quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Kanitz garante: "A crise é psicológica"

Em meio aos ensinamentos filosóficos milenares do sábio chinês Lao Tsé existe uma frase que merece ser lembrada nesse momento de dificuldades e incertezas que a economia e os meios financeiros internacionais vivem - ou parecem viver -- hoje. A frase é esta: "Aquilo que a lagarta chama de o fim do mundo, o resto do mundo chama de borboleta".
¦ Não são poucos os políticos, empresários, acadêmicos e outros agentes da sociedade vinculados aos assuntos sociais e econômicos pelo mundo a fora que, nos últimos meses, vêm se utilizando dos meios de comunicação de massa para difundir e ampliar a notícia de que vivemos uma crise "tão grande ou maior do que a de 1929"; de que a recessão e a depressão nos espreitam; de que mais bancos irão quebrar, indústrias irão fechar, aumentará o desemprego, cairá a renda das pessoas, os governos arrecadarão menos, faltará dinheiro para investimentos essenciais, a fome e a doença se multiplicarão pelos países do terceiro mundo e até pelos emergentes, etc., etc..
¦ Enfim, os arautos da catástrofe, até com ranço ideológico, antevêem o fim da era de prosperidade ensejada ao homem pelo capitalismo...E, pior, ainda há aqueles que agregam a essas mensagens negativistas o risco iminente dos desastres ambientais provocados pelas ações humanas que ensejam o super-aquecimento do planeta.
¦ É inegável que uma onda de acontecimentos desfavoráveis -- que dizem respeito especialmente às economias do primeiro mundo -- está respaldando, de uns tempos para cá, alguns prognósticos sombrios. O estouro da chamada "bolha imobiliária" nos Estados Unidos, por exemplo -- que levou à derrocada inúmeras instituições financeiras que concederam empréstimos em volume além do razoável a quem sequer possuía capacidade de pagamento -- se refletiu no descrédito quase que total do sistema, reverberando sobre as bolsas de valores de todos os continentes e, daí, com elas em baixa, resultando em prejuízos monumentais para muitos milhões de investidores pessoas físicas e jurídicas.
¦ Mas nada que não possa ser consertado a tempo e a hora pelo conjunto da sociedade, através do poder normativo do Estado democrático, com medidas legais disciplinadoras do mercado, da adoção de políticas fiscalizatórias e punitivas mais eficazes pelos bancos centrais e comissões de valores mobiliários, que garantam o devido expurgo do que há de ilícito, de predatório e de irresponsável no sistema financeiro claudicante.
¦ Não devemos jamais deixar de considerar que é nos instantes de crise que encontramos as verdadeiras soluções para problemas que, antes de se agudizarem, eram simplesmente deixados de lado.
¦ A população mundial caminha para a marca dos 7 bilhões. A humanidade não vai parar de comer, de vestir, de precisar de casas, escolas, hospitais, equipamentos de lazer; as pessoas continuarão exigindo melhores meios de trasporte, comprando carros, motos, bicicletas, viajando de avião; os governos seguirão obrigados a construir mais estradas, portos, aeroportos, obras de infra-estrutura urbana; as tecnologias da informação precisarão evoluir ainda mais para atender às necessidades crescentes de comunicação do mundo globalizado...
¦ E todas essas coisas exigirão ocupação de mão-de-obra e o fluxo ininterrupto de dinheiro, o bom funcionamento do comércio e da indústria, a evolução dos serviços, o avanço dos processos produtivos de ciência e cultura, de modo que não há sentido em acreditar que só nos resta a hecatombe.
¦ Em meio a tudo que está acontecendo lá fora, o Brasil vive um momento privilegiado, do ponto de vista econômico: produz internamente praticamente tudo o que sua população consome, desde os produtos primários até a maioria dos bens industrializados; suas commodities exportáveis são essenciais para a própria sobrevivência de muitos países e dificilmente perderão valor que a variação cambial não compensem; nosso sistema bancário quase não sofreu os efeitos das turbulências financeiras dos Estados Unidos e da Europa; nossos recursos naturais à espera de exploração racional são inesgotáveis e continuarão atraindo investimentos de todas as origens, a curto, médio e longo prazos.
¦ É por estas e muitas outras razões (que não caberiam nessa coluna) que me rendo à opinião do ilustre conferencista e consultor de empresas Stephen Kanitz, que O JORNAL DE HOJE -- em parceria com o Sebrae/RN e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte -- traz hoje a Natal para falar aos empresários e autoridades do nosso Estado. Segundo ele, a chamada "crise" que vivemos é fabricada, não passa de "uma crise psicológica".

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