sábado, 6 de dezembro de 2008

UBS prevê que emergentes, como Brasil, evitarão a "recessão severa"

Assis Moreira, de Genebra

O UBS, um dos bancos mais atingidos pela crise financeira global, prevê uma "forte desaceleração" da atividade econômica no Brasil, China e Índia em 2009, mas acha que esses emergentes podem evitar uma "recessão severa".

Para o Brasil, o banco suíço projeta crescimento de 2,8% no ano que vem, comparado a 5,2% projetados para este ano. A inflação declinaria para 5,5% em 2009, ante 6,3% este ano.

O crescimento da China para 2009 é estimado em 7,8%, da Índia em 6,8% e da Rússia em 3%, todos também abaixo das expectativas anteriores.

O banco suíço alerta investidores que futuros lucros de ativos de mercados emergentes estão submetidos a "risco considerável", e sugere que escolham o melhor grau de investimento, evitando emissores soberanos com fraco grau de investimento. Os autores do relatório acreditam em recuperação no segundo semestre de 2009 e em 2010, mas "limitada" na comparação histórica.

O estudo reafirma que a maioria dos países desenvolvidos vai cair ainda mais na recessão até que uma ligeira recuperação econômica ocorra em fins de 2009. O relatório prevê em 2009 um dólar fraco, numa economia dos EUA pouco dinâmica, enfrentando sua pior recessão em 25 anos, afetada por importantes déficits público e de comércio exterior. A nova queda do dólar ocorreria em seguida a sua recente valorização. O UBS aposta também numa desvalorização do iene japonês no ano que vem.

Quanto ao euro, deve manter-se sólido. Já o franco suíço, que tem sido valor de refugio tradicionalmente, pode sofrer em 2009, levando em conta as perspectivas ruins do setor financeiro, que representam 15% do PIB suíço.

O desempenho dos mercados financeiros em 2009 dependerá amplamente da eficácia de políticas de estimulo lançadas pelos governos. Embora uma profunda recessão seja considerada uma boa coisa para os bônus de Estado, desta vez os títulos soberanos podem ser bem menos atraentes diante das enormes dividas de governos, avalia o UBS.

Para o UBS, no cenário de recessão as obrigações de empresas podem proporcionar os rendimentos mais importantes no mercado financeiro em 2009. Mesmo que as falências aumentem, são ainda fracas no momento, diz o texto. O relatório conclui que o rendimento de títulos de empresas compensam amplamente o risco.

Basta evitar os setores ligados ao consumo que parecem mais expostos, como o setor automotivo americano. O UBS recomenda títulos de telecom e de empresas de bens de consumo.

O relatório é prudente em relação a ações, mas aponta sinais de forte valorização nas bolsas, em particular na Europa. Assim, para os investidores que pensam no longo prazo o banco sugere as ações de setores relativamente poupados pela queda de lucros como saúde, bens de consumo e telecomunicações.

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