terça-feira, 28 de outubro de 2008

Depreciada, bolsa reserva as principais oportunidades

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo

A turbulência no mercado financeiro abriu muitas oportunidades de investimento. Mas será que a bolsa é uma delas? Se a pergunta for "As ações estão baratas?", a resposta unânime será positiva. Afinal o Índice Bovespa já caiu mais de 50% este ano. Mas se a questão envolver o momento certo para começar a fazer as apostas, não há consenso. "Mas, com essa queda toda, podemos dizer que as chances de queda diminuíram e as de alta, aumentaram", argumenta o diretor de investimentos da Orey Financial, Carlo Moratelli.

Para ele, a hora é de entrar sim. "É totalmente factível esperar uma alta de 50% em um ano (o equivalente a apostar num Ibovespa a 44 mil pontos)", diz. Se o horizonte for de pelo menos três anos, as chances de ganho aumentam, ressalta. Moratelli recomenda manter uma parcela em bolsa de 30% a 40%, dependendo do perfil de risco do investidor.

Vale lembrar que essa queda toda do mercado está ligada principalmente ao fluxo de saída de investidores estrangeiros, e não aos fundamentos das empresas locais. No ano, deixaram a Bovespa R$ 22 bilhões até dia 22. Na cotação em que estão sendo negociadas as ações, abaixo do valor patrimonial, é como se as empresas estivessem quebrando.

"Há muitas oportunidades de investimento na bolsa, mas que não serão capturadas no curto prazo, por conta da tensão", destaca o diretor de investimentos do Safdié Private Banking, Otávio Vieira. Ele ressalta, no entanto, que muita empresa será prejudicada pelo cenário de desaceleração econômica mundial. Como escolher, então? A recomendação do executivo é transferir essa responsabilidade para um profissional. "Um fundo de ações com gestão ativa e diversificado é o melhor caminho."

Ainda assim, Vieira dá algumas dicas. Entre elas, destacam-se companhias bem capitalizadas e com poder de barganha com fornecedores e clientes, cuja receita não sofra tanto com a esperada retração na atividade econômica. Um exemplo, segundo Vieira, é a Perdigão. "Os chineses e europeus vão continuar comendo frango", diz. As elétricas e empresas de telecom também têm condição de suportar melhor a crise, por conta da forte geração de caixa e pagamento de bons dividendos, acrescenta.

Não há dúvida de que as principais oportunidades estão na bolsa, diz Marcelo Xandó, diretor da Verax Serviços Financeiros. Ele conta que investidores estrangeiros de "private equity", que costumam investir em empresas fechadas de olho em retornos potenciais de 25% a 30% ao ano, passaram a olhar para o segmento de empresas listadas.

Mas há quem defenda que a hora é de manter distância da renda variável. É o caso do economista do Banco Real Private Banking, Fabio Susteras. "Quem está no mercado, não deve sair para não realizar o prejuízo; não tem crise que dure para sempre", afirma. "Quem está fora, não deve entrar, pois esse é um jogo difícil", continua. Para ele, pesa contra a dúvida sobre a profundidade e a duração da recessão nos EUA. "Há de se esperar a divulgação de dados de atividade nos Estados Unidos e Europa, além da safra de balanços", diz.

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