quinta-feira, 8 de maio de 2008

Turistas brasileiros agora preferem o euro

Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
Como a top model Gisele Bünchen, os turistas brasileiros agora preferem os euros aos dólares. Segundo participantes no mercado de câmbio turismo, a compra de euros para uso nas viagens internacionais cresceu mais do que a de dólares. A demanda pela moeda da União Européia tem sido tão forte no Brasil que a Confidence, a maior corretora no segmento de câmbio turismo no país, acaba de lançar um cartão de débito em euro, produto da Travelex, maior organização não-bancária de câmbio no mundo.

"O Brasil se tornou um mercado tão importante para nós que estamos lançando o produto aqui ao mesmo tempo do que nos Estados Unidos", diz David Sear, diretor-gerente da divisão de global outsoursing da Travelex, maior organização não-bancária de câmbio no mundo, com faturamento de US$ 2 bilhões no ano passado. Ele veio pela primeira vez ao país para o lançamento do chamado Visa Travel Money em euros, que será emitido pelo Banco Schahin.

"O turista brasileiro está fazendo sua poupança para uma viagem futura cada vez mais em euro, por causa da estabilidade maior da moeda", comenta Robin Ortner, diretor da Travelex do Brasil. Os números do Banco do Brasil, um dos principais bancos a atuar no segmento de câmbio turismo, comprovam a tendência. No primeiro trimestre, o aumento na compra de euros para turismo foi de 55%, diz o BB, enquanto o aumento na compra de dólares foi de 15%.

No ano passado, o BB fechou um total de US$ 240 milhões de câmbio turismo, dos quais 34% ou US$ 82 milhões foram de euro, diz Nilo Panazzolo, diretor da área internacional do BB.

A Confidence não quis revelar o total de câmbio fechado no ano passado. Mas, segundo a corretora, no primeiro trimestre de 2007 o volume de euros comprados representou 29% das vendas totais de câmbio turismo, percentual que cresceu para 32% no no primeiro trimestre de 2008.

A expectativa da Confidence é vender cerca de ? 25 milhões do Visa Travel Card em euros neste ano. O cartão de débito em dólar, lançado em janeiro do ano passado, totalizou US$ 60 milhões em vendas em 2007, revela Andreas Wiemer, diretor regional da Confidence. Com isso e as vendas de outros parceiros da Travelex no Brasil, o país já assumiu a posição de quinto maior mercado do cartão de débito para viagem da Travelex. Está atrás da inglaterra, Estados Unidos, Austrália e África do Sul, diz Sear.

A Travelex, que comprou a Thomas Cook em 2000, não está mais emitindo os tradicionais travelers cheques desde o final do ano passado. " É um um produto em extinção", diz Sear. "Experimente usar um traveler cheque na Europa", comenta. O comércio não aceita e apenas alguns bancos trocam o produto, mesmo quando em euros, e ainda cobram comissões altíssimas.

"O cartão de plástico é a evolução natural, um produto do século 21", diz Sear. Segundo ele, o mercado não tem crescido tão rapidamente quanto o esperado, pois as pessoas demoram a se acostumar com a idéia de um cartão pré-pago. Estão mais acostumadas com o cartão de crédito, pós-pago, que no Brasil tem custo fiscal (Imposto sobre Operações Financeiras) de 2% sobre o total adquirido no exterior, mas taxa de câmbio mais próxima do dólar comercial, mais favorável, portanto, do que o dólar turismo. Segundo Wiemer, o dólar turismo é mais caro do que o comercial por causa do custo das corretoras e agências de turismo nas operações menores. Ontem, ele era 5,45% mais caro.

No caso do Visa Travel Card, o cliente fecha o câmbio já no seu país, antecipadamente. Segundo Sear, o turista não tem de pagar nenhuma comissão na hora do saque de moeda em caixa eletrônico Visa ou do pagamento no estabelecimento comercial no país no qual está viajando que aceite a bandeira Visa. Sobre ele, não recai IOF. Mas, a taxa de câmbio a ser usada é a do câmbio turismo, como no caso do traveler cheque. Para estimular a venda, a Confidence promete taxa mais favorável do que a de câmbio turismo normal. O Visa Travel Card "é a forma mais segura e leve de carregar grande quantidades de dinheiro", diz Christopher Russell, vice-presidente da Travelex para as Américas. A assinatura eletrônica dificulta o uso indevido e o cartão pode ser cancelado logo após ser perdido. Agregado ao cartão, há um serviço de apoio ao viajante, que inclui médicos e advogados, todos pagos separadamente.

O próximo passo para a Travelex é trazer ao Brasil, até o final do ano, seu cartão em libras esterlinas e o cartão corporativo. Sear explica que a companhia aérea Virgin, por exemplo, vai usar os cartões corporativos da Travelex para pagar seus funcionários, pois dessa forma suas aeronaves não precisam carregar dinheiro.

O real mais forte tem estimulado os gastos dos turistas brasileiros no exterior, que subiram 59%, para US$ 2,5 bilhões, no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2007. A Confidence, embalada por esse movimento, cresceu 60% sua receita no ano passado na comparação com 2006. Vai investir R$ 4 milhões para abertura de mais 40 unidades em 2008, com relação às 64 lojas próprias existentes hoje. Pretende também abrir ainda neste ano seu Banco de Câmbio. Espera para isso autorização do Banco Central. A Confidence atua também em parceria com outras 4,5 mil agências de turismo no país.

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