Rodrigo Menon
Nos últimos meses, o assunto mais comentado em todos os locais é a crise econômica e financeira que o mundo vive. Nesses tempos, a grande tendência do ser humano é se acomodar e lamentar sua situação pessoal, da empresa, do país, do mundo. Porém, na verdade, a crise traz oportunidades e nos leva a buscar saídas e soluções para superar os desafios. Talvez seja este o momento ideal de programar sua vida financeira e se estruturar para encarar as próximas crises de uma forma mais amena e tranquila. Como fazer isso?
A palavra principal é planejamento. Sempre é tempo e nunca é tarde. Na verdade, quanto antes for feito, melhor! O bê-a-bá da educação financeira nos mostra que o primeiro passo a ser dado é o levantamento de todas as suas receitas e as suas despesas mensais. E a lição básica e principal é que a despesa nunca deve superar a receita. Passado esse primeiro aspecto, você deve avaliar qual o valor a ser poupado e investido para se ter a aposentadoria com que sempre sonhou.
Nesse planejamento, sempre somos questionados sobre qual a forma mais eficaz e eficiente de aplicar os recursos poupados. O melhor é fazer uma poupança independente ou então partir diretamente para os planos de Previdência Complementar (PGBL e VGBL)? A resposta é a mais comum quando se fala em investimentos: depende! Depende do perfil do investidor, dos objetivos, da educação financeira e do comportamento do indivíduo. Não há a melhor opção e sim aquela que se encaixa melhor a cada investidor.
Para auxiliar, vale a pena observar as principais vantagens e desvantagens de fazer uma poupança independente, sem optar pelos planos de previdência existentes. Quanto às principais vantagens, podemos destacar:
1) A carteira de investimentos de uma poupança independente geralmente apresenta um custo menor em relação aos planos, pois não há taxa de carregamento e taxa de saída como na maioria dos fundos PGBL e VGBL. Além disso, há a possibilidade de conseguir uma taxa de administração menor do que nos PGBLs. Fundos de renda fixa ou DI têm taxas de administração mais baixas para maiores volumes aplicados.
2) A poupança independente nos permite maior flexibilidade, pois temos a possibilidade de alocar as parcelas mensais no momento ideal dos mercados. Por exemplo, como o investimento é de longo prazo, aplicar em bolsa nos momentos de irracionalidade e forte queda ou alocar em prefixado em momentos de estresse da curva de juros. E, com isso, será possível fazer um produto híbrido, com uma performance mais atrativa em virtude do momento de entrada nos diversos tipos de investimentos.
3) Tributação: imposto de renda (IR) menor no caso de PGBL que cobra IR sobre o valor total no momento do resgate, enquanto nos fundos, CDBs, títulos públicos e nas ações, o IR incide apenas sobre o rendimento do período.
4) Diversificação. Há a possibilidade de compor o portfólio da aposentadoria com diversos produtos. Por exemplo: CRIs (Certificado de Recebível Imobiliário, que geralmente paga uma taxa de juros real e líquida para pessoa física), CDBs de grandes bancos, títulos públicos (LTN, LFT, NTN), debêntures, ações, fundos de renda fixa, DI, multimercados etc.
Já entre as principais desvantagens em se fazer uma poupança independente, podemos citar:
1) Fiscal: O PGBL tem o benefício fiscal de 12% sobre a renda bruta anual - redução de 12% da base de cálculo do IR ao aplicar esse percentual no PGBL.
2) A principal desvantagem da poupança independente é a falta de disciplina e de programação. Se o seu perfil é esse, seu caminho é, sem dúvida, um plano de previdência (de preferência com opção de boleta de aporte mensal, uma forma de obrigar o investidor a poupar o recurso determinado para aquele mês). Qualquer desvio no momento de acumulação das reservas pode ser fatal para atingir o objetivo determinado na aposentadoria.
3) Sucessão: outra desvantagem da poupança independente é o fato de o PGBL e VGBL não entrarem no inventário no momento da sucessão. Dessa forma, nos planos de previdência, há a possibilidade de fazer o planejamento sucessório de forma mais ágil e rápida, evitando transtornos aos beneficiários.
4) Para fundos de renda fixa e multimercados, a outra desvantagem é a existência do come-cotas (IR sobre o rendimento que ocorre nos meses de maio e de novembro). No caso dos PGBLs e VGBLs, não há a existência do come-cotas.
Resumidamente, a escolha da melhor forma de poupança deve ser feita em função do perfil do investidor e do seu comportamento como poupador. Independente da maneira escolhida, o importante é poupar e se planejar. Não importa de qual forma (independente ou via plano complementar) isso será feito! O essencial é se programar e se organizar para atingir o objetivo de uma aposentadoria tranquila e sem preocupações financeiras. E a crise? Aproveite-a como um incentivo para uma mudança no seu comportamento financeiro e organize-se! Sempre é tempo!
Rodrigo Menon é sócio da Beta Advisors e possui a certificação Certified Financial Planner (CFP)
E-mail: rodrigo.menon@beta advisors.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário