segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Krugman critica ação lenta contra a crise

Anna Ringstrom - Da agência Reuters

Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, disse ontem que os formuladores de políticas podem estar agindo muito lentamente para lidar com a crise financeira global, mas saudou a escolha de Barack Obama para a secretaria do Tesouro dos Estados Unidos. O economista norte-americano também disse que duvida que o setor automotivo americano sobreviverá no longo prazo, mas que é válido ajudar o setor no curto prazo.

"Os mecanismos simples de produção de um resgate para a economia mundial são muito difíceis. O ritmo sob o qual as coisas estão piorando é tão rápido que é difícil ver como as medidas podem chegar", disse o professor de economia da Universidade de Princeton e colunista do jornal The New York Times em uma coletiva de imprensa. "Mesmo com a melhor compreensão, não é possível chegar a uma solução rápida o suficiente para prevenir uma grande quantidade de danos. Eu estou muito preocupado com o que veremos no próximo ano."

tesouro. Krugman, famoso crítico da administração de George W. Bush, disse que está muito satisfeito com a escolha do presidente do Fed de Nova York, Timothy Geither, como o próximo secretário do Tesouro. "O próximo secretário do Tesouro é muito inteligente, muito compreensivo, foi mais rápido ao perceber a vulnerabilidade do sistema financeiro que a maioria das pessoas, mas ele está diante de uma tarefa muito desafiadora."

Krugman disse que as montadoras norte-americanas de Detroit - as três grandes, GM, Ford e Chrysler - foram atingidas por tendências de longo prazo assim como pela atual crise financeira. "Acredito que uma ocorre correta falta de disposição, de aceitar a falência de um grande setor industrial - mesmo que seja um setor industrial em declínio - em meio a uma recessão muito, muito severa. No final, essas companhias provavelmente desaparecerão." Parlamentares dos EUA e a Casa Branca estão preparando um plano para ampliar ajuda às montadoras.

Krugman esperava que a bolha dos preços de imóveis dos Estados Unidos causasse problemas, mas a extensão da decorrente crise financeira que atingiu todo o mundo foi um choque. "O que não percebi, e quase todo mundo também não, foi a extensão em que o sistema bancário tradicional, que é bem protegido, foi substituído por um sistema paralelo de bancos formado por vários tipos de instituições que são bancos de fato, mas não são regulados como bancos", afirmou o vencedor do Nobel de economia.

"A vulnerabilidade, a fragilidade desse sistema bancário paralelo, foi algo que não deveria ter sido uma surpresa, mas de fato foi. A história tem mostrado que o quanto governos podem gastar para sustentar suas economias", disse Krugman. "E eu estou preocupado com o quão rápido tais programas podem ser ativados, dada a velocidade de deterioração da economia. O setor privado não pode suportar sozinho nesse momento."

Krugman disse que não sabia ainda o que fazer com o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,2 milhão), recebido com o Nobel, e acrescentou que seu email favorito de congratulação pelo prêmio diz: "Parabéns, espero que você possa encontrar um banco ainda de pé."

FALÊNCIA BANCÁRIA. Os órgãos reguladores federal e estadual fecharam o First Georgia Community Bank na sexta-feira, o 23º banco a falir nos Estados Unidos em meio à turbulência em andamento no setor de serviços financeiros. A Corporação Federal de Seguro de Depósito (FDIC, na sigla em inglês) informou que o Departamento Bancário e de Finanças da Georgia fechou o banco, com sede em Jackson. O banco tinha ativos no valor total de US$ 237,5 milhões e US$ 197,4 milhões em depósitos até 7 de novembro, segundo comunicado divulgado pelo FDIC. Todos os depósitos do First Georgia foram comprados pelo United Bank, com sede em Zebulon (Georgia).

O United Bank também concordou em comprar US$ 60,6 milhões de ativos como parte da transação. A falência do First Georgia vai custar ao fundo de seguro de depósito do FDIC cerca de US$ 72,2 milhões, aumentando a crescente pressão sobre os fundos por causa do rápido crescimento nas falências bancárias. O FDIC disse que este foi o quarto banco da Georgia a falir este ano.

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