quinta-feira, 26 de junho de 2008

Aplicações de renda fixa voltam a atrair

ANDRÉIA GOMES DURÃO
DO JORNAL DO COMMERCIO

Trocando o duvidoso pelo certo. É assim que alguns investidores se sentem ao fazerem o caminho de volta para os produtos da renda fixa, assustados pelo período de fortes oscilações e sem tendência definida da Bolsa de Valores de São Paulo. O risco de perder dinheiro com mercado de renda variável lança novo brilho sobre um dos aspectos mais atrativos da renda fixa: a segurança. Mas, mesmo a escolha entre os produtos mais conservadores demanda atenção, para que a opção atenda às demandas do investidor. Prazo e disponibilidade de tempo para a aplicação continuam sendo variáveis importantes no momento da tomada de decisão.

A instabilidade do mercado de ações aliada à alta dos juros forma uma dobradinha irrevogável para os amantes da caderneta de poupança. Se o produto sempre esteve entre os mais populares para o investidor brasileiro, ganha agora notoriedade com o processo de elevação das taxas de juros. E não é para menos. De acordo com o professor Cláudio Carvajal, coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo, "se considerarmos uma taxa anual de 7% a 8% e aplicações mensais de R$ 200, no final do ano o investidor terá R$ 2,5 mil. Mantendo o ritmo, em cinco anos o investidor terá R$ 15 mil. Como não há incidência de Imposto de Renda sobre a poupança, este ganho é líquido", afirma.

Ele acrescenta ainda que os fundos de renda fixa, apesar de projetar um rendimento de 10% a 12%, o ganho líquido pode ficar abaixo dos 7% da poupança, caso a taxa de administração fique acima de 2%. "Isto ocorre porque o rendimento projetado pelos bancos é bruto. Sobre o qual incide uma alíquota de 15% a 22,5%, dependendo do prazo que o dinheiro ficar aplicado. Assim, é importante calcular a rentabilidade líquida do fundo, descontados os impostos e a taxa de administração, para ver se é realmente uma boa opção", explica Carvajal, que tem MBA Executivo Internacional pela Universidade da Califórnia (EUA).

Assim, com a alta dos juros, a poupança fica mais atraente, especialmente para os investidores que pretendem aplicar valores menores e não têm acesso aos fundos de investimentos que exigem aplicações iniciais maiores.

Muitos dos fundos de renda fixa estão indexados pela taxa de juros que é definida pelo governo e é vinculada aos juros de mercado. Com a alta dos juros, a tendência é que estas alternativas de investimentos fiquem mais atraentes. Estes fundos podem apresentar um rendimento maior, bem como uma taxa de administração menor, proporcionalmente à aplicação inicial e ao tempo em que o dinheiro ficará aplicado. "Quanto mais tempo o investidor tiver disponível para deixar seus recursos aplicados, mais interessantes os fundos de renda fixa ficam em relação à poupança. Assim, a poupança se firma como opção para os investidores mais conservadores e os fundos, para os moderados."

Outra sugestão do especialista são os títulos do Tesouro Nacional, em que o aspecto segurança é garantido por serem papéis emitidos pelo governo federal. "São investimentos que possibilitam uma segurança confortável com algum retorno ao pequeno investidor, e que antes eram oferecidos apenas aos grandes investidores e profissionais do setor financeiro", lembra Carvajal.

Os títulos podem ser negociados pelo site www.tesourodireto.gov.br, com aplicações a partir de R$ 100. A vantagem apontada por ele é que o investidor pode comprar e vender diretamente sem intermediação das instituições financeiras.

Mas o que o professor ressalta é que todas as alternativas são interessantes enquanto funcionarem como recurso para o investidor se proteger da inflação. "Se a rentabilidade destes produtos se mantiver acima da inflação, todos podem servir como aplicação para garantir segurança ao investidor", conclui.

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