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A melhor forma de manter as contas da família no azul é seguir um Orçamento Doméstico. Essa tarefa, porém, não é simples: exige empenho, disciplina e, em muitos casos, cortes de despesas. Existe uma receita que não falha: amarrar um barbante na escova de dentes e, na outra ponta, amarrar uma caderneta. Assim, todos os dias antes de dormir, você se lembra de anotar as despesas do dia, brinca o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luís Carlos Ewald, autor do livro Sobrou dinheiro! Lições de economia doméstica (Editora Bertrand Brasil).
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro 'Casais inteligentes enriquecem juntos' (Editora Gente) concorda: o principal erro da família brasileira é não colocar o orçamento na ponta do lápis. Esse hábito foi perdido especialmente nos anos de alta inflação, afirma.
Com isso, segundo ele, as compras de muitas famílias estão relacionadas somente ao dinheiro disponível naquele mês, sem pensar em fazer uma reserva para as despesas de meses seguintes. Ao receber o 13º salário, por exemplo, o mais comum é gastar em presentes de Natal, sem se lembrar de que em janeiro haverá despesas extras com IPTU e IPVA, por exemplo, explica.
"Existe uma receita que não falha: amarrar um barbante na escova de dentes e, na outra ponta, amarrar uma caderneta. Assim, todos os dias antes de dormir, você se lembra de anotar as despesas do dia
Os consultores concordam que a melhor forma de manter um orçamento equilibrado é fazer um controle das receitas e despesas em uma planilha de papel ou eletrônica, o importante é que ela exista.
Ewald afirma que é preciso força de vontade e muita disciplina para que a organização do orçamento doméstico funcione. Toda dieta é boa, desde que seja feita, alerta. Mas, apesar das dificuldades, o professor afirma que o esforço é compensador. Não é fácil, mas quando dá certo, dá uma sensação de vitória.
Em seu livro, ele elaborou uma planilha minuciosa (baixe aqui), em que relaciona detalhadamente as despesas de uma família desde o aluguel ou prestação do imóvel até a escova feita no salão de beleza. O professor recomenda, em um primeiro momento, que a família preencha a planilha com um chute do orçamento, com estimativas do que gasta em cada uma das categorias.
Em seguida, Ewald recomenda a apuração das despesas realmente feitas pela família aí entra o caderninho amarrado à escova de dentes, onde serão anotados todos os gastos. Na hora de comparar o orçamento imaginado e o real, o professor garante: as surpresas serão muitas. E as despesas devem ser anotadas por todos os integrantes da família: se os gastos são de todos, o Orçamento também é coletivo.
Tendo consciência de sua renda e de suas despesas, segundo o professor, é possível adequar os dois lados da balança. Ewald, em seu livro, recomenda a eliminação dos gastos desnecessários que apareceram no levantamento das despesas. A partir daí, se cria o Orçamento da família, com todos os gastos que foram aprovados e devem ser seguidos. Para a definição do que entra ou não no orçamento familiar, o professor recomenda uma reunião familiar: assim, todos os integrantes da família se sentem envolvidos no processo.
Mas Cerbasi alerta que um erro muito frequente das famílias é relacionar os gastos desnecessários com itens de lazer. Em vez de cortar do orçamento itens gastos que proporcionam conforto, pode ser uma melhor idéia eliminar um grande gasto, explica.
Ele sugere, por exemplo, trocar o automóvel por outro mais econômico, ou até para uma casa menor, se for o caso. Isso porque, segundo ele, se forem eliminadas todas as despesas com o prazer da família, o orçamento vai trazer infelicidade. Matematicamente, essa escolha funciona, mas se o controle for apenas um sacrifício ele não vai durar muito tempo, alerta.
Em vez de cortar do orçamento itens gastos que proporcionam conforto, pode ser uma melhor idéia eliminar um grande gasto
Para Cerbasi, o melhor meio de garantir o empenho de toda a família em fazer com que o Orçamento seja cumprido é difundir um sentimento de gincana, que faça com que todos se sintam vitoriosos ao final de cada período. Todos devem ser incentivados a dizer quais são seus sonhos. Pode ser fazer uma viagem, pagar uma faculdade. Quando um objetivo é conquistado, a sensação de vitória faz o esforço valer a pena, explica. Senão, avisa ele, a organização pode cair no vazio.
Cerbasi recomenda que o primeiro orçamento seja simples. Não adianta tentar fazer a organização financeira de uma hora para a outra. Não é preciso comprar programas de computador específicos. No início, uma caderneta está de bom tamanho, e o melhor é gastar pouco tempo com isso, sugere. Assim, incluindo o novo hábito na rotina aos poucos, a chance de sucesso é maior.
O importante é buscar a felicidade. Organizar o orçamento para realizar objetivos. A realização de um plano de curto prazo, como uma viagem de férias, motiva para a busca de um objetivo de médio prazo, como a compra de um automóvel, por exemplo. E a conquista de um objetivo de médio prazo inventiva a busca pelo objetivo de longo prazo, como uma aposentadoria confortável, afirma.
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