terça-feira, 1 de julho de 2008

Commodities ajudam aos 45 do 2º tempo

No apagar das luzes do primeiro semestre, mais uma vez as commodities contribuíram para melhorar o desempenho acumulado da bolsa, ou melhor, para que ele fosse um pouco menos lastimável. Com a alta das ações de siderurgia, mineração e petróleo, o Índice Bovespa fechou o dia em alta de 1,08%, de volta aos 65 mil pontos, mais especificamente aos 65.017 pontos. Graças a essa valorização, o Ibovespa fechou junho com queda de 10,44%, o pior desempenho em um único mês desde abril de 2004, quando o indicador caiu 11,45%. Naquele momento, o mercado começava a ventilar a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) dar início a um processo de aumento da taxa de juros, que estava em 1% ao ano, para evitar que o crescimento econômico batesse nos índices de inflação do país. No primeiro semestre, o Ibovespa acumulou tímida alta de 1,77%, a léguas de distância das projeções dos analistas que apontam o índice entre 85 mil e 95 mil pontos ainda no fim deste ano.

Entre as maiores altas do índice nos primeiros seis meses do ano estão os papéis de siderurgia e de energia elétrica. Já entre as maiores baixas do indicador no mês passado estão as ações de setores mais ligados ao crescimento interno, como varejo, consumo, alimentos, imobiliário e bancos. O principal motivo dessa baixa é o processo de aumento da taxa Selic para controlar a inflação, que vem se mostrando mais indomável do que se previa. Os analistas acreditam que essas ações devem passar por uma recuperação na segunda metade do ano, a partir do momento em que os primeiros aumentos da Selic começarem a fazer efeito sobre a inflação.

As units (recibos de ações) do Unibanco, por exemplo, caíram 19,37% em junho e as PNs do Itaú, 19,22%, ambos papéis importantes e com altíssima liquidez. As ONs da Lojas Renner se desvalorizaram 21,28% e as PNs da Lojas Americanas, 19,54%.

Os principais papéis do Ibovespa subiram ontem junto com as commodities. O contrato do barril do petróleo do tipo WTI, negociado em Nova York, atingiu US$ 143,67 durante o pregão, um novo recorde, mas cedeu no fim dos negócios, fechando a US$ 140. Com isso, as ações ordinárias (ON, com voto) da Petrobras subiram 2,63%. Outros papéis de commodities seguiram a mesma linha. As preferenciais (PN, sem voto) da Gerdau Metalúrgica subiram 5,05% e as PNs da Gerdau, outros 3,78%. Segundo fontes, as ações das duas companhias se beneficiaram da recomendação de compra dada pelo banco JP Morgan.

Depois de subirem 36,80% na sexta-feira, os Brazilian Depositary Receipts (BDRs, recibos de ações estrangeiras negociadas na Bovespa) da Agrenco caíram 8,87% no pregão de ontem. Já as ações ONs e PNs da Paranapanema subiram 6,78% e 5,71%, respectivamente, com os rumores de que a companhia estaria sendo comprada pela gigante Vale.

Movimento "puxa cota"

A alta do Ibovespa ontem, descolando dos índices da Bolsa de Nova York - que subiram um pouco -, também pode ser em parte atribuída ao típico movimento dos gestores de fundos de investimentos para tentar puxar o preço das ações para cima com o objetivo de reduzir as perdas das carteiras no semestre. É o bom e velho movimento conhecido como "puxa cota". Resta saber se essa alta se sustenta hoje, com o velocímetro do segundo semestre zerado.


Daniele Camba é repórter de Investimentos

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