KRISHNA GUHA, CHRIS GILES E RALPH ATKINS - Tradução de PAULO MIGLIACCI
DO "FINANCIAL TIMES"
Uma discreta revolução vem ganhando ímpeto nos bancos centrais, à medida que o Federal Reserve (o BC dos EUA) mergulha ainda mais fundo no admirável mundo novo da política monetária heterodoxa e outros bancos avaliam até que ponto terão de segui-lo.
Os BCs mundiais já passaram por mudanças dramáticas, desde o início da crise de crédito há mais de um ano. Tiveram de cortar taxas de juros com rapidez sem precedentes -e em alguns casos com intensidade recorde- e de elevar as reservas bancárias de forma maciça a fim de atender à maior demanda privada por liquidez.
Na prática, eles se tornaram contrapartes centralizadas dos mercados monetários, e em alguns casos passaram até a fazer empréstimos diretos a empresas. Além disso, ao oferecer liquidez garantida por cauções em termos muito mais favoráveis do que os prevalentes nos mercados privados, tornaram-se igualmente seguradoras de último recurso contra riscos de catástrofe para categorias inteiras de ativos financeiros, assumindo o risco de que a crise possa se agravar a ponto de impedir que recuperem o dinheiro emprestado.
Mas a decisão do Fed de cortar os juros a virtualmente zero na semana passada e o anúncio de que criaria dinheiro para financiar operações de crédito ainda maiores avançam em terreno ainda não desbravado.
O Fed teoricamente já conta com um companheiro, o Banco do Japão. O BC japonês reduziu os juros a praticamente zero na sexta-feira, reforçou as aquisições de títulos do governo e anunciou que adquiriria papéis de empresas.
Quando os BCs desejam estimular uma economia em desaceleração, usualmente cortam as taxas de juros. Mas quando os juros se aproximam do zero é preciso usar outras táticas.
Como o Fed, o Banco do Japão deve terminar financiando essas aquisições por meio de uma expansão de suas posições de reservas bancárias. Ao contrário do Fed, a instituição japonesa tem a opção de lançar títulos próprios de dívida.
O Banco da Inglaterra, embora acautele contra a suposição de que acompanhará o Fed em suas incursões heterodoxas, está pensando sobre o que fazer caso as taxas de juros britânicas também caiam a quase zero.
O Banco Central Europeu (BCE) como um todo está muito menos disposto a aceitar a possibilidade de que as taxas de juros da zona do euro caiam a esse ponto. Mas funcionários não descartam formas inovadoras de operar.
É realmente notável que questões como essa sejam discutidas em tantas das grandes economias. Por mais radicais que sejam as medidas adotadas pelos BCs até agora, o território que fica além do juro zero é ainda menos conhecido.
Apenas o Japão tem experiência em política monetária heterodoxa. No começo da década, adotou estratégia de relaxamento quantitativo -elevar a base monetária por meio da elevação das reservas bancárias-, na esperança de que isso pusesse fim à deflação e estimulasse os empréstimos.
As estratégias que estão em consideração no momento se assemelham de alguma maneira ao relaxamento quantitativo japonês, já que envolvem o inchaço do balanço de um banco central por montante superior ao requerido para acomodar a elevação na demanda do setor privado por liquidez.
O BCE continua claramente hesitante quanto a cortar ainda mais os custos oficiais de captação, agora fixados em 2,5%, e alguns funcionários se preocupam com a possibilidade de esgotar a munição -uma preocupação que contraria diretamente o raciocínio do Fed- ou de semear a próxima bolha.
Mas o BCE ainda poderia acompanhar o Fed com medidas não convencionais, caso necessário. Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE, disse que seu balanço cresceu "impressionantes" 55% neste ano em relação ao ano passado.
Ele não descartou a hipótese de que o BCE adquira títulos de dívida de governos em dado momento, ainda que essa opção não esteja sendo considerada por enquanto.
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*Additional Note: 11/13/24: We can't be solution-focused in our trading
if we're living our lives in problem-focused mode. A solution-focused life
m...
Há 4 dias
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