quarta-feira, 2 de julho de 2008

Carteiras ligadas à inflação são destaque no semestre

Por Danilo Fariello, de São Paulo
Enquanto praticamente todos os investimentos financeiros sofrem para bater os índices de preços, os fundos que aplicam em títulos de inflação são destaque em rentabilidade. No ano, até sexta-feira, pelo menos três dessas carteiras tiveram retorno acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que avançou 5,34%, segundo o site Fortuna. O IPCA deverá fechar o semestre em 3,60%, conforme projeções do mercado, e o IGP-M chegou ao fim de junho acumulando 6,81% no ano. Alguns bancos e gestores oferecem carteiras que seguem esses papéis, principalmente as NTN-Bs, que rendem pelo IPCA e um juro prefixado.

Apesar dos polpudos rendimentos, os investidores devem ter em mente, antes de aplicar, que esses fundos de inflação naturalmente oscilam mais do que os DI. São aplicações destinadas à diversificação dos recursos investidos com visão de retorno no longo prazo, diz Arnaldo Vollet, diretor-executivo da BB DTVM. "O forte retorno recente é sinal de cuidado, porque, se a inflação começar a cair, haverá volatilidade muito grande." A gestora do Banco do Brasil tem R$ 250 milhões investidos nos seus fundos de inflação. A carteira aberta a pessoas físicas subiu 5,56% no semestre. A aplicação mínima é R$ 20 mil. Segundo o site Fortuna, apenas os seis fundos mais populares de inflação captaram R$ 425 milhões no semestre.

Essas carteiras foram febre em 2002, quando a inflação disparou, mas, em pouco tempo, os preços foram contidos e muitos aplicadores saíram das carteiras com prejuízos ou rendimento pífio.

Com a alta dos preços recente, muitos procuram por informações sobre a carteira de inflação, mas a captação não cresce tanto, diz Fabio Guarda, gestor de renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM). Para ele, a inflação deve permanecer ainda acima do CDI até o fim do ano, mas o prêmio de renda fixa embutido nos títulos pode levar a uma forte volatilidade e reduzir o ganho. "Recomendamos a carteira como uma proteção apenas no médio e longo prazos."

No longo prazo, a volatilidade perde importância e os papéis ligados a inflação ainda têm ganhos interessantes. Segundo Vollet, da BB DTVM, as NTN-Bs projetam atualmente retorno de 8,8% acima do IPCA para prazos acima de 2010. É um ganho real que salta aos olhos de qualquer investidor. "Mas um ajuste de apenas 0,1 ponto percentual na taxa implica oscilação muito forte no curto prazo."

Não dá para aplicar em um fundo de inflação sem saber exatamente o que se está fazendo, resume Guarda, da UAM. "Ele tem de entender que o retorno vai oscilar conforme a inflação, mas também segundo o cupom (prêmio), que embute a expectativa de inflação pelo mercado." No fundo de índice de preços da UAM, por exemplo, que rende 5,73% no ano, a aplicação mínima do fundo é de R$ 30 mil. Itaú, Legg Mason, Pactual e Credit Suisse Hedging Griffo, têm carteiras de inflação.

A maioria deles segue unicamente o IPCA, porque praticamente desapareceram do mercado títulos que seguem o IGP-M, as NTN-C. Isso porque o governo federal deixou de emitir esses papéis. Portanto, ficou mais difícil para gestores seguirem o indicador de perto.

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