quinta-feira, 26 de junho de 2008

Bovespa fecha abaixo dos 64 mil pontos e quase anula ganhos de 2008

Bovespa fecha abaixo dos 64 mil pontos e quase anula ganhos de 2008

da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou queda depois da alta de ontem e quase zerou os ganhos acumulados neste ano. O Ibovespa, termômetro dos negócios, desvalorizou 2,89% no fechamento, para os 63.946 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,66 bilhões. No mês, a Bolsa soma perdas de 11,91%, mas ainda registra um leve ganho no ano: 0,09%.

" Foi uma realização técnica [venda de ações valorizadas], de curto prazo. O mercado está muito instável e, quando as ações sobem um pouco, todo mundo já aproveita para vender e colocar no bolso", avalia André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora.

"Hoje, ninguém tem certeza de nada. O gestor [de investimentos] não tem certeza se deve ficar comprado [com ações em carteira, apostando na alta da Bolsa] nem se deve ficar vendido [apostando na baixa]", acrescenta.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,602, o que representa uma alta de 0,62%. A taxa de risco-país marca 219 pontos, número 4,78% superior à pontuação final de ontem.

"O mercado de câmbio reagiu à alta do petróleo, ao dia ruim das Bolsas de Valores, mas tem influência também da 'guerra pela Ptax' [taxa média de câmbio]. É final de mês e algumas tesourarias de bancos já começaram a agir para influenciar a taxa", comentou Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora Fourtrade.

Na Europa, as principais Bolsas de Valores fecharam em terreno negativo, a exemplo de Londres (baixa de 2,42%) e Frankfurt (recuo de 2,39%).

Nos EUA, a Bolsa de Nova York recuou 3,03%, uma variação vista poucas vezes em Wall Street. O mercado americano foi afetado por mais um "downgrade" de empresas do setor financeiro: o banco de investimentos Goldman Sachs rebaixou sua recomendação para grandes corretoras de valores americanas, citando a perspectiva de que a retomada do setor financeiro, afetada pela crise dos "subprime", "vai levar mais tempo que o previsto".

Analistas ressaltam que o investidor tem razões de sobra para ficar nervoso: ainda há muito pessimismo sobre os rumos da economia americana, com o acúmulo de notícias negativas sobre o setor financeiro; o barril de petróleo ruma para a casa dos US$ 140, o que puxa a inflação em nível global. Analistas já temem um aperto monetário (juros básicos mais elevados) em vários países, inclusive nos EUA, o que é sempre desfavorável, em tese, para o mercado acionário.

O front externo foi mais uma vez fonte de estresse: governo dos EUA anunciou a revisão final do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que teve crescimento de 1%, em linha com as expectativas do setor financeiro. O PCE, o índice de preços mais influente desse país, teve alta de 3,6%. O núcleo do PCE (que exclui preços de energia e alimentos) teve variação de 2,3%. O número ficou bem acima da chamada "zona de conforto" informal da autoridade monetária americana, que tenta manter o núcleo entre 1% e 2%.

O noticiário doméstico, por sua vez, reforçou a percepção de uma economia aquecida: o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,9% em maio. Trata-se do menor nível para o mês e o segundo menor de toda a série iniciada em 2002, o que para economistas é um sinal claro de crescimento do país.

Segundo a (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a produção industrial de São Paulo teve decréscimo de 2,4% em maio. Nos últimos 12 meses, o nível de atividade da indústria registrou avanço de 7,5%.

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