ligada aos baixos lucros, na comparação com os brasileiros.

De 1996 a 2006, o retorno médio sobre os ativos foi de 1,3% entre os estrangeiros, bem menos do que os brasileiros, com uma média de 2,6%.

Os estrangeiros só tiverem retornos mais altos que os brasileiros em 1999 e 2002. Os estrangeiros tinham políticas de proteger, por meio de operações de "hedge", o capital aplicado no Brasil contra desvalorizações do real. Por isso, registraram ganhos com as fortes depreciações cambiais observadas nesses dois anos.

Fachada também fez alguns exercícios econométricos que mostram que o retorno dos bancos está negativamente relacionada ao controle estrangeiro. Ou seja, se tem capital estrangeiro, o retorno é menor. Outros determinantes dos lucros dos bancos são fatores como tamanho, capitalização e eficiência.

Rentabilidade de prefixados dispara com alta da Selic

Por Adriana Cotias, de São Paulo

A alta da Selic na semana passada, em proporção maior do que muitos previam, pegou os gestores de renda fixa na mão certa. O aumento de 0,75 ponto percentual imposto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ao juro primário, para 13% ao ano, representou um adicional e tanto nas cotas dos fundos prefixados passivos, que têm o compromisso de aplicar em ativos com rentabilidade definida no momento da compra ou se valem de derivativos na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

O resultado se observa no desempenho desses fundos em julho. Até o dia 25, as carteiras prefixadas tinham um retorno de 1,86% em comparação ao 0,73% dos referenciados DI ou o 0,50% dos portfólios atrelados a índices de preços. O CDI ficou em 0,87% no período. Os dados são do site financeiro Fortuna.

Tradicionalmente comprados em taxas longas (apostando na queda dos juros no decorrer do tempo), os portfólios prefixados levaram a melhor justamente porque o remédio do juro veio em dose maior do que o 0,50 ponto percentual projetado pela maioria dos analistas. O ajuste teve o efeito de pressionar as taxas das Letras do Tesouro Nacional (LTN, prefixada) e contratos de depósitos interfinanceiros (DI) curtos, ao mesmo tempo em que suavizou os prêmios embutidos nos papéis com prazo acima de dois anos.

"No longo prazo a curva (de juros) está invertida e a alta da Selic só pronunciou essa tendência", diz o economista Marcelo D'Agosto, diretor do Fortuna. Tal comportamento explica-se pela leitura de que a aceleração do aumento do juro de curto prazo surtirá resultado mais rápido no controle dos índices de custo de vida logo adiante. "Ao ser mais conservador, o Banco Central (BC) passou a mensagem de que será vigilante e não deixará a inflação escapar do controle", diz o gestor de Renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM) Paulo Certain.

Enquanto as taxas dos DIs com vencimento em 2008 e 2009 subiram para se adaptar à aceleração do ciclo de alta, os contratos de 2010 seguiram a rota contrária. Conforme exemplifica Certain, o DI de janeiro, que chegou a bater 15,48% ao ano, ontem era negociado a 14,91%. O contrato com vencimento em 2012 caiu de 15,2% no início do mês para os atuais 14,29%. Para a UAM, a Selic fecha o ano em 15%, tem mais um ajuste de 0,25 ponto percentual no início de 2009, mas já começa a cair a partir do segundo semestre, virando 2010 a 13,5% ao ano. Se tal previsão se concretizar, vale investir em fundos de renda fixa que tenham prefixados longos, defende.

Em julho, quem possuía esses papéis registrou um lucro contábil na marcação a mercado, explica o operador da SLW Corretora Rogério Adriani Rosa. Isso ocorreu porque a redução das taxas longas vem acompanhada pela alta do preço unitário dos papéis, valorizando, portanto, os ativos que estavam nos portfólios.

O aumento do diferencial de juros locais e externos também elevou a atratividade dos prefixados aos olhos do investidor estrangeiro, resultando em demanda extra, conta Renato Ramos, diretor de Renda fixa , da HSBC Global Asset Managment. Maior procura significa preços mais altos - e taxas em queda. Isso não quer dizer que os prefixados serão uma aposta de lucro certeira, adverte. O cenário para a renda fixa permanece nebuloso, com a inflação mundial de alimentos e a alta das commodities jogando uma sombra sobre o futuro da política monetária brasileira. "Neste momento, talvez seja melhor privilegiar títulos de inflação." As projeções da HSBC são de IPCA em 6,5% neste ano, caindo a 5% em 2009, com a Selic em 14,75% em dezembro próximo, cedendo a 14% no fim de 2009.

Na conta de 2008, os fundos prefixados ainda ficam para trás, com rentabilidade de 4,37%, quando comparados às carteiras que têm os índices de preços como referência, com retorno de 5,84%, ou os DIs, com 5,12%. Todos aquém do CDI, em 6,31%. Isso explica por que os portfólios de renda fixa perderam R$ 16,6 bilhões do patrimônio nos sete primeiros meses do ano - só em julho, as saídas líquida alcançaram R$ 3,1 bilhões. Os multimercados tiveram desempenho pior, perdendo R$ 22,2 bilhões no ano e R$ 2,7 bilhões no mês, até o dia 25.

A Spike Here, A Spike There

Fellow Investor,

The wild ride the market has taken us on for the past couple of weeks illustrates beautifully the kind of volatility inherent in a bear market.

Stocks want to go up, and the market wants to rally, but the negatives baked into the cake right now are just too strong for stocks to gather the kind of escape velocity they need in order to make a true break to the upside.

What we are seeing now, and what we are likely to see for a few weeks longer, is a spike here, and a spike there -- followed by a continued push to the downside.

Let's take a look at the chart below of the S&P 500.


As you can see, the market has jumped off of the low it made in mid-July. But take a look at the key levels we need to break above to insure a rally is for real. I've highlighted both of these levels in blue, one at 1300 one at 1350.

I think we could see this market rally in the short term to about 1300, and then the most likely scenario from there is a pullback. But if the market can make the move up above 1350 and hold that level for at least a little while, we could be looking at the start of a new bull market.

My suspicions, along with my reading of the charts, tell me we are in for more market spikes higher on any smidgeon of good news. Then, the most likely scenario is a sustained move to the downside such as we had in mid-May and early January.


Doug Fabian

Harry Potter and the Half-Blood Prince Trailer

How to Take Portraits - 19 Portrait Photography Tutorials

How to Take Portraits - 19 Portrait Photography Tutorials

Do you want to improve your portrait photography?

Today I spent time digging through the Digital Photography School archives (there are now over 600 tutorials and articles) and noticed that we’ve covered the topic of Portrait Photography from a large variety of angles. I thought it would be useful to list some of the more popular portrait photography tips all in the one place.

I’ve chosen 19 of our most popular portrait photography articles and have assembled them below.

So if you’re interested in improving your portrait photography - grab a cup of coffee, set aside a little time and enjoy. If you enjoy these make sure you subscribe to get more via email or RSS.

How to Take Portraits - 19 Portrait Photography Tutorials from Our Archives

Stunning-11. 10 Tips to Take Stunning Portraits

This recent post (one of the most popular that we’ve ever published on DPS) gives 10 fairly general tips on how to take portraits with the ‘wow factor’.

It’s all about adding variety to your portraits by doing things like altering your perspective, adding a prop, experimenting with eye contact and getting your subject out of their comfort zone (to name just a few).

It picks up ideas found in many of the following tutorials and would make a great place to start if you’re looking for an introduction to the topic.

Stunning-22. 10 More Tips for Stunning Portrait Photography

In this followup to the last tutorial we extend the idea of adding variety to your shots.

It explores framing, wide angle lenses, backgrounds and experimenting with focusing.

All in all this post takes this mini series to 20 portrait photography techniques that have been read by hundreds of thousands.

I’d love to hear any thoughts you’d have on other techniques that you use to add variety to portraits in the comments on this post.

Space-To-Look-Into3. Give Your Subject Space to Look Into

This technique is basic but can have a real impact upon your shots.

Framing your portraits so that your subject has room to look into gives a shot balance and helps draw the eye of those viewing the image into the image.

Try it for yourself - but don’t forget, sometimes ‘rules’ like this one can be broken with great effect also - so experiment with that too!

Quick-Tips4. 4 Quick Tips for Portraits

I Love picking the brains of professional photographers and this is what I did in this post in which a portrait photographer shared with me four parts of his shooting workflow.

The tips are simple yet effective - I particularly like the way that he shoots from slightly under the eye line of your subject - a technique that causes a little interesting debate in the comments of this post.

Drop by and tell us what you think!

Children5. Photographing Children - Composition

This is a topic we have always been asked a lot about and so it was one of the earliest tutorials that we included on DPS (it’s one that we are planning to update in the coming month). Photographing children can be a lot of fun although is also challenging (if only they’d sit still).

We look at photographing babies and older children - but if you’re looking for more tips on photographing babies you should check out this more extensive photographing babies tutorial. Also on a related note - check out How to Photograph a Children’s birthday party.

Travel-Photography6. How to Photograph People When Traveling

Travel photography is something of a passion for me and I find that filling my travel albums with pictures of local people adds a lot of interest to those I show my shots to.

However photographing people in a foreign land can be challenging - there’s language issues, cultural challenges and more.

In this tutorial I share 8 tips that I’ve found helpful in getting great travel portraits.

Permission7. Asking Permission to Photograph People

This tutorial came out of questions people asked in response to the last one on travel portrait photography.

There’s different schools of thought on how to approach photographing strangers - some just take shots of people without asking - but in this tutorial I talk about how I’d much rather get permission first.

I find that in most cases people are willing to pose if you’re polite and friendly.

Environmental-Portraits8. How to Take Environmental Portraits

Environmental Portraits are those where you take the portrait of a subject within the context that they live in (work, rest or play).

I love this type of portrait because it gives you subject context, adds interest to your shot and can give some sort of insight to your subject. I also find subjects tend to relax more when you photograph them there.

Take some environmental portraits and then drop by our forum’s portrait area to share them with us.

Mona-Portraits9. What the Mona Lisa Can Teach You about Portraits

This post arose out of a visit of mine to Paris where I saw the Mona Lisa.

This little painting by Leonardo Da Vinci is one of the most famous portraits in history - but why is it so famous and can we as portrait photographers today learn something from it?

In this tutorial I’ve pulled out a number of things that I think Leonardo does with the Mona Lisa that could inform our own portrait photography.

Depth-Of-Field-210. A Fresh Look at Depth of Field

Depth of Field is something that applies to all types of photography but it’s something that can have quite a profound impact upon a portrait if you know how to us it.

In this tutorial Natalie shares a range of ways that Depth of Field can be used to add variety, create interest (or remove distractions) in your portrait work.

Also on a similar topic - Overcoming Depth of Field Problems in Portraits.

Posing-Shoulders-Portraits11. Posing Tips - Shoulders

Sometimes it’s the simplest things that have the biggest impact upon a photograph.

When I was compiling this list I almost left this one out as at a first glance it can seem a little trivial - however it is something that I’ve used again and again when posing portraits.

It’s also something that I noticed a pro photographer doing with me when I was sitting for a portrait session recently. If it’s good enough for the Pros - it’s good enough for me!

Thighs- Bustline12. Posing - Waistlines, Thighs and Bustlines

While we’re on the topic of posing for portraits - here’s another group of quick posing tips - this time taken from the posing that we see on the ‘red carpet’ of any event with celebrities.

These tips are all about getting the most flattering looks for different parts of the body (waistlines, thighs and bust lines)

Try them - they really do work!

Looking-Portraits13. Where is Your Subject Looking & Why it Matters

When it comes to where to ask your subject to look there are a number of options open to portrait photographers.

You can have them look directly at you, you can ask them to look at something outside the frame of your shot or you could have them look at something (or someone) within the frame.

Each of these options can work well - but each will have a different impact upon your shots.

Hands-Portraits14. How to Pose Hands in Portraits

I was chatting with a portrait painter recently and he told me that for many painters ‘hands’ are the most challenging part of the body to paint.

As photographers we might look at hands as something we have little control over - however the way they appear in shots can reveal a lot about our subject (and how they are feeling). As a result it’s worth paying at least a little attention to the hands of our subject when doing portrait work.

This tutorial gives a few hints as to how to work with hands.

Clothes-Portraits15. What Clothes to Wear in Portraits

What Should I wear?

It’s a question that most portrait photographers get asked a lot by clients and in this tutorial I give a number of tips from my own approach (my approach is to keep clothes relatively plain and allow the focus to remain upon the subject themselves) and then invite readers to share theirs.

Read this tutorial on clothing in portraits here.

Bypass-Portrait-Mode16. How to bypass the Portrait Mode

Many digital camera owners rarely switch their camera out of one of Auto mode and when they do it’s usually to one of the other semi-automatic modes (like portraits, sports, landscapes etc).

While there’s nothing wrong with these semi-automatic modes - there’s a real satisfaction in venturing into manual mode where YOU call the shots rather than your camera. In this tutorial I share a few starting points if you’re up for the challenge of getting out of Portrait Mode.

Natural-Looking-Portraits17. 4 Tips for Natural Looking Portraits

In this tutorial one of our regular contributors (Natalie, a great portrait photographer) shares some great tips on getting your subjects to relax and look comfortable in their environment.

She talks ‘hands’, ’stools’, ‘distractions’ and ‘respect’.

I think you’ll agree that the images she shares in the tutorial are pretty special too and show just how well the tips she shares work.

Catchlights-218. An Introduction to Catchlights

A “catchlight” is simply the highlight of a light source reflected off the surface of the eye.

This highlight adds depth and dimension to the eye, and gives the eyes life in a portrait or snapshot.

But how do you get them?

In this tutorial one of our forum members puts together a great tutorial on the topic of catchlights - enjoy.

Candid-119. 11 Tips for Better Candid Photography

Sometimes the best portrait is one where your subject has no (or little) idea that you’ve taken the shot at all - because you’re shooting candidly.

The 11 tips for candid photos in this tutorial range from the obvious (long zooms and shooting lots) through to tips on framing images and shooting ‘people with people’.

A quick note - I find that often shooting candidly works well before or after a more formal portrait shoot.

These Tips just scratch the Surface of our Archives

We’re producing new tutorials on portrait photography and other types of shooting every day - the best way to keep up with them all is to subscribe here.

Read more posts like 'How to Take Portraits - 19 Portrait Photography Tutorials'


Minha lista de blogs