São Paulo, 12 de Novembro de 2008 -
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, defendeu a adoção de políticas anti-cíclicas no combate à crise financeira mundial. "Todos os países deveriam ter políticas fiscais e monetárias adequadas", afirmou o presidente do BC.
Políticas anti-cíclicas são as adotadas por países que fazem uma poupança interna nos anos de crescimento econômico para poder fazer uso destas em tempos de crise. A adoção de tais políticas já havia sido defendida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Meirelles disse que o Brasil tem boas condições para enfrentar a crise. "Antes, a dívida externa era indexada em dólar. Hoje o cenário é diferente, a dívida pública é menor, temos uma porção credora em dólar", lembrou.
O presidente do BC afirmou também que o atual cenário para o crédito é de gradual recuperação devido às medidas adotadas pelo governo para dar liquidez ao mercado. "O pedido de concordata do Lehman Brothers teve dois efeitos imediatos no Brasil: interrupção das linhas de financiamento externas e empoçamento do crédito doméstico. Neste cenário o BC passou a atuar para regularizar a liquidez em moeda estrangeira e em reais no mercado", explicou.
Dentro das medidas adotadas pelo BC para irrigar o mercado estão os leilões de swap cambial, a venda de dólares no mercado à vista e os leilões com compromisso de recompra.
O presidente do BC lembrou que até o dia 5 os leilões de swap cambial para fornecer hedge às empresas somaram US$ 24,5 bilhões e a não rolagem do swap reverso - em que a autoridade monetária ganha a variação cambial enquanto as empresas ganham uma taxa de juros - totalizou US$ 1,5 bilhão. As vendas de dólares no mercado à vista somaram US$ 5,1 bilhões, os leilões com compromisso de recompra, US$ 5,8 bilhões.
A autoridade monetária também adotou medidas para fornecer liquidez para os exportadores. Entre elas estão as linhas de crédito que exigem dos tomadores como garantia global bonds, que totalizaram US$ 1,6 bilhão e os leilões de Antecipação de Contrato de Câmbio (ACC), que somaram US$ 1,5 bilhão.
Meirelles comparou a crise financeira a uma epidemia global. "Todos precisam se medicar, mas há pacientes velhos, outros jovens e remédio pode ser diferente", afirmou, remetendo à idéia que o Banco Central brasileiro não deve seguir as medidas adotadas pelos principais bancos centrais do mundo de cortar o juro básico para estimular as economias locais diante da possibilidade de recessão. No Brasil, a disparada do dólar pressiona os índices de inflação, o que mantém o juro alto.
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