Investidor aposta em mais altas da Selic
Na BM&F, os contratos de janeiro de 2009 são negociados a 12,43% ao ano; os de julho de 2008, 11,63%; e maio, 11,41%
Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo
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Segundo o economista da López León, Flávio Serrano, desde o final de fevereiro as taxas inverteram a curva e passaram a embutir novas perspectivas de alta dos juros. O movimento se intensificou com a ata da 133ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada em meados de março. O documento revelava quanto os índices de inflação estavam incomodando a autoridade monetária.
A alta das taxas ganhou mais impulso com o discurso do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Mário Mesquita, sobre a necessidade de a autoridade monetária ter de agir de forma mais rígida para manter os índices de preços dentro da meta definida, destaca o economista da Austin Rating, Alex Agostini. Ele aposta numa alta de juros de 0,25 ponto porcentual na reunião desta semana, mas é enfático ao considerar precipitada a medida.
Segundo Mesquita, a mudança na política monetária poderá representar prejuízo para muitos investidores que compraram títulos prefixados nos últimos meses. As perdas poderão se intensificar com um ciclo maior de alta dos juros este ano. Isso porque esses investidores compraram papel apostando na continuidade de queda da taxa Selic. Nesse caso, quando há alta dos juros, a tendência é o investidor perder dinheiro.
Serrano, da López León, explica, por exemplo, que quem investiu em prefixado em novembro do ano passado aceitou ganhar uma taxa de 11,4% ao ano. Se a Selic subir acima desse valor, ele poderá perder dinheiro. É claro que a taxa no fim do contrato será uma média do período. Quem apostou na alta da Selic perderia dinheiro se o BC decidisse amanhã manter a taxa no nível atual.
Essa possibilidade, no entanto, está praticamente descartada pelo mercado. Embora muitos economistas argumentem que não há necessidade de elevação da taxa, todos eles apostam que a autoridade monetária vai optar pelo conservadorismo e aumentar os juros para conter os índices de preços.
A crítica de muitos especialistas é que essa política monetária não é eficiente para conter uma inflação contaminada pela evolução das commodities no mercado externo. Ou seja, subir juros não vai mudar a tendência de alta dos preços internacionais, argumentam os economistas.
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