sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pacote chinês beneficia Brasil, Japão e os EUA

Londres, 14 de Novembro de 2008

O pacote de estímulo da China deverá ajudar a sustentar as vendas de equipamentos agrícolas japoneses, de minério de ferro do Brasil e de máquinas-ferramenta da Califórnia, eliminando alguns dos reveses do atual quadro, que deve se configurar como a maior recessão mundial das últimas décadas.

O efeito irradiador do plano de US$ 586 bilhões, anunciado pelo governo chinês no último dia 9, põe em destaque o papel cada vez mais importante da China na economia mundial, num momento em que as autoridades se empenham em manter o crescimento do país próximo de 8% em 2009. A Merrill Lynch & Co. disse que a expansão chinesa teria se desaquecido para 5% sem o programa, a partir dos 9,5% registrados deste ano.

A economia chinesa ainda é a de crescimento mais acelerado dentre as 20 maiores do mundo, e seu plano, equivalente a 14% do PIB durante dois anos, deverá ter o mais forte impacto nos países que são os principais fornecedores de bens para a China, como Japão, Taiwan e Coréia do Sul.

"Trata-se de uma garantia significativa de crescimento para a China", disse Louis Kuijs, economista do Banco Mundial em Pequim.

O plano da China contempla as áreas de habitação, desenvolvimento rural, ferrovias, redes elétricas, voltando-se inclusive para a reconstrução dos danos causados pelo terremoto que atingiu a província de Sichuan em maio. Ele também prevê deduções fiscais para compras de maquinário, a fim de estimular os investimentos.

"Setores como o de transporte ferroviário, construção, cimento, aço e outros metais vão se beneficiar", disse Ting Lu, da Merrill Lynch de Hong Cong.

O crescimento mais lento da produção industrial chinesa nos últimos sete anos, anunciado ontem, reforçou os motivos pelos quais os gastos são necessários.

Entre os países que têm mais interesses em jogo estão Taiwan, Japão e Coréia do Sul. O impacto deve chegar ao Brasil, por meio da Companhia Vale do Rio Doce. A China respondeu por 20,5% da receita total da empresa no terceiro trimestre, de US$ 12,1 bilhões. "Consideramos que não haverá qualquer efeito imediato, pois a reativação de uma economia leva tempo", disse Fernando Thompson, porta-voz da Vale, por e-mail.

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