quinta-feira, 8 de maio de 2008

Juros e dólar fecham em alta pelo terceiro dia consecutivo

São Paulo, 8 de Maio de 2008 - O anúncio de que o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) de abril ficou bem acima das expectativas reforçou a preocupação do mercado financeiro com as crescentes pressões inflacionárias e provocou a alta nos contratos futuros de juros negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) pela terceira sessão consecutiva.

O IGP-DI subiu 1,12% em abril, bem acima da previsão de 0,80% e da alta de março de 0,70%. O mercado aguarda ainda a divulgação amanhã do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de abril. O IPCA é o indicador de inflação mais relevante, sendo monitorado pelo Banco Central para definir a taxa Selic.

As projeções de juros de longo prazo embutidas nos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) negociados na BM&F fecharam sinalizando avanço. O DI de janeiro de 2010, o mais negociado, registrou taxa de 14,07%, ante 13,91% do ajuste anterior.

Para resgate em janeiro de 2009, a taxa ficou em 13%, contra 12,89% do ajuste anterior. Janeiro de 2012 fechou com juro anual de 13,82%, ante 13,64% do ajuste anterior. O contrato de DI de junho ficou estável em 11,59% e julho apontou taxa anual de 11,83%, contra 11,89% do último ajuste.

No mercado de câmbio, a percepção dos investidores de que o governo vai adotar alguma medida para conter a escalada do real sustentou a terceira sessão consecutiva de alta do dólar comercial. A divisa norte-americana terminou o dia com avanço de 1,75%, cotado a R$ 1,690 na venda e na R$ 1,688 na compra.

A queda de mais de 1% nos índices acionários norte-americanos davam condições para a recuperação da moeda frente ao real e às outras divisas estrangeiras. O mercado também espera para ver se outras agências de classificação de risco vão elevar o rating do Brasil para o grau de investimento e se a prometida enxurrada de dólares no mercado doméstico irá se confirmar.

O anúncio da Moody´ s de que a melhora na perspectiva de rating para o Brasil depende da possibilidade do fortalecimento adicional tanto das finanças públicas quanto do perfil de dívida, que reduziriam significativamente as vulnerabilidades atuais, contribuiu para o pessimismo do mercado. Recentemente, rumores de que o governo iria aumentar a alíquota do IOF para investimentos estrangeiros circularam no mercado. Em seguida veio a notícia da criação de um fundo soberano, que foi interpretada pelo mercado como um sinal de que o governo está preocupado com a valorização do real.

O mercado acompanhou no final dos negócios, a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciando que o valor do fundo soberano deve variar de 5% a 10% das reservas internacionais - que atualmente acumulam mais de US$ 190 bilhões. O ministro, entretanto, insistiu em dizer que os recursos não virão das reservas. O governo também informou que irá emitir US$ 500 milhões em bônus soberano nos mercados europeus e norte-americano.

"Todas estas medidas serão inócuas no médio prazo. O dólar deve retomar a trajetória de baixa, podendo cair abaixo de R$ 1,60", afirmou o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou a sessão em baixa de 1,68%, nos 69.017 pontos. Foi a primeira vez que a Bovespa fechou em queda e abaixo dos 70 mil pontos após o anúncio do grau de investimento.

Nos Estados Unidos, as bolsas terminaram o dia em baixa. O índice Dow Jones caiu 1,59%, o SP&500 recuou 1,81% e a bolsa eletrônica Nasdaq retrocedeu também 1,81%.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes)

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