terça-feira, 1 de julho de 2008

Para onde vai a Bolsa nos próximos seis meses?

Terça-feira, 01 de julho de 2008, 03h00

Para onde vai a Bolsa nos próximos seis meses?

Analistas destacam ações e setores com melhores perspectivas no segundo semestre

Vinícius Pinheiro - AE

Para quem se assustou com a forte volatilidade apresentada pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no primeiro semestre, os especialistas têm uma boa e uma má notícia: a ruim é que o sobe-e-desce das ações deve permanecer nos próximos seis meses do ano. A boa é que o saldo da tubulência que afeta os mercados financeiros há quase um ano em todo o mundo deve ser positivo para a Bolsa brasileira. Ou seja, o investimento em ações continua recomendado, embora com cautela.

As preocupações com a economia e o setor financeiro nos Estados Unidos, além da escalada da inflação, principais razões da oscilação nos primeiros meses do ano, devem persistir no segundo semestre, de acordo com o chefe da área de análise da Link Investimentos, Celso Boin Junior.

Ele avalia que as perdas das instituições financeiras norte-americanas no segmento de crédito imobiliário de alto risco (subprime) deverão se estender até 2009, o que deve contribuir para novas oscilações do mercado de ações. “Por outro lado, apesar de o clima ainda ser negativo, já não se fala mais em crise sistêmica, como no início do ano”, destaca.

O aumento da inflação também preocupa por conta da perspectiva de que o Banco Central precise elevar mais os juros para conter o ritmo de crescimento da economia e, por conseqüência, o resultado das empresas. O profissional da Link espera um “ciclo razoável” de ajuste na taxa básica de juros (Selic), embora em uma magnitude menor do que a esperada pelos analistas mais pessimistas com a Bolsa.

Acima da renda fixa

De acordo com o superintendente da Santander Asset Management, Alexandre Silvério, mesmo com as incertezas que pairam sobre o mercado, o desempenho da Bovespa deve superar, “em larga medida”, o CDI, indicador de referência dos investimentos de renda fixa.

O otimismo da instituição tem como base a expectativa de crescimento no lucro das empresas, que deve superar os 15% este ano. “O Ibovespa (principal índice da Bolsa) caminha para fechar o ano entre 75 mil e 80 mil pontos”, projeta.

Para o analista de Investimentos da corretora Coinvalores, Marco Saravalle, o desempenho da Bolsa no segundo semestre dependerá também das ações dos Bancos Centrais internacionais, como o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). “O cenário é de cautela, mas não acho que seja o momento de reduzir a exposição em Bolsa”, diz.

“Otimismo cauteloso” é a definição usada pelo superintendente de Renda Variável do Banco Votorantim, Luiz Sedrani, para a Bovespa no segundo semestre. Enquanto a prudência vem das incertezas vindas do exterior, a sustentação para os bons resultados vem da perspectiva positiva para a economia e as empresas brasileiras.

As escolhas

Saravalle, da Coinvalores, aponta que, apesar da maior incerteza no cenário externo, a economia brasileira deve seguir apresentando bons fundamentos. Ele, porém, recomenda ao investidor que procure ações de empresas que possuam um fluxo de caixa mais previsível e menos dependente das flutuações econômicas.

O analista destaca os papéis das concessionárias de rodovias, que possuem as tarifas reajustadas pelo IGP-M e estão, portanto, protegidas de uma possível disparada da inflação, além das empresas do setor elétrico, consideradas boas pagadoras de dividendos.

A Link Investimentos mantém para este semestre as recomendações dadas no início do ano, concentradas em quatro setores: consumo e bancos, transportes e logística, energia elétrica e siderurgia. Os dois primeiros não foram bem no primeiro semestre, mas o chefe de análise da instituição considera que a reação do mercado foi exagerada e que os papéis devem se recuperar no segundo semestre.

Para Sedrani, do Banco Votorantim, as ações de consumo e bancos podem se tornar uma boa opção apenas a partir dos últimos três meses do ano, quando o cenário de inflação e a trajetória das taxas de juros estiverem mais claras. Por enquanto, ele considera que os papéis de empresas produtoras de commodities (matérias-primas) devem apresentar melhor performance.

O superintendente da área de gestão de fundos do Santander também aposta que o bom desempenho da Bolsa no segundo semestre será puxado pelas ações ligadas ao setor de matérias-primas. “Vale lembrar que os papéis de Vale e Petrobras não acompanharam a alta das commodities no semestre.” Ele considera, porém, que as empresas do setor de varejo devem permanecer “no radar” do investidor.

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